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Agrupamento de Escolas GIL VICENTE




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                                          Ano Letivo de 2011/2012
                                  O GATO MALHADO E A ANDORINHA SINHÁ

Nome: _________________________________________________________________________________N.º: __________T.ª: ______
                                                      Trabalho




                                   Esta é a história de um gato que se apaixona por uma andorinha causando
                            estranheza em todos os outros animais que habitavam um parque. A Andorinha
                            está prometida ao Rouxinol mas, ao mesmo tempo, incentiva o amor do Gato.
                            Acontecem juras, o Gato escreve poemas, eles passeiam juntos enquanto as
                            outras personagens condenam o amor impossível.

          Quando Jorge Amado escreveu este romance, estava a pensar como prenda de anos para o seu filho mais
   velho, João, quando completava um ano de idade. Estava ele exilado em Paris, em 1948, devido às circunstâncias
   da sua vida.
          O subtítulo da obra faz-nos imaginar um romance entre as personagens principais, com um caráter dinâmico.
   É uma narrativa onde há uma mescla entre o diálogo, a narração e a descrição das personagens. O que vamos
   encontrar é um amor impossível entre um gato e uma ave, inimigos por natureza.
         Mas este romance está impregnado dum outro género narrativo e passo a citar Jorge Amado na sua
   Dedicatória: “Ao concordar, em agosto de 1976, com a publicação desta velha fábula [...].”
          Descrita como uma instância narrativa constituída por situações paradigmáticas, que utiliza principalmente
   animais para destacar conclusões moralizantes, a fábula é, antes de mais, uma metaforização de diferentes tipos
   humanos sociais, que compõem um espectro dramático e dinâmico da sociedade. A linearidade característica é-lhe
   atribuída por este aspeto narrativo. Como componentes da narrativa consideram-se a própria narração, a lírica e a
   dramática.
          Nesta obra estão muitas características da fábula. Em termos de componente da narrativa, o cenário é um
   mundo dos animais, o parque, um lugar delimitado e circundante, onde o tempo está dividido em estações do ano.
   Cada personagem emite a sua voz na narrativa e representa uma voz social. A fábula impõe uma escolha que a
   Andorinha terá de fazer no fim: “o amor de Rouxinol ou o amor do gato?”. Contudo, esta escolha já estava
   predefinida pelas outras personagens. O número de personagens é reduzido, assim como a diversidade de espaços e
   há uma pequena complexidade da ação.
          É importante notar a funcionalidade dos textos em versos que são (im)postos na obra. Jorge Amado conhece
   bem a sua terra natal - Bahia, onde a literatura oral é até hoje, muita das vezes, mais importante que a escrita. A
   sabedoria popular entra nesta obra através de versos, os quais assentam como uma luva na realidade de Jorge
   Amado, nos seus romances de caráter social e dos seus costumes. Só faltava ser passado numa fazenda de plantação
   de cacau! Cito aqui o mais importante, na minha opinião:
                                        “O mundo só vai prestar
                                        Para nele se viver
                                        No dia em que a gente ver
                                        Um maltês casar
                                        Com uma alegre andorinha
                                        Saindo os dois a voar
                                        O noivo e sua noivinha
                                        Dom Gato e Dona Andorinha”
           Jorge Amado buscou, num poeta popular da sua terra, a fábula do romance contado em verso.
          Portanto, podemos dizer que há um misturar de géneros, mas que não deixa de ser uma história de amor.
   Esse amor é impossível, devido aos preconceitos, e agora comparando com a realidade social que tanto Jorge
   Amado se preocupava, preconceitos esses sociais, económicos, culturais. Sejam quais forem, o livro tem um cariz
   moralizante muito forte.
           AÇÃO
          A ação principal da história é o desenrolar da paixão entre o Gato e a Andorinha. As suas sequências
   narrativas são traduzidas numa linearidade, conciliando com o tempo cronológico da história.
          Ela começa com quem conhece a história – o Vento – chegando ao ouvido do narrador. Este último conta-
   -nos como se desenrola essa paixão através da intensidade das conversas e dos passeios entre as personagens
   principais.



