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Fome Negra Artur Conrrado
Introdução Fome negra, uma das crônicas do livro “A Alma encantadora das Ruas” de João do Rio, é uma breve história sobre garimpeiros de manganês, na Ilha da Conceição, costa do estado do Rio de Janeiro.  A trama se desenvolve a partir do sofrimento e da esperança dos garimpeiros de voltarem ricos para casa.
Trecho do capítulo em que há uma descrição do local:  “Estávamos na ilha da Conceição, no trecho  hoje denominado — a Fome Negra. Há ali  um grande depósito de manganês e, do outro lado da pedreira que separa a ilha, um depósito de  carvão. Defronte, a algumas braçadas de remo, fica a Ponta da Areia com a Cantareira, as obras  do porto fechando um largo trecho coalhado de barcos. Para além, no mar tranqüilo, outras ilhas  surgem, onde o trabalho escorcha e esmaga centenas de homens.”
A Crônica foca na rotina desses trabalhadores, maioria proveniente da Península Ibérica, que vieram à Baia de Guanabara para buscar melhores condições de vida, o que de fato, não acontece, sendo que eles vivem em um regime de semi-escravidão, cobertos por fuligem e carvão. Vivem quase nus, no máximo, uma calça em frangalhos e camisa de meia.
E a refeição era:   “Água quente, onde boiavam vagas batatas e vagos pedaços de carne.” Como João do Rio descrevia: “Os homens não têm nervos, têm molas; não têm cérebro, têm músculos hipertrofiados”
O narrador, até então oculto, quando indaga por quê eles não pedem uma diminuição da jornada de trabalho, já que o que eles trabalhavam 10 horas por dia e  ganhavam era uma miséria, recebeu essa reação:  “Alguns não compreenderam, e outros tinham um sorriso de descrença” No final da crônica, aparece um velho de barbas ruivas, trepou pelo monte de pedras e disse, deixando seus companheiros atônitos “Há de chegar o dia, o grande dia!”

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