SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 4
Downloaden Sie, um offline zu lesen
Revista Voz das Letras
Concórdia, Santa Catarina, Universidade do Contestado, número 3, II Semestre de 2005.
Ler – como ensinar?
Ms. Elvira Lima
Professora da UnC – Concórdia
Resumo
Trata de um estudo sobre a leitura, especialmente questionando se a leitura exige, como
diz Jouve, uma certa competência, um saber mínimo, e se os professores tanto se queixam que
tudo fazem para ensinar a ler, mas os resultados não são animadores, não seria hora de perguntar
sobre o ensino de leitura da Educação Básica: que dimensões do processo da leitura está
considerando? E ainda: qual política de leitura as escolas de Educação Básica de Concórdia e
região estão adotando? Assim, discute a política de leitura da região de abrangência da
Universidade do Contestado.
LEITURA
O jornal Zero Hora, de 09 de setembro de 2003, traz no seu caderno “Reportagem
Especial” a manchete: “Brasileiro lê sem entender”. O subtítulo da reportagem afirma:
“levantamento divulgado ontem aponta que 67% da população têm dificuldade para
dominar plenamente a escrita e a leitura”. Esses dados preocupam especialistas ligados
ao MEC e às universidades do país. Como sou professora de Língua Portuguesa, desde a
década de 80, e durante esses anos venho trabalhando com capacitação para
professores em Santa Catarina, muito discurso que denota preocupação com a leitura
tenho ouvido. Frases deste tipo me acompanham: “nosso aluno não lê”, “eles não sabem
escrever”; “precisamos de técnicas para aplicar em sala de aula para fazer nosso aluno
gostar de ler”; “tenho feito de tudo, mas o que muitos escrevem é ilegível”...
Porque o discurso persuade, muitos professores esforçam-se no sentido de
promoverem o hábito da leitura. Mas as notícias sobre o desempenho de egressos da
educação básica em redações no vestibular denotam que nossos jovens ainda precisam
aprender a ler. Assim, parece que o esforço foi em vão e que ainda não se descobriu a
“fórmula” do ensinar a ler, se é que é disto que a escola precisa.
Ângela Kleiman (Pontes,2000, p. 07) revela o que ainda está muito presente nos
discursos dos professores de educação básica, quando falam das dificuldades que seus
alunos apresentam em relação à leitura: “meus alunos não gostam de ler”. A autora de
“Oficina de Leitura – teoria e prática” diz que muitos professores “nunca tiveram uma aula
teórica sobre a natureza da leitura, o que ela é, que tipo de engajamento intelectual é
necessário, em quais pressupostos de cunho social ela se assenta.”
Revista Voz das Letras
Concórdia, Santa Catarina, Universidade do Contestado, número 3, II Semestre de 2005.
Saber até que ponto falta teoria sobre a natureza da leitura aos professores de
Língua Portuguesa da Escola de Educação Básica da região de abrangência da
Universidade do Contestado parece-nos um questionamento possível e necessário,
considerando-se os discursos dos professores e alguns dados obtidos em pesquisas na
Universidade nestes últimos anos.
Coordenamos uma pesquisa, na Universidade do Contestado – campus de
Concórdia – SC, no último mês de janeiro, para saber o desempenho em redação de
alunos ingressantes. Obtivemos o seguinte resultado: de 34 redações de candidatos que
se inscreveram para vaga como alunos especiais, 22 (vinte e dois) textos receberam nota
menor do que 7,0 ou seja 64,70% não atingiram o conceito C. Isto só veio a confirmar o
que já notamos em correções de vestibulandos em anos anteriores.
Há sete anos trabalho na Universidade do Contestado – campus de Concórdia -
SC, como professora de Literatura Brasileira no Curso de Letras e de Língua Portuguesa
nos Cursos de Ciências Biológicas, Enfermagem e outros. Durante este tempo vimos
colhendo informações junto a nossos calouros quanto ao seu desempenho em leitura,
deduzido pelos seus trabalhos de paráfrases e resenhas críticas.
É possível afirmarmos que a maioria desses alunos se sente à vontade em
debates orais, ainda que freqüentemente distorçam fatos ou promovam outras discussões
que fogem à real intenção dos textos lidos em classe. As atividades de escrita são
recebidas com resistência, ou seja, muitos não gostam de escrever; e ainda: seus textos
demandam do professor um árduo trabalho de revisão. Há vários alunos que precisam de
aulas extraclasse, para revisão de seus textos, os quais apresentam sérios problemas,
por falta de coerência, coesão e respeito à ortografia do português.