   Língua Portuguesa                                                                                     Página 1
Tudo passa à volta da história de amor entre os dois: os comentários das outras
personagens, o tempo, a maneira como são tratados e como eles tratam os apaixonados. O clímax
está no fim da “primavera”, onde estes começam a afastar-se, dado que a Andorinha estava
prometida para o Rouxinol.


       O narrador considera-se um revolucionário na estrutura da narrativa quando este conta o capítulo inicial da
obra nos meandros da história:
        “[...] Em verdade a história, pelo menos no que se refere à Andorinha, começara antes.[...]Como não posso
mais escrevê-lo onde devido, dentro das boas regras da narrativa clássica, resta-me apenas suspender mais uma vez
a ação e voltar atrás. É sem dúvida um método anárquico de contar uma história, eu reconheço. Mas o
esquecimento pode ir por conta do transtorno que a chegada da primavera causa aos Gatos e aos contadores de
histórias.”
      O que ele está a fazer é um encaixe de capítulos, cuja narração é interrompida, para ser mais tarde retomada,
mas não perde o fio pela meada. A história tem um desfecho triste entre as personagens principais, mas termina
com a Manhã a ganhar a rosa azul prometida no início da história pelo Tempo.
       TEMPO

       A história principal é narrada de acordo com um tempo cronológico: as estações do ano. Simbolicamente,
elas estão de acordo com os sentimentos das personagens principais. Na primavera, o Gato e a Andorinha
conhecem-se. No verão o Gato apercebe-se de que está apaixonado pela Andorinha e fica com ciúmes por ela sair
com o Rouxinol. No outono, o Gato sofre com as outras personagens, devido à má fama que o Gato tivera no
passado (mau, rabugento, perigoso, temido). Escrevia poemas, para a amada, de modo apaixonado, nostálgico. O
inverno é caracterizado pela separação dos amantes – a tristeza, de certo modo, acompanha-os.
                                        Entretanto, o narrador altera a ordem cronológica ao utilizar algumas
                                 analepses e prolepses, que servem como uma narração abreviada para explicar
                                 melhor algum assunto. É o caso do “Capítulo inicial, atrasado e fora do lugar”. O
                                 próprio narrador é inteligente ao dizer que foi “por um erro de estrutura ou por
                                 moderna sabedoria literária”.




       ESPAÇO
       Falemos então dos três tipos de espaço: físico, social e psicológico.
      O espaço físico da história é um parque, onde as personagens se movem, visto com muita clareza pelas
personagens: é o lugar onde eles vivem.
       Em termos de espaço social, diríamos que o Gato é um vagabundo, que vive no parque, livre de
impedimentos porque todos o temiam. A Andorinha já é uma “flor de estufa”, muito bem protegida pela sua
classe social, a classe social alta. Diria que seria um amor impossível também devido às suas diferenças de
classes sociais.
        Quanto ao espaço psicológico, o Gato Malhado sofre uma experiência que lhe abrir as portas para as
recordações, a memória de uma paixão idealizada, romântica e sofrida. Esse sofrimento fá-lo crescer no seu
interior.

       NARRADOR
       O narrador não participa da história. Ele é heterodiegético, ou seja, é totalmente alheio aos acontecimentos
que narra. Por isso, a sua narração é feita na 3.ª pessoa:

                             “A história que a Manhã contou ao Tempo para ganhar a rosa azul foi a do Gato
                       Malhado e a Andorinha Sinhá; [...] Eu a transcrevo aqui por tê-la ouvido do ilustre Sapo
                       Cururu [que contou o caso] para provar a irresponsabilidade do amigo [...].”

       O seu ponto de vista, como podemos observar na passagem acima, é de uma focalização externa, onde o
narrador é um mero observador, exterior aos acontecimentos. Narra aquilo que pode apreender através dos sentidos:
ele não penetra no interior das personagens.



