O documento discute o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 em três frases:
1) O acordo estabelece regras ortográficas comuns para os países lusófonos visando reduzir as diferenças entre os sistemas de escrita de Portugal e Brasil.
2) O texto explica a história das reformas ortográficas na língua portuguesa desde o século XIX e a assinatura de acordos prévios entre os países em 1931, 1945 e 1986.
3) Por fim,
3. «Um cê a mais»
Quando eu escrevo a palavra ação, por magia
ou pirraça, o computador retira automaticamente o
c na pretensão de me ensinar a nova grafia. De
forma que, aos poucos, sem precisar de ajuda, eu
próprio vou tirando as consoantes que, ao que
parece, estavam a mais na língua portuguesa.
Custa-me despedir-me daquelas letras que tanto
fizeram por mim. São muitos anos de convívio.
Lembro-me da forma discreta e silenciosa como
todos estes cês e pês me acompanharam em
tantos textos e livros desde a infância.
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4. Na primária, por vezes gritavam ofendidos na
caneta vermelha da professora: não te esqueças
de mim! Com o tempo, fui-me habituando à sua
existência muda, como quem diz, sei que não
falas, mas ainda bem que estás aí. E agora as
palavras já nem parecem as mesmas. O que é ser
proativo? Custa-me admitir que, de um dia para o
outro, passei a trabalhar numa redação, que há
espetadores nos espetáculos e alguns também nos
frangos, que os atores atuam e que, ao segundo
ato, eu ato os meus sapatos.
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5. Depois há os intrusos, sobretudo o erre, que
tornou algumas palavras arrevesadas e
arranhadas, como neorrealismo ou autorretrato.
Caíram hífenes e entraram erres que andavam
errantes. É uma união de facto, para não errar
tenho a obrigação de os acolher como se fossem
família. Em “há de” há um divórcio, não vale a
pena criar uma linha entre eles, porque já não se
entendem. Em veem e leem, por uma questão de
fraternidade, os és passaram a ser
gémeos, nenhum usa chapéu.
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6. E os meses perderam importância e
dignidade, não havia motivo para terem
privilégios, janeiro, fevereiro, março são tão
importantes como peixe, flor, avião. Não sei se
estou a ser suscetível, mas sem p algumas
palavras são uma autêntica deceção, mas por
outro lado é ótimo que já não tenham.
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7. As palavras transformam-nos. Como um menino
que muda de escola, sei que vou ter
saudades, mas é tempo de crescer e encontrar
novos amigos. Sei que tudo vai correr
bem, espero que a ausência do cê não me faça
perder a direção, nem me fracione, nem quero
tropeçar em algum objeto abjeto.
Porque, verdade seja dita, hoje em dia, não se
pode ser atual nem atuante com um cê a
atrapalhar.
Manuel Halpern, Jornal de Letras
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8. Alguns
dos argumentos que os
portugueses costumam
esgrimir contra a
necessidade de um
Acordo Ortográfico
Adaptado de Gomes, Francisco Álvaro (2009). O Acordo Ortográfico, Porto: Edições Flumen e Porto Editora
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9. 1. O Brasil vai invadir-nos 5. Não cabe aos políticos, mas
culturalmente. Isto é aos especialistas, tomar
ultrajante, porque a Língua decisões no âmbito da língua.
Portuguesa «nasceu» em
Portugal. 6. Os livros, quando esta reforma
2. A reforma é inútil porque a entrar em vigor, irão cair em
ortografia não é um problema desuso.
substancial.
7. A ortografia portuguesa não
1. A Espanha, a França e a tinha, na norma
Inglaterra não celebraram lusitana, grafias duplas e
qualquer acordo ortográfico. passa a tê-las.
8. Se o H desaparecer em
2. A nível internacional, a norma palavras como
lusitana é vista como mais homem, honra, humano, hospit
importante que a norma aleiro, essas palavras
brasileira. Para quê ceder ao descaracterizam-se.
Brasil?
