Este documento descreve um caso clínico de anemia associada ao cancro colorretal. O paciente, um homem de 60 anos, apresentou sintomas como perda de sangue nas fezes, rectorragia abundante e emagrecimento. Os exames revelaram anemia grave, hipocromia, microcitose e um adenocarcinoma no cólon. O diagnóstico foi de anemia associada ao cancro pelo mecanismo de perda crónica de sangue devido à neoplasia.
Bioquimica clinica - aspectos bioquímicos da hematologia
Anemia
1. Mecanismos da Doença 3.º ano Medicina CASO CLÍNICO - ANEMIA TP8 Prof. Dr. Mário Mascarenhas 2008/09 Carolina Correia Fernando Azevedo Telma Calado Vânia Caldeira
2. HISTÓRIA CLÍNICA Sr. Cardoso, 60A, agricultor Serviço de Urgência: Episódio de perda súbita do conhecimento (curta duração) História pregressa: Sangue nas fezes (desvalorização do sintoma – doença hemorroidária) Rectorragia abundante (dia anterior) Diminuição do apetite (aversão à carne) Emagrecimento de 5kg (2 meses)
3. EXAME OBJECTIVO Inspecção: Palidez da pele e mucosas Auscultação Cardíaca: Taquicárdia (105 bpm) Sopro sistólico de ejecção (área aórtica) Palpação abdominal Massa indolor: Limites mal definidos Consistência dura Localização: FID
70. HEMATÓCRITO Plasma Eritrócitos Retenção de líquidos / Hemodiluição Ex: gravidez, esplenomegália Desidratação Ex: hemorragias Anemia H ‹ 41% ♂ H ‹ 34 % ♀ Normal 47% ♂ 40% ♀ ±6
71. VOLUME GLOBULAR MÉDIO (VGM) Reflecte dois fenómenos importantes da produção de eritrócitos: Síntese de Hb Divisões celulares para formação dos eritrócitos Anemia Macrocítica Menor nº divisões celulares VGM aumentado Anemia Microcítica Maior nº divisões celulares VGM diminuído Normal (normocíticos)
72. RETICULÓCITOS Fig.7 – Reticulócitos corados com azul de metileno. Têm RNA residual que pode ser precipitado por corantes supra-vitais A contagem de reticulócitos é uma importante forma de medir a produção de eritrócitos Permite o diagnóstico diferencial dos tipos de anemias: ↑ reticulócitos (anemias hemolíticas) ↓ ou = reticulócitos (anemias hipoproliferativas)
73. HEMOGRAMA COMPLETO Contagem de leucócitos Contagem plaquetária Morfologia celular (esfregaço de sangue) Tamanho Teor de Hb – coloração Anisocitose (variações do tamanho) Pecilocitose (variações da forma) Policromasia (reticulócitos circulantes)
86. CLASSIFICAÇÃO DAS ANEMIAS POR PERDA SANGUÍNEA POR ELEVADA TAXA DE DESTRUIÇÃO DE ERITRÓCITOS (ANEMIAS HEMOLÍTICAS) ANEMIA POR DEFICIENTE PRODUÇÃO DE ERITRÓCITOS (ANEMIAS HIPOPROLIFERATIVAS)
87. 1 - ANEMIAS POR PERDA DE SANGUE Deslocamento de água do espaço intersticial Perda de Sangue ↓ volume intravascular Restabelecimento volume intravascular Colapso cardiovascular Recuperação Choque / Morte CFU-E ↓ oxigenação células justaglomerulares do rim Reticulocitose (10-15%) ↑ EPO
88. 1 - ANEMIAS POR PERDA DE SANGUE o Fe da Hb é recapturado e reutilizado Interna ex: cavidade abdominal Hemorragia Restauração eritrócitos Perda do Fe e possível deficiência do mesmo Externa
103. contacto c/ macrófagosFagocitose e lise dos eritrócitos Fig.10– Esferocitose.