Língua Portuguesa                                                                                Página 2
PERSONAGENS
        Jorge Amado não escreveu a obra de forma inocente. Cada animal tem uma carga simbólica bem definida,
mas isso fica a critério de quem lê a obra. Por isso, irei dar o seu relevo na obra. As caracterizações das personagens
são feitas ou pelas outras personagens ou pelo narrador.




Gato Malhado
Personagem principal. Olhos pardos que refletiam maldade, feio, corpanzil forte e ágil, de riscas amarelas e negras.
Tinha meia-idade, egoísta, mau humorado, convencido. Vivia como se fosse um vagabundo, carente de carinhos. A
caracterização indireta verifica-se pela maneira como as personagens reagiam após o Gato ter conhecido a
Andorinha, porque, até então, ninguém lhe dava atenção e afeto. Escrevia-lhe sonetos (plagiados), falava bem com
aqueles que ele tratava mal. Mesmo assim, a sua fama de mau persegue-o até ao fim da obra.
Andorinha Sinhá
Personagem principal. A Andorinha é risonha, alegre, aventureira, bela, gentil, uma jovem que adora conversar e
mantinha boas relações com todos. A sua vida era cristalina até que conheceu o Gato Malhado. A Andorinha viu-o
como um desafio: ouvira falar muito mal dele, e até fora proibida de chegar perto dele, mas essa situação aguçou-
lhe mais a vontade de conhecê-lo melhor. O narrador acha-a “louquinha” por esta querer falar com o inimigo.
Cobra Cascavel
Figurante. É um animal que, por si só, tem uma carga simbólica poderosa e importante. É o animal mais temível de
todos. Morava fora do parque e foi afugentada pelo Gato.
Manhã
A Manhã é vista como uma figurante. É uma funcionária relapsa, preguiçosa, fanática por uma boa história,
distraída, sonhadora. Ela apaga as estrelas e acende o Sol.
O Tempo, também figurante, é o Mestre de tudo e de todos.
Rouxinol
Personagem secundária. É belo, gentil, raça volátil. É o professor de canto da Andorinha e pretendente. É com ele
que a Andorinha vai casar. Ele desperta ciúmes no Gato, porque é uma ave.



Língua Portuguesa                                                                                    Página 3
Velha Coruja
Figurante. Sabia a vida de todos no parque e é com ela que o Gato falava mais.
Reverendo Papagaio
Personagem secundária. Tinha passado algum tempo num seminário e dava aulas de religião. Por debaixo da capa
religiosa, é um hipócrita, covarde e devasso, que fazia propostas indecentes ao público feminino. É o único que
falava "a língua dos homens".
Galo Don Juan de Rhode Island
Personagem secundária. O Galo, polígamo, “maometano”, devasso orgulhoso (nota-se até no nome!). Foi o juiz do
casamento da Andorinha e do Rouxinol.
Sapo Cururu
Personagem secundária. Companheiro do Vento, o Sapo é quem conta a história da obra ao narrador. Ele é visto
como um ilustre, um intelectual, um académico, que vai denunciar para o leitor que o Gato plagiou sonetos.
Cães
Figurantes. Serviam para ajudar a compor o ambiente do parque.
Pata Pepita e o Pato Pernóstico
São figurantes. Ajudam a compor o ambiente no que diz respeito à vida social do parque. Uma das frases que eu
acho importante para ilustrar a condenação do amor do Gato e da Andorinha vista pelas personagens é dita pela
Pata: “pata com pato, [...] andorinha com ave, gata com gato”.
Pombo-Correio
Personagem secundária. Fazia longas viagens, levando a correspondências do parque. Tinha boa índole, mas era
visto como um tolo porque a Pomba-Correio traia-o com o Papagaio

OUTRAS PERSONAGENS
Vaca Mocha
Personagem secundária. É vista como uma figura com muito prestígio, respeitada por todos, pois era descendente
de um touro argentino. É tranquila, circunspecta, um pouco solene e irónica. No entanto, possuía um temperamento
vingativo e um humor variável. Sua língua é uma mistura de português com espanhol para dar um certo prestígio,
mas a sua língua é o português.
Vento
Quem originou a história do Gato Malhado e da Andorinha Sinhá: o Vento. É um figurante na história. É um velho
atrevido, ousado, aventureiro, alegre, dançarino de fama. Ele soube desta história de amor através de suas aventuras
e resolve contar a Manhã para cortejá-la.