Concordamos com Ângela Kleiman quando diz: “ um primeiro passo para a
formação de leitores é a sedução, tornando a atividade de leitura o mais atraente
possível... no entanto, as estratégias de aproximação ao texto são inúmeras, exigindo
diversos graus de engajamento cognitivo por parte do leitor.”1
Em resposta à pergunta “O que é a leitura?”2
, Vincent Jouve, além de conceituar
as condições da atividade leitora, afirma que a leitura “é uma atividade de várias facetas”,
envolvendo vários processos, tais como: neurofisiológico, cognitivo, afetivo,
1
Contribuições teóricas para o desenvolvimento do leitor – teorias de leitura e ensino. In: Leitura e
animação cultural: repensando a escola e a biblioteca. Org. por Tânia M. K. Rösing & Paulo Becker,
Passo Fundo:UPF, 2002, p. 27.
2
A leitura. Tradução Brigitte Hervor. – São Paulo: Editora da UNESP, 2002, p.17 – 22.
Revista Voz das Letras
Concórdia, Santa Catarina, Universidade do Contestado, número 3, II Semestre de 2005.
argumentativo, simbólico. É de Jouve também a afirmação de que o ato de leitura é um
ato solitário e o processo de leitura adotado depende do nosso objetivo com o texto.
O ensino de estratégias de leitura, que embora não suficientes para realizar o ato
de ler, são necessárias no ensino de leitura. Ângela Kleiman diz que as estratégias de
leitura:
“podem ser inferidas a partir da compreensão do texto, que por sua vez é inferida
a partir do comportamento verbal e não verbal do leitor, isto é do tipo de respostas
que ele dá a perguntas sobre o texto, dos resumos que ele faz, de suas
paráfrases, como também da maneira como manipula o objeto.” 3
Jouve4
, baseando-se na síntese de Gilles Thèrien (por uma semiótica da leitura),
considera a leitura um processo com cinco dimensões, sendo: neurofisiológico, cognitivo,
afetivo, argumentativo, simbólico.
Nenhuma leitura é possível sem um perfeito funcionamento do aparelho visual e do
cérebro. Já neste estágio, a leitura é um ato subjetivo, pois que o movimento do olhar não
é linear e o espaço de memória do leitor oscila entre oito e dezesseis palavras. Diz Jouve,
repetindo o que assinala Richaudeau, quando o autor não respeita princípios de
legibilidade, deslizes semânticos podem ocorrer. Então o texto escrito, pode não ser o
texto lido.
No processo cognitivo, o leitor, depois de decifrar os signos, tenta entender do que
trata o texto. Para isto, é necessário um esforço de abstração. Diferentes atitudes podem
ser estabelecidas, ditadas pela complexidade ou não do texto. Se o texto é um romance,
cuja história prende o receptor, o leitor percorrerá as páginas até saber o final da história.
Se o texto for complexo, o leitor poderá sacrificar a progressão em favor da interpretação.
Em todos os casos, a leitura exige uma certa competência, um saber mínimo para
prosseguir.
Quanto ao terceiro processo citado, o afetivo, Jouve ressalta a importância das
emoções para leitura de ficção. Nosso interesse pelos personagens deve-se às emoções
que eles provocam em nós. A relação leitor/personagem torna-se forte, porque, ao
acompanharmos desilusões ou vitórias dos personagens, razões psicológicas e sociais
entram em jogo.
3
KLEIMAN, Ângela. Oficina de Leitura– teoria e prática. 7ª ed. Campinas – SP, Fontes Ed, 2000, p. 49
4
JOUVE, Vincent. A leitura. Trad. Brigitte Hervor. São Paulo: Editora UNESP, 2002
Revista Voz das Letras
Concórdia, Santa Catarina, Universidade do Contestado, número 3, II Semestre de 2005.
Se a leitura exige, como diz Jouve, uma certa competência, um saber mínimo, e se
os professores tanto se queixam que tudo fazem para ensinar a ler, mas os resultados
não são animadores, não seria hora de perguntar sobre o ensino de leitura da Educação
Básica: que dimensões do processo da leitura está considerando? E ainda: qual política
de leitura as escolas de Educação Básica de Concórdia e região estão adotando?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JOUVE, Vincent. A leitura. Trad. Brigitte Hervor. São Paulo: Editora da UNESP, 2002.
KLEIMAN, Ângela. Oficina de Leitura – teoria e prática. Campinas – SP: Pontes Editora
da Unicamp, 2000.
LEFFA, Vilson. Aspectos da Leitura – uma perspectiva psicolingüística. Ensaios –
CPG Letras – Ufrgs. Porto Alegre- RS: Sagra Luzzatto. 1996.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Diversidade textual livro
Diversidade textual livroDiversidade textual livro
Diversidade textual livro
Fabiana Esteves
 
