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ANTONIO F. DE CASTILHO
António Feliciano de Castilho, 1.º visconde de
Castilho, (Lisboa, 28 de Janeiro de 1800 —
Lisboa, 18 de Junho de 1875) foi um escritor
romântico português, polemista e pedagogista,
inventor do Método Castilho de leitura.
Obras
• A Chave do Enigma (
• Eco da Voz Portugueza por Terras de Santa Cruz
• O Presbyterio da Montanha
• Cartas de Echo a Narciso (1821)
• A Primavera (1822)
• Amor e Melancholia (1828)
• A Noite do Castello (1836)
• Os Ciúmes do Bardo (1836)
• Presbyterio da Montanha (1844)
• Quadros Históricos de Portugal (colectânea de textos originalmente
publicados em 1838 na imprensa, publicada em livro em 1847)
• A Felicidade pela Agricultura (1849)
• A Chave do Enigma na edição de 1862 de Amor e Melancholia e publicado
independentemente na colecção de obras completas de Castilho em 1903
• O Outono (1863)
• Mil e Um Mistérios (1845, 1907)
• Fausto (Pimeira Parte) de Goethe - Tradução (1872)
António Feliciano de Castilho,
tradutor do Fausto
Seria preciso esperar mais de vinte anos para se ler o Faust em
português, se atendermos a que a sua primeira tradução data de
1867, da autoria de Agostinho d’Ornellas, e a publicação em
folhetim da novela de Almeida Garrett se iniciou em 1843.
Porém, é a tradução de António Feliciano de Castilho, publicada
em 1872, que está na origem da polémica que ficou conhecida
por ‘questão do Fausto’. As reacções que se seguiram à tradução
de António Feliciano de Castilho, quer em quantidade quer em
qualidade, fazem da ‘questão do Fausto’ um dos dados mais
curiosos da tradução portuguesa e um ponto de passagem
obrigatório para o estudo da tradução portuguesa do século XIX
(PAIS, 2013, p. 6).
Obra tradutória de A. Feliciano de Castilho
Ano Obras Traduzidas
• 1836 Palavras de um Crente (Lamennais)
• A Confissão de Amélia (Delfine Gay)
• 1841 As Metamorfoses (Ovídio)
• 1858 Amores (Ovídio)
• Adriana Lecouvreur (Achilles de Lauzières)
• 1866 A Lírica de Anacreonte
• Os Fastos (Ovídio)
• 1867 As Geórgicas (Virgílio)
• 1869 O Médico à Força (Molière – Le Médecin Malgré
Lui)
• 1870 O Tartufo (Molière)
• 1871 O Avarento (Molière)
• 1872 Fausto (Goethe)
Sobre sua obra
A sua obra é muito vasta; vai desde o ensaio e o
artigo de opinião até à poesia e o romance,
passando pelos opúsculos didácticos e as
numerosas traduções de Ovídio, Virgílio,
Anacreonte, Molière, entre outros, o que revela
incontestavelmente o seu duradouro apego ao
mundo antigo (TOIPA, p.151).
Uma das primeiras obras de Castilho foi A
Primavera (1822), que é constituída por quatro
composições: Epístola à Primavera, O Dia de
Primavera (vol. I); Os Cantos de Abril; A Festa de
Maio (vol. II).
A FESTA DE MAIO -
A FESTA DE MAIO -
Tratase de um poemeto em dois cantos, que descreve um
passeio da “Sociedade dos poetas Amigos da Primavera”, no
primeiro dia de Maio, até à Lapa dos Esteios, junto de
Coimbra, atravessando o Mondego, onde realizavam uma
espécie de festival de poesia de moldes arcádicos. O percurso
é descrito com os olhos da imaginação alimentada de leituras
dos Antigos; os cenários de Horácio, Virgílio e Ovídio são os
mais imitados: os bosques cheios de sombras convidativas, as
grutas limosas, as águas cristalinas de fontes e rios, uma
natureza aprazível3, enfim, onde não falta sequer o chilreio de
uma Progne ou de uma Filomela4. A ilha a que aportam, no
meio do percurso, é descrita em termos que fazem lembrar a
mítica Idade do Ouro, tal como a descreviam Horácio, Virgílio
ou Ovídio:
D’esta estação n’um dos primeiros dias
segundo o meu costume antes da aurora
sahi a espairecer nos campos verdes,
ouvir das aves os primeiros cantos,
e aquecer-me sentado sobre a relva
ao primeiro calor do sol nascente.
