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Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP
     Licenciatura Plena em Música




    JÚLIO CÉSAR GONÇALVES




        O CORPO DO MÚSICO




          RIBEIRÃO PRETO
                 2012
Ficha catalográfica preparada pelo Centro de Processamento
         Técnico da Biblioteca Central da UNAERP

             - Universidade de Ribeirão Preto -



Gonçalves, Júlio César, 1973 -
G635c           O corpo do músico / Júlio César Gonçalves. - -
Ribeirão Preto, 2012.
44 f. : il. color.

 Orientadora: Profa. Ms. Gisele Laura Haddad

 Monografia (graduação) - Universidade de Ribeirão
 Preto, UNAERP, Licenciatura plena em Música. Ribeirão
 Preto, 2012.

1. Música. 2. Músicos - Aspectos da saúde. 3. Corpo
 humano. 4. Lesões dos tecidos moles. I. Título.

 CDD: 780
Júlio César Gonçalves




O CORPO DO MÚSICO




           Monografia apresentada ao curso de Licenciatura
           Plena em Música da Universidade de Ribeirão
           Preto UNAERP, para obtenção do título de
           Licenciado em Música.
           Linha de Pesquisa: Educação Musical.

           Orientadora: Profª. Ms. Gisele Laura Haddad




    Ribeirão Preto
         2012
JÚLIO CÉSAR GONÇALVES



                           O CORPO DO MÚSICO




                                       Monografia apresentada à Universidade
                                       de   Ribeirão   Preto,   UNAERP,   como
                                       requisito para obtenção do título de
                                       Licenciado em Música.




Área de Concentração: Licenciatura Plena em Música
Data da defesa: 28/06/2012
Resultado:




BANCA EXAMINADORA



Érika de Andrade Silva                Prof. Ms.__________________________
Universidade de Ribeirão Preto


Gisele Laura Haddad                   Prof. Ms.__________________________
Universidade de Ribeirão Preto


Sandra Barros da Rocha Picado          Prof. Dra.__________________________
Universidade de Ribeirão Preto
Dedico este trabalho à minha esposa Vera
Lúcia, que sempre foi uma verdadeira lição de
superação e dedicação e ao meu filho Pedro por ter
me ensinado a acreditar nas oportunidades que o
amanhã nos reserva.


                      Júlio César Gonçalves.
AGRADECIMENTOS




       A   Deus,   por    toda   sua     misericórdia   e
 esperança no meu trabalho me dando sempre novas
 manhãs de oportunidade.
       Aos novos amigos que conquistei durante
 esse ano letivo que me ajudaram ao longo dessa
 caminhada.
        Agradeço a minha orientadora Prof. Ms.
 Gisele Laura Haddad, por toda paciência, me
 ensinando com sabedoria e dedicação.
       Agradeço a Prof. Ms. Érika Silva Andrade,
 coordenadora do curso de licenciatura plena em
 música da UNAERP, por ter me conduzido nos
 caminhos da educação musical, mostrando o
 verdadeiro significado da música para o ser humano.
       Agradeço ao meu amigo e Prof. João Magioni,
 por ter incentivado os meus estudos na guitarra, me
 fazendo entender a importância do estudo e da
 dedicação na música.
       Agradeço    a     todos   os    professores   que
 contribuíram para meu crescimento musical.


                                 Júlio César Gonçalves
Acaso não sabeis vós que o vosso corpo é santuário
de Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes
da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?

Porque fostes comprados por preço. Agora, pois,
glorificai a Deus no vosso corpo.
                              (CORINTIOS, 6:19-20)
RESUMO



O presente trabalho aborda um tema atual e muito importante na formação dos
músicos de uma forma geral: a prática de atividades físicas em benefício da saúde.
No entanto o estudo em questão visa principalmente demonstrar que a importância
da atividade física como instrumento de prevenção e ainda procura incentivar uma
prática saudável dentro da esfera ou meio musical, sendo ela amadora ou
profissional e busca levar informações para que o músico aprenda a diagnosticar as
possíveis lesões em seu início, prevenindo e corrigindo os movimentos necessários
para um melhor desempenho musical. O presente estudo pretende através de uma
pesquisa bibliográfica esclarecer sobre a importância da prática da atividade física
como fator principal na prevenção de lesões mais comuns que acometem os
músicos. Neste sentido buscamos conhecimentos para evitar o afastamento e
intervenções médicas, gastos desnecessários com medicamentos e no extremo, a
interrupção das atividades profissionais. Assim ao analisarmos a evolução da
carreira do músico, consideramos a descoporificação; o afastamento do conceito de
corpo saudável para o bom desempenho da profissão e o que uma vida equilibrada
e saudável representa para sua vida pessoal e social.

Palavras-chave: Corpo. Músico. Lesão muscular. Saúde.
ABSTRACT



This paper approaches a current and very important issue in the training of musicians
in a general way: physical activity for the benefit of health. Nevertheless, this study
aims mainly to demonstrate the importance of physical activity as a prevention tool
and also tries to encourage a healthy practice within the musical environment, being
it amateur or professional seeking to bring information to the musician in order to
learn to diagnose the possible bodily harms in his early, preventing and correcting the
movements for a better musical performance. This study aims through a literature
review to clarify the importance of physical activity as a major factor in preventing the
most common injuries that affect musicians. In this regard we looked for knowledge
to avoid sick leave, medical intervention, and unnecessary expense on medicine and
in the extreme, interruption of professional activity. By analysing the development of
musician career, we considered the unbodiness; the slide away from the concept of a
healthy body for a good performance of his or her profession and what a balanced
and healthy life means for their personal and social life.


Key words: Body. Musician. Bodily harm. Health.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Tendinite e Tenosivite............................................................................            18
Figura 2 Bursite....................................................................................................   19
Figura 3 Estrutura óssea braço............................................................................             19
Figura 4 Braço e Antebraço.................................................................................            20
Figura 5 Região lesões musculares do antebraço...............................................                          20
Figura 6 Antebraço...............................................................................................      21
Figura 7 Detóide...................................................................................................    21
Figura 8 Bíceps....................................................................................................    22
Figura 9 Tríceps...................................................................................................    22
Figura 10 Pronador quadrado..............................................................................              23
Figura 11 Supinador curto...................................................................................           24
Figura 12 Ligamentos..........................................................................................         24
Figura 13 Articulação...........................................................................................       25
Figura 14 Flexores...............................................................................................      25
Figura 15 Extensores...........................................................................................        26
Figura 16 Flexores profundos dos textos.............................................................                   26
Figura 17 Flexores superficiais dos dedos..........................................................                    27
Figura 18 Extensores comuns dos dedos............................................................                      27
Figura 19 Tendinite..............................................................................................      28
Figura 20 Tenossinovite.......................................................................................         29
Figura 21 Síndrome de Quervein.........................................................................                30
Figura 22 Síndrome do túnel do carpo................................................................                   30
Figura 23 Epicondilite lateral................................................................................         31
Figura 24 Cisto sinovial........................................................................................       31
Figura 25 Cervicalgia...........................................................................................       32
Figura 26 Lombalgia............................................................................................        32
Figura 27 Hipersifose...........................................................................................       33
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................          11


2 A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA........................................................                               13
2.1 CONCEITO DE SAÚDE...................................................................................                  13
2.2 CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS................................................................                            14
2.3 DEFINIÇÃO E DIFERENÇAS ENTRE LER E DORT .....................................                                         15
2.3.1 Dort.............................................................................................................   15
2.3.2 Sintomas.....................................................................................................       16
2.4 LESÕES MUSCULARES................................................................................                     16
2.4.1 Classificação e Tratamento..........................................................................                17
2.4.2 Lesões Mais Comuns em Músicos..............................................................                         17
2.4.3 Definição: Tendinite.....................................................................................           17
2.4.4 Bursite..........................................................................................................   18
2.5 ANATOMIA BÁSICA: ESTRUTURA BRAÇO E ANTEBRAÇO.......................                                                   19
2.5.1 Braço e Antebraço.......................................................................................            20
2.5.2 Deltóide........................................................................................................    21
2.5.3 Bíceps..........................................................................................................    22
2.5.4 Tríceps.........................................................................................................    22
2.5.5 Pronador Quadrado.....................................................................................              23
2.5.6 Supinador Curto...........................................................................................          23
2.5.7 Ligamentos...................................................................................................       24
2.5.8 Articulação...................................................................................................      24
2.5.9 Flexores.......................................................................................................     25
2.5.10 Extensores.................................................................................................        26
2.5.11 Flexores Profundos dos Textos.................................................................                     26
2.5.12 Flexores Superficiais dos Dedos................................................................                    26
2.5.13 Extensores Comuns dos Dedos.................................................................                        27
2.6 LESÕES COMUNS EM MÚSICOS................................................................. 27
2.6.1     Tendinite.....................................................................................................   28
2.6.2 Tenossinovite..............................................................................................          28
2.6.3 Síndrome de Quervein................................................................................                 29
2.6.4 Síndrome do Túnel do Carpo......................................................................                     30
2.6.5 Epicondilite Lateral.......................................................................................          31
2.6.6 Cisto Sinovial...............................................................................................        31
2.6.7 Cervicalgia....................................................................................................      32
2.6.8 Lombalgia.....................................................................................................       32
2.6.9 Hipersifose....................................................................................................      33


3 PREVENÇÃO...................................................................................................             34


4      CONSIDERAÇÕES........................................................................................ 37


5      CONCLUSÃO................................................................................................           39


REFERÊNCIAS.....................................................................................................           41
11



INTRODUÇÃO


      Educador físico, especialista em fisiologia e prescrição do exercício, atuando
em uma clinica de avaliação física com atletas de alto nível, e músico profissional
desde 2003, observei a rotina da maioria dos músicos profissionais e amadores, me
deparando com a alienação e despreparo com o corpo do músico, diante o seu
cotidiano relacionado com as suas apresentações e estudos, considerando o corpo
o último item a ser somado no processo de finalização da atividade musical.
      Dalcroze foi o primeiro a fazer a ligação entre o corpo e a música, segundo
ele é preciso estabelecer comunicações rápidas entre o cérebro que cria e analisa e
o corpo que executa (Fonterrada 2005). Para Dalcroze, a música não é um objeto
externo, mas pertence ao mesmo tempo ao fora e ao dentro do corpo, sendo assim
o corpo expressa a música, mas também transforma-se em ouvido, transmutando-se
na própria música ( Andrade 2009).
      Ao contrário, distante de uma consciência corporal, a grande parte dos
músicos acaba não percebendo que o corpo é principal elo capaz de permitir que a
música possa ser expressa, ou melhor, que a atividade como um todo seja realizada.
Quando essa desconexão ocorre, é quando o músico acaba por interromper suas
atividades de modo temporário ou definitivo acometido por lesões.
      Exageros de técnica, como o caso de Robert Schumann (1810 - 1856), que
abandonou a prática do piano para dedicar-se somente a composição, foram um dos
primeiros casos documentados (FRAGELLI ET AL, 2008), sendo o caso mais
conhecido no Brasil do maestro João Carlos Martins, que abandonou definitivamente
os palcos como pianista no ano de 2002 por problemas físicos.
       Este estudo tem por objetivo demonstrar que a atividade física é o melhor
instrumento para se prevenir ou garantir uma prática saudável dentro da esfera ou
meio musical, sendo ela amadora ou profissional. Serve ainda como fonte de
consulta para que o músico aprenda a diagnosticar as possíveis lesões em seu
inicio, prevenindo e corrigindo os movimentos necessários para um melhor
desempenho musical.
      Temos também por objetivo demonstrar a importância da realização da
atividade física em indivíduos antes de qualquer atividade musical, seja ela de
caráter profissional ou amadora, promovendo através da consciência corporal maior
índice de produtividade, ou seja, mantendo a qualidade de criação e motivação para
12



o trabalho reduzindo faltas e afastamentos médicos. Este estudo pode então servir
como guia para a instrução ou referência de profissionais ou amadores da área
musical, contribuindo para sua integridade física.
      Esta atividade cientifica foi realizada através de pesquisa bibliográfica em
livros, revistas e jornais científicos especializados, além de artigos referentes ao
assunto obtidos a partir de sites específicos da área.
13



2 A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA



      O presente trabalho aborda questionamentos frequentes sobre as lesões mais
comuns em músicos. Através de uma revisão bibliográfica da literatura científica,
afim de demonstrar a importância e a finalidade de realizar da atividade física em
músicos amadores ou profissionais.