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10. 9. O acordo de 1945, que era 12. As grandes divergências com
simples e coerente, perderá o Brasil são lexicais e
essas qualidades. sintáticas, e não apenas
Teste-AO45.tif ortográficas.
Dilma_MST.tif
10. A língua é um património
intocável. Ninguém tem o 13. A introdução de letras
direito de o mudar. estrangeiras desfigura o
alfabeto português.
11. Acabar com os acentos
gráficos é contribuir para a 14. A queda de consoantes
ruína da língua, visto que a mudas é uma inaceitável
ausência desses sinais cedência ao Brasil e contribui
impede a aprendizagem. para a descaracterização da
língua.
( + um)
O acordo interessa apenas aos
professores de português!
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11. Ortografia
De orto-, que significa “reto, direito, correto”
grafia, com sentido de 'escrita'
escrita correta
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12. A ortografia
pode ser:
fonética: representa tão fielmente quanto possível a forma
como as palavras são pronunciadas e a pronúncia permite
saber a forma gráfica (e.g.italiano,”uomo”);
etimológica: conserva a forma com que em dada altura se
grafou a palavra, mesmo que a pronúncia de hoje não lhe
corresponda (e.g.francês;”orthographie”);
fonológica: representação abstrata com base na realidade
fonética da língua (e.g. português, “cereja”,”Ernesto”,”tio”);
Nota: Em geral, as ortografias são híbridas, não se enquadrando
exclusivamente num destes tipos, embora se possa dizer que pertencem
tendencialmente a um deles.
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13. Mudanças ortográficas da língua portuguesa
Duas capas de Os Lusíadas, uma de 1572 e outra de 1584, mostram o nome do poeta
grafado de maneiras diferentes: Luis de Camoes e Lvis de Camões
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14. Breve
Cronologia
1885
-
1931
XIX XX XXI
1885– Até aqui a grafia do português oscila entre predominância de critérios
etimológicos e fonéticos. Gonçalves Viana publica as Bases da Ortografia
Portuguesa.
1911– Implementação da Reforma Ortográfica, com base na obra de Gonçalves
Viana.
1931– Aprovação do primeiro Acordo Ortográfico entre Portugal e Brasil, cuja
implementação não foi levada a cabo do mesmo modo nos dois países.
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15. 1885 1943
- 1971
-
1931 -
1945
1973
XIX XX XXI
1943– Redação do Formulário Ortográfico no Brasil. Nova cimeira entre os dois
países.
1945– Novo Acordo Ortográfico, resultante do encontro de 1943. Torna-se lei em
Portugal, mas o Brasil não o adota.
1971-1973– Implementação de alterações, no Brasil e em Portugal, reduzindo
grandemente as divergências ortográficas.
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16. 1885
1943
- 1971
- 1975
1931 -
1945 -
1973
1986
1990
XIX XX XXI
1975- Elaboração de um projeto de acordo entre a Academia das Ciências de
Lisboa e a Academia Brasileira de Letras, fracassado devido ao clima político e
social.
1986– Os agora sete países de língua oficial portuguesa redigem o Acordo
Ortográfico de 1986, proposta que envolve mudanças profundas, inviabilizada
devido às reações que provocou.
1990– Concluindo um processo de negociação contínuo, é redigido o texto do
Acordo Ortográfico de 1990, centrado na redução das diferenças existentes.
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17. 1885 1943
- - 1971 1975
1931 1945 - - 1995
1973 1986
1990
- 2004
2002 2009
XIX XX XXI
1995-2002– O Acordo de 1990 é ratificado por vários países, mas não
implementado.
2004– Após a independência de Timor, os agora oito países da CPLP aprovam
o Segundo Protocolo Modificativo, determinando que a ratificação por parte de
três países é suficiente para a implementação do Acordo Ortográfico.
2009–Com a ratificação deste documento por parte de Portugal e de outros
países, dá-se início à implementação da reforma. Em Portugal haverá um
período de transição de seis anos, iniciado a 13 de maio de 2009. Apenas
faltam Angola e Moçambique.