Banhei o rôsto n’um remanso puro,
colhi as flores inda há pouco abertas.
( A Festa de Maio, pp.51-52)
D’esta folhagem se levanta o melro,
e vai poisar na proxima folhagem.
Queixa-se n’uma gruta Philoméla
Quando Progne sentida eleva o canto.
(A Festa de Maio, p. 58)
Vêde este prado, cujo fundo escondem
de Hyblêas flores animadas nuvens.
Olhae sem guardador pingues rebanhos
livres saltando nos oiteiros verdes.
Vêde encostas de pampanos cobertas;
Fontes à sombra de arvores sagradas;
(A Festa de Maio, p. 59)
Figuras mitológicas
As personagens que percorrem este cenário são as
mitológicas, quer as da mitologia greco-latina,
Pomona, Cibele, Ceres, Ninfas (Náiades, Dríades,
Harmadríades, Nereidas, Napeias), Pã, Sátiros,
Faunos, Tritões, Amores, Graças, Vénus e
obviamente Musas/Camenas, quer as figuras
mitológicas ou históricas com auralendária, da
tradição local, como as Mondágides ou a dupla
Pedro e Inês. Os ventos que sopram são os Zéfiros
ou Favónios; as estrelas e constelações relembram
velhos mitos. (TOIPA, p.153).
Brevidade da vida
A questão da brevidade da vida humana, da
inexorabilidade da passagem do tempo, pelo
homem e pela natureza, são algumas das
primeiras ideias a ser abordadas, logo na
terceira estrofe do canto I. Esta fugacidade do
tempo de vida deve ser contrariada com o
aproveitamento do dia presente:
Como! o tempo!... (ai da flor da mocidade!)
o tempo as destruiu! De graças tantas
que existe pois? Um pó. Jazem desfeitas,
sem perfume, sem côr as lindas flores!
E as verdes folhas se enroláram murchas!
Ah! Corramos, o pezo que as esmaga,
rola também sobre a existência nossa.
Nossas grinaldas nos festins viveram,
morreram no prazer; e nós, como ellas,
devemos esperar, brincando, a morte.
O Toiro já fugiu; Castor, e Pollux
succederam-lhe agora; hão-de apoz elles
os astros cintilar, que nos conduzam
da estiva calma os importunos tempos.
Então fenecem pelo campo as flores,
tépidas correm na planície as fontes,
calam-se as aves nos cavados troncos,
e fallece a frescura às próprias noites.
Vamos, em quanto as flores não perecem,
em quanto sopram lisongeiras auras,
em quanto um doce frio as ondas levam,
em quanto as aves pelos ares cantam,
e as claras noites co’a frescura aprazem,
vamos correndo; de vergonha core
quem ultimo chegar do rio à margem.
(A Festa de Maio, pp. 33-34)
Presença da morte
A presença da morte, no entanto, é uma constante.
Para compensar, a ilha do Amor para onde se
dirigem e onde se instalam, na parte segunda do
poemeto, será descrita ainda com mais
características do locus amoenus, idealmente
situado no campo, onde o homem poderá viver
uma vida simples, cultivando as suas próprias
terras, criando os seus próprios animais, em
saudável harmonia com a natureza, inibindo-se até
do passatempo da caça (TOIPA, p.158).
Veja-se esta passagem:
Não, não me importa
Que o ar, que o pégo em furias se revolva;
Por entre a cerração, por entre a morte,
Voaremos a rir de Chypre aos campos,
Quaes na barca da Estyge um dia iremos
Dos lagos avernaes ao grato Elysio.