2.1 CONCEITO DE SAÚDE



      Segundo a organização mundial de saúde, saúde é o estado completo bem
estar físico, mental e social, e não somente ausência de enfermidade ou invalidez.
(OMS, 1948).


                     Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
                     sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
                     agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
                     promoção, proteção e recuperação. (Constituição federal, Art. 196).


      De acordo com pesquisa realizada no Brasil em 1996 por Andrade & Tals,
com   419    músicos, 88% dos instrumentistas de cordas dos principais centros
culturais sofriam de algum desconforto físico, sendo que 30% tiveram que se afastar
para tratamento.
      Em 2004, pesquisa realizada com 45 músicos da orquestra sinfônica da
universidade de Londrina, constatou que 77,8% apresentaram algum sintoma de
dor músculo esquelético. (Fragelli, 2008)
      Em 2005, pesquisa realizada com 241 músicos da orquestra sinfônica de
São Paulo, 68% apresentaram dores, predominando em mulheres (Kaneko 2005).
      Em 2006, Mazzoni & Tals, constataram que em uma determinada população
estudada, 93,1% dos músicos relataram apresentar algum tipo de sintoma músculo-
esquelético como dor, formigamento, tensão muscular e dormência.
      Em 2010, Cassapian & Pellens, apresentaram um estudo sobre a realidade
dos estudantes de uma Instituição de Ensino Superior em Música de Curitiba, que a
14



dor, considerada, pelos autores, como uma das principais características das
LER1/DORT2, foi relatada por 87% dos estudantes.
          Diante dessas pesquisas, podemos considerar que o campo da medicina para
o músico, embora haja poucas pesquisas e reconhecimento, os músicos ainda não
têm atenção que necessitam da medicina do trabalho, sendo que Frank et al., alerta
que comparando somente os estudos apresentados entre 1986 a 2005, a
prevalência de lesões chegam entre 55% a 86%, são índices considerados altos,
principalmente quando comparados a outras profissões.


2.2 CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS


          O músico em suas atividades, sejam elas de estudo, ou apresentação,
demonstram uma atividade neuromuscular intensa, permeadas de precisão
(técnicas), velocidade, resistência, propriedades que levam horas de estudo e
ensaio, que na maioria das vezes são estressantes e sem nenhum tipo orientação
profissional, planejamento ou compensação muscular e relaxamento.
          A iniciação musical cada vez mais precoce e em idades cada vez mais
tenras, ainda carregadas historicamente pelo valorizado conceito técnico e virtuose,
que na maioria das vezes são obrigados a manipular instrumentos projetados para
adultos,       favorecendo      desde      muito     cedo;       principalmente   durante   seu
desenvolvimento músculo esquelético, um ambiente propício para futuras lesões
musculares.
          Algo agravante e somatório são os vícios posturais adquiridos de horas
incalculáveis em posturas inadequadas em práticas com instrumentos pesados ou
moveis sem nenhuma adaptação ergonômica para a atividade praticada, seguida
ainda do transporte inadequado dos próprios equipamentos, que na maioria das
vezes possuem um peso acima da capacidade de carga do próprio músico, sendo
um problema a mais tanto antes como após as apresentações.
          Os músicos profissionais enfrentam ainda ambiente de trabalho que muitas
vezes é insalubre (casas de shows, pubs, bares), com exposição a cigarros,
fumaças, drogas licitas e ilícitas, bebidas alcoólicas, sem contar a incerteza
financeira causada pela instabilidade do cenário musical.

1
    LER: Lesão por esforços repetitivos.
2
    DORT: Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho.
15



      Os horários alternativos de trabalho, principalmente sem o devido
planejamento e organização acabam ainda por afetar os horários adequados e
recomendados para o sono regenerativo e por consequência acaba atrapalhando
também a possibilidade de desfrutar uma alimentação correta e balanceada nos
seus devidos horários e porções recomendadas por dia.


2.3 DEFINIÇÃO E DIFERENÇAS ENTRE LER E DORT


      Existe a definição da caracterização da doença como em decorrência do
trabalho, a equiparação entre LER e DORT depende do fato de se comprovar que o
trabalho foi à causa da doença e não outro fator.
      Em 1998 o INSS introduziu o termo DORT (Doenças Osteoarticulares
Relacionadas ao Trabalho).
       Sendo assim, DORT só é caracterizada quando o fator gerador da doença
LER tenha sido o trabalho e para tanto é imprescindível uma vistoria no posto de
trabalho para comprovar a existência da tríade – lesão- nexo e incapacidade.
Tendinite, tenossinovite, sinovite, peritendinite, epicondilite, dedo em gatilho, cistos,
síndrome do túnel do carpo, síndrome do túnel ulnar, outras síndromes, cervicalgia,
síndrome miofascial, síndrome simpático reflexa lombalgia e outros.
      Pereira (2002) afirma que a literatura evidencia dados alarmantes sobre o
adoecimento dos músicos e indica que 75% dos instrumentistas são portadores de
LER/DORT.




2.3.1 Dort


      Segundo a norma técnica do INSS sobre DORT (Ordem de Serviço no.
606/1998), conceitua-se as lesões por esforços repetitivos como uma síndrome
clínica caracterizada por dor crônica, acompanhada ou não e alterações objetivas,
que se manifesta principalmente no pescoço, cintura escapular e/ou membros
superiores em decorrência do trabalho, podendo afetar tendões, músculos e nervos
periféricos. O diagnóstico anatômico preciso desses eventos é difícil, particularmente
16



em casos sub-agudos e crônicos, e o nexo com o trabalho tem sido objeto de
questionamento, apesar das evidências epidemiológicas e ergonômicas.




2.3.2 Sintomas


       O músico deve ficar alerta para o reconhecimento dos sintomas como
desconforto, dores, tensão ou rigidez nas mãos, dedos, antebraços e cotovelos, bem
como mudança de temperatura nas mãos (frias), dormência e formigamento.
       Esses sintomas podem em muitas vezes surgir acompanhados de certa
redução da habilidade (destreza manual), perda de força ou coordenação nas mãos,
nos casos mais graves, podendo ainda ser acometidos por uma intensa capaz de
interromper o movimento.




2.4 LESÕES MUSCULARES


       As lesões musculares sobre os olhares dos músicos possuem parâmetros
diferenciados muitas vezes associada somente a prática desportiva. Tal associação
enganosa acaba por mascarar os sintomas iniciais das lesões mais comuns nos
grupamentos musculares, frequentemente usados para o desempenho musical.
       As lesões musculares podem ocorrer por diversos mecanismos, seja por
trauma direto3, laceração4 ou isquemia5. Após a lesão, inicia-se a regeneração
muscular, com uma reação inflamatória, entre 6 e 24 horas após o trauma. O
processo de cicatrização inicia-se cerca de três dias após a lesão, com estabilização
em duas semanas. A restauração completa pode levar de 15 a 60 dias para se
concretizar.




3
  Trauma direto: lesões ocorridas por estiramento ( lesão muscular indireta causada por estiramento
excessivo das fibras musculares) ou contusão (caudada por objetos sem ponta que chocam contra o
músculo).
4
  Laceração: Ruptura muscular total ou parcial.
5
  Isquemia: Diminuição do fluxo sanguíneo em uma determinada área do corpo.
17




2.4.1 Classificação e Tratamento


      As lesões musculares são classificadas como leves (grau I), moderadas (grau
II) e severas (grau III) (Weineck, 1999).
            Leve ou Grau I: ruptura de poucas fibras musculares, leve edema e
desconforto, com perda mínima ou sem perda de força ou restrição de movimento;
            Moderada ou Grau II: maior acometimento de fibras musculares com
perda visível de sua função (capacidade de contração);
            Severa ou Grau III: ruptura se estendendo por todo o músculo com
perda total de sua função.
      Tratamento: como tratamento imediato deve ser realizado com o PRICE, que
em inglês significa:
      P (protect the area – interromper as atividades com o membro afetado)
            R (rest – relaxar a parte afetada)
            IC (ice compression – aplicação de gelo com compressão)
            E (elevation – levantar o membro com a lesão, acima da altura do
coração, para interromper o fluxo sanguíneo e reduzir o edema).


2.4.2 Lesões Mais Comuns em Músicos


      Embora existam outros tipos de lesões, abordaremos neste trabalho as lesões
mais comuns que ocorrem devido a inflamações nos músculos ou em seus tendões,
provocadas por atividades que exigem do indivíduo o uso forçado e repetitivo de
grupos musculares ou posturas inadequadas, principalmente, os membros
superiores (mãos, dedos, ombros, braços, antebraços e pescoço).


2.4.3 Definição: Tendinite


      Tendinite é a inflamação no tecido fibroso que faz a inserção do músculo ao
osso, sendo esse processo inflamatório descrito de acordo com a estrutura agredida
e no caso dos tendões são conhecidos como tendinite, por isso o sufixo “ITE” para
designar um processo inflamatório.
18



          É importante salientar que a inflamação da bainha protetora que cobre o
tendão é conhecida como tenosinovite.
          Tendões: tecido conjuntivo fibroso que faz a inserção do músculo ao osso.




Figura 1 Tendinite e Tenosivite
Fonte: (lerdort.com.br)




2.4.4 Bursite


          A bursite é caracterizada por inflamação de uma bolsa (um saco achatado
que contém líquido sinovial6 e que facilita o movimento de algumas articulações e
músculos, reduzindo a fricção). Essas inflamações são mais comuns nos ombros,
mas pode ocorrer nos cotovelos, joelhos, dedos dos pés e calcanhares.

6
    Líquido sinovial: líquido transparente e viscoso das cavidades articulares e bainhas dos tendões.
19




Figura 2 Bursite
Fonte: (artroscopiadeombro.com.br)


Roda pé: Liquido sinovial: fornece nutrientes para as cartilagens e atua como lubrificante das faces
articulares móveis.




2.5 ANATOMIA BÁSICA: ESTRUTURA BRAÇO E ANTEBRAÇO
        O braço é formado por um único osso, chamado Úmero.
        O úmero, em sua extremidade superior, forma uma articulação juntamente
com um osso das costas, a Escápula.
        O úmero interliga-se à escápula e à clavícula através de ligamentos.




      Figura 3 Estrutura óssea braço
      Fonte: (afh.bio.br)
20



2.5.1 Braço e Antebraço


      Inferiormente, o úmero forma outras duas articulações junto aos dois ossos do
antebraço, o rádio e a ulna.




     Figura 4 Braço e Antebraço
     Fonte: (afh.bio.br)


      Atenção para a extremidade inferior do úmero, nela existem duas saliências
ósseas chamadas epicôndilos, de onde partem a maioria dos músculos flexores e
extensores da mão, punho e dedos.
      As maiorias das lesões musculares do antebraço envolvem essa região.




     Figura 5 Região lesões musculares do antebraço
     Fonte: (portalsaofrancisco.com.br)
21



      O antebraço possui em sua estrutura apenas dois ossos, o ulna e o rádio.
      Colocando-se o membro superior com a palma da mão voltada para cima,
temos o osso ulna, próximo ao corpo, e o rádio mais afastado do corpo.