Situação de aprendizagem aparecida martins borges testa
Situação de aprendizagem   aparecida martins borges testaSituação de aprendizagem   aparecida martins borges testa
Situação de aprendizagem aparecida martins borges testa
claricelis
 
Slide blog nara ler e escrever
Slide blog nara ler e escreverSlide blog nara ler e escrever
Slide blog nara ler e escrever
melodilva
 
Elzimar costa livro_didatico_depois_do_pnld
Elzimar costa livro_didatico_depois_do_pnldElzimar costa livro_didatico_depois_do_pnld
Elzimar costa livro_didatico_depois_do_pnld
Eventos COPESBRA
 
Orientações e resoluções das atividades de aplicação ensino médio - novo en...
Orientações e resoluções das atividades de aplicação   ensino médio - novo en...Orientações e resoluções das atividades de aplicação   ensino médio - novo en...
Orientações e resoluções das atividades de aplicação ensino médio - novo en...
Alex GM
 
Avaliação em língua portuguesa beth marcuschi e livia suassuna (1)
Avaliação em língua portuguesa beth marcuschi e livia suassuna (1)Avaliação em língua portuguesa beth marcuschi e livia suassuna (1)
Avaliação em língua portuguesa beth marcuschi e livia suassuna (1)
Adriana Santana
 
Projeto patricia original
Projeto patricia originalProjeto patricia original
Projeto patricia original
LuanaPaulinha
 

Was ist angesagt? (14)

Diversidade textual livro
Diversidade textual livroDiversidade textual livro
Diversidade textual livro
 
Situação de aprendizagem aparecida martins borges testa
Situação de aprendizagem   aparecida martins borges testaSituação de aprendizagem   aparecida martins borges testa
Situação de aprendizagem aparecida martins borges testa
 
Análise de produções textuais
Análise de produções textuaisAnálise de produções textuais
Análise de produções textuais
 
O rei teste de avaliacao da fluencia e precisao da leitura no 1o e 2o ciclo...
O rei   teste de avaliacao da fluencia e precisao da leitura no 1o e 2o ciclo...O rei   teste de avaliacao da fluencia e precisao da leitura no 1o e 2o ciclo...
O rei teste de avaliacao da fluencia e precisao da leitura no 1o e 2o ciclo...
 
Aprender a ler e a escrever - Ana Teberosky
Aprender a ler e a escrever  - Ana TeberoskyAprender a ler e a escrever  - Ana Teberosky
Aprender a ler e a escrever - Ana Teberosky
 
Concepções de leitura e implicações pedagógicas
Concepções de leitura e implicações pedagógicasConcepções de leitura e implicações pedagógicas
Concepções de leitura e implicações pedagógicas
 
Slide blog nara ler e escrever
Slide blog nara ler e escreverSlide blog nara ler e escrever
Slide blog nara ler e escrever
 
A dificuldade de leitura, compreensão e produção de textos dos alunos ingress...
A dificuldade de leitura, compreensão e produção de textos dos alunos ingress...A dificuldade de leitura, compreensão e produção de textos dos alunos ingress...
A dificuldade de leitura, compreensão e produção de textos dos alunos ingress...
 
Elzimar costa livro_didatico_depois_do_pnld
Elzimar costa livro_didatico_depois_do_pnldElzimar costa livro_didatico_depois_do_pnld
Elzimar costa livro_didatico_depois_do_pnld
 
Concepções de leitura
Concepções de leituraConcepções de leitura
Concepções de leitura
 
Orientações e resoluções das atividades de aplicação ensino médio - novo en...
Orientações e resoluções das atividades de aplicação   ensino médio - novo en...Orientações e resoluções das atividades de aplicação   ensino médio - novo en...
Orientações e resoluções das atividades de aplicação ensino médio - novo en...
 