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18. Resolução da Assembleia da República n.º 26/91
Aprova, para ratificação, o Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa
A Assembleia da República resolve, nos termos
dos artigos 164.º, alínea j, e 169.º, n.º 5, da
Constituição, aprovar, para ratificação, o Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em
Lisboa a 16 de Dezembro de 1990, que segue em
anexo.
Aprovada em 4 de Junho de 1991.
O Presidente da Assembleia da República, Vítor Pereira Crespo.
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19. Portal da Língua Portuguesa
http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=acordo
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20. O texto do acordo organiza-se em 21 bases:
Base I - Do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados
Base II - Do h inicial e final
Base III - Da homofonia de certos grafemas consonânticos O AO
Base IV - Das sequências consonânticas de 1945
Base V - Das vogais átonas tinha 51
Base VI - Das vogais nasais
Base VII - Dos ditongos
Base VIII - Da acentuação gráfica das palavras oxítonas (agudas)
Base IX - Da acentuação gráfica das palavras paroxítonas (graves)
Base X - Da acentuação das vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras
oxítonas e paroxítonas
Base XI - Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas (esdrúxulas)
Base XII - Do emprego do acento grave
Base XIII - Da supressão dos acentos em palavras derivadas
Base XIV - Do trema
Base XV - Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares
Base XVI - Do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação
Base XVII - Do hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver
Base XVIII - Do apóstrofo
Base XVIX - Das minúsculas e maiúsculas
Base XX - Da divisão silábica
Base XXI - Das assinaturas e firmas
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22. O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras, cada
uma delas com uma forma minúscula e outra maiúscula:
a A (á) n N (ene)
b B (bê) o O (ó)
c C (cê) p P (pê)
d D (dê) q Q (quê)
e E (é) r R (erre)
f F (efe) s S (esse)
g G (gê ou guê) t T (tê)
h H (agá) u U (u)
i I (i) v V (vê)
j J (jota) w W (dáblio ou dâblio)
k K (capa ou cá) x X (xis)
l L (ele) y Y (ípsilon ou i grego)
m M (eme ou mê) z Z (zê)
NOTA: Além destas letras, usam-se o ç (cê cedilhado) e os
seguintes dígrafos: rr (erre duplo), ss (esse duplo), ch (cê-agá), lh
(ele-agá), nh (ene-agá), gu (guê-u) e qu (quê-u).
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23. A introdução do
k, do w e do y
não aumenta
Por exemplo, kilograma ou kilo não passam a ortografias o seu uso.
corretas, apesar de kg ser a sua abreviatura.
Quilograma - Quilo
As três letras usam-se nos seguintes casos:
1) Nomes originários de outras línguas e seus derivados, como
Kant, kantismo, Byron, byroniano, Darwin e darwinismo
2) Nomes de lugares originários de outras línguas e seus derivados, como
Kuweit e kuweitiano
3) Siglas, símbolos e abreviaturas, como KLM, yd (jarda), W (oeste, watt) e
WC
4) Termos de outras línguas de uso corrente, como kit e software
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24. OS CÊS E PÊS SEMPRE MUDOS, ISTO
É, NUNCA PRONUNCIADOS, SÃO
ELIMINADOS.
Exemplos de eliminação:
1) Sequência cc
• acionista em vez de accionista
• lecionar em vez de leccionar
2) Sequência cç
• ação em vez de acção (repare-se na grafia inflação, anterior ao
acordo)
• seleção em vez de selecção
3) Sequência ct
• ator em vez de actor
• atual em vez de actual
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25. OS CÊS E PÊS SEMPRE MUDOS, ISTO
É, NUNCA PRONUNCIADOS, SÃO
ELIMINADOS.
Exemplos de eliminação:
4) Sequência pc
• adocionismo em vez de adopcionismo
5) Sequência pç
• adoção em vez de adopção
6) Sequência pt
• adotar em vez de adoptar
• Egito em vez de Egipto;
Nota: a grafia Egito foi usada noutros tempos em
Portugal; continua-se a escrever egípcio porque nesta
palavra o p pronuncia-se.