(A festa de Maio, p. 58)
Antonio castilho

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  • 1. ANTONIO F. DE CASTILHO
  • 2. António Feliciano de Castilho, 1.º visconde de Castilho, (Lisboa, 28 de Janeiro de 1800 — Lisboa, 18 de Junho de 1875) foi um escritor romântico português, polemista e pedagogista, inventor do Método Castilho de leitura.
  • 3. Obras • A Chave do Enigma ( • Eco da Voz Portugueza por Terras de Santa Cruz • O Presbyterio da Montanha • Cartas de Echo a Narciso (1821) • A Primavera (1822) • Amor e Melancholia (1828) • A Noite do Castello (1836) • Os Ciúmes do Bardo (1836) • Presbyterio da Montanha (1844) • Quadros Históricos de Portugal (colectânea de textos originalmente publicados em 1838 na imprensa, publicada em livro em 1847) • A Felicidade pela Agricultura (1849) • A Chave do Enigma na edição de 1862 de Amor e Melancholia e publicado independentemente na colecção de obras completas de Castilho em 1903 • O Outono (1863) • Mil e Um Mistérios (1845, 1907) • Fausto (Pimeira Parte) de Goethe - Tradução (1872)
  • 4. António Feliciano de Castilho, tradutor do Fausto Seria preciso esperar mais de vinte anos para se ler o Faust em português, se atendermos a que a sua primeira tradução data de 1867, da autoria de Agostinho d’Ornellas, e a publicação em folhetim da novela de Almeida Garrett se iniciou em 1843. Porém, é a tradução de António Feliciano de Castilho, publicada em 1872, que está na origem da polémica que ficou conhecida por ‘questão do Fausto’. As reacções que se seguiram à tradução de António Feliciano de Castilho, quer em quantidade quer em qualidade, fazem da ‘questão do Fausto’ um dos dados mais curiosos da tradução portuguesa e um ponto de passagem obrigatório para o estudo da tradução portuguesa do século XIX (PAIS, 2013, p. 6).
  • 5. Obra tradutória de A. Feliciano de Castilho Ano Obras Traduzidas • 1836 Palavras de um Crente (Lamennais) • A Confissão de Amélia (Delfine Gay) • 1841 As Metamorfoses (Ovídio) • 1858 Amores (Ovídio) • Adriana Lecouvreur (Achilles de Lauzières) • 1866 A Lírica de Anacreonte • Os Fastos (Ovídio) • 1867 As Geórgicas (Virgílio) • 1869 O Médico à Força (Molière – Le Médecin Malgré Lui) • 1870 O Tartufo (Molière) • 1871 O Avarento (Molière) • 1872 Fausto (Goethe)
  • 6. Sobre sua obra A sua obra é muito vasta; vai desde o ensaio e o artigo de opinião até à poesia e o romance, passando pelos opúsculos didácticos e as numerosas traduções de Ovídio, Virgílio, Anacreonte, Molière, entre outros, o que revela incontestavelmente o seu duradouro apego ao mundo antigo (TOIPA, p.151).