    Figura 6 Antebraço
    Fonte: (sanbiomedica.blogspot.com)


2.5.2 Músculo deltóide


      O Deltóide é responsável por três movimentações do braço.
      Cada um desses movimentos é controlado por porções diferentes do
músculo. A porção frontal do deltóide é responsável pela flexão do osso úmero.
Porção medial executa a abdução do úmero. A porção dorsal auxilia no movimento
de rotação.




    Figura 7 Músculo deltóide
    Fonte: (auladeanatomia.com)
22



    2.5.3 Músculo bíceps


      Bíceps é responsável pela flexão do antebraço.
      O bíceps está ligado ao antebraço diretamente ao osso rádio.




    Figura 8 Músculo bíceps
    Fonte: (auladeanatomia.com)


2.5.4 Músculo Tríceps


      O Tríceps é o músculo responsável pela extensão do antebraço.
      Ele está ligado ao osso ulna.




    Figura 9 MúsculoTríceps
    Fonte: (auladeanatomia.com)
23



2.5.5 Músculo pronador Quadrado


         O Pronador quadrado localiza-se na altura do punho, na quarta camada
muscular do antebraço.
         É o principal responsável pela movimentação de pulso nos baixos D´Alberti,
muito presentes nas obras pianísticas do período clássico.




     Figura 10 Músculo pronador quadrado
     Fonte: (auladeanatomia.com)


2.5.6 Músculo supinador Curto


         Antagoniza o movimento de pronação, é o músculo responsável por trazer o
osso rádio para sua posição natural.
         O músculo responsável pelo movimento de supinação do rádio é o Supinador
Curto.
         Pode-se identificar a ação do supinador quando se executa um arpejo muito
rapidamente ao piano.
         O impulso do arpejo faz com que o supinador conduza o apoio do movimento,
direcionando-o para o dedo mínimo.
24




     Figura 11 Músculo supinador curto
     Fonte: (auladeanatomia.com)


2.5.7 Ligamentos


      Tecidos fibroso especializados, que conectam as extremidades ósseas e
estabilizam as articulações.




     Figura 12 Ligamentos
     Fonte: (umm.edu)


2.5.8 Articulação


      Articulação: junção móvel entre dois ossos.
      Também conhecida como junta ou juntura.
25




     Figura 13 Articulação
     Fonte: (sobiologia.com.br)




2.5.9 Flexores


          Os flexores radial e ulnar do carpo têm sua origem no epicôndilo medial e
percorrem todo o antebraço conectando-se aos ossos do pulso (carpos e
metacarpos).
          O nome destes músculos é dado em função do caminho que percorrem
desde a sua origem até os ossos do pulso. Tem a função de flexionar os dedos no
movimento semelhante ao fechar da mão, ou seja, no movimento para trás e para
baixo.




     Figura 14 Flexores
     Fonte: (Google.com.br)
26



2.5.10 Extensores


      Os extensores radial e ulnar do carpo, como todos os músculos extensores
dos dedos, têm sua origem no epicôndilo lateral, ligando-se aos ossos do pulso
(carpos e metacarpos) na região dorsal da mão. Tem a função de estender os dedos
no movimento de abrir a mão, ou seja, para frente e para cima.




    Figura 15 Extensores
    Fonte: (Google.com.br)


2.5.11 Flexores Profundos dos dedos


      Os flexores profundos dos dedos têm sua origem, aproximadamente, na
metade do osso ulna, no antebraço, e fixam-se na última falange dos dedos, a distal.
A função destes músculos é a flexão da última articulação dos dedos.




    Figura 16 Flexores profundos dos dedos
    Fonte: (Google.com.br)


2.5.12 Flexores Superficiais dos Dedos
27



      Os flexores superficiais são responsáveis pela flexão dos dedos na altura das
falanges medial e proximal.
      Os flexores superficiais originam-se de dois locais diferentes do antebraço:
um, partindo do epicôndilo medial do úmero, e outra, partindo do rádio.




     Figura 17 Flexores superficiais dos dedos
     Fonte: (Google.com.br)


2.5.13 Extensores Comuns dos Dedos


      Os músculos extensores comuns dos dedos prendem-se na primeira
articulação dos dedos, e acabam dividindo-se em expansões, a fim de fixarem-se em
cada uma das falanges.
      Além de prenderem-se às falanges, os tendões dos extensores estão
interligados um a um, sendo, por isso, denominados de extensores comuns dos
dedos.




     Figura 18 Extensores comuns dos dedos
     Fonte: (parkwayphysiotherapy.ca)




2.6 LESÕES COMUNS EM MÚSICOS
28



2.6.1 Tendinite


      As tendinites envolvem processos inflamatórios a nível desses tendões.
Essas inflamações manifestam-se com mais frequência nos músculos flexores dos
dedos, podendo ocorrer nos tendões da palma da mão, que estão envolvidos pela
fácia palma.
      Geralmente, dois fatores são responsáveis pelas tendinites:
      Movimentação dos dedos por longo tempo, e período de repouso insuficiente.




     Figura 19 Tendinite
     Fonte: (parkwayphysiotherapy.ca)


2.6.2 Tenossinovite


      Cada tendão possui uma espécie de “bainha” que o reveste.
      Essa bainha, chamada de sinovia, exerce a função de proteção ao músculo e
seus tendões, e manter as estruturas musculares unidas.
      Uma inflamação gerada por esforço repetitivo pode afetar somente as bainhas
dos tendões.
      Por isso tenossinovite: (tenos = tendões; sinovia = tecido que reveste os
tendões).
29




     Figura 20 Tenossinovite
     Fonte: (parkwayphysiotherapy.ca)


2.6.3 Síndrome de Quervein


       A Síndrome de Quervein tem sido uma das principais lesões por esforço
repetitivo identificada em pianistas.
       Essa síndrome ataca um dos principais dedos visados pela técnica pianística:
o polegar.
       A Síndrome de Quervein consiste na inflamação dos tendões da base do
polegar, mais precisamente na região do pulso.
       Um dos principais fatores causadores deste tipo de lesão é o ato de fazer
força torcendo o pulso.
30




    Figura 21 Síndrome de Quervein
    Fonte: (parkwayphysiotherapy.ca)


    2.6.4 Síndrome do Túnel do Carpo

      Carpos são os primeiros ossos da mão. Dois desses pequenos ossos
possuem pequenas saliências que acabam por formar um pequeno túnel por onde
passa todos os tendões flexores da mão, dos dedos, e o nervo mediano.
      A Síndrome do Túnel do Carpo nada mais é do que a compressão do nervo
mediano devido à inflamação dos tendões nessa região.




    Figura 22 Síndrome do túnel do carpo
    Fonte: (parkwayphysiotherapy.ca)
31



2.6.5 Epicondilite Lateral


      A lesão mais comum em pianistas, em nível de cotovelo, é a epicondilite
lateral. Essa lesão é conhecida também como Tênis Elbow ou lesão do tenista.
      Uma vez sabido que os músculos extensores estão inseridos no epicôndilo
lateral, fica claro o motivo dessa lesão quando ocorre em obras de passagens
difíceis e andamentos rápidos.




     Figura 23 Epicondilite lateral
     Fonte: (physio-terapia.blogspot.com)

     2.6.6 Cisto Sinovial


      O Cisto Sinovial consiste na calcificação do líquido sinovial, que separa os
ossos das articulações, para que não se atritem.
      Quando há muita movimentação em postura inadequada e com excesso de
esforço, esse líquido é produzido em grande quantidade.
      Como o organismo não o absorve, calcifica-o, dificultando os movimentos.




     Figura 24 Cisto sinovial
     Fonte: (pt.wikipedia.org)
32



2.6.7 Cervicalgia


      Cervicalgia, pode ser decorrente, de desordem mecânica, fatores posturais e
ergonômicos ou ao excesso de sobrecarga dos membros superiores.
      A dor cervical resulta em perda na produtividade e caracteriza-se por dor
cervical com irradiação para os membros superiores.




     Figura 25 Cervicalgia
     Fonte: (fisioterapia.com)




2.6.8 Lombalgia


      Lombalgia, popularmente conhecida como dor lombar, dor nas costas ou dor
na coluna, é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o
principal problema de saúde funcional nos países ocidentais industrializados.
Lombalgia não diferencia idade e atinge desde adolescentes a idosos, e é uma das
principais causas da deficiência na população ativa adulta e uma das principais
causas de faltas ao trabalho, elevando o índice de absenteísmos.




     Figura 26 Lombalgia
     Fonte: (osteopatiasaude.webnode.com.br)
33



2.6.9 Hipercifose


      Hipercifose, típica da adolescência e de pessoas introspectivas, ocorre
porque a postura incorreta causa uma curvatura acentuada na coluna, deixando o
indivíduo com os ombros projetados para frente e o dorso arredondado.
      O indivíduo com hipercifose possui um arqueamento das costas, que surge
gradativamente, com ou sem dor, fadiga, sensibilidade e rigidez da coluna vertebral.
      A hipercifose torna os músculos da região torácica fortes e curtos, o que
ocasiona o surgimento da corcunda, fato que poder ser agravado pelo uso de
instrumentos pesados ou que exijam uma postura inadequada.




     Figura 27 Hipercifose
     Fonte: (fotosearch.com)
34



3 PREVENÇÃO


      Para evitar que os músicos percebam os sintomas das lesões somente após
estarem instaladas é necessário o desenvolvimento de uma consciência corporal,
através de leituras e informações tanto a nível acadêmico quanto a nível profissional,
Costa (2005) alerta que os músicos constituem um dos principais grupos de risco de
adoecimento ocupacional.
      O planejamento dos horários de estudo, tanto em termos de quantidade e
qualidade precisa ser mesclado com compensações de descanso e pausa, embora
seja difícil, pois cada apresentação é antecedida por várias horas de ensaio e
estudo, o músico deve se organizar para não ter uma sobrecarga de trabalho sem
descanso, Gonik (1991) afirma a necessidade de instituir pausas para repouso a
cada 25 minutos de prática musical.
      A execução de exercícios específicos para os grupos musculares que irão
usar seria uma excelente oportunidade de preparação e aquecimento, podendo ser
trabalhado antes e depois da atividade a ser executada.
      Os exercícios de alongamento mais indicados são: alongamento da
musculatura do pescoço; rolagem e elevação dos ombros; alongamentos dos
ombros; rotação dos punhos; alongamentos dos extensores e flexores; alongamento
da região lombar, considerando que no aquecimento há um aumento da circulação
sangüínea no interior dos tecidos principalmente, pela abertura e dilatação dos
capilares na região da musculatura trabalhada. Além disso, proporciona melhor
abastecimento de oxigênio e substratos, e há um aumento da atividade enzimática,
otimizando assim a musculatura para apresentar um desempenho metabólico
máximo, pois a temperatura ideal, todas as reações fisiológicas decisivas para a
capacidade de desempenho motor transcorrem de maneira mais eficiente e
ajustada, tanto a musculatura quanto os tendões e ligamentos se tornam mais
elásticos, afastando a ocorrência de eventuais lesões. (WENEIK 1999).
      Devido à complexidade da atividade e execução musical, e por haver
segundo Sheldon (BEAN 1999), classificação de três tipos de corpos básicos como:
mesomórficos; endomórficos; ectomórficos, a prescrição correta da atividade física
sem uma prévia avaliação física (neuromuscular, aeróbia e flexibilidade) fica
comprometida, uma vez que o principio básico da prescrição do treinamento
desportivo é o respeito aos limites biológicos individuais e a especificidade do
35