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26. CONSOANTES COM OSCILAÇÕES DE
PRONÚNCIA E ORTOGRAFIA
Existem consoantes que, de país para país, ou mesmo dentro do
mesmo país, ora se pronunciam ora são mudas.
O Acordo Ortográfico estabelece ortografias duplas para estes casos
de pronúncia oscilante. Vejamos alguns exemplos:
•cato e cacto
• facto e fato
• aspeto e aspecto
• receção e recepção
• excecional e excepcional
• jacto e jato
• subtil e sutil
• omnipotente e onipotente
• amígdala e amídala
• súbdito e súdito
• aritmética e arimética.
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27. Que é que muda na prática com esta regra?
Para os brasileiros não muda nada, já que há muito usam grafias
duplas para casos de pronúncia oscilante no seu país, como aspeto e
aspecto ou excecional e excepcional.
Para os outros países a prática passa a ser a seguinte: se a consoante
nunca é pronunciada, é eliminada; no caso contrário, há grafias duplas.
Em Portugal o c de aspecto nunca é pronunciado; então a grafia
aspecto é eliminada e substituída por aspeto.
Em Portugal o c de dactilografia umas vezes pronuncia-se e outras
não; temos, por isso, as grafias datilografia e dactilografia.
NOTA: em Portugal já temos inúmeras grafias duplas: guiché e
guichê, bêbado e bêbedo, avalanche e avalancha, ouro e oiro, etc.
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28. Nomes de origem bíblica / cidades
Os seguintes nomes de origem bíblica podem escrever-se de duas
maneiras:
• Jó ou Job (b nunca pronunciado)
• Jacó ou Jacob (b nunca pronunciado)
• Davi ou David (d final umas vezes pronunciado e outras não).
As cidades espanholas de Madrid e Valladolid têm em português
nomes com um d final que umas vezes se pronuncia e outras não,
podendo omitir-se. Admitem-se, assim, as seguintes ortografias
duplas:
• Madri e Madrid
• Valladoli e Valladolid.
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29. ACENTOS ELIMINADOS
Palavras como crêem, vêem e semelhantes deixam de ter acento;
passam a creem, veem, etc.
Atenção! Os verbos ter e vir (e seus derivados) continuam a ser
acentuados na terceira pessoa do plural: Eles têm. Eles vêm.
Não se coloca acento em palavras graves com o ditongo oi na
penúltima sílaba; alcalóide, heróico, jóia, Tróia, Azóia, etc. passam a
alcaloide, heroico, joia, Troia, Azoia, etc.
Atenção! Esta regra só é válida para palavras graves
(paroxítonas). O ditongo oi aberto de palavras agudas (oxítonas) e
monossílabas continua a ser acentuado: herói, dói, constrói. Palavras
como comboio e dezoito já não eram acentuadas. O ditongo também
permanece no caso do ditongo eu aberto: céu, troféu, véu.
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30. ACENTOS ELIMINADOS
Eliminam-se os acentos das palavras côa (nome flexão de verbo
coar), pára (do verbo parar), péla e pélas (nomes e flexões do verbo
pelar), pélo, pêlo, pêlos, pólo, pólos, pôlo, pôlos, pêra e pêro. Também
se eliminam os acentos dos nomes próprios Côa, Pêra e Pêro.
Côa é o nome dum rio, o qual passa a designar-se por Coa. Faz
também parte de nomes de localidades, como Vila Nova de Foz
Côa, que passa a Vila Nova de Foz Coa.
Pêra faz parte do nome de localidades, como Castanheira de
Pêra, que passa a Castanheira de Pera.
Pêro é nome masculino antigo e elemento do nome de
localidades, como Pêro Pinheiro, que passa a Pero Pinheiro.
Atenção! O acento continua a ser obrigatório em pôr (infinitivo verbal) para
distinguir de por (preposição) e em pôde (3.ª pessoa do pretérito perfeito do
presente do indicativo do verbo poder).