  • 7. Uma das primeiras obras de Castilho foi A Primavera (1822), que é constituída por quatro composições: Epístola à Primavera, O Dia de Primavera (vol. I); Os Cantos de Abril; A Festa de Maio (vol. II). A FESTA DE MAIO -
  • 8. A FESTA DE MAIO - Tratase de um poemeto em dois cantos, que descreve um passeio da “Sociedade dos poetas Amigos da Primavera”, no primeiro dia de Maio, até à Lapa dos Esteios, junto de Coimbra, atravessando o Mondego, onde realizavam uma espécie de festival de poesia de moldes arcádicos. O percurso é descrito com os olhos da imaginação alimentada de leituras dos Antigos; os cenários de Horácio, Virgílio e Ovídio são os mais imitados: os bosques cheios de sombras convidativas, as grutas limosas, as águas cristalinas de fontes e rios, uma natureza aprazível3, enfim, onde não falta sequer o chilreio de uma Progne ou de uma Filomela4. A ilha a que aportam, no meio do percurso, é descrita em termos que fazem lembrar a mítica Idade do Ouro, tal como a descreviam Horácio, Virgílio ou Ovídio:
  • 9. D’esta estação n’um dos primeiros dias segundo o meu costume antes da aurora sahi a espairecer nos campos verdes, ouvir das aves os primeiros cantos, e aquecer-me sentado sobre a relva ao primeiro calor do sol nascente. Banhei o rôsto n’um remanso puro, colhi as flores inda há pouco abertas. ( A Festa de Maio, pp.51-52) D’esta folhagem se levanta o melro, e vai poisar na proxima folhagem. Queixa-se n’uma gruta Philoméla Quando Progne sentida eleva o canto. (A Festa de Maio, p. 58) Vêde este prado, cujo fundo escondem de Hyblêas flores animadas nuvens. Olhae sem guardador pingues rebanhos livres saltando nos oiteiros verdes. Vêde encostas de pampanos cobertas; Fontes à sombra de arvores sagradas; (A Festa de Maio, p. 59)
  • 10. Figuras mitológicas As personagens que percorrem este cenário são as mitológicas, quer as da mitologia greco-latina, Pomona, Cibele, Ceres, Ninfas (Náiades, Dríades, Harmadríades, Nereidas, Napeias), Pã, Sátiros, Faunos, Tritões, Amores, Graças, Vénus e obviamente Musas/Camenas, quer as figuras mitológicas ou históricas com auralendária, da tradição local, como as Mondágides ou a dupla Pedro e Inês. Os ventos que sopram são os Zéfiros ou Favónios; as estrelas e constelações relembram velhos mitos. (TOIPA, p.153).
  • 11. Brevidade da vida A questão da brevidade da vida humana, da inexorabilidade da passagem do tempo, pelo homem e pela natureza, são algumas das primeiras ideias a ser abordadas, logo na terceira estrofe do canto I. Esta fugacidade do tempo de vida deve ser contrariada com o aproveitamento do dia presente:
  • 12. Como! o tempo!... (ai da flor da mocidade!) o tempo as destruiu! De graças tantas que existe pois? Um pó. Jazem desfeitas, sem perfume, sem côr as lindas flores! E as verdes folhas se enroláram murchas! Ah! Corramos, o pezo que as esmaga, rola também sobre a existência nossa. Nossas grinaldas nos festins viveram, morreram no prazer; e nós, como ellas, devemos esperar, brincando, a morte. O Toiro já fugiu; Castor, e Pollux succederam-lhe agora; hão-de apoz elles os astros cintilar, que nos conduzam da estiva calma os importunos tempos. Então fenecem pelo campo as flores, tépidas correm na planície as fontes, calam-se as aves nos cavados troncos, e fallece a frescura às próprias noites. Vamos, em quanto as flores não perecem, em quanto sopram lisongeiras auras, em quanto um doce frio as ondas levam, em quanto as aves pelos ares cantam, e as claras noites co’a frescura aprazem, vamos correndo; de vergonha core quem ultimo chegar do rio à margem. (A Festa de Maio, pp. 33-34)
  • 13. Presença da morte A presença da morte, no entanto, é uma constante. Para compensar, a ilha do Amor para onde se dirigem e onde se instalam, na parte segunda do poemeto, será descrita ainda com mais características do locus amoenus, idealmente situado no campo, onde o homem poderá viver uma vida simples, cultivando as suas próprias terras, criando os seus próprios animais, em saudável harmonia com a natureza, inibindo-se até do passatempo da caça (TOIPA, p.158).
  • 14. Veja-se esta passagem: Não, não me importa Que o ar, que o pégo em furias se revolva; Por entre a cerração, por entre a morte, Voaremos a rir de Chypre aos campos, Quaes na barca da Estyge um dia iremos Dos lagos avernaes ao grato Elysio. (A festa de Maio, p. 58)