Língua Portuguesa                                                                                  Página 4

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O amor impossível entre o Gato e a Andorinha

  • 1. Agrupamento de Escolas GIL VICENTE Entregue em ______/______/______ Ano Letivo de 2011/2012 O GATO MALHADO E A ANDORINHA SINHÁ Nome: _________________________________________________________________________________N.º: __________T.ª: ______ Trabalho Esta é a história de um gato que se apaixona por uma andorinha causando estranheza em todos os outros animais que habitavam um parque. A Andorinha está prometida ao Rouxinol mas, ao mesmo tempo, incentiva o amor do Gato. Acontecem juras, o Gato escreve poemas, eles passeiam juntos enquanto as outras personagens condenam o amor impossível. Quando Jorge Amado escreveu este romance, estava a pensar como prenda de anos para o seu filho mais velho, João, quando completava um ano de idade. Estava ele exilado em Paris, em 1948, devido às circunstâncias da sua vida. O subtítulo da obra faz-nos imaginar um romance entre as personagens principais, com um caráter dinâmico. É uma narrativa onde há uma mescla entre o diálogo, a narração e a descrição das personagens. O que vamos encontrar é um amor impossível entre um gato e uma ave, inimigos por natureza. Mas este romance está impregnado dum outro género narrativo e passo a citar Jorge Amado na sua Dedicatória: “Ao concordar, em agosto de 1976, com a publicação desta velha fábula [...].” Descrita como uma instância narrativa constituída por situações paradigmáticas, que utiliza principalmente animais para destacar conclusões moralizantes, a fábula é, antes de mais, uma metaforização de diferentes tipos humanos sociais, que compõem um espectro dramático e dinâmico da sociedade. A linearidade característica é-lhe atribuída por este aspeto narrativo. Como componentes da narrativa consideram-se a própria narração, a lírica e a dramática. Nesta obra estão muitas características da fábula. Em termos de componente da narrativa, o cenário é um mundo dos animais, o parque, um lugar delimitado e circundante, onde o tempo está dividido em estações do ano. Cada personagem emite a sua voz na narrativa e representa uma voz social. A fábula impõe uma escolha que a Andorinha terá de fazer no fim: “o amor de Rouxinol ou o amor do gato?”. Contudo, esta escolha já estava predefinida pelas outras personagens. O número de personagens é reduzido, assim como a diversidade de espaços e há uma pequena complexidade da ação. É importante notar a funcionalidade dos textos em versos que são (im)postos na obra. Jorge Amado conhece bem a sua terra natal - Bahia, onde a literatura oral é até hoje, muita das vezes, mais importante que a escrita. A sabedoria popular entra nesta obra através de versos, os quais assentam como uma luva na realidade de Jorge Amado, nos seus romances de caráter social e dos seus costumes. Só faltava ser passado numa fazenda de plantação de cacau! Cito aqui o mais importante, na minha opinião: “O mundo só vai prestar Para nele se viver No dia em que a gente ver Um maltês casar Com uma alegre andorinha Saindo os dois a voar O noivo e sua noivinha Dom Gato e Dona Andorinha” Jorge Amado buscou, num poeta popular da sua terra, a fábula do romance contado em verso. Portanto, podemos dizer que há um misturar de géneros, mas que não deixa de ser uma história de amor. Esse amor é impossível, devido aos preconceitos, e agora comparando com a realidade social que tanto Jorge Amado se preocupava, preconceitos esses sociais, económicos, culturais. Sejam quais forem, o livro tem um cariz moralizante muito forte. AÇÃO A ação principal da história é o desenrolar da paixão entre o Gato e a Andorinha. As suas sequências narrativas são traduzidas numa linearidade, conciliando com o tempo cronológico da história. Ela começa com quem conhece a história – o Vento – chegando ao ouvido do narrador. Este último conta- -nos como se desenrola essa paixão através da intensidade das conversas e dos passeios entre as personagens principais. Língua Portuguesa Página 1