treinamento, ou seja, no caso do músico o mais indicado seria uma preparação física
funcional voltada para a atividade e instrumento que o músico executa na maior
parte do tempo, em sua atividade profissional, sendo esse grupamento muscular
preparado o mais próximo da sua atividade para suportar tal carga.
       De forma geral, tanto para os músicos instrumentistas de cordas, percussão,
sopros, teclas e cantores, é indiscutível que o treinamento de força (popularmente
conhecido como musculação), junto com o trabalho aeróbio primeiramente
trabalhando a resistência muscular, traria benefícios à saúde, condicionamento físico
aos músicos de todas as idades e ambos os sexos, melhorando também a aparência
física e a simetria.
       É importante saber que a metodologia do treinamento de força mais
adequado para o músico seria com ênfase na fase excêntrica do movimento, ou
seja, na fase que o músculo se alonga, promovendo um grau maior de flexibilidade e
amplitude desejável para a plasticidade e execução dos movimentos.
       As justificativas, primeiramente do treinamento de força, baseia-se em:
       1.     Na estimulação de novas proteínas musculares actina e miosina,
responsáveis pela formação de novas fibras musculares.
       2.     Melhora da estabilidade das articulações através do aumento de força
dos tendões e dos ligamentos. Durante o treinamento de força a tensão é transferida
aos tendões e ligamentos, aumentando a produção das proteínas de colágeno,
aumento sua força estrutural.
       3.     Prevenção da perda de massa muscular e de força causada pelo
processo de envelhecimento.
       4.     Melhora da força dos ossos e aumento das osteosproteínas e minerais
contido nos ossos.
       5.     Aumento da taxa metabólica basal em repouso, sendo essa a energia
necessária para a manutenção dos tecidos e das funções essenciais, fazendo com
que mais calorias sejam gastas durante o dia.
       6.     Aumento da suscetibilidade à glicose devido as mudanças na
composição corporal, principalmente no aumento de mitocôndrias, favoráveis no
aumento da capacidade aeróbia.
       7.     Redução da pressão sanguínea sistólica e diastólica.
       8.     Redução e melhoria da quantidade de colesterol e triglicérides no
sangue.
36



      9.       Melhora da postura e do equilíbrio em virtude do aumento do tônus
muscular, da força e flexibilidade bem como a correção de falhas especificas.
      10.      Resistência contra lesões devido ao fortalecimento do sistema
músculo-esquelético.
      11.      Melhora do bem estar psicológico ajudando a reduzir o estresse,
ansiedade e a depressão, melhora do humor e auxilia no relaxamento.




      Devido a falta de orientação na área de prescrição do exercício e a grande
dificuldade de se encontrar profissionais de formação especializada, há uma
tendência em segmentar as atividades físicas, isolando ou ignorando o treinamento
de força das atividades aeróbias. Segundo BEAN os benefícios do treinamento
aeróbio são:


      1.       Redução da gordura corporal
      2.       Aumento da capacidade do corpo em queimar gorduras durante o
exercício e no período de descanso.
      3.       Melhora da composição corporal.
      4.       Melhora do bem estar cardiovascular (estaminas)
      5.       Redução do estresse e a ansiedade
      6.       Melhora da confiança, autoestima e do humor.
      7.       Redução da pressão sanguínea, colesterol e o risco de problemas
cardíacos.
      8.       Aumento do plasma sanguíneo.
      9.       Aumento dos capilares sanguíneos
      10.      Aumento do condicionamento cardio-pulmonar.


      É importante esclarecer que o termo aeróbio significa com oxigênio, fato que
acontece na maioria das atividades diárias e comuns a todos como andar, sentar,
dormir, onde do oxigênio provem a energia.
      As atividades anaeróbias ocorrem sem oxigênio, sendo a energia gerada de
uma mistura de fosfocreatina, glicose e glicogênio, onde as atividades curtas, mas
de altas intensidades ocorrem, lembrando que as gorduras não são decompostas na
ausência de oxigênio.
37



4    CONSIDERAÇÕES


      Ao aprofundar nas características pessoais e profissionais é inevitável traçar
um paralelo entre os músicos e os atletas profissionais, não sendo levado em conta
nenhuma coincidência ou fato empírico, uma vez que as características físicas e
funcionais delimitam ao mesmo tempo em que os especializam em determinada
função ou instrumento, pois cada esporte exige características corporais padrões
para um bom desempenho, ao passo que cada instrumento também exige uma
adequação física motora, ergonômica e técnica.
      Ambos os casos, são inseridos cada vez mais jovens aos estudos musicais e
aos treinamentos desportivos, acreditando que a precocidade da habilidade
especifica os prepara um futuro seguro brilhante, porém assim como já visto por
Brito et al (1992) junto com essa precocidade também vem a                  LER/DORT
associadas a própria prática e dedicação desses profissionais sendo importante
ressaltar que os dois profissionais realizam esforço físico e repetitivo intenso durante
a execução de suas atividades ao longo de seus estudos e preparação, porém os
esportistas profissionais recebem um acompanhamento médico especializado e
preparação do sistema músculo-esquelético, e o músico ainda nem possui uma
equipe multidisciplinar preparada para diagnosticar ou dar um tratamento digno
especifico e eficaz.
      Vários autores ressaltam a necessidade da prevenção iniciar nos primeiros
anos de educação musical com a participação tanto dos alunos como professores,
pois neste período ocorre intensa demanda músculo-esquelética para aprendizagem
da técnica (Costa 2005).
      Costa e Abrahão (2004), afirmam ainda que: A procura pedagógica pela
formação de músicos em idade cada vez mais tenra, buscando o virtuosismo através
da imposição de jornada de estudos exaustiva e estressante, também favorece o
aparecimento da dor. A transmissão de uma técnica inadequada pelo professor ao
aluno, sem considerar as diferenças de fisiologia, pode acarretar a ocorrência de
tensão muscular ineficaz ou inútil, movimentos e pressões excessivos.
      De acordo com Costa (2005), os músicos são considerados um dos principais
grupos de risco em relação às doenças ocupacionais. Vários autores têm
demonstrado preocupações com os estudantes de música e apontado à
38



necessidade de pesquisar os fatores envolvidos no desempenho musical e de iniciar
com prevenção durante a formação.
      Bean (1999), alerta que os adultos perdem de 2,26 a 3,17kg de músculos a
cada década, acarretando atrofia muscular primeiramente nas fibras musculares
responsáveis pelos movimentos mais rápidos e bruscos (de maior força), e somente
com o treinamento de força podemos manter a massa muscular durante o processo
de envelhecimento, processo esse que além de acelerar os sintomas da LER/DORT,
acabam limitando o músico, criando um triste paralelo, ou seja, quanto mais técnico
e experiente o músico se torna mais fraco seu corpo se torna.
      Por essa razão treinamento de força, visando principalmente os grupos
musculares mais usados em sua atividade musical e os músculos da parte posterior
do corpo, tais como; ísquio tibiais e panturrilhas, da parte superior das costas e
lombar são essenciais, juntamente com o abdômen garantem uma boa postura e ou
a redução ausência de possíveis dores.
39



5   CONCLUSÃO


      Conclui-se que a profissão músico é formada por várias habilidades físico-
pisicológicas, habilidades especificas, tanto cognitivas quanto motoras e que a falta
de atividade física favorecem um corpo enfraquecido para o desempenho saudável
da atividade e ou profissão músico, tanto na sua manutenção quanto em sua
longevidade.
      A iniciação musical cada vez mais precoce esconde um outro problema, a
ausência de uma orientação profissional ou por parte do próprio professor de música
ao seu aluno, agravando a falta de consciência corporal, levando o músico a não
perceber o quanto determinada postura ou excesso de horas de estudo e prática de
instrumento, pode induzir uma lesão muscular crônica em determinada região
muscular, limitando ou impedindo o desempenho físico necessário.
      A falta de informação nas escolas de música, universidades, centro de
formações de professores, favorecerem o desinteresse do músico por uma vida
profissional mais saudável, sendo necessário repensar sobre uma forma mais eficaz
de planejar formas de estudo, técnicas de aprendizado e maior conhecimento sobre
princípios de ergonomia, permitindo novas técnicas e adaptações para os
instrumentos musicais.
      Conclui-se a necessidade pleitear junto aos grandes centros acadêmicos,
planos de saúde, sindicatos a criação de uma equipe multidisciplinar de saúde
voltada para o atendimento exclusivo do músico, suas necessidades funcionais
atuando tanto na prevenção quanto no tratamento de lesões e patologias, uma vez
que os primeiros centros de pesquisa e atendimentos voltados à saúde dos músicos
foram inaugurados na década de 90.
      A importância vital da atividade física na prevenção de lesões e na melhoria
da saúde do músico, nesse cenário médico brasileiro atual, sem os devidos
profissionais capacitados e especializados, acaba sendo o fator mais seguro, viável
e estável para a formação tanto do músico quanto do professor de música, para uma
carreira saudável, equilibrada, sem interrupções ou afastamentos médicos, tendo
seu nível de produção o mais longo possível.
      É preciso lembrar que o músico só adquire determinadas técnicas através de
muitos anos de estudo e práticas especificas que exigem dedicação e muitos
movimentos repetitivos, movimentos estes criados por outras pessoas com outras
40



características, em outros contextos sociais e culturais, sendo de suma importância,
que o músico reconheça que determinados movimentos requerem necessidades
muitas vezes adaptações ou recriações para se adequarem ao seu biotipo,
instrumento e a região geográfica onde vive, ou seja, se adequar as influências
externas da temperatura ambiente.
      Quanto mais o músico for condicionado aerobicamente menor vai ser seu
percentual de gordura, menos sobrecarga seu sistema músculo esquelético terá, o
aumento significativo de sua capacidade cardio respiratório e a estabilização da
perda de massa muscular através do treinamento de força, mais fisicamente e
psicologicamente se sentirá para continuar a profissão de músico.
41



                                REFERÊNCIAS

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orchestra musicians under special consideration of the hand and wrist.
Handchirurgie Mikrochirurgie Plastishe Chirurgie, Stuttgart, v. 34, n. 2, p. 89-94, mar.,
2002.


SILVA, Érika Andrade. A aplicação de recursos da educação musical em
musicoterapia. Curso pós-graduação em musicoterapia: UNAERP, Ribeirão Preto,
2009.


WEINECK, Jürgen. Treinamento total, Tradução de                Beatriz Maria Romano
Carvalho, São Paulo; Manole;1999.