Avaliação em língua portuguesa beth marcuschi e livia suassuna (1)
Avaliação em língua portuguesa beth marcuschi e livia suassuna (1)Avaliação em língua portuguesa beth marcuschi e livia suassuna (1)
Avaliação em língua portuguesa beth marcuschi e livia suassuna (1)
 
Projeto patricia original
Projeto patricia originalProjeto patricia original
Projeto patricia original
 
Prova discursiva e objetiva sem resposta
Prova discursiva e objetiva sem respostaProva discursiva e objetiva sem resposta
Prova discursiva e objetiva sem resposta
 

Andere mochten auch (9)

Proposta o-ensino-da-gramatica-em-lingua-portuguesa
Proposta o-ensino-da-gramatica-em-lingua-portuguesaProposta o-ensino-da-gramatica-em-lingua-portuguesa
Proposta o-ensino-da-gramatica-em-lingua-portuguesa
 
Jogos
JogosJogos
Jogos
 
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS DO PROFESSOR VOL II
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS DO PROFESSOR VOL IIORIENTAÇÕES DIDÁTICAS DO PROFESSOR VOL II
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS DO PROFESSOR VOL II
 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - 5692/71
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - 5692/71Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - 5692/71
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - 5692/71
 
Ensino da lingua portuguesa
Ensino da  lingua portuguesaEnsino da  lingua portuguesa
Ensino da lingua portuguesa
 
Análise Linguística no EM: um novo olhar, um outro objeto - Márcia Mendonça
Análise Linguística no EM: um novo olhar, um outro objeto - Márcia MendonçaAnálise Linguística no EM: um novo olhar, um outro objeto - Márcia Mendonça
Análise Linguística no EM: um novo olhar, um outro objeto - Márcia Mendonça
 
Sugestão de atividades língua portuguesa
Sugestão de atividades   língua portuguesaSugestão de atividades   língua portuguesa
Sugestão de atividades língua portuguesa
 
Oficina de Língua Portuguesa
Oficina de Língua PortuguesaOficina de Língua Portuguesa
Oficina de Língua Portuguesa
 
Plano de ação pedagógica 2015 6º ao 9º ano do ef - semed
Plano de ação pedagógica 2015   6º ao 9º ano do ef - semedPlano de ação pedagógica 2015   6º ao 9º ano do ef - semed
Plano de ação pedagógica 2015 6º ao 9º ano do ef - semed
 

Ähnlich wie Ler como ensinar

Iii encontro nacional das licenciaturas renan
Iii encontro nacional das licenciaturas renanIii encontro nacional das licenciaturas renan
Iii encontro nacional das licenciaturas renan
Jonas dos Santos Messias
 
A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura
A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura
A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura
UNEB
 
Literatura Infanto Juvenil - LITERATUA INFANTIL NA ESCOLA
Literatura Infanto Juvenil - LITERATUA INFANTIL NA ESCOLALiteratura Infanto Juvenil - LITERATUA INFANTIL NA ESCOLA
Literatura Infanto Juvenil - LITERATUA INFANTIL NA ESCOLA
Magno Oliveira
 
Aprender a ler e a escrever uma proposta construtivista
Aprender a ler e a escrever uma proposta construtivistaAprender a ler e a escrever uma proposta construtivista
Aprender a ler e a escrever uma proposta construtivista
Deusrieta M1)
 
Cirene Sousa E Silva
Cirene Sousa E SilvaCirene Sousa E Silva
Cirene Sousa E Silva
waleri
 
Slide blog nara ler e escrever
Slide blog nara ler e escreverSlide blog nara ler e escrever
Slide blog nara ler e escrever
melodilva
 
Slide blog nara ler e escrever
Slide blog nara ler e escreverSlide blog nara ler e escrever
Slide blog nara ler e escrever
melodilva
 

Ähnlich wie Ler como ensinar (20)