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31. ACENTOS FACULTATIVOS
1) Acento de palavras como andámos, cantámos (1.ª pessoa do plural
do pretérito perfeito dos verbos da 1.ª conjugação).
Em Portugal e nos países com a mesma ortografia, antes do acordo
Ortográfico o acento de palavras como cantámos servia para as
distinguir das correspondentes formas do presente:
ontem cantámos em Braga, agora cantamos em Lisboa.
Oscila a pronúncia da terminação -ámos. No que toca a Portugal há
largas zonas em que é pronunciada -âmos ao passo que noutras se
pronuncia -ámos.
Por isso, passa a facultativo o acento de tais palavras, isto é, pode ser
usado ou não:
ontem cantámos ou ontem cantamos.
ontem andámos depressa mas neste momento andamos devagar.
NOTA: Antes do Acordo Ortográfico este acento não era não usado no
Brasil, mas era obrigatório em Portugal e nos outros países lusófonos.
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32. ACENTOS FACULTATIVOS
2) Acento de dêmos.
Passa a facultativo o acento de dêmos, flexão do presente
do conjuntivo do verbo dar:
quer que lhe dêmos atenção ou quer que lhe demos
atenção.
3) Acento de fôrma.
Torna-se facultativo o acento do nome fôrma, usado no
Brasil antes do Acordo Ortográfico, mas não nos outros
países lusófonos.
Nota: Se acharmos que o acento torna uma frase mais clara, podemos
usá-lo, como neste exemplo:
Qual a forma da fôrma que faz esses bolos?
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33. PALAVRAS AGUDAS COM OSCILAÇÕES DE
ORTOGRAFIA
Há um pequeno número de palavras agudas (oxítonas) terminadas em
e ou o, em geral provenientes do francês, com oscilações de pronúncia
e ortografia. São exemplos:
bebé e bebê O que muda na prática
bidé e bidê relativamente a estas palavras?
guiché e guichê
croché e crochê Nada, pelo menos no que se refere a
matiné e matinê Portugal, pois continuar-se-ão a empregar as
caraté e caratê mesmas grafias – dum modo geral as que
comité e comitê usam o acento agudo. Note-se que se
ioió e ioiô. encontram em dicionários editados em
Portugal as grafias duplas guiché e guichê,
correspondentes a pronúncias diferentes que
se podem ouvir no país.
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34. PALAVRAS GRAVES COM OSCILAÇÕES DE
ORTOGRAFIA
Têm oscilações de pronúncia e ortografia pouco mais de uma dúzia de
palavras graves (paroxítonas) que têm na penúltima sílaba um e ou um
o, seguido dum m ou dum n que já pertence à sílaba seguinte.
São exemplos:
ténis e tênis Vólei e vôlei, póquer e pôquer
fémur e fêmur também são palavras graves com
Vénus e Vênus oscilação de pronúncia. Não são
bónus e bônus referidas no texto do acordo, que só
ónus e ônus. menciona palavras com a última
sílaba a começar por m ou n.
NOTA: Na prática e pelo menos no que diz respeito a Portugal não
haverá alteração. Os portugueses continuarão a usar o acento agudo nestas
palavras por ser o que corresponde à sua pronúncia.
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35. PALAVRAS ESDRÚXULAS COM OSCILAÇÕES DE
ORTOGRAFIA
Têm oscilações de pronúncia e ortografia palavras esdrúxulas
(proparoxítonas) com um e ou um o na antepenúltima sílaba seguido
dum m ou dum n que já pertence à sílaba seguinte.
São exemplos:
efémero e efêmero
grémio e grêmio
arsénico e arsênico
génio e gênio
cómico e cômico
crómio e crômio
sinfónico e sinfônico
António e Antônio.
NOTA: Os portugueses continuarão a usar o acento agudo nestas
palavras por ser o que corresponde à sua pronúncia. Portanto, na prática
e pelo menos no que diz respeito a Portugal, não haverá alteração na
ortografia destas palavras.
