1) O documento discute a análise da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) em vinhoto de cana-de-açúcar com bactérias lácticas probioticas (Lactobacillus reuteri) e sem adição destas.
2) A adição de bactérias probióticas no vinhoto pode aumentar a DBO inicial devido ao crescimento das bactérias, tornando inviável a disposição do vinhoto no solo para fertirrigação.
3) Existe a necessidade de encontrar alternativas para
Análise da demanda bioquímica de oxigênio em vinhoto com probióticos
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ANÁLISE DE DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (DBO) EM VINHOTO DE CANA-
DE-AÇÚCAR COM BACTÉRIAS LÁCTICAS PROBIOTICAS (Lactobacillus reuteri) E
SEM ADIÇÃO DE BACTÉRIAS LÁCTICAS
ANALYSIS OF BIOCHEMICAL DEMAND FOR OXYGEN (BOD) IN SUGAR CANE VINASSE WITH
PROBIOTIC LACTIC BACTERIA (Lactobacillus reuteri) AND WITHOUT ADDING LACTIC BACTERIA
FLÁVIO HENRIQUE FERREIRA BARBOSA1; FELIPE HENRIQUE SILVA BAMBIRRA2; LEANDRO
HENRIQUE SILVA BAMBIRRA3; RUBENS ALEX DE OLIVEIRA MENEZES4
RESUMO
A produção de alimentos saudáveis e nutritivos em grande quantidade tem se tornado um desafio para todos os
profissionais que trabalham com toda a cadeia produtiva alimentícia. A produção mundial de suínos cresceu e o Brasil
teve um aumento significativo nas exportações de carne suína. Para que a atividade de criação de suínos se mantenha
produtiva, com a geração de lucros, promotores de crescimento têm sido incorporados às rações, com objetivo de
melhorar o processo digestivo e o desempenho zootécnico dos animais, resultando em maior ganho de peso e redução
do número de doenças. Entretanto, nos últimos anos tem aumentado a conscientização sobre o uso excessivo destes
produtos, bem como se tornado evidente os possíveis transtornos à saúde destes animais e do homem, como
consequências desta suplementação. As alternativas disponíveis para substituição dos antimicrobianos na suinocultura
incluem a utilização de probióticos, prebióticos, simbióticos e agentes fitoterápicos. Quanto aos Sistemas Agroindustriais
(SAG) existentes no Brasil, sabe-se que o sucroalcooleiro se destaca pela importância social, econômica e política. O
aumento da produção de álcool acarretará um problema ao meio ambiente, devido à maior quantidade de vinhoto, resíduo
produzido em grande volume. Seguindo esta linha de raciocínio, este trabalho se propôs a analisar a Demanda Bioquímica
de Oxigênio (DBO) em vinhoto de cana-de-açúcar com bactérias lácticas probioticas (Lactobacillus reuteri) e sem adição
destas. A utilização do probiótico crescido no vinhoto e selecionado para os testes em suínos no campo permitiu observar
que a necessidade de suplementação do vinhoto com fontes de carbono e nitrogênio para o incremento no crescimento
das bactérias lácticas, inviabiliza sua disposição no solo como na fertiirrigação, devido ao aumento de sua carga poluidora
com a elevação da DBO inicial.
PALAVRAS-CHAVE: Lactobacillus, DBO, probiótico, vinasse.
ABSTRACT
The production of healthy and nutritious food in large quantities has become a challenge for all professionals who work
with the entire food production chain. World swine production grew and Brazil saw a significant increase in exports. In
order for the pig breeding activity to remain productive, with the generation of profits, growth promoters have been
incorporated into the rations, with the objective of improving the digestive process and the zootechnical performance of
the animals, resulting in greater weight gain and reduced number of diseases. However, in recent years there has been
an increase in awareness about the excessive use of these products, as well as the possible health disorders of these
animals and man, as consequences of this supplementation, have become evident. The alternatives available to replace
antimicrobials in pig farming include the use of probiotics, prebiotics, symbiotics and herbal agents. As for the Agroindustrial
Systems (SAG) in Brazil, it is known that the sugar and alcohol industry stands out for its social, economic and political
importance. The increase in alcohol production will cause a problem to the environment, due to the greater amount of
vinasse, waste produced in large volume. Following this line of reasoning, this work aimed to analyze the Biochemical
Oxygen Demand (BOD) in sugarcane vinasse with probiotic lactic acid bacteria (Lactobacillus reuteri) and without adding
them. The use of the probiotic grown in the vinasse and selected for tests on swine in the field allowed us to observe that
the need to supplement the vinasse with carbon and nitrogen sources for the increase in the growth of lactic bacteria,
prevents its disposal in the soil as in fertiirrigation, due the increase of its polluting load with the increase of the initial BOD.