Resumo fapa 2013
Resumo fapa 2013Resumo fapa 2013
Resumo fapa 2013
 
CEALE Literatura_leitura_literaria.pdf
CEALE Literatura_leitura_literaria.pdfCEALE Literatura_leitura_literaria.pdf
CEALE Literatura_leitura_literaria.pdf
 
XVII SEMANA DE LETRAS-UEPB
XVII SEMANA DE LETRAS-UEPBXVII SEMANA DE LETRAS-UEPB
XVII SEMANA DE LETRAS-UEPB
 
Volume xx 2007
Volume xx 2007Volume xx 2007
Volume xx 2007
 
Dificuldade de-leitura-e-escrita-matematica
Dificuldade de-leitura-e-escrita-matematicaDificuldade de-leitura-e-escrita-matematica
Dificuldade de-leitura-e-escrita-matematica
 
Pratica livro
Pratica livroPratica livro
Pratica livro
 
Encontro do dia 8 e 10 de novembro. PNAIC-2016 Município de Biguaçu
Encontro do dia 8 e  10 de novembro. PNAIC-2016 Município de BiguaçuEncontro do dia 8 e  10 de novembro. PNAIC-2016 Município de Biguaçu
Encontro do dia 8 e 10 de novembro. PNAIC-2016 Município de Biguaçu
 
Iii encontro nacional das licenciaturas renan
Iii encontro nacional das licenciaturas renanIii encontro nacional das licenciaturas renan
Iii encontro nacional das licenciaturas renan
 
Formação de leitores críticos lucimeire cavalcanti dias.docx
Formação de leitores críticos lucimeire cavalcanti dias.docxFormação de leitores críticos lucimeire cavalcanti dias.docx
Formação de leitores críticos lucimeire cavalcanti dias.docx
 
A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura
A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura
A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura
 
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA ESCOLA
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA ESCOLAA IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA ESCOLA
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA ESCOLA
 
Literatura Infanto Juvenil - LITERATUA INFANTIL NA ESCOLA
Literatura Infanto Juvenil - LITERATUA INFANTIL NA ESCOLALiteratura Infanto Juvenil - LITERATUA INFANTIL NA ESCOLA
Literatura Infanto Juvenil - LITERATUA INFANTIL NA ESCOLA
 
Aprender a ler e a escrever uma proposta construtivista
Aprender a ler e a escrever uma proposta construtivistaAprender a ler e a escrever uma proposta construtivista
Aprender a ler e a escrever uma proposta construtivista
 
Cirene Sousa E Silva
Cirene Sousa E SilvaCirene Sousa E Silva
Cirene Sousa E Silva
 
Trabalho jornada cientifica
Trabalho jornada cientificaTrabalho jornada cientifica
Trabalho jornada cientifica
 
Fundação Universidade Federal de Rondônia – Unir Universidade Aberta do Brasi...
Fundação Universidade Federal de Rondônia – Unir Universidade Aberta do Brasi...Fundação Universidade Federal de Rondônia – Unir Universidade Aberta do Brasi...
Fundação Universidade Federal de Rondônia – Unir Universidade Aberta do Brasi...
 
A crise da leitura e da escrita na escola
A  crise da leitura e da escrita na escolaA  crise da leitura e da escrita na escola
A crise da leitura e da escrita na escola
 
Tcc cleide
Tcc cleideTcc cleide
Tcc cleide
 
Slide blog nara ler e escrever
Slide blog nara ler e escreverSlide blog nara ler e escrever
Slide blog nara ler e escrever
 
Slide blog nara ler e escrever
Slide blog nara ler e escreverSlide blog nara ler e escrever
Slide blog nara ler e escrever
 

Kürzlich hochgeladen

Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptxAula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
andrenespoli3
 
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffffSSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
NarlaAquino
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
marlene54545
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
TailsonSantos1
 
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
PatriciaCaetano18
 

Kürzlich hochgeladen (20)

TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
 
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptxAula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffffSSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
 
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdfPROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptxPlano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
 
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
 
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxMonoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 