104. 2.1.2 - Deficiência de Glicose-6-P DH Doença hereditária gonossómica recessiva ligada ao X Mutação na G6PD maior susceptibilidade da enzima à degradação Não há formação de NADPH Depleção do GSH no eritrócito maior exposição ao stress oxidativo Hemólise após stress oxidativo: Alimentos (favismo) Drogas (antimaláricos) Infecções (hepatite viral, pneumonia) Desnaturação das globinas (gp. sulfidril) Corpos de Heinz Hemólise intra e extravascular Fig.11– “Células mordidas”. Fig.12 – Função da G6PD.
105. 2.1.3 - Anemia falciforme ou drepanocitose Doença hereditária autossómica recessiva Mutação na cadeia da β-globina Fig.13 – Fisiopatologia da drepanocitose.
163. METABOLISMO DO FERRO Ferro é um elemento fundamental para o funcionamento de todas as células. A quantidade de ferro necessário a cada tecido varia ao longo do desenvolvimento. Fe livre Disponível para funções fisiológicas Reservas de Fe TÓXICO Evitar toxicidade Transporte de O2 como elemento da Hb Funções do Fe Elemento crítico de enzimas ex: citocromo da mitocôndria
164.
165.
166.
167. Não existe nenhuma via regulada de excreção de ferro.Perda de sangue Perda de Ferro Perda de células epiteliais Pele, intestino e tracto genito-urinário
168. METABOLISMO DO FERRO ABSORÇÃO DO FERRO Fig. 18 – Esquema da absorção de ferro no jejuno
169. METABOLISMO DO FERRO CICLO DO FERRO Fig. 19 – Esquema do ciclo do ferro no corpo humano
170. METABOLISMO DO FERRO CICLO DO FERRO Fe em excesso Apoferritina Ferritina Hemossiderina Fig. 20 – Entrada e utilização do ferro pelos eritroblastos
171.
172. Vida média dos eritrocitos: 120 diasEritrócitos senescentes Fagocitose dos eritrócitos SRE Globulinas e outras proteinas Reservas de aa. Quebra da Hb Ferro Superficie da célula do SRE -> Transferrina É a eficiente reciclagem do ferro dos eritrócitos que suporta a eritropoiese equilibrada.
183. Deficiência de ferro está associada a níveis de saturação de transferrina <18%.Saturação de transferrina TIBC Fe sérico x 100 TIBC
184.
185.
186. O ferro acumulado na ferritina e hemossiderina pode ser extraído, para ser libertado pelas células do SRE – sendo o ferro presente na ferritina mais prontamente acessível.Fe em excesso Ferritina Hemossiderina Apoferritina
189. Esfregaço de medula permite observar que 20-40% dos eritroblastos em desenvolvimento – sideroblastos – possuem grânulos de ferritina visiveis no seu citoplasma.
192. A acumulação de protoporfirina nos eritócitos, reflecte um suprimento deficiente de ferro aos precursores eritróides para suportar a síntese de Hb.Precursores do heme Protoprofirina IX Heme >100 μg/dL Ferro
193.
194. A proteina do receptor da transferrina é libertada pelas células para a circulação.
195. Valores normais: 4- 9 μg/dLNíveis séricos do TRP Massa eritróide total da medula
196.
197. Funcionamento da medula óssea.↓ ferro Eritrócitos microcíticos e hipocrómicos Fig. 21 – Esfregaço sanguíneo
198.
199.
200. Fonte de ferro para reutilização.Sintomas de anemia Instabilidade cardiovascular Indivíduos Perda excessiva de sangue Intervenção imediata
208. Novas preparações: complexo de sacarose e complexo de gliconato de sódio férrico.Dor Pigmentação local do tecido Efeitos adversos Cefaleia Febre Vómitos Anafilaxia
218. Suplemento Fe70% doentes respondem ao tratamento Importante: A deficiência de Fe em homens adultos e mulheres pós-menopausa devem ser atribuídas a perda sanguínea intestinal, até que se prove o contrário. Atribuir prematuramente a deficiência de Fe nestes indivíduos a outra causa, é correr o risco de esquecer um cancro GI oculto ou outra lesão hemorrágica.