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  • 1. Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP Licenciatura Plena em Música JÚLIO CÉSAR GONÇALVES O CORPO DO MÚSICO RIBEIRÃO PRETO 2012
  • 2. Ficha catalográfica preparada pelo Centro de Processamento Técnico da Biblioteca Central da UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto - Gonçalves, Júlio César, 1973 - G635c O corpo do músico / Júlio César Gonçalves. - - Ribeirão Preto, 2012. 44 f. : il. color. Orientadora: Profa. Ms. Gisele Laura Haddad Monografia (graduação) - Universidade de Ribeirão Preto, UNAERP, Licenciatura plena em Música. Ribeirão Preto, 2012. 1. Música. 2. Músicos - Aspectos da saúde. 3. Corpo humano. 4. Lesões dos tecidos moles. I. Título. CDD: 780
  • 3. Júlio César Gonçalves O CORPO DO MÚSICO Monografia apresentada ao curso de Licenciatura Plena em Música da Universidade de Ribeirão Preto UNAERP, para obtenção do título de Licenciado em Música. Linha de Pesquisa: Educação Musical. Orientadora: Profª. Ms. Gisele Laura Haddad Ribeirão Preto 2012
  • 4. JÚLIO CÉSAR GONÇALVES O CORPO DO MÚSICO Monografia apresentada à Universidade de Ribeirão Preto, UNAERP, como requisito para obtenção do título de Licenciado em Música. Área de Concentração: Licenciatura Plena em Música Data da defesa: 28/06/2012 Resultado: BANCA EXAMINADORA Érika de Andrade Silva Prof. Ms.__________________________ Universidade de Ribeirão Preto Gisele Laura Haddad Prof. Ms.__________________________ Universidade de Ribeirão Preto Sandra Barros da Rocha Picado Prof. Dra.__________________________ Universidade de Ribeirão Preto
  • 5. Dedico este trabalho à minha esposa Vera Lúcia, que sempre foi uma verdadeira lição de superação e dedicação e ao meu filho Pedro por ter me ensinado a acreditar nas oportunidades que o amanhã nos reserva. Júlio César Gonçalves.
  • 6. AGRADECIMENTOS A Deus, por toda sua misericórdia e esperança no meu trabalho me dando sempre novas manhãs de oportunidade. Aos novos amigos que conquistei durante esse ano letivo que me ajudaram ao longo dessa caminhada. Agradeço a minha orientadora Prof. Ms. Gisele Laura Haddad, por toda paciência, me ensinando com sabedoria e dedicação. Agradeço a Prof. Ms. Érika Silva Andrade, coordenadora do curso de licenciatura plena em música da UNAERP, por ter me conduzido nos caminhos da educação musical, mostrando o verdadeiro significado da música para o ser humano. Agradeço ao meu amigo e Prof. João Magioni, por ter incentivado os meus estudos na guitarra, me fazendo entender a importância do estudo e da dedicação na música. Agradeço a todos os professores que contribuíram para meu crescimento musical. Júlio César Gonçalves
  • 7. Acaso não sabeis vós que o vosso corpo é santuário de Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo. (CORINTIOS, 6:19-20)
  • 8. RESUMO O presente trabalho aborda um tema atual e muito importante na formação dos músicos de uma forma geral: a prática de atividades físicas em benefício da saúde. No entanto o estudo em questão visa principalmente demonstrar que a importância da atividade física como instrumento de prevenção e ainda procura incentivar uma prática saudável dentro da esfera ou meio musical, sendo ela amadora ou profissional e busca levar informações para que o músico aprenda a diagnosticar as possíveis lesões em seu início, prevenindo e corrigindo os movimentos necessários para um melhor desempenho musical. O presente estudo pretende através de uma pesquisa bibliográfica esclarecer sobre a importância da prática da atividade física como fator principal na prevenção de lesões mais comuns que acometem os músicos. Neste sentido buscamos conhecimentos para evitar o afastamento e intervenções médicas, gastos desnecessários com medicamentos e no extremo, a interrupção das atividades profissionais. Assim ao analisarmos a evolução da carreira do músico, consideramos a descoporificação; o afastamento do conceito de corpo saudável para o bom desempenho da profissão e o que uma vida equilibrada e saudável representa para sua vida pessoal e social. Palavras-chave: Corpo. Músico. Lesão muscular. Saúde.
  • 9. ABSTRACT This paper approaches a current and very important issue in the training of musicians in a general way: physical activity for the benefit of health. Nevertheless, this study aims mainly to demonstrate the importance of physical activity as a prevention tool and also tries to encourage a healthy practice within the musical environment, being it amateur or professional seeking to bring information to the musician in order to learn to diagnose the possible bodily harms in his early, preventing and correcting the movements for a better musical performance. This study aims through a literature review to clarify the importance of physical activity as a major factor in preventing the most common injuries that affect musicians. In this regard we looked for knowledge to avoid sick leave, medical intervention, and unnecessary expense on medicine and in the extreme, interruption of professional activity. By analysing the development of musician career, we considered the unbodiness; the slide away from the concept of a healthy body for a good performance of his or her profession and what a balanced and healthy life means for their personal and social life. Key words: Body. Musician. Bodily harm. Health.
  • 10. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Tendinite e Tenosivite............................................................................ 18 Figura 2 Bursite.................................................................................................... 19 Figura 3 Estrutura óssea braço............................................................................ 19 Figura 4 Braço e Antebraço................................................................................. 20 Figura 5 Região lesões musculares do antebraço............................................... 20 Figura 6 Antebraço............................................................................................... 21 Figura 7 Detóide................................................................................................... 21 Figura 8 Bíceps.................................................................................................... 22 Figura 9 Tríceps................................................................................................... 22 Figura 10 Pronador quadrado.............................................................................. 23 Figura 11 Supinador curto................................................................................... 24 Figura 12 Ligamentos.......................................................................................... 24 Figura 13 Articulação........................................................................................... 25 Figura 14 Flexores............................................................................................... 25 Figura 15 Extensores........................................................................................... 26 Figura 16 Flexores profundos dos textos............................................................. 26 Figura 17 Flexores superficiais dos dedos.......................................................... 27 Figura 18 Extensores comuns dos dedos............................................................ 27 Figura 19 Tendinite.............................................................................................. 28 Figura 20 Tenossinovite....................................................................................... 29 Figura 21 Síndrome de Quervein......................................................................... 30 Figura 22 Síndrome do túnel do carpo................................................................ 30 Figura 23 Epicondilite lateral................................................................................ 31 Figura 24 Cisto sinovial........................................................................................ 31 Figura 25 Cervicalgia........................................................................................... 32 Figura 26 Lombalgia............................................................................................ 32 Figura 27 Hipersifose........................................................................................... 33
  • 11. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 11 2 A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA........................................................ 13 2.1 CONCEITO DE SAÚDE................................................................................... 13 2.2 CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS................................................................ 14 2.3 DEFINIÇÃO E DIFERENÇAS ENTRE LER E DORT ..................................... 15 2.3.1 Dort............................................................................................................. 15 2.3.2 Sintomas..................................................................................................... 16 2.4 LESÕES MUSCULARES................................................................................ 16 2.4.1 Classificação e Tratamento.......................................................................... 17 2.4.2 Lesões Mais Comuns em Músicos.............................................................. 17 2.4.3 Definição: Tendinite..................................................................................... 17 2.4.4 Bursite.......................................................................................................... 18 2.5 ANATOMIA BÁSICA: ESTRUTURA BRAÇO E ANTEBRAÇO....................... 19 2.5.1 Braço e Antebraço....................................................................................... 20 2.5.2 Deltóide........................................................................................................ 21 2.5.3 Bíceps.......................................................................................................... 22 2.5.4 Tríceps......................................................................................................... 22 2.5.5 Pronador Quadrado..................................................................................... 23 2.5.6 Supinador Curto........................................................................................... 23 2.5.7 Ligamentos................................................................................................... 24 2.5.8 Articulação................................................................................................... 24 2.5.9 Flexores....................................................................................................... 25 2.5.10 Extensores................................................................................................. 26 2.5.11 Flexores Profundos dos Textos................................................................. 26 2.5.12 Flexores Superficiais dos Dedos................................................................ 26
  • 12. 2.5.13 Extensores Comuns dos Dedos................................................................. 27 2.6 LESÕES COMUNS EM MÚSICOS................................................................. 27 2.6.1 Tendinite..................................................................................................... 28 2.6.2 Tenossinovite.............................................................................................. 28 2.6.3 Síndrome de Quervein................................................................................ 29 2.6.4 Síndrome do Túnel do Carpo...................................................................... 30 2.6.5 Epicondilite Lateral....................................................................................... 31 2.6.6 Cisto Sinovial............................................................................................... 31 2.6.7 Cervicalgia.................................................................................................... 32 2.6.8 Lombalgia..................................................................................................... 32 2.6.9 Hipersifose.................................................................................................... 33 3 PREVENÇÃO................................................................................................... 34 4 CONSIDERAÇÕES........................................................................................ 37 5 CONCLUSÃO................................................................................................ 39 REFERÊNCIAS..................................................................................................... 41