Ler como ensinar

  • 1. Revista Voz das Letras Concórdia, Santa Catarina, Universidade do Contestado, número 3, II Semestre de 2005. Ler – como ensinar? Ms. Elvira Lima Professora da UnC – Concórdia Resumo Trata de um estudo sobre a leitura, especialmente questionando se a leitura exige, como diz Jouve, uma certa competência, um saber mínimo, e se os professores tanto se queixam que tudo fazem para ensinar a ler, mas os resultados não são animadores, não seria hora de perguntar sobre o ensino de leitura da Educação Básica: que dimensões do processo da leitura está considerando? E ainda: qual política de leitura as escolas de Educação Básica de Concórdia e região estão adotando? Assim, discute a política de leitura da região de abrangência da Universidade do Contestado. LEITURA O jornal Zero Hora, de 09 de setembro de 2003, traz no seu caderno “Reportagem Especial” a manchete: “Brasileiro lê sem entender”. O subtítulo da reportagem afirma: “levantamento divulgado ontem aponta que 67% da população têm dificuldade para dominar plenamente a escrita e a leitura”. Esses dados preocupam especialistas ligados ao MEC e às universidades do país. Como sou professora de Língua Portuguesa, desde a década de 80, e durante esses anos venho trabalhando com capacitação para professores em Santa Catarina, muito discurso que denota preocupação com a leitura tenho ouvido. Frases deste tipo me acompanham: “nosso aluno não lê”, “eles não sabem escrever”; “precisamos de técnicas para aplicar em sala de aula para fazer nosso aluno gostar de ler”; “tenho feito de tudo, mas o que muitos escrevem é ilegível”... Porque o discurso persuade, muitos professores esforçam-se no sentido de promoverem o hábito da leitura. Mas as notícias sobre o desempenho de egressos da educação básica em redações no vestibular denotam que nossos jovens ainda precisam aprender a ler. Assim, parece que o esforço foi em vão e que ainda não se descobriu a “fórmula” do ensinar a ler, se é que é disto que a escola precisa. Ângela Kleiman (Pontes,2000, p. 07) revela o que ainda está muito presente nos discursos dos professores de educação básica, quando falam das dificuldades que seus alunos apresentam em relação à leitura: “meus alunos não gostam de ler”. A autora de “Oficina de Leitura – teoria e prática” diz que muitos professores “nunca tiveram uma aula teórica sobre a natureza da leitura, o que ela é, que tipo de engajamento intelectual é necessário, em quais pressupostos de cunho social ela se assenta.”
  • 2. Revista Voz das Letras Concórdia, Santa Catarina, Universidade do Contestado, número 3, II Semestre de 2005. Saber até que ponto falta teoria sobre a natureza da leitura aos professores de Língua Portuguesa da Escola de Educação Básica da região de abrangência da Universidade do Contestado parece-nos um questionamento possível e necessário, considerando-se os discursos dos professores e alguns dados obtidos em pesquisas na Universidade nestes últimos anos. Coordenamos uma pesquisa, na Universidade do Contestado – campus de Concórdia – SC, no último mês de janeiro, para saber o desempenho em redação de alunos ingressantes. Obtivemos o seguinte resultado: de 34 redações de candidatos que se inscreveram para vaga como alunos especiais, 22 (vinte e dois) textos receberam nota menor do que 7,0 ou seja 64,70% não atingiram o conceito C. Isto só veio a confirmar o que já notamos em correções de vestibulandos em anos anteriores. Há sete anos trabalho na Universidade do Contestado – campus de Concórdia - SC, como professora de Literatura Brasileira no Curso de Letras e de Língua Portuguesa nos Cursos de Ciências Biológicas, Enfermagem e outros. Durante este tempo vimos colhendo informações junto a nossos calouros quanto ao seu desempenho em leitura, deduzido pelos seus trabalhos de paráfrases e resenhas críticas. É possível afirmarmos que a maioria desses alunos se sente à vontade em debates orais, ainda que freqüentemente distorçam fatos ou promovam outras discussões que fogem à real intenção dos textos lidos em classe. As atividades de escrita são recebidas com resistência, ou seja, muitos não gostam de escrever; e ainda: seus textos demandam do professor um árduo trabalho de revisão. Há vários alunos que precisam de aulas extraclasse, para revisão de seus textos, os quais apresentam sérios problemas, por