KEYWORDS: Lactobacillus, BOD, probiotic, vinasse.
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INTRODUÇÃO
A produção de alimentos saudáveis e
nutritivos em grande quantidade tem se
tornado um desafio para todos os profissionais
que trabalham com toda a cadeia produtiva
alimentícia. Estimativas indicam que o
suprimento de alimentos necessários para
atender aos requerimentos nutricionais da
população humana durante os próximos
quarenta anos equivale à quantidade
previamente produzida ao longo de toda a
história. Para atender a esta grande demanda
de alimentos de origem animal, os
pesquisadores têm se esforçado na busca de
novas tecnologias a fim de aumentar a
eficiência e a produtividade dos animais de
criação.
A suinocultura é um dos setores
agropecuários que mais tem crescido nas
últimas décadas. Segundo dados da
EMBRAPA, a produção de carne suína no
Brasil vem crescendo mais 5% ao ano desde
o ano de 2006. A produção mundial de suínos
cresceu sistematicamente nos últimos 30
anos e o Brasil teve um aumento significativo
nas exportações de carne suína, chegando à
quarta colocação mundial e, atualmente, esse
produto pode ser encontrado até na Rússia. A
este fato, associa-se um marcante aumento
no comércio e consumo de carne de suínos
em todo o mundo, sendo que sua produção
está rapidamente se expandindo em muitos
países em desenvolvimento, como o Brasil, o
que faz aumentar o rigor no manejo dos
animais e na produção da carne.
Para que a atividade de criação de
suínos se mantenha produtiva, com a geração
de lucros, muitos aditivos (incluindo
promotores de crescimento, como drogas
antimicrobianas) têm sido incorporados às
rações, com objetivo de melhorar o processo
digestivo e o desempenho zootécnico dos
animais, resultando em maior ganho de peso
e redução do número de doenças. Entretanto,
nos últimos anos tem aumentado a
conscientização sobre o uso excessivo destes
produtos, bem como se tornado evidente os
possíveis transtornos à saúde destes animais
e do homem, como consequências desta
suplementação (FULLER, 1989, 1992;
FULLER & COLE, 1988; SALMINEN, 1998;
TANNOCK, 1986, 1990, 1995 e 2003).
Os antimicrobianos promotores de
crescimento podem alterar a microbiota do
trato digestivo e deprimir os mecanismos de
defesa dos animais, além de deixar resíduos
indesejáveis à saúde do homem na carne.
Além disso, a presença de concentrações
baixas de antimicrobianos pode ser
responsável pelo aumento dos fenômenos de
resistência bacteriana aos mesmos.
Recentemente, novos microrganismos
resistentes a uma ou várias drogas
antimicrobianas têm surgido e sido motivo de
preocupação para a saúde pública mundial.
Estes microrganismos modificados podem se
difundir pelo meio ambiente e estarem
presentes na carne dos animais.
Por causa destas evidências, a
ausência de microrganismos potencialmente
patogênicos e a ausência de resíduos de
produtos químicos têm se tornado os
principais indicadores de qualidade da carne
de suínos, bem como de outros alimentos.
Assim, a suinocultura brasileira precisará se
adaptar às futuras normas de comércio
internacional, pois alguns países
importadores, principalmente da União
Europeia, não mais aceitarão adquirir carne
de suínos oriunda de produtores que utilizam
antimicrobianos para aumentar os índices de
produtividade de seus plantéis (FULLER,
1989, 1992; FULLER & COLE, 1988;
SALMINEN, 1998; TANNOCK, 1986, 1990,
1995 e 2003).