  • 2. Tudo passa à volta da história de amor entre os dois: os comentários das outras personagens, o tempo, a maneira como são tratados e como eles tratam os apaixonados. O clímax está no fim da “primavera”, onde estes começam a afastar-se, dado que a Andorinha estava prometida para o Rouxinol. O narrador considera-se um revolucionário na estrutura da narrativa quando este conta o capítulo inicial da obra nos meandros da história: “[...] Em verdade a história, pelo menos no que se refere à Andorinha, começara antes.[...]Como não posso mais escrevê-lo onde devido, dentro das boas regras da narrativa clássica, resta-me apenas suspender mais uma vez a ação e voltar atrás. É sem dúvida um método anárquico de contar uma história, eu reconheço. Mas o esquecimento pode ir por conta do transtorno que a chegada da primavera causa aos Gatos e aos contadores de histórias.” O que ele está a fazer é um encaixe de capítulos, cuja narração é interrompida, para ser mais tarde retomada, mas não perde o fio pela meada. A história tem um desfecho triste entre as personagens principais, mas termina com a Manhã a ganhar a rosa azul prometida no início da história pelo Tempo. TEMPO A história principal é narrada de acordo com um tempo cronológico: as estações do ano. Simbolicamente, elas estão de acordo com os sentimentos das personagens principais. Na primavera, o Gato e a Andorinha conhecem-se. No verão o Gato apercebe-se de que está apaixonado pela Andorinha e fica com ciúmes por ela sair com o Rouxinol. No outono, o Gato sofre com as outras personagens, devido à má fama que o Gato tivera no passado (mau, rabugento, perigoso, temido). Escrevia poemas, para a amada, de modo apaixonado, nostálgico. O inverno é caracterizado pela separação dos amantes – a tristeza, de certo modo, acompanha-os. Entretanto, o narrador altera a ordem cronológica ao utilizar algumas analepses e prolepses, que servem como uma narração abreviada para explicar melhor algum assunto. É o caso do “Capítulo inicial, atrasado e fora do lugar”. O próprio narrador é inteligente ao dizer que foi “por um erro de estrutura ou por moderna sabedoria literária”. ESPAÇO Falemos então dos três tipos de espaço: físico, social e psicológico. O espaço físico da história é um parque, onde as personagens se movem, visto com muita clareza pelas personagens: é o lugar onde eles vivem. Em termos de espaço social, diríamos que o Gato é um vagabundo, que vive no parque, livre de impedimentos porque todos o temiam. A Andorinha já é uma “flor de estufa”, muito bem protegida pela sua classe social, a classe social alta. Diria que seria um amor impossível também devido às suas diferenças de classes sociais. Quanto ao espaço psicológico, o Gato Malhado sofre uma experiência que lhe abrir as portas para as recordações, a memória de uma paixão idealizada, romântica e sofrida. Esse sofrimento fá-lo crescer no seu interior. NARRADOR O narrador não participa da história. Ele é heterodiegético, ou seja, é totalmente alheio aos acontecimentos que narra. Por isso, a sua narração é feita na 3.ª pessoa: “A história que a Manhã contou ao Tempo para ganhar a rosa azul foi a do Gato Malhado e a Andorinha Sinhá; [...] Eu a transcrevo aqui por tê-la ouvido do ilustre Sapo Cururu [que contou o caso] para provar a irresponsabilidade do amigo [...].” O seu ponto de vista, como podemos observar na passagem acima, é de uma focalização externa, onde o narrador é um mero observador, exterior aos acontecimentos. Narra aquilo que pode apreender através dos sentidos: ele não penetra no interior das personagens. Língua Portuguesa Página 2