falta de coerência, coesão e respeito à ortografia do português. Concordamos com Ângela Kleiman quando diz: “ um primeiro passo para a formação de leitores é a sedução, tornando a atividade de leitura o mais atraente possível... no entanto, as estratégias de aproximação ao texto são inúmeras, exigindo diversos graus de engajamento cognitivo por parte do leitor.”1 Em resposta à pergunta “O que é a leitura?”2 , Vincent Jouve, além de conceituar as condições da atividade leitora, afirma que a leitura “é uma atividade de várias facetas”, envolvendo vários processos, tais como: neurofisiológico, cognitivo, afetivo, 1 Contribuições teóricas para o desenvolvimento do leitor – teorias de leitura e ensino. In: Leitura e animação cultural: repensando a escola e a biblioteca. Org. por Tânia M. K. Rösing & Paulo Becker, Passo Fundo:UPF, 2002, p. 27. 2 A leitura. Tradução Brigitte Hervor. – São Paulo: Editora da UNESP, 2002, p.17 – 22.
  • 3. Revista Voz das Letras Concórdia, Santa Catarina, Universidade do Contestado, número 3, II Semestre de 2005. argumentativo, simbólico. É de Jouve também a afirmação de que o ato de leitura é um ato solitário e o processo de leitura adotado depende do nosso objetivo com o texto. O ensino de estratégias de leitura, que embora não suficientes para realizar o ato de ler, são necessárias no ensino de leitura. Ângela Kleiman diz que as estratégias de leitura: “podem ser inferidas a partir da compreensão do texto, que por sua vez é inferida a partir do comportamento verbal e não verbal do leitor, isto é do tipo de respostas que ele dá a perguntas sobre o texto, dos resumos que ele faz, de suas paráfrases, como também da maneira como manipula o objeto.” 3 Jouve4 , baseando-se na síntese de Gilles Thèrien (por uma semiótica da leitura), considera a leitura um processo com cinco dimensões, sendo: neurofisiológico, cognitivo, afetivo, argumentativo, simbólico. Nenhuma leitura é possível sem um perfeito funcionamento do aparelho visual e do cérebro. Já neste estágio, a leitura é um ato subjetivo, pois que o movimento do olhar não é linear e o espaço de memória do leitor oscila entre oito e dezesseis palavras. Diz Jouve, repetindo o que assinala Richaudeau, quando o autor não respeita princípios de legibilidade, deslizes semânticos podem ocorrer. Então o texto escrito, pode não ser o texto lido. No processo cognitivo, o leitor, depois de decifrar os signos, tenta entender do que trata o texto. Para isto, é necessário um esforço de abstração. Diferentes atitudes podem ser estabelecidas, ditadas pela complexidade ou não do texto. Se o texto é um romance, cuja história prende o receptor, o leitor percorrerá as páginas até saber o final da história. Se o texto for complexo, o leitor poderá sacrificar a progressão em favor da interpretação. Em todos os casos, a leitura exige uma certa competência, um saber mínimo para prosseguir. Quanto ao terceiro processo citado, o afetivo, Jouve ressalta a importância das emoções para leitura de ficção. Nosso interesse pelos personagens deve-se às emoções que eles provocam em nós. A relação leitor/personagem torna-se forte, porque, ao acompanharmos desilusões ou vitórias dos personagens, razões psicológicas e sociais entram em jogo. 3 KLEIMAN, Ângela. Oficina de Leitura– teoria e prática. 7ª ed. Campinas – SP, Fontes Ed, 2000, p. 49 4 JOUVE, Vincent. A leitura. Trad. Brigitte Hervor. São Paulo: Editora UNESP, 2002
  • 4. Revista Voz das Letras Concórdia, Santa Catarina, Universidade do Contestado, número 3, II Semestre de 2005. Se a leitura exige, como diz Jouve, uma certa competência, um saber mínimo, e se os professores tanto se queixam que tudo fazem para ensinar a ler, mas os resultados não são animadores, não seria hora de perguntar sobre o ensino de leitura da Educação Básica: que dimensões do processo da leitura está considerando? E ainda: qual política de leitura as escolas de Educação Básica de Concórdia e região estão adotando? REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS JOUVE, Vincent. A leitura. Trad. Brigitte Hervor. São Paulo: Editora da UNESP, 2002. KLEIMAN, Ângela. Oficina de Leitura – teoria e prática. Campinas – SP: Pontes Editora da Unicamp, 2000. LEFFA, Vilson. Aspectos da Leitura – uma perspectiva psicolingüística. Ensaios – CPG Letras – Ufrgs. Porto Alegre- RS: Sagra Luzzatto. 1996.