Assim, tem gerado a necessidade de se
buscar alternativas que possam promover os
mesmos efeitos de produtividade
relacionados ao uso dos aditivos alimentares,
porém, sem causar as mesmas
consequências indesejáveis destes. Além
disto, ainda existem prejuízos relacionados ao
impacto econômico da retirada destas drogas
antimicrobianas da alimentação de suínos.
Isto representa aumento nos custos de
produção, sendo, principalmente, causados
por aumento no consumo de ração e no
período de ocupação dos galpões, menos
ciclos produtivos por ano, além de mais gastos
com a mão-de-obra.
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As alternativas disponíveis para
substituição dos antimicrobianos na
suinocultura incluem a utilização de
probióticos, prebióticos, simbióticos e agentes
fitoterápicos. Dentre estas, a utilização dos
microrganismos probióticos constitui uma
perspectiva extremamente interessante, pois
as próprias bactérias benéficas da microbiota
intestinal dos animais poderiam ser
empregadas em substituição aos
antimicrobianos. Nestes casos, estes
microrganismos poderiam favorecer o
equilíbrio do ecossistema gastrintestinal, o
que seria refletido em melhoria da saúde e
boa produtividade. Trabalhos científicos têm
sido conduzidos tentando avaliar a eficiência
da utilização dos probióticos, em substituição
aos produtos químicos, para modular a saúde
de suínos comerciais e proporcionar um
ganho de peso adequado. Bactérias do
gênero Lactobacillus são os principais
microrganismos desejáveis encontrados em
grandes quantidades por todo o trato
gastrintestinal (TGI) de suínos, mostrando ser
fortes candidatas como probióticos para estes
animais (FULLER, 1989, 1992; FULLER &
COLE, 1988; SALMINEN, 1998; TANNOCK,
1986, 1990, 1995 e 2003).
Quanto aos Sistemas Agroindustriais
(SAG) existentes no Brasil, sabe-se que o
sucroalcooleiro se destaca pela importância
social, econômica e política. A crise do
Proálcool, após a década de 1990, foi
acompanhada por período de sensível
redução dos preços do açúcar no mercado
externo. Esse fato, associado à estagnação
no crescimento da demanda interna e no
aumento da produtividade agrícola e
industrial, desencadeou uma nova crise de
superprodução, existente até há pouco tempo.
Nessa nova configuração, a análise da
competitividade e de potencialidades para
novos empreendimentos com uso de
derivados da cana-de-açúcar aparece em
destaque. A cadeia produtiva da cana-de-
açúcar como fornecedora de produtos para o
mercado industrial e para exportação faz com
que as usinas intensifiquem seus esforços por
melhoria da produtividade, sendo que a
exigência dos clientes industriais as leva à
diferenciação de produtos com maior valor
agregado.
Dessa forma, uma diferente iniciativa
que o SAG Canavieiro poderia empreender
para reforçar sua competitividade nesta nova
configuração seria o aproveitamento das
oportunidades de diversificação na direção de
novos produtos oriundos da cana-de-açúcar e
seus derivados. Os empreendimentos para
diversificação das empresas mais bem
posicionadas do SAG estão sendo para
diferenciar suas commodities, açúcar e álcool,
em atividades complementares, tais como as
iniciativas para produção de produtos
resultantes de transformação de derivados da
cana-de-açúcar.
A reestruturação do SAG, na direção de
consolidar seu posicionamento nos mercados
interno e externo, apresenta grande impacto
na produção canavieira. Esse impacto é mais
forte principalmente em regiões do país onde
há predomínio da atividade canavieira.
Anuncia-se para essas regiões o aumento na
produção do álcool, dada sua
sobrevalorização em decorrência do
crescimento da demanda, devido às
exportações e do aumento dos preços do
petróleo e, ainda, do crescimento do mercado
interno, com os novos carros bicombustíveis e
a perspectiva de outros países adotarem
combustíveis menos poluidores.