  • 3. PERSONAGENS Jorge Amado não escreveu a obra de forma inocente. Cada animal tem uma carga simbólica bem definida, mas isso fica a critério de quem lê a obra. Por isso, irei dar o seu relevo na obra. As caracterizações das personagens são feitas ou pelas outras personagens ou pelo narrador. Gato Malhado Personagem principal. Olhos pardos que refletiam maldade, feio, corpanzil forte e ágil, de riscas amarelas e negras. Tinha meia-idade, egoísta, mau humorado, convencido. Vivia como se fosse um vagabundo, carente de carinhos. A caracterização indireta verifica-se pela maneira como as personagens reagiam após o Gato ter conhecido a Andorinha, porque, até então, ninguém lhe dava atenção e afeto. Escrevia-lhe sonetos (plagiados), falava bem com aqueles que ele tratava mal. Mesmo assim, a sua fama de mau persegue-o até ao fim da obra. Andorinha Sinhá Personagem principal. A Andorinha é risonha, alegre, aventureira, bela, gentil, uma jovem que adora conversar e mantinha boas relações com todos. A sua vida era cristalina até que conheceu o Gato Malhado. A Andorinha viu-o como um desafio: ouvira falar muito mal dele, e até fora proibida de chegar perto dele, mas essa situação aguçou- lhe mais a vontade de conhecê-lo melhor. O narrador acha-a “louquinha” por esta querer falar com o inimigo. Cobra Cascavel Figurante. É um animal que, por si só, tem uma carga simbólica poderosa e importante. É o animal mais temível de todos. Morava fora do parque e foi afugentada pelo Gato. Manhã A Manhã é vista como uma figurante. É uma funcionária relapsa, preguiçosa, fanática por uma boa história, distraída, sonhadora. Ela apaga as estrelas e acende o Sol. O Tempo, também figurante, é o Mestre de tudo e de todos. Rouxinol Personagem secundária. É belo, gentil, raça volátil. É o professor de canto da Andorinha e pretendente. É com ele que a Andorinha vai casar. Ele desperta ciúmes no Gato, porque é uma ave. Língua Portuguesa Página 3
  • 4. Velha Coruja Figurante. Sabia a vida de todos no parque e é com ela que o Gato falava mais. Reverendo Papagaio Personagem secundária. Tinha passado algum tempo num seminário e dava aulas de religião. Por debaixo da capa religiosa, é um hipócrita, covarde e devasso, que fazia propostas indecentes ao público feminino. É o único que falava "a língua dos homens". Galo Don Juan de Rhode Island Personagem secundária. O Galo, polígamo, “maometano”, devasso orgulhoso (nota-se até no nome!). Foi o juiz do casamento da Andorinha e do Rouxinol. Sapo Cururu Personagem secundária. Companheiro do Vento, o Sapo é quem conta a história da obra ao narrador. Ele é visto como um ilustre, um intelectual, um académico, que vai denunciar para o leitor que o Gato plagiou sonetos. Cães Figurantes. Serviam para ajudar a compor o ambiente do parque. Pata Pepita e o Pato Pernóstico São figurantes. Ajudam a compor o ambiente no que diz respeito à vida social do parque. Uma das frases que eu acho importante para ilustrar a condenação do amor do Gato e da Andorinha vista pelas personagens é dita pela Pata: “pata com pato, [...] andorinha com ave, gata com gato”. Pombo-Correio Personagem secundária. Fazia longas viagens, levando a correspondências do parque. Tinha boa índole, mas era visto como um tolo porque a Pomba-Correio traia-o com o Papagaio OUTRAS PERSONAGENS Vaca Mocha Personagem secundária. É vista como uma figura com muito prestígio, respeitada por todos, pois era descendente de um touro argentino. É tranquila, circunspecta, um pouco solene e irónica. No entanto, possuía um temperamento vingativo e um humor variável. Sua língua é uma mistura de português com espanhol para dar um certo prestígio, mas a sua língua é o português. Vento Quem originou a história do Gato Malhado e da Andorinha Sinhá: o Vento. É um figurante na história. É um velho atrevido, ousado, aventureiro, alegre, dançarino de fama. Ele soube desta história de amor através de suas aventuras e resolve contar a Manhã para cortejá-la. Língua Portuguesa Página 4