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36. INICIAL MINÚSCULA
1)Dias da semana, meses e estações do ano
Como já
acontece com os nomes dos dias da
semana, também os dos meses e das estações do ano se
escrevem com inicial minúscula.
Exemplos:
O dia santo da religião católica é o domingo.
Portugal comemora o seu dia nacional a 10 de junho.
As aves chegam na primavera.
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37. INICIAL MINÚSCULA
2) Pontos cardeais
Os nomes dos pontos cardeais escrevem-se com
minúscula, exceto as suas abreviaturas, como SW
(sudoeste) ou se designam regiões.
Exemplos:
Lisboa fica a sul do Porto.
A localidade de Braga tem a latitude de 39º 30' N e a
longitude de 8º 6' W.
Ele gosta todas a regiões de Portugal, mas tem uma
atração especial pelo Norte.
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38. INICIAL MINÚSCULA
3) Palavras fulano, beltrano e sicrano
Escrevem-se com inicial minúscula estas palavras,
usadas para designar uma pessoa de quem não se sabe
o nome ou não se quer mencionar e que são sinónimas
de sujeito, indivíduo, pessoa.
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39. MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS COM USO FACULTATIVO
1) Formas de tratamento e expressões de
respeito, hierarquia, etc.
dr. Paiva ou Dr. Paiva
doutor Mário Teixeira ou Doutor Mário Teixeira
sr. eng. Pereira ou Sr. Eng. Pereira
prof. dr. Manuel Santos ou Prof. Dr. Manuel Santos
santa Bárbara ou Santa Bárbara
sua eminência o cardeal Carlos Pinto ou Sua Eminência o Cardeal Carlos
Pinto
2) Títulos de livros e obras
O primeiro elemento escreve-se com maiúscula; os seguintes
podem escrever-se com minúscula, com exceção dos nomes Os títulos das
próprios obras devem ser
em itálico. Se
Uma Família Inglesa ou Uma família inglesa forem manuscritos
Portugueses na História da América ou Portugueses na devem ser
história da América sublinhados.
39
40. MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS COM USO FACULTATIVO
3) Palavras que classificam sítios públicos
(rua, miradouro, etc.), templos e edifícios
rua ou Rua do Souto
igreja ou Igreja do Carmo
palácio ou Palácio da Pena
4) Domínios do saber, cursos e disciplinas
matemática ou Matemática
literatura portuguesa ou Literatura Portuguesa
engenharia informática ou Engenharia Informática
40
41. O prefixo possui um significado, contudo, isolado, não
tem função nenhuma, somente em associação com uma
palavra.
Ab- afastamento, separação
Abstenção / abdicação
Já os “falsos prefixos”, possuem, por assim dizer, um
sentido completo. Podem até associar-se com uma
palavra, mas não perdem o seu significado.
a) Eu comprei um micro-ondas. (aparelho que emite pequenas ondas
eletromagnéticas)
b) Na praia só tinha micro ondas, nem deu para surfar como gostaria.
(pequenas ondas)
41
43. Supressão do hífen
Não se usa hífen nas formas monossilábicas do presente
do indicativo do verbo “haver” acompanhado da
preposição “de”.
hei-de / hei de
hás-de / hás de Atenção! Nunca se usou hífen
há-de / há de com as formas polissilábicas do
heis-de / heis de verbo “haver”:
hão-de / hão de Havemos de
Haveremos de
Haverás de
Haveremos de
Havereis de
Haverão de
43
44. Supressão do hífen
Não se usa hífen nos compostos em que se perdeu a noção
de composição.
.
Em certas palavras perdeu-se, de certo modo, a noção de
serem compostas. Por isso, não têm hífen. São exemplos
madressilva e pontapé.