De outro lado, o aumento da produção
de álcool acarretará um problema ao meio
ambiente, devido à maior quantidade de
vinhoto, resíduo produzido em grande volume,
qual seja na proporção de um litro de álcool
para 12 litros de vinhoto. O vinhoto distribuído
no solo, por meio de fertiirrigação dos talhões
de cana, apresenta já, nesse momento, várias
objeções de caráter ambiental: a primeira é
que a quantidade de vinhaça necessária para
a fertiirrigação da cana é inferior à quantidade
despejada, o que provoca comprometimento
dos lençóis freáticos e, no limite, até dos
lençóis mais profundos de água, como os
aquíferos. A segunda objeção é que as usinas
não possuem capacidade logística de
distribuição do vinhoto sobre toda a área
colhida de cana. Essa distribuição, em geral,
concentra-se nas áreas circunvizinhas às
usinas, o que vem comprometendo a própria
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produtividade da cana próxima. Isso reforça a
necessidade de pensar em soluções, ou que
reduzam o grau de concentração da vinhaça a
ser distribuída no solo, ou que seja expandida
a área de fertiirrigação ou ainda, que se
descubram novas aplicações tecnológicas
(VIAN, 2003; MOREIRA et al., 2002;
ASSUMPÇÃO, 2004).
Seguindo esta linha de raciocínio, este
trabalho se propôs a analisar a Demanda
Bioquímica de Oxigênio (DBO) em vinhoto de
cana-de-açúcar com bactérias lácticas
probioticas (Lactobacillus reuteri) e sem
adição destas.
MATERIAL E MÉTODOS
1. O Vinhoto
Foram utilizadas amostras de vinhoto
(produto resultante do destilado da cana-de-
açúcar) produzidas por “Vale Verde
Alambique e Parque Ecológico”, alambique de
cachaça localizado na rodovia MG 50, Km 39
– Bairro Vianópolis, município de Betim – MG.
As amostras foram acondicionadas e
transportadas em vasilhame de polietileno
tereftalato (PET) selados para evitar trocas
gasosas prevenindo a oxidação. Foram
realizadas análises físico-químicas e
estabilidade microbiológica durante o período
de estocagem.
2. Simulações
As células foram crescidas em 10 mL
de caldo MRS (Difco) e incubadas a 37°C sob
condições de anaerobiose em câmara
anaeróbica, durante 24 horas. Após duas
passagens em 10 mL de caldo MRS, 100 µL
de cada amostra foram repicados para 10 mL
do meio de cultura alternativo contendo
vinhoto de cana-de-açúcar a 37ºC por 24
horas. Esta simulação foi feita utilizando
vinhoto “puro” - sem adição de bactérias
lácticas (controle); vinhoto com
suplementação de 2% de dextrose (fonte de
carbono) e 0,2% de extrato de levedura (fonte
de nitrogênio) – sem adição de bactérias
lácticas e; vinhoto com suplementação de 2%
de dextrose (fonte de carbono) e 0,2% de
extrato de levedura (fonte de nitrogênio) com
adição de Lactobacillus reuteri. Em todas as
simulações, foi acertado o pH para 6,5. Para a
suplementação levou-se em consideração a
concentração de dextrose (2%) no meio de
cultura utilizado para o cultivo de
Lactobacillus, o MRS (Difco).
3. Análise de Demanda Bioquímica
de Oxigênio (DBO) em Vinhoto de Cana-de-
Açúcar com Bactérias Lácticas
(Lactobacillus reuteri) e Vinhoto de Cana-
de-Açúcar Sem Adição de Bactérias
Lácticas
A DBO é a medida que calcula a
quantidade do oxigênio dissolvido numa
solução, consumido pela atividade bacteriana.