  • 13. 11 INTRODUÇÃO Educador físico, especialista em fisiologia e prescrição do exercício, atuando em uma clinica de avaliação física com atletas de alto nível, e músico profissional desde 2003, observei a rotina da maioria dos músicos profissionais e amadores, me deparando com a alienação e despreparo com o corpo do músico, diante o seu cotidiano relacionado com as suas apresentações e estudos, considerando o corpo o último item a ser somado no processo de finalização da atividade musical. Dalcroze foi o primeiro a fazer a ligação entre o corpo e a música, segundo ele é preciso estabelecer comunicações rápidas entre o cérebro que cria e analisa e o corpo que executa (Fonterrada 2005). Para Dalcroze, a música não é um objeto externo, mas pertence ao mesmo tempo ao fora e ao dentro do corpo, sendo assim o corpo expressa a música, mas também transforma-se em ouvido, transmutando-se na própria música ( Andrade 2009). Ao contrário, distante de uma consciência corporal, a grande parte dos músicos acaba não percebendo que o corpo é principal elo capaz de permitir que a música possa ser expressa, ou melhor, que a atividade como um todo seja realizada. Quando essa desconexão ocorre, é quando o músico acaba por interromper suas atividades de modo temporário ou definitivo acometido por lesões. Exageros de técnica, como o caso de Robert Schumann (1810 - 1856), que abandonou a prática do piano para dedicar-se somente a composição, foram um dos primeiros casos documentados (FRAGELLI ET AL, 2008), sendo o caso mais conhecido no Brasil do maestro João Carlos Martins, que abandonou definitivamente os palcos como pianista no ano de 2002 por problemas físicos. Este estudo tem por objetivo demonstrar que a atividade física é o melhor instrumento para se prevenir ou garantir uma prática saudável dentro da esfera ou meio musical, sendo ela amadora ou profissional. Serve ainda como fonte de consulta para que o músico aprenda a diagnosticar as possíveis lesões em seu inicio, prevenindo e corrigindo os movimentos necessários para um melhor desempenho musical. Temos também por objetivo demonstrar a importância da realização da atividade física em indivíduos antes de qualquer atividade musical, seja ela de caráter profissional ou amadora, promovendo através da consciência corporal maior índice de produtividade, ou seja, mantendo a qualidade de criação e motivação para
  • 14. 12 o trabalho reduzindo faltas e afastamentos médicos. Este estudo pode então servir como guia para a instrução ou referência de profissionais ou amadores da área musical, contribuindo para sua integridade física. Esta atividade cientifica foi realizada através de pesquisa bibliográfica em livros, revistas e jornais científicos especializados, além de artigos referentes ao assunto obtidos a partir de sites específicos da área.
  • 15. 13 2 A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA O presente trabalho aborda questionamentos frequentes sobre as lesões mais comuns em músicos. Através de uma revisão bibliográfica da literatura científica, afim de demonstrar a importância e a finalidade de realizar da atividade física em músicos amadores ou profissionais. 2.1 CONCEITO DE SAÚDE Segundo a organização mundial de saúde, saúde é o estado completo bem estar físico, mental e social, e não somente ausência de enfermidade ou invalidez. (OMS, 1948). Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (Constituição federal, Art. 196). De acordo com pesquisa realizada no Brasil em 1996 por Andrade & Tals, com 419 músicos, 88% dos instrumentistas de cordas dos principais centros culturais sofriam de algum desconforto físico, sendo que 30% tiveram que se afastar para tratamento. Em 2004, pesquisa realizada com 45 músicos da orquestra sinfônica da universidade de Londrina, constatou que 77,8% apresentaram algum sintoma de dor músculo esquelético. (Fragelli, 2008) Em 2005, pesquisa realizada com 241 músicos da orquestra sinfônica de São Paulo, 68% apresentaram dores, predominando em mulheres (Kaneko 2005). Em 2006, Mazzoni & Tals, constataram que em uma determinada população estudada, 93,1% dos músicos relataram apresentar algum tipo de sintoma músculo- esquelético como dor, formigamento, tensão muscular e dormência. Em 2010, Cassapian & Pellens, apresentaram um estudo sobre a realidade dos estudantes de uma Instituição de Ensino Superior em Música de Curitiba, que a
  • 16. 14 dor, considerada, pelos autores, como uma das principais características das LER1/DORT2, foi relatada por 87% dos estudantes. Diante dessas pesquisas, podemos considerar que o campo da medicina para o músico, embora haja poucas pesquisas e reconhecimento, os músicos ainda não têm atenção que necessitam da medicina do trabalho, sendo que Frank et al., alerta que comparando somente os estudos apresentados entre 1986 a 2005, a prevalência de lesões chegam entre 55% a 86%, são índices considerados altos, principalmente quando comparados a outras profissões. 2.2 CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS O músico em suas atividades, sejam elas de estudo, ou apresentação, demonstram uma atividade neuromuscular intensa, permeadas de precisão (técnicas), velocidade, resistência, propriedades que levam horas de estudo e ensaio, que na maioria das vezes são estressantes e sem nenhum tipo orientação profissional, planejamento ou compensação muscular e relaxamento. A iniciação musical cada vez mais precoce e em idades cada vez mais tenras, ainda carregadas historicamente pelo valorizado conceito técnico e virtuose, que na maioria das vezes são obrigados a manipular instrumentos projetados para adultos, favorecendo desde muito cedo; principalmente durante seu desenvolvimento músculo esquelético, um ambiente propício para futuras lesões musculares. Algo agravante e somatório são os vícios posturais adquiridos de horas incalculáveis em posturas inadequadas em práticas com instrumentos pesados ou moveis sem nenhuma adaptação ergonômica para a atividade praticada, seguida ainda do transporte inadequado dos próprios equipamentos, que na maioria das vezes possuem um peso acima da capacidade de carga do próprio músico, sendo um problema a mais tanto antes como após as apresentações. Os músicos profissionais enfrentam ainda ambiente de trabalho que muitas vezes é insalubre (casas de shows, pubs, bares), com exposição a cigarros, fumaças, drogas licitas e ilícitas, bebidas alcoólicas, sem contar a incerteza financeira causada pela instabilidade do cenário musical. 1 LER: Lesão por esforços repetitivos. 2 DORT: Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho.
  • 17. 15 Os horários alternativos de trabalho, principalmente sem o devido planejamento e organização acabam ainda por afetar os horários adequados e recomendados para o sono regenerativo e por consequência acaba atrapalhando também a possibilidade de desfrutar uma alimentação correta e balanceada nos seus devidos horários e porções recomendadas por dia. 2.3 DEFINIÇÃO E DIFERENÇAS ENTRE LER E DORT Existe a definição da caracterização da doença como em decorrência do trabalho, a equiparação entre LER e DORT depende do fato de se comprovar que o trabalho foi à causa da doença e não outro fator. Em 1998 o INSS introduziu o termo DORT (Doenças Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho). Sendo assim, DORT só é caracterizada quando o fator gerador da doença LER tenha sido o trabalho e para tanto é imprescindível uma vistoria no posto de trabalho para comprovar a existência da tríade – lesão- nexo e incapacidade. Tendinite, tenossinovite, sinovite, peritendinite, epicondilite, dedo em gatilho, cistos, síndrome do túnel do carpo, síndrome do túnel ulnar, outras síndromes, cervicalgia, síndrome miofascial, síndrome simpático reflexa lombalgia e outros. Pereira (2002) afirma que a literatura evidencia dados alarmantes sobre o adoecimento dos músicos e indica que 75% dos instrumentistas são portadores de LER/DORT. 2.3.1 Dort Segundo a norma técnica do INSS sobre DORT (Ordem de Serviço no. 606/1998), conceitua-se as lesões por esforços repetitivos como uma síndrome clínica caracterizada por dor crônica, acompanhada ou não e alterações objetivas, que se manifesta principalmente no pescoço, cintura escapular e/ou membros superiores em decorrência do trabalho, podendo afetar tendões, músculos e nervos periféricos. O diagnóstico anatômico preciso desses eventos é difícil, particularmente
  • 18. 16 em casos sub-agudos e crônicos, e o nexo com o trabalho tem sido objeto de questionamento, apesar das evidências epidemiológicas e ergonômicas. 2.3.2 Sintomas O músico deve ficar alerta para o reconhecimento dos sintomas como desconforto, dores, tensão ou rigidez nas mãos, dedos, antebraços e cotovelos, bem como mudança de temperatura nas mãos (frias), dormência e formigamento. Esses sintomas podem em muitas vezes surgir acompanhados de certa redução da habilidade (destreza manual), perda de força ou coordenação nas mãos, nos casos mais graves, podendo ainda ser acometidos por uma intensa capaz de interromper o movimento. 2.4 LESÕES MUSCULARES As lesões musculares sobre os olhares dos músicos possuem parâmetros diferenciados muitas vezes associada somente a prática desportiva. Tal associação enganosa acaba por mascarar os sintomas iniciais das lesões mais comuns nos grupamentos musculares, frequentemente usados para o desempenho musical. As lesões musculares podem ocorrer por diversos mecanismos, seja por trauma direto3, laceração4 ou isquemia5. Após a lesão, inicia-se a regeneração muscular, com uma reação inflamatória, entre 6 e 24 horas após o trauma. O processo de cicatrização inicia-se cerca de três dias após a lesão, com estabilização em duas semanas. A restauração completa pode levar de 15 a 60 dias para se concretizar. 3 Trauma direto: lesões ocorridas por estiramento ( lesão muscular indireta causada por estiramento excessivo das fibras musculares) ou contusão (caudada por objetos sem ponta que chocam contra o músculo). 4 Laceração: Ruptura muscular total ou parcial. 5 Isquemia: Diminuição do fluxo sanguíneo em uma determinada área do corpo.
  • 19. 17 2.4.1 Classificação e Tratamento As lesões musculares são classificadas como leves (grau I), moderadas (grau II) e severas (grau III) (Weineck, 1999).  Leve ou Grau I: ruptura de poucas fibras musculares, leve edema e desconforto, com perda mínima ou sem perda de força ou restrição de movimento;  Moderada ou Grau II: maior acometimento de fibras musculares com perda visível de sua função (capacidade de contração);  Severa ou Grau III: ruptura se estendendo por todo o músculo com perda total de sua função. Tratamento: como tratamento imediato deve ser realizado com o PRICE, que em inglês significa: P (protect the area – interromper as atividades com o membro afetado) R (rest – relaxar a parte afetada) IC (ice compression – aplicação de gelo com compressão) E (elevation – levantar o membro com a lesão, acima da altura do coração, para interromper o fluxo sanguíneo e reduzir o edema). 2.4.2 Lesões Mais Comuns em Músicos Embora existam outros tipos de lesões, abordaremos neste trabalho as lesões mais comuns que ocorrem devido a inflamações nos músculos ou em seus tendões, provocadas por atividades que exigem do indivíduo o uso forçado e repetitivo de grupos musculares ou posturas inadequadas, principalmente, os membros superiores (mãos, dedos, ombros, braços, antebraços e pescoço). 2.4.3 Definição: Tendinite Tendinite é a inflamação no tecido fibroso que faz a inserção do músculo ao osso, sendo esse processo inflamatório descrito de acordo com a estrutura agredida e no caso dos tendões são conhecidos como tendinite, por isso o sufixo “ITE” para designar um processo inflamatório.
  • 20. 18 É importante salientar que a inflamação da bainha protetora que cobre o tendão é conhecida como tenosinovite. Tendões: tecido conjuntivo fibroso que faz a inserção do músculo ao osso. Figura 1 Tendinite e Tenosivite Fonte: (lerdort.com.br) 2.4.4 Bursite A bursite é caracterizada por inflamação de uma bolsa (um saco achatado que contém líquido sinovial6 e que facilita o movimento de algumas articulações e músculos, reduzindo a fricção). Essas inflamações são mais comuns nos ombros, mas pode ocorrer nos cotovelos, joelhos, dedos dos pés e calcanhares. 6 Líquido sinovial: líquido transparente e viscoso das cavidades articulares e bainhas dos tendões.
  • 21. 19 Figura 2 Bursite Fonte: (artroscopiadeombro.com.br) Roda pé: Liquido sinovial: fornece nutrientes para as cartilagens e atua como lubrificante das faces articulares móveis. 2.5 ANATOMIA BÁSICA: ESTRUTURA BRAÇO E ANTEBRAÇO O braço é formado por um único osso, chamado Úmero. O úmero, em sua extremidade superior, forma uma articulação juntamente com um osso das costas, a Escápula. O úmero interliga-se à escápula e à clavícula através de ligamentos. Figura 3 Estrutura óssea braço Fonte: (afh.bio.br)
