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A LEGIÃO ESTRANGEIRA
CLARICE LISPECTOR
GERAÇÃO DE 45
 Sondagem do mundo interior
 Regionalismo
 Experimentos com a linguagem
LISPECTOR: INTROSPECÇÃO E
HERMETISMO
 Metalinguagem
 Análise psicológica
 Mistura entre prosa e poesia
 Quebra da ordem cronológica
 Linguagem repleta de
metáforas, antíteses, paradoxos, sonoridades, etc.
 Cotidiano
A LEGIÃO ESTRANGEIRA
O livro aborda através de uma profunda
análise psicológica a infância, o amor, a
amizade e as relações efêmeras que
propiciam ansiedade e angústia nos
indivíduos.
 1) A relação aluno-professor em “Os Desastres de Sofia”.
Ele matava em mim pela primeira vez a minha fé nos adultos:
também ele, um homem, acreditava como eu nas grandes
mentiras...E de repente, com o coração batendo de
desilusão, não suportei um instante mais — sem ter pegado
o caderno corri para o parque, a mão na boca como se me
tivessem quebrado os dentes. Com a mão na
boca, horrorizada, eu corria, corria para nunca parar,
 2) A constatação de que “pão é amor entre estranhos”, em
“A Repartição dos Pães”
Era sábado e estávamos convidados para o almoço de
obrigação. Mas cada um de nós gostava demais de sábado
para gastá-lo com quem não queríamos. (...) E nós ali
presos, como se nosso trem tivesse descarrilado e fôssemos
obrigados a pousar entre estranhos. Existe como um chão
onde nós todos avançamos. Sem uma palavra de amor. Sem
uma palavra. Mas teu prazer entende o meu. Nós somos
fortes e nós comemos. Pão é amor entre estranhos.
 3) A impossibilidade do entendimento entre dois
apaixonados em “A Mensagem”.
Eles eram muito infelizes. Procuravam-se
cansados, expectantes, (...) e sem nem ao menos se
amarem. O ideal os sufocava, o tempo passava
inútil, a urgência os chamava — eles não sabiam
para o que caminhavam, e o caminho os chamava.
Um pedia muito do outro, mas é que ambos tinham a
mesma carência, e jamais procurariam um par mais
velho que lhes ensinasse, por que não eram doidos
de se entregarem sem mais nem menos ao mundo
feito.
Ele precisava dela com fome para não esquecer que
eram feitos da mesma carne, essa carne pobre da
qual, ao subir no ônibus como um maca co, ela
parecia ter feito um caminho fatal. Que é! mas afinal
que é que está me acontecendo? assustou-se ele.
 4) Em “Macacos”: um tratado completo sobre o que
é o amor.
No dia seguinte telefonaram, e eu avisei aos meninos
que Lisette morrera. O menor me perguntou: "Você
acha que ela morreu de brincos?" Eu disse que sim.
Uma semana depois o mais velho me disse: "Você
parece tanto com Lisette!" "Eu também gosto de
você", respondi.
 5) O conto “Tentação”: um ágil e rápido relato trata
do encontro entre uma menina ruiva e um cãozinho
basset que se fitam e se entendem.
 6) Em “Viagem a Petrópolis”, conta a história de
uma velhinha doce e obstinada, rejeitada em busca
de um lugar para viver
 7) Em “A Solução”, a história de Almira e Alice, tão
diferentes uma da outra, até que um dia em uma
discussão a amiga ataca a outra com um garfo e vai
presa, encontrando na cadeia amizade.
Alice foi ao Pronto-Socorro, de onde saiu com curativos e
os olhos ainda arregalados de espanto. Almira foi presa em
flagrante.
Algumas pessoas observadoras disseram que naquela
amizade bem que havia dente-de-coelho. Outras, amigas da
família, contaram que a avó de Almira, dona
Altamiranda, fora mulher muito esquisita. Ninguém se
lembrou de que os elefantes, de acordo com os estudiosos
do assunto, são criaturas extremamente sensíveis, mesmo
nas grossas patas.
 8) O estarrecedor conto “Uma Amizade Sincera”: A
amizade, com o tempo, pode se transformar em
desligamento, talvez em abandono. Mas não precisa
ser matéria de mágoa, talvez os pares já tenham se
dado tudo o que podiam se dar...
Já nesse tempo apareceram os primeiros sinais de
perturbação entre nós. Às vezes um
telefonava, encontrávamo-nos, e nada tínhamos a nos
dizer. Éramos muito jovens e não sabíamos ficar calados.
