1. P E D R O D A L L A R O S A
a r t i s t a
p e d r o . d a l l a r o s a @ o u t l o o k . c o m
P O R T F Ó L I O
2. Pe d r o D a l l a R o s a , 1 9 9 5 , E r e c h i m R S .
V i v e e t r a b a l h a e m Po r t o A l e g r e , R S .
Pedro é artista visual. Trabalha com técnicas tradicionais, como pintura e cerâmica, alia-
das a mídias contemporâneas. Unindo o ancestral e o corrente para estabelecer uma con-
versa entre memória, identidade e afeições. Licenciando em Artes Visuais pela UFRGS
(2020). Atua no campo da educação como arte educador, ministrando cursos, monitorias
e atividades culturais dentro e fora da universidade. Em 2017, tem sua primeira ex-
posição coletiva em Porto Alegre, no Ateliê 1. Durante o ano de 2018, foi residente no
Ateliê Coletivo O Bestiário, desenvolvendo uma pesquisa em cerâmica e atuando na pro-
dução cultural do espaço. Atualmente é bolsista no Núcleo de Design de Superfícies da
UFRGS e, paralelamente, pesquisa processos antigos de estamparia e mantras visuais.
3. OSTRACISMO
objetos cerâmicos
tamanhos diversos
em processo
Ostracismo é o afastamento (imposto ou voluntário) de
um indivíduo do meio social ou da participação em
atividades que antes eram habituais.
Ostracismo era a penitência que políticos da Grécia
Antiga pagavam por seus crimes contra o bem comum;
afastavam-se da vida pública rumo ao esquecimento.
Na contemporaneidade, o ostracismo ainda é uma práti-
ca, uma condenação aos desviantes. Muitos LGBTQs
precisaram sair de suas casas e abandonar laços afe-
tivos para irem às margens da sociedade e da história.
Curiosamente, muitos políticos da antiga Grécia são
conhecidos hoje, pois a votação do ostracismo era feita
nos ostrácos, cacos de cerâmica. Assim como as pedras,
a cerâmica também tem sua "validade" indeterminada,
e essa qualidade duradoura permitiu que esses nomes
chegassem até nossos dias. Este trabalho faz parte de
uma pesquisa em processo sobre as relações da cerâmi-
ca com a memória e eternidade, associadas a minha
experiência no mundo como homem gay. Nessa pesqui-
sa, esbarrei na importância dos nomes e seus registros
como comprovação da existência. Sendo assim, como
resposta, busquei salvar alguns deles para buscar com-
provar minha própria existência.
4. Como transportar animais aquáticos no côncavo das mãos, objetos cerâmicos, tamanhos diversos, em
processo;
Lembro de pescar peixinhos no lago perto de casa. Lembro da sensação gostosa e escorregadia na minha
pele enquanto tentava transportá-los no côncavo das minhas mãos para um balde, onde os guardaria para
sempre no cativeiro do meu afeto.
Conjunto de aparelhos para chá, cópias feitas no molde da última xícara de um conjunto de porcelanas que
minha bisavó tinha. Os múltiplos, cópias e repetições sempre aparecem no meu trabalho de alguma forma,
quase como mantras ou rezas. A busca por reproduzir cópias desta porcelana com temas nipônicos é
também uma forma de interferir na história dessa peça, inserindo uma narrativa afetiva no côncavo desse
objeto, me colocando como parte dessa crônica.
6. Arquipélago
óleo sobre tela
tamanhos diversos
em processo
As dimensões e a ocupação do
espaço impactam tanto na per-
cepção do trabalho, como no
processo de criação. O ateliê,
ou a falta dele, exercem poder
sobre o artista. Essa grande
tela composta de pequenas
telas começou a ser feita em
2018, como um recorte de mo-
mentos, lembranças, desejos e
obsessões, formando um ar-
quipélago. As pequenas ilhas
vêm de imagens roubadas,
fotos tiradas em segredo, de-
talhes de pinturas que gosto,
screenshots e páginas arranca-
das de revistas. Todas flutuan-
do no mesmo mar.
7. Memórias de vestiários
azulejaria
30cm x 20cm
2019
Em meu primeiro contato com a
cerâmica, ouvi para ter cuidado com
o que queimamos, pois vai ficar neste
planeta por muitas gerações, assim
como os clássicos vasos romanos, as
porcelanas chinesas ou os azulejos
portugueses. Nesses ladrilhos, imper-
meabilizo a lembrança que tenho no
fundo da memória de quando fre-
quentava clubes na infância; a sen-
sação do frio do revestimento da pis-
cina, os temas náuticos, os corpos
nus nos vestiários. Uma forma de
subverter os tradicionais motivos
heróicos, asiáticos ou católicos que
povoam nossa cabeça até hoje.