233. The Natural HistoryofIronDeficiencyInducedbyPhlebotomyMarcel E. Conradand William H. Crosby, withtechnicalassistanceof N. R. BenjaminBloodJournal, vol. 20, No.2 (August): 173-185, 1962 RESULTADOS: Fig.23 – Voluntário 1ª, voluntário saudável sangrou 5L em 45 dias.
234. The Natural HistoryofIronDeficiencyInducedbyPhlebotomyMarcel E. Conradand William H. Crosby, withtechnicalassistanceof N. R. BenjaminBloodJournal, vol. 20, No.2 (August): 173-185, 1962 RESULTADOS: Fig.24 – Voluntário saudável 1b, sangrou 2,5L adicionais depois da recuperação inicial das anormalidades no sangue periférico, sugestivas de deficiência de Fe. Fig.25 – Voluntário saudável 2. Doador de sangue, sangrou 2,5L.
235. The Natural HistoryofIronDeficiencyInducedbyPhlebotomyMarcel E. Conradand William H. Crosby, withtechnicalassistanceof N. R. BenjaminBloodJournal, vol. 20, No.2 (August): 173-185, 1962 RESULTADOS: Tabela 1 – Flebotomia em voluntários saudáveis. Realce para a % de absorção de Ferro. O valor normal é inferior a 10%.
236. The Natural HistoryofIronDeficiencyInducedbyPhlebotomyMarcel E. Conradand William H. Crosby, withtechnicalassistanceof N. R. BenjaminBloodJournal, vol. 20, No.2 (August): 173-185, 1962 RESULTADOS: Fig.26 – Voluntário saudável que absorve 5% de uma dose oral de Fe em condições normais, mas que absorve 64%, 274 dias após flebotomia.
237. The Natural HistoryofIronDeficiencyInducedbyPhlebotomyMarcel E. Conradand William H. Crosby, withtechnicalassistanceof N. R. BenjaminBloodJournal, vol. 20, No.2 (August): 173-185, 1962 RESULTADOS: Fig.27 – Voluntário A com Policitemia Vera. Sangrou 7,5L em 75 dias.
238. The Natural HistoryofIronDeficiencyInducedbyPhlebotomyMarcel E. Conradand William H. Crosby, withtechnicalassistanceof N. R. BenjaminBloodJournal, vol. 20, No.2 (August): 173-185, 1962 RESULTADOS: Fig.28 – Microcitose mais pronunciada 100 dias após flebotomia nos doente com Policitemia Vera (à esquerda) do que nos indivíduos saudáveis (à direita).
239. The Natural HistoryofIronDeficiencyInducedbyPhlebotomyMarcel E. Conradand William H. Crosby, withtechnicalassistanceof N. R. BenjaminBloodJournal, vol. 20, No.2 (August): 173-185, 1962 DISCUSSÃO: Indução def. Fe – doença controlada que permite analisar anormalidades características da doença Anemia normocítica/normocrómica inicial – perda Hb Reticulocitose ↑ MCV 1ª evidência - ↓ Fe sérico ↓ MCV e MCH / ↑ TIBC ↓ MCHC
245. Kasper D et al: Harrison’s Principles of Internal Medicine 16th edition; McGraw-Hill Companies Inc., 2004, EUA
246. Kumar V et al: Robbins and Cotran Pathologic Basis of Disease 7th edition; Elsevier Sauders, 2005, Filadélfia, EUA
247.
248. Dicato, Mario: Anemia in Cancer: Pathophysiological Aspects. The Oncologist 2003; 8 (suppl 1): 19-21
249. Conrad, Marcel E.; Crosby, William H.: The Natural History of Iron-Deficiency Induced by Phlebotomy. Blood Journal, 1962, vol.20, No.2 (August): 173-185