De início, quando começou a faltar assunto, tentamos
comentar as pessoas. Mas bem sabíamos que já
estávamos adulterando o núcleo da amizade. Tentar falar
sobre nossas mútuas namoradas também estava fora de
cogitação, pois um homem não falava de seus amores.
Experimentamos ficar calados — mas tornávamo-nos
inquietos logo depois de nos separarmos.
 “O Ovo e a Galinha” O ovo é a própria existência
real, objetiva, em si mesma. A galinha é nossa visão de vida
interior; ela só existe por causa do ovo. Sem o ovo, a galinha
não tem sentido.
“De manhã na cozinha sobre a mesa vejo o ovo. Olho o ovo com
um só olhar. Imediatamente percebo que não se pode estar vendo
um ovo. Ver um ovo nunca se mantém no presente: mal vejo um
ovo e já se torna ter visto um ovo há três milênios. — No próprio
instante de se ver o ovo ele é a lembrança de um ovo. — Só vê o
ovo quem já o tiver visto. — Ao ver o ovo é tarde demais: ovo
visto, ovo perdido. — Ver o ovo é a promessa de um dia chegar a
ver o ovo. — Olhar curto e indivisível; se é que há pensamento;
não há; há o ovo. — Olhar é o necessário instrumento que, depois
de usado, jogarei fora.
Ovo é a alma da galinha. A galinha desajeitada. O ovo certo. A
galinha assustada.
O ovo certo. Como um projétil parado. Pois ovo é ovo no espaço.
Ovo sobre azul. — Eu te amo, ovo. Eu te amo como uma coisa nem
sequer sabe que ama outra coisa. — Não toco nele. A aura de meus
dedos é que vê o ovo. Não toco nele. — Mas dedicar-me à visão do
ovo seria morrer para a vida mundana, e eu preciso da gema e da
clara. — O ovo me vê.
O ovo me idealiza? O ovo me medita? Não, o ovo apenas me vê.”
 “A quinta história” relata a história de como matar
baratas, em cinco versões, o que leva ao
questionamento sobre as muitas formas de narrar um
fato.
 “Evolução de uma miopia” através de uma
metáfora, conta as peripécias de um garoto que graças
ao seu problema de visão descobre as belezas do
mundo.
 “A legião estrangeira” relata a relação da narradora
com a pequena Ofélia, sua vizinha, e um pintinho que
acabou de ganhar.
 “Os obedientes” conta acerca de um casal com sua
rotina monótona e suas frustrações, havendo o suicídio
da mulher no final.

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A legião estrangeira

  • 2. GERAÇÃO DE 45  Sondagem do mundo interior  Regionalismo  Experimentos com a linguagem
  • 3. LISPECTOR: INTROSPECÇÃO E HERMETISMO  Metalinguagem  Análise psicológica  Mistura entre prosa e poesia  Quebra da ordem cronológica  Linguagem repleta de metáforas, antíteses, paradoxos, sonoridades, etc.  Cotidiano
  • 4. A LEGIÃO ESTRANGEIRA O livro aborda através de uma profunda análise psicológica a infância, o amor, a amizade e as relações efêmeras que propiciam ansiedade e angústia nos indivíduos.
  • 5.  1) A relação aluno-professor em “Os Desastres de Sofia”. Ele matava em mim pela primeira vez a minha fé nos adultos: também ele, um homem, acreditava como eu nas grandes mentiras...E de repente, com o coração batendo de desilusão, não suportei um instante mais — sem ter pegado o caderno corri para o parque, a mão na boca como se me tivessem quebrado os dentes. Com a mão na boca, horrorizada, eu corria, corria para nunca parar,  2) A constatação de que “pão é amor entre estranhos”, em “A Repartição dos Pães” Era sábado e estávamos convidados para o almoço de obrigação. Mas cada um de nós gostava demais de sábado para gastá-lo com quem não queríamos. (...) E nós ali presos, como se nosso trem tivesse descarrilado e fôssemos obrigados a pousar entre estranhos. Existe como um chão onde nós todos avançamos. Sem uma palavra de amor. Sem uma palavra. Mas teu prazer entende o meu. Nós somos fortes e nós comemos. Pão é amor entre estranhos.
  • 6.  3) A impossibilidade do entendimento entre dois apaixonados em “A Mensagem”. Eles eram muito infelizes. Procuravam-se cansados, expectantes, (...) e sem nem ao menos se amarem. O ideal os sufocava, o tempo passava inútil, a urgência os chamava — eles não sabiam para o que caminhavam, e o caminho os chamava. Um pedia muito do outro, mas é que ambos tinham a mesma carência, e jamais procurariam um par mais velho que lhes ensinasse, por que não eram doidos de se entregarem sem mais nem menos ao mundo feito. Ele precisava dela com fome para não esquecer que eram feitos da mesma carne, essa carne pobre da qual, ao subir no ônibus como um maca co, ela parecia ter feito um caminho fatal. Que é! mas afinal que é que está me acontecendo? assustou-se ele.