  • 22. 20 2.5.1 Braço e Antebraço Inferiormente, o úmero forma outras duas articulações junto aos dois ossos do antebraço, o rádio e a ulna. Figura 4 Braço e Antebraço Fonte: (afh.bio.br) Atenção para a extremidade inferior do úmero, nela existem duas saliências ósseas chamadas epicôndilos, de onde partem a maioria dos músculos flexores e extensores da mão, punho e dedos. As maiorias das lesões musculares do antebraço envolvem essa região. Figura 5 Região lesões musculares do antebraço Fonte: (portalsaofrancisco.com.br)
  • 23. 21 O antebraço possui em sua estrutura apenas dois ossos, o ulna e o rádio. Colocando-se o membro superior com a palma da mão voltada para cima, temos o osso ulna, próximo ao corpo, e o rádio mais afastado do corpo. Figura 6 Antebraço Fonte: (sanbiomedica.blogspot.com) 2.5.2 Músculo deltóide O Deltóide é responsável por três movimentações do braço. Cada um desses movimentos é controlado por porções diferentes do músculo. A porção frontal do deltóide é responsável pela flexão do osso úmero. Porção medial executa a abdução do úmero. A porção dorsal auxilia no movimento de rotação. Figura 7 Músculo deltóide Fonte: (auladeanatomia.com)
  • 24. 22 2.5.3 Músculo bíceps Bíceps é responsável pela flexão do antebraço. O bíceps está ligado ao antebraço diretamente ao osso rádio. Figura 8 Músculo bíceps Fonte: (auladeanatomia.com) 2.5.4 Músculo Tríceps O Tríceps é o músculo responsável pela extensão do antebraço. Ele está ligado ao osso ulna. Figura 9 MúsculoTríceps Fonte: (auladeanatomia.com)
  • 25. 23 2.5.5 Músculo pronador Quadrado O Pronador quadrado localiza-se na altura do punho, na quarta camada muscular do antebraço. É o principal responsável pela movimentação de pulso nos baixos D´Alberti, muito presentes nas obras pianísticas do período clássico. Figura 10 Músculo pronador quadrado Fonte: (auladeanatomia.com) 2.5.6 Músculo supinador Curto Antagoniza o movimento de pronação, é o músculo responsável por trazer o osso rádio para sua posição natural. O músculo responsável pelo movimento de supinação do rádio é o Supinador Curto. Pode-se identificar a ação do supinador quando se executa um arpejo muito rapidamente ao piano. O impulso do arpejo faz com que o supinador conduza o apoio do movimento, direcionando-o para o dedo mínimo.
  • 26. 24 Figura 11 Músculo supinador curto Fonte: (auladeanatomia.com) 2.5.7 Ligamentos Tecidos fibroso especializados, que conectam as extremidades ósseas e estabilizam as articulações. Figura 12 Ligamentos Fonte: (umm.edu) 2.5.8 Articulação Articulação: junção móvel entre dois ossos. Também conhecida como junta ou juntura.
  • 27. 25 Figura 13 Articulação Fonte: (sobiologia.com.br) 2.5.9 Flexores Os flexores radial e ulnar do carpo têm sua origem no epicôndilo medial e percorrem todo o antebraço conectando-se aos ossos do pulso (carpos e metacarpos). O nome destes músculos é dado em função do caminho que percorrem desde a sua origem até os ossos do pulso. Tem a função de flexionar os dedos no movimento semelhante ao fechar da mão, ou seja, no movimento para trás e para baixo. Figura 14 Flexores Fonte: (Google.com.br)
  • 28. 26 2.5.10 Extensores Os extensores radial e ulnar do carpo, como todos os músculos extensores dos dedos, têm sua origem no epicôndilo lateral, ligando-se aos ossos do pulso (carpos e metacarpos) na região dorsal da mão. Tem a função de estender os dedos no movimento de abrir a mão, ou seja, para frente e para cima. Figura 15 Extensores Fonte: (Google.com.br) 2.5.11 Flexores Profundos dos dedos Os flexores profundos dos dedos têm sua origem, aproximadamente, na metade do osso ulna, no antebraço, e fixam-se na última falange dos dedos, a distal. A função destes músculos é a flexão da última articulação dos dedos. Figura 16 Flexores profundos dos dedos Fonte: (Google.com.br) 2.5.12 Flexores Superficiais dos Dedos
  • 29. 27 Os flexores superficiais são responsáveis pela flexão dos dedos na altura das falanges medial e proximal. Os flexores superficiais originam-se de dois locais diferentes do antebraço: um, partindo do epicôndilo medial do úmero, e outra, partindo do rádio. Figura 17 Flexores superficiais dos dedos Fonte: (Google.com.br) 2.5.13 Extensores Comuns dos Dedos Os músculos extensores comuns dos dedos prendem-se na primeira articulação dos dedos, e acabam dividindo-se em expansões, a fim de fixarem-se em cada uma das falanges. Além de prenderem-se às falanges, os tendões dos extensores estão interligados um a um, sendo, por isso, denominados de extensores comuns dos dedos. Figura 18 Extensores comuns dos dedos Fonte: (parkwayphysiotherapy.ca) 2.6 LESÕES COMUNS EM MÚSICOS
  • 30. 28 2.6.1 Tendinite As tendinites envolvem processos inflamatórios a nível desses tendões. Essas inflamações manifestam-se com mais frequência nos músculos flexores dos dedos, podendo ocorrer nos tendões da palma da mão, que estão envolvidos pela fácia palma. Geralmente, dois fatores são responsáveis pelas tendinites: Movimentação dos dedos por longo tempo, e período de repouso insuficiente. Figura 19 Tendinite Fonte: (parkwayphysiotherapy.ca) 2.6.2 Tenossinovite Cada tendão possui uma espécie de “bainha” que o reveste. Essa bainha, chamada de sinovia, exerce a função de proteção ao músculo e seus tendões, e manter as estruturas musculares unidas. Uma inflamação gerada por esforço repetitivo pode afetar somente as bainhas dos tendões. Por isso tenossinovite: (tenos = tendões; sinovia = tecido que reveste os tendões).
  • 31. 29 Figura 20 Tenossinovite Fonte: (parkwayphysiotherapy.ca) 2.6.3 Síndrome de Quervein A Síndrome de Quervein tem sido uma das principais lesões por esforço repetitivo identificada em pianistas. Essa síndrome ataca um dos principais dedos visados pela técnica pianística: o polegar. A Síndrome de Quervein consiste na inflamação dos tendões da base do polegar, mais precisamente na região do pulso. Um dos principais fatores causadores deste tipo de lesão é o ato de fazer força torcendo o pulso.
  • 32. 30 Figura 21 Síndrome de Quervein Fonte: (parkwayphysiotherapy.ca) 2.6.4 Síndrome do Túnel do Carpo Carpos são os primeiros ossos da mão. Dois desses pequenos ossos possuem pequenas saliências que acabam por formar um pequeno túnel por onde passa todos os tendões flexores da mão, dos dedos, e o nervo mediano. A Síndrome do Túnel do Carpo nada mais é do que a compressão do nervo mediano devido à inflamação dos tendões nessa região. Figura 22 Síndrome do túnel do carpo Fonte: (parkwayphysiotherapy.ca)
  • 33. 31 2.6.5 Epicondilite Lateral A lesão mais comum em pianistas, em nível de cotovelo, é a epicondilite lateral. Essa lesão é conhecida também como Tênis Elbow ou lesão do tenista. Uma vez sabido que os músculos extensores estão inseridos no epicôndilo lateral, fica claro o motivo dessa lesão quando ocorre em obras de passagens difíceis e andamentos rápidos. Figura 23 Epicondilite lateral Fonte: (physio-terapia.blogspot.com) 2.6.6 Cisto Sinovial O Cisto Sinovial consiste na calcificação do líquido sinovial, que separa os ossos das articulações, para que não se atritem. Quando há muita movimentação em postura inadequada e com excesso de esforço, esse líquido é produzido em grande quantidade. Como o organismo não o absorve, calcifica-o, dificultando os movimentos. Figura 24 Cisto sinovial Fonte: (pt.wikipedia.org)
  • 34. 32 2.6.7 Cervicalgia Cervicalgia, pode ser decorrente, de desordem mecânica, fatores posturais e ergonômicos ou ao excesso de sobrecarga dos membros superiores. A dor cervical resulta em perda na produtividade e caracteriza-se por dor cervical com irradiação para os membros superiores. Figura 25 Cervicalgia Fonte: (fisioterapia.com) 2.6.8 Lombalgia Lombalgia, popularmente conhecida como dor lombar, dor nas costas ou dor na coluna, é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o principal problema de saúde funcional nos países ocidentais industrializados. Lombalgia não diferencia idade e atinge desde adolescentes a idosos, e é uma das principais causas da deficiência na população ativa adulta e uma das principais causas de faltas ao trabalho, elevando o índice de absenteísmos. Figura 26 Lombalgia Fonte: (osteopatiasaude.webnode.com.br)
  • 35. 33 2.6.9 Hipercifose Hipercifose, típica da adolescência e de pessoas introspectivas, ocorre porque a postura incorreta causa uma curvatura acentuada na coluna, deixando o indivíduo com os ombros projetados para frente e o dorso arredondado. O indivíduo com hipercifose possui um arqueamento das costas, que surge gradativamente, com ou sem dor, fadiga, sensibilidade e rigidez da coluna vertebral. A hipercifose torna os músculos da região torácica fortes e curtos, o que ocasiona o surgimento da corcunda, fato que poder ser agravado pelo uso de instrumentos pesados ou que exijam uma postura inadequada. Figura 27 Hipercifose Fonte: (fotosearch.com)
  • 36. 34 3 PREVENÇÃO Para evitar que os músicos percebam os sintomas das lesões somente após estarem instaladas é necessário o desenvolvimento de uma consciência corporal, através de leituras e informações tanto a nível acadêmico quanto a nível profissional, Costa (2005) alerta que os músicos constituem um dos principais grupos de risco de adoecimento ocupacional. O planejamento dos horários de estudo, tanto em termos de quantidade e qualidade precisa ser mesclado com compensações de descanso e pausa, embora seja difícil, pois cada apresentação é antecedida por várias horas de ensaio e estudo, o músico deve se organizar para não ter uma sobrecarga de trabalho sem descanso, Gonik (1991) afirma a necessidade de instituir pausas para repouso a cada 25 minutos de prática musical. A execução de exercícios específicos para os grupos musculares que irão usar seria uma excelente oportunidade de preparação e aquecimento, podendo ser trabalhado antes e depois da atividade a ser executada. Os exercícios de alongamento mais indicados são: alongamento da musculatura do pescoço; rolagem e elevação dos ombros; alongamentos dos ombros; rotação dos punhos; alongamentos dos extensores e flexores; alongamento da região lombar, considerando que no aquecimento há um aumento da circulação sangüínea no interior dos tecidos principalmente, pela abertura e dilatação dos capilares na região da musculatura trabalhada. Além disso, proporciona melhor abastecimento de oxigênio e substratos, e há um aumento da atividade enzimática, otimizando assim a musculatura para apresentar um desempenho metabólico máximo, pois a temperatura ideal, todas as reações fisiológicas decisivas para a capacidade de desempenho motor transcorrem de maneira mais eficiente e ajustada, tanto a musculatura quanto os tendões e ligamentos se tornam mais elásticos, afastando a ocorrência de eventuais lesões. (WENEIK 1999). Devido à complexidade da atividade e execução musical, e por haver segundo Sheldon (BEAN 1999), classificação de três tipos de corpos básicos como: mesomórficos; endomórficos; ectomórficos, a prescrição correta da atividade física sem uma prévia avaliação física (neuromuscular, aeróbia e flexibilidade) fica comprometida, uma vez que o principio básico da prescrição do treinamento desportivo é o respeito aos limites biológicos individuais e a especificidade do
  • 37. 35 treinamento, ou seja, no caso do músico o mais indicado seria uma preparação física funcional voltada para a atividade e instrumento que o músico executa na maior parte do tempo, em sua atividade profissional, sendo esse grupamento muscular preparado o mais próximo da sua atividade para suportar tal carga. De forma geral, tanto para os músicos instrumentistas de cordas, percussão, sopros, teclas e cantores, é indiscutível que o treinamento de força (popularmente conhecido como musculação), junto com o trabalho aeróbio primeiramente trabalhando a resistência muscular, traria benefícios à saúde, condicionamento físico aos músicos de todas as idades e ambos os sexos, melhorando também a aparência física e a simetria. É importante saber que a metodologia do treinamento de força mais adequado para o músico seria com ênfase na fase excêntrica do movimento, ou seja, na fase que o músculo se alonga, promovendo um grau maior de flexibilidade e amplitude desejável para a plasticidade e execução dos movimentos. As justificativas, primeiramente do treinamento de força, baseia-se em: 1. Na estimulação de novas proteínas musculares actina e miosina, responsáveis pela formação de novas fibras musculares. 2. Melhora da estabilidade das articulações através do aumento de força dos tendões e dos ligamentos. Durante o treinamento de força a tensão é transferida aos tendões e ligamentos, aumentando a produção das proteínas de colágeno, aumento sua força estrutural. 3. Prevenção da perda de massa muscular e de força causada pelo processo de envelhecimento. 4. Melhora da força dos ossos e aumento das osteosproteínas e minerais contido nos ossos. 5. Aumento da taxa metabólica basal em repouso, sendo essa a energia necessária para a manutenção dos tecidos e das funções essenciais, fazendo com que mais calorias sejam gastas durante o dia. 6. Aumento da suscetibilidade à glicose devido as mudanças na composição corporal, principalmente no aumento de mitocôndrias, favoráveis no aumento da capacidade aeróbia. 7. Redução da pressão sanguínea sistólica e diastólica. 8. Redução e melhoria da quantidade de colesterol e triglicérides no sangue.