O acordo autoriza a eliminação do hífen noutras palavras
deste tipo, como são os casos de:
mandachuva
paraquedas
paraquedista
44
45. Supressão do hífen
Não se usa hífen nas formações com adição de prefixos ou falsos
prefixos terminados em vogal e com o segundo elemento começado
por r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se. São exemplos:
Antirreligioso Minissaia
Antissemita Biorritmo
Contrarregra Biossatélite
Contrassenha Eletrossiderurgia
Cosseno Microssistema
Extrarregular Microrradiografia
Infrassom
Acordo Ortográfico: conhecer para compreender 45
46. Supressão do hífen
Suprime-se o hífen nas palavras com adição de prefixos ou falsos
prefixos se terminados em vogal e o segundo elemento começar
por vogal diferente:
Antiaéreo Autoaprendizage
Coeducação m
Extraescolar Agroindustrial
Aeroespacial Hidroelétrico
Autoestrada Plurianual.
46
47. Supressão do hífen
Se o primeiro elemento é co-, em geral não se usa hífen mesmo se
o segundo começa por o, como nas palavras seguintes:
Coautor Atenção! No Vocabulário Ortográfico da
Coprodutor Língua Portuguesa, publicado pela Porto
Coobrigação Editora, nas palavras formadas pelo prefixo
Cooperante. co- em que o segundo elemento se inicia
com a letra h, admite-se a dupla grafia, com
Coadminitação
hífen ou aglutinada. Como acontece em co-
Coocorrência herdeiro ou coerdeiro, à semelhança do que
acontece com as palavras formadas pelos
prefixos des- e in- os quais se aglutinam
com o segundo elemento sem h
(coabitar, coabitação, desumano, inumano
, etc.)
47
48. Supressão do hífen
Nas locuções não se emprega em geral o hífen.
Locução é um conjunto de palavras que exprime uma ideia, como, por
exemplo, animal de companhia e se bem que.
A aplicação dessa regra leva à substituição de fim-de-semana por fim de semana.
São exceções a esta regra grafias consagradas pelo uso como:
Continua a ser uma
água-de-colónia palavra composta por
composição morfossintática.
arco-da-velha Mas cor de laranja! (palavra + palavra + palavra)
cor-de-rosa Antes composta por
justaposição
mais-que-perfeito
pé-de-meia
ao deus-dará
Atenção! No Vocabulário Ortográfico da Língua
à queima-roupa. Portuguesa, publicado pela Porto Editora, optou-se
faz-de-conta pela supressão do hífen em todas as locuções de uso
geral.
48
50. Emprego do hífen
Usa-se hífen nas formações com adição de prefixos ou
falsos prefixos (hiper, inter e super) quando
combinados com elementos iniciados por uma
consoante igual:
hiper-requintado
inter-resistente
super-revista.
Atenção! Se o elemento seguinte começa por
uma consoante diferente ou por uma vogal, nunca se
usa hífen:
hipermercado
superinteressante
50
51. Emprego do hífen
Usa-se hífen nas palavras formadas com adição de
prefixos ou falsos prefixos terminados com a mesma
vogal com que se inicia o segundo.
anti-ibérico
contra-almirante
infra-axilar
supra-auricular
arqui-inimigo
auto-observação
micro-ondas
semi-interno.
51
52. Emprego do hífen
Usa-se hífen nas palavras formadas com adição de
prefixos ou falsos prefixos terminados em vogal e com o
elemento seguinte começado por h.
anti-hemorrágico
Anti-herói
52
53. Emprego do hífen
Usa-se hífen nas palavras formadas com adição dos
prefixos ab-, ad-, sob-, sub- quando o primeiro
elemento termina em consoante igual à que inicia o
segundo elemento, ou quando este começa por b ou r,
para preservar a pronúncia do r inicial do segundo
elemento e para salvaguardar a devida lógica de
translineação.
ab-rogar
ad-renal
sub-região
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54. Emprego do hífen
Usa-se hífen nas palavras compostas por composição
morfossintática (justaposição), que não contêm formas de
ligação e cujos constituintes, por extenso ou
reduzidos, mantêm a autonomia fonética e conservam o
seu próprio acento.
ano-luz
azul-escuro
guarda-chuva
segunda-feira
porta-lápis
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55. Emprego do hífen
O hífen é usado em nomes de espécies botânicas
ou zoológicas.