  • 7.  4) Em “Macacos”: um tratado completo sobre o que é o amor. No dia seguinte telefonaram, e eu avisei aos meninos que Lisette morrera. O menor me perguntou: "Você acha que ela morreu de brincos?" Eu disse que sim. Uma semana depois o mais velho me disse: "Você parece tanto com Lisette!" "Eu também gosto de você", respondi.  5) O conto “Tentação”: um ágil e rápido relato trata do encontro entre uma menina ruiva e um cãozinho basset que se fitam e se entendem.
  • 8.  6) Em “Viagem a Petrópolis”, conta a história de uma velhinha doce e obstinada, rejeitada em busca de um lugar para viver  7) Em “A Solução”, a história de Almira e Alice, tão diferentes uma da outra, até que um dia em uma discussão a amiga ataca a outra com um garfo e vai presa, encontrando na cadeia amizade. Alice foi ao Pronto-Socorro, de onde saiu com curativos e os olhos ainda arregalados de espanto. Almira foi presa em flagrante. Algumas pessoas observadoras disseram que naquela amizade bem que havia dente-de-coelho. Outras, amigas da família, contaram que a avó de Almira, dona Altamiranda, fora mulher muito esquisita. Ninguém se lembrou de que os elefantes, de acordo com os estudiosos do assunto, são criaturas extremamente sensíveis, mesmo nas grossas patas.
  • 9.  8) O estarrecedor conto “Uma Amizade Sincera”: A amizade, com o tempo, pode se transformar em desligamento, talvez em abandono. Mas não precisa ser matéria de mágoa, talvez os pares já tenham se dado tudo o que podiam se dar... Já nesse tempo apareceram os primeiros sinais de perturbação entre nós. Às vezes um telefonava, encontrávamo-nos, e nada tínhamos a nos dizer. Éramos muito jovens e não sabíamos ficar calados. De início, quando começou a faltar assunto, tentamos comentar as pessoas. Mas bem sabíamos que já estávamos adulterando o núcleo da amizade. Tentar falar sobre nossas mútuas namoradas também estava fora de cogitação, pois um homem não falava de seus amores. Experimentamos ficar calados — mas tornávamo-nos inquietos logo depois de nos separarmos.
  • 10.  “O Ovo e a Galinha” O ovo é a própria existência real, objetiva, em si mesma. A galinha é nossa visão de vida interior; ela só existe por causa do ovo. Sem o ovo, a galinha não tem sentido. “De manhã na cozinha sobre a mesa vejo o ovo. Olho o ovo com um só olhar. Imediatamente percebo que não se pode estar vendo um ovo. Ver um ovo nunca se mantém no presente: mal vejo um ovo e já se torna ter visto um ovo há três milênios. — No próprio instante de se ver o ovo ele é a lembrança de um ovo. — Só vê o ovo quem já o tiver visto. — Ao ver o ovo é tarde demais: ovo visto, ovo perdido. — Ver o ovo é a promessa de um dia chegar a ver o ovo. — Olhar curto e indivisível; se é que há pensamento; não há; há o ovo. — Olhar é o necessário instrumento que, depois de usado, jogarei fora. Ovo é a alma da galinha. A galinha desajeitada. O ovo certo. A galinha assustada. O ovo certo. Como um projétil parado. Pois ovo é ovo no espaço. Ovo sobre azul. — Eu te amo, ovo. Eu te amo como uma coisa nem sequer sabe que ama outra coisa. — Não toco nele. A aura de meus dedos é que vê o ovo. Não toco nele. — Mas dedicar-me à visão do ovo seria morrer para a vida mundana, e eu preciso da gema e da clara. — O ovo me vê. O ovo me idealiza? O ovo me medita? Não, o ovo apenas me vê.”
  • 11.  “A quinta história” relata a história de como matar baratas, em cinco versões, o que leva ao questionamento sobre as muitas formas de narrar um fato.  “Evolução de uma miopia” através de uma metáfora, conta as peripécias de um garoto que graças ao seu problema de visão descobre as belezas do mundo.  “A legião estrangeira” relata a relação da narradora com a pequena Ofélia, sua vizinha, e um pintinho que acabou de ganhar.  “Os obedientes” conta acerca de um casal com sua rotina monótona e suas frustrações, havendo o suicídio da mulher no final.