  • 38. 36 9. Melhora da postura e do equilíbrio em virtude do aumento do tônus muscular, da força e flexibilidade bem como a correção de falhas especificas. 10. Resistência contra lesões devido ao fortalecimento do sistema músculo-esquelético. 11. Melhora do bem estar psicológico ajudando a reduzir o estresse, ansiedade e a depressão, melhora do humor e auxilia no relaxamento. Devido a falta de orientação na área de prescrição do exercício e a grande dificuldade de se encontrar profissionais de formação especializada, há uma tendência em segmentar as atividades físicas, isolando ou ignorando o treinamento de força das atividades aeróbias. Segundo BEAN os benefícios do treinamento aeróbio são: 1. Redução da gordura corporal 2. Aumento da capacidade do corpo em queimar gorduras durante o exercício e no período de descanso. 3. Melhora da composição corporal. 4. Melhora do bem estar cardiovascular (estaminas) 5. Redução do estresse e a ansiedade 6. Melhora da confiança, autoestima e do humor. 7. Redução da pressão sanguínea, colesterol e o risco de problemas cardíacos. 8. Aumento do plasma sanguíneo. 9. Aumento dos capilares sanguíneos 10. Aumento do condicionamento cardio-pulmonar. É importante esclarecer que o termo aeróbio significa com oxigênio, fato que acontece na maioria das atividades diárias e comuns a todos como andar, sentar, dormir, onde do oxigênio provem a energia. As atividades anaeróbias ocorrem sem oxigênio, sendo a energia gerada de uma mistura de fosfocreatina, glicose e glicogênio, onde as atividades curtas, mas de altas intensidades ocorrem, lembrando que as gorduras não são decompostas na ausência de oxigênio.
  • 39. 37 4 CONSIDERAÇÕES Ao aprofundar nas características pessoais e profissionais é inevitável traçar um paralelo entre os músicos e os atletas profissionais, não sendo levado em conta nenhuma coincidência ou fato empírico, uma vez que as características físicas e funcionais delimitam ao mesmo tempo em que os especializam em determinada função ou instrumento, pois cada esporte exige características corporais padrões para um bom desempenho, ao passo que cada instrumento também exige uma adequação física motora, ergonômica e técnica. Ambos os casos, são inseridos cada vez mais jovens aos estudos musicais e aos treinamentos desportivos, acreditando que a precocidade da habilidade especifica os prepara um futuro seguro brilhante, porém assim como já visto por Brito et al (1992) junto com essa precocidade também vem a LER/DORT associadas a própria prática e dedicação desses profissionais sendo importante ressaltar que os dois profissionais realizam esforço físico e repetitivo intenso durante a execução de suas atividades ao longo de seus estudos e preparação, porém os esportistas profissionais recebem um acompanhamento médico especializado e preparação do sistema músculo-esquelético, e o músico ainda nem possui uma equipe multidisciplinar preparada para diagnosticar ou dar um tratamento digno especifico e eficaz. Vários autores ressaltam a necessidade da prevenção iniciar nos primeiros anos de educação musical com a participação tanto dos alunos como professores, pois neste período ocorre intensa demanda músculo-esquelética para aprendizagem da técnica (Costa 2005). Costa e Abrahão (2004), afirmam ainda que: A procura pedagógica pela formação de músicos em idade cada vez mais tenra, buscando o virtuosismo através da imposição de jornada de estudos exaustiva e estressante, também favorece o aparecimento da dor. A transmissão de uma técnica inadequada pelo professor ao aluno, sem considerar as diferenças de fisiologia, pode acarretar a ocorrência de tensão muscular ineficaz ou inútil, movimentos e pressões excessivos. De acordo com Costa (2005), os músicos são considerados um dos principais grupos de risco em relação às doenças ocupacionais. Vários autores têm demonstrado preocupações com os estudantes de música e apontado à
  • 40. 38 necessidade de pesquisar os fatores envolvidos no desempenho musical e de iniciar com prevenção durante a formação. Bean (1999), alerta que os adultos perdem de 2,26 a 3,17kg de músculos a cada década, acarretando atrofia muscular primeiramente nas fibras musculares responsáveis pelos movimentos mais rápidos e bruscos (de maior força), e somente com o treinamento de força podemos manter a massa muscular durante o processo de envelhecimento, processo esse que além de acelerar os sintomas da LER/DORT, acabam limitando o músico, criando um triste paralelo, ou seja, quanto mais técnico e experiente o músico se torna mais fraco seu corpo se torna. Por essa razão treinamento de força, visando principalmente os grupos musculares mais usados em sua atividade musical e os músculos da parte posterior do corpo, tais como; ísquio tibiais e panturrilhas, da parte superior das costas e lombar são essenciais, juntamente com o abdômen garantem uma boa postura e ou a redução ausência de possíveis dores.
  • 41. 39 5 CONCLUSÃO Conclui-se que a profissão músico é formada por várias habilidades físico- pisicológicas, habilidades especificas, tanto cognitivas quanto motoras e que a falta de atividade física favorecem um corpo enfraquecido para o desempenho saudável da atividade e ou profissão músico, tanto na sua manutenção quanto em sua longevidade. A iniciação musical cada vez mais precoce esconde um outro problema, a ausência de uma orientação profissional ou por parte do próprio professor de música ao seu aluno, agravando a falta de consciência corporal, levando o músico a não perceber o quanto determinada postura ou excesso de horas de estudo e prática de instrumento, pode induzir uma lesão muscular crônica em determinada região muscular, limitando ou impedindo o desempenho físico necessário. A falta de informação nas escolas de música, universidades, centro de formações de professores, favorecerem o desinteresse do músico por uma vida profissional mais saudável, sendo necessário repensar sobre uma forma mais eficaz de planejar formas de estudo, técnicas de aprendizado e maior conhecimento sobre princípios de ergonomia, permitindo novas técnicas e adaptações para os instrumentos musicais. Conclui-se a necessidade pleitear junto aos grandes centros acadêmicos, planos de saúde, sindicatos a criação de uma equipe multidisciplinar de saúde voltada para o atendimento exclusivo do músico, suas necessidades funcionais atuando tanto na prevenção quanto no tratamento de lesões e patologias, uma vez que os primeiros centros de pesquisa e atendimentos voltados à saúde dos músicos foram inaugurados na década de 90. A importância vital da atividade física na prevenção de lesões e na melhoria da saúde do músico, nesse cenário médico brasileiro atual, sem os devidos profissionais capacitados e especializados, acaba sendo o fator mais seguro, viável e estável para a formação tanto do músico quanto do professor de música, para uma carreira saudável, equilibrada, sem interrupções ou afastamentos médicos, tendo seu nível de produção o mais longo possível. É preciso lembrar que o músico só adquire determinadas técnicas através de muitos anos de estudo e práticas especificas que exigem dedicação e muitos movimentos repetitivos, movimentos estes criados por outras pessoas com outras
  • 42. 40 características, em outros contextos sociais e culturais, sendo de suma importância, que o músico reconheça que determinados movimentos requerem necessidades muitas vezes adaptações ou recriações para se adequarem ao seu biotipo, instrumento e a região geográfica onde vive, ou seja, se adequar as influências externas da temperatura ambiente. Quanto mais o músico for condicionado aerobicamente menor vai ser seu percentual de gordura, menos sobrecarga seu sistema músculo esquelético terá, o aumento significativo de sua capacidade cardio respiratório e a estabilização da perda de massa muscular através do treinamento de força, mais fisicamente e psicologicamente se sentirá para continuar a profissão de músico.
  • 43. 41 REFERÊNCIAS BIBLÍA. Português. A Bíblia Sagrada, tradução de João Ferreira de Almeida, São Paulo; Sociedade Bíblica do Brasil, 2.ed, 1993. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Prova de esforço & prescrição de Exercicio, tradução de Adaurir Bueno de Camargo, Arlete Rita Siniscalchi Rigon e Ricardo Munir Nahas. Rio de Janeiro; Revinter ltda, 1994. ÀSTRAND, Per-olof. Tratado de fisiologia do trabalho: bases fisiológicas do exercicio de Barrow e Mcgee, tradução de Márcia Greguol. Porto Alegre; Artmed, 2006. BARATA, Germana. Doenças ocupacionais afetam saúde dos músicos. Ciência e cultura. v. 1, p. 13, 2002. BEAN, Anita. O guia completo de treinamento de força, São Paulo; Manole, 1999. BEJJANI, F. J; KAYE G. M; BENHAM M. Musculoskeletal and neuromuscular conditions of instrumental musicians. Archives of Physical Medicine Rehabilitation, Philadelphia, n. 77, p. 406-413, 1996. BRASIL. Instrução Normativa INSS/DC Nº 98 de 05 de dezembro de 2003. Diário Oficial da União. Poder executivo, Brasília, DF, 10 dez 2003. BRITO, Alice da Costa; et. al. E. Lesões por esforços repetitivos e outros acometimentos reumáticos em músicos profissionais. Rev Bras de Reumatol, v. 32, n. 2, p. 79-83, 1992. BRASIL, CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DE 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.html>. Acesso em: 21 abr. 2012. COSTA, Cristina Porto; ABRAHÃO, Júlia Issy. Quando o tocar dói: um olhar ergonômico sobre o fazer musical. Per Musi, Belo Horizonte, n. 10, p. 60-79, 2004. COSTA, Cristina Porto. Contribuições da ergonomia à saúde do músico: considerações sobre a dimensão física do fazer musical. Música Hodie. Goiânia: UFG, v. 5, n. 2, p. 53-63, 2005.
  • 44. 42 FONTERRADA, Marisa Trech de Oliveira. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. São Paulo: Editora UNESP, 2005 FRAGELLI, Gustavo Azevedo Carvalho; PINHO, Diana Lúcia Moura. Lesões em músicos: quando a dor supera a arte. Rev Neurocienc 2008;16/4:303-309. FRY, H. J. H. The prevalence of overuse (injury) syndrome in Australian music schools. Br Med J, 44: 35-40, 1987. GONIK, Renato. Afecções Neurológicas Ocupacionais dos Músicos. Rev Bras Neurol, v. 27, n. 1, p. 9-12, 1991. LUCAS, Ricardo Wallace das Chagas. Fisioterapia nas LER/DORT. Curitiba: Ed. digital. 2002. 102p. MOURA, Rita de Cássia dos Reis, FONTES, Sissy Veloso; FUKUJIMA, Márcia Maiumi. Doenças ocupacionais em músicos: uma abordagem fisioterapêutica. Neurociência. UNIFESP: São Paulo, v. 8, n. 3, p. 103- 107, 2000. OLIVEIRA, Camila Frabetti Campos de; VEZZA, Flora Maria Gomide. Saúde dos músicos: dor na prática profissional de músicos de orquestra no ABCD paulista. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 35, n. 121, p. 33-40, 2010. OMS, Organização Mundial de Saúde. Disponível em: <www.http://portal .mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro092. pdf>. Acesso em 13 out. 2011. PARDINI, Arlindo Gomes Jr. Lesões por Esforços repetitivos. In: PARDINI, Arlindo Gomes Jr. Traumatismos da Mão. 3. ed. São Paulo: MEDSI, 2000. p. 163-176. PEDERIVA, Patrícia Lima Martins; GALVÃO, Afonso. A construção e vivência do corpo na performance musical. Performance Online. Brasília, v. 1, n. 1, p. 1-16, 2005. PEREIRA, C.(2002) Música sem dor. Disponível em: <http://www.cpqam.fiocruz.br/comunicacao/noticia/L1/noticia.htm>. Acesso em: 18 jan. 2011. PETRUS, Ângela Márcia Ferreira; ECHTERNACHT, Eliza Helena de Oliveira. Dois Violinistas e uma Orquestra: Diversidade Operatória e Desgaste Músculo- Esquelético. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 29, n. 109, p. 31-36, 2004.
  • 45. 43 RANEY, Don. Distúrbios Osteomusculares relacionados ao trabalho. SP, ROCA, 2000. RAY, Sônia; MARQUES, Xandra Andreola. O alongamento muscular no cotidiano do performer musical: estudos, conceitos e aplicações. Música Hodie. v. 5, n. 1. Goiânia: UFG, 2005, p. 21-34. Disponível em: <http://www.anppom.com.br/anais>. Acesso em: 10 mai. 2012. SIEMON, B.; BORISCH, N. Problems of the musculoskeletal system in amateur orchestra musicians under special consideration of the hand and wrist. Handchirurgie Mikrochirurgie Plastishe Chirurgie, Stuttgart, v. 34, n. 2, p. 89-94, mar., 2002. SILVA, Érika Andrade. A aplicação de recursos da educação musical em musicoterapia. Curso pós-graduação em musicoterapia: UNAERP, Ribeirão Preto, 2009. WEINECK, Jürgen. Treinamento total, Tradução de Beatriz Maria Romano Carvalho, São Paulo; Manole;1999.