Cana-de-açúcar
Bicho-da-seda
Andorinha-do-mar
Bem-me-quer
Couve-flor
Feijão-frade
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57. Translineação (Base XX – da divisão silábica)
Na translineação de uma palavra composta ou de uma combinação de
palavras em que há um hífen ou mais, se a partição coincide com o
final de um dos elementos ou membros, deve, por clareza
gráfica, repetir-se o hífen no início da linha imediata:
ex- -alferes,
serená- -los-emos ou serená-los- -emos,
vice- -almirante.
Base XLVIII (Acordo de 1945)
6.° Quando se tem de partir uma palavra composta ou uma combinação
de palavras em que há um hífen, ou mais, e a partição coincide com o
final de um dos elementos ou membros, pode, por clareza
gráfica, repetir-se o hífen no início da linha imediata: ex-||-alferes, mão-
||-de-obra ou mão-de-||-obra, serená-||-los-emos ou serená-los-||-
emos, sub-||-rogar, vice-||-almirante.
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58. Assinaturas e Firmas (Base XXI)
“Para ressalva de direitos, cada qual poderá manter a escrita que, por
costume ou registo legal, adote na assinatura do seu nome. Com o
mesmo fim, pode manter-se a grafia original de quaisquer firmas
comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam
inscritos em registo público.”
•Revista Activa •Detergente Optimum Seguradora Açoreana
Victor Baptista Mello
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59. Agora para para refletir! Não fiques a olhar para o teto.
As alterações não são um bicho de sete cabeças.
Não leem algumas consoantes? Logo não as
escrevam...
Com o Acordo, as joias não ficam mais baratas, mas
ficam mais leves sem o acento. Os antirrugas não deixam
de existir e até têm mais uma letra. Precisamos de ser um
pouco autodidatas. Está na hora de uma autoeducação e
não vale a pena fazer um trinta e um. Qualquer professor,
encarregado de educação ou aluno deve tentar ser
perfeccionista ou perfecionista. Prezamos a correção!
Votos de um ótimo trabalho!
Porto Editora (Adaptado)
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60. Agora para para refletir! Não fiques a olhar para o teto.
As alterações não são um bicho de sete cabeças.
Não leem algumas consoantes? Logo não as escrevam...
Com o Acordo, as joias não ficam mais baratas, mas ficam mais
leves sem o acento. Os antirrugas não deixam de existir e até têm
mais uma letra. Precisamos de ser um pouco autodidatas. Está na
hora de uma autoeducação e não vale a pena fazer um trinta e
um. Qualquer professor, encarregado de educação ou aluno deve
tentar ser perfeccionista ou perfecionista. Prezamos a correção!
Votos de um ótimo trabalho!
Porto Editora (Adaptado)
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61. Conversores
Lince – Portal da Língua Portuguesa
http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=lince
Permite converter ficheiros de múltiplos formatos e em simultâneo para a nova
ortografia. Aparentemente não existe limitação no tamanho dos ficheiros e pode
ser usado em ambiente Windows, Linux e Mac OS.
Porto Editora
http://www.portoeditora.pt/acordo-ortografico/conversor-texto/
Além de permitir converter texto numa caixa, permite fazer conversão de
ficheiros .DOC e .DOCX até 3MB e com um máximo aproximado de 50.000
palavras.
FLIP
http://www.flip.pt/FLiPOnline/ConversorparaoAcordoOrtográfico/tabid/56
6/Default.aspx
Permite converter texto em português europeu e português brasileiro até a um
limite de 3000 caracteres online.
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62. Outras sugestões
•Atualização do Verificador Ortográfico e Verificador Gramatical para
Português de Portugal o que permite ao Microsoft Office estar em
conformidade com o novo acordo ortográfico para Português de Portugal.
http://www.microsoft.com/portugal/acordoortografico/default.mspx
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