A DBO é proporcional ao tempo, ou seja,
quanto maior o tempo mais matéria orgânica
biodegradável é decomposta pela atividade
aeróbica das bactérias. Este índice é um bom
indicador de quão poluída está um efluente,
pois quanto maior a carga orgânica neste,
maior será sua DBO. No caso de efluentes, o
valor da DBO dirá quanto de oxigênio este
consumirá ao ser lançado num corpo d'água
sendo, portanto, uma medida do impacto
negativo. Se a DBO for muito alta, o oxigênio
da água é rapidamente consumido, ficando
redutor e tendo início a decomposição
anaeróbica da matéria orgânica. Este tipo de
decomposição é responsável pela produção
de subprodutos poluidores e que degradam a
qualidade da água. Dentre estes produtos
podemos citar: metano (CH4), amônia (NH3) e
gás (H2S). Os valores de DBO são dados em
mg/L (miligramas por litro) (VON SPERLING,
2005).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O vinhoto, como citado anteriormente,
é resultante da produção de álcool ou
cachaça, após a fermentação do mosto e a
destilação do vinho. Trata-se de um material
com cerca de 2 a 6% de constituintes sólidos,
onde se destaca a matéria orgânica, em maior
quantidade. Em termos minerais apresenta
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quantidade apreciável de potássio e médios
de cálcio e magnésio, além de nitrogênio e
grande porcentagem de matéria orgânica
(ROSSETTO, 1987). Ainda, segundo
Rossetto (1987), dos efluentes produzidos
pelas destilarias de álcool, o vinhoto é a que
possui a maior carga poluidora, pois
apresenta DBO variando de 20.000 a 35.000
mg/L. A quantidade de vinhoto produzido
pelas destilarias é função do teor alcoólico
obtido na fermentação, de modo, que a
proporção pode variar de 10 a 18 litros de
vinhaça por litro de álcool produzido.
O custo da água está sendo discutido
há algum tempo devido à sua escassez e ao
seu estágio avançado de contaminação. O
vinhoto é altamente poluente, sendo obtido
em grandes volumes durante a produção
industrial, mas por outro lado contém
substâncias dissolvidas que podem ser
usadas como fertilizantes. As usinas
sucroalcooleiras respondem por
aproximadamente 40% do consumo de água
de todo o setor industrial. No passado, a
quase totalidade do vinhoto, obtido a partir da
destilação do álcool, era lançada nos rios ou
confinada em lagoas, sem preocupação
quanto aos aspectos de poluição das águas,
prejudicando sensivelmente a vida aquática,
ou de reciclagem de seus produtos (KIEHL,
1985).
A aplicação de vinhaça na lavoura, bem
como fertirrigação, é prática adotada por todas
as usinas, com tecnologia conhecida e bem
definida, existindo inúmeros ensaios que
comprovam os resultados positivos obtidos na
produtividade agrícola, associados à
economia dos adubos minerais (PENATTI et
al., 1988). A grande vantagem no emprego da
vinhaça é que ela pode substituir em grande
parte os nutrientes da adubação mineral,
sendo vários trabalhos que mostram aumento
de produtividade da cana-de-açúcar devido à
sua aplicação (AGUJARO, 1979). Porém,
pesquisas alertam que, quando aplicado em
altas taxas, conduz a efeitos indesejáveis,
como o comprometimento da qualidade da
cana para produção de açúcar, poluição do
lençol freático e salinização do solo (PENATTI
et al., 1988).
A utilização do vinhoto deve obedecer
a critérios, considerando que a sua utilização
também está associada a aspectos negativos.
A alta Demanda Bioquímica de Oxigênio
(DBO) para o vinhoto mostra o seu grande
poder poluente. Devido ao uso de forma
indiscriminada do vinhoto pela fertirrigação, foi
constatado um efeito acumulativo de certos
nutrientes no solo, em especial do elemento
potássio, o que pode levar a uma
contaminação do lençol freático e trazer
reflexos negativos para o solo e para as
culturas (PENATTI, 2000).
Visando verificar a possibilidade de
redução do potencial poluidor deste resíduo,
preteriu-se realizar a análise da Demanda
Bioquímica de Oxigênio – DBO em vinhoto de
cana-de-açúcar com bactérias lácticas
(Lactobacillus reuteri – 11 A) e vinhoto de
cana-de-açúcar sem adição de bactérias
lácticas.
Pôde-se observar que a necessidade
de suplementação do vinhoto com fontes de
carbono e nitrogênio para o incremento no
crescimento das bactérias lácticas, inviabiliza
sua disposição no solo como na fertiirrigação,
devido ao aumento de sua carga poluidora
com a elevação da DBO inicial (Tabela 1). Ao
mesmo tempo em que sua utilização como
veículo de microrganismos probióticos pode
reduzir o volume utilizado para aplicação no
solo em um alambique, por exemplo, os
cálculos quanto ao volume utilizado em um
sistema integrado como na fabricação da
cachaça e uma suinocultura, devem ser
rigorosos já que o retorno deste material
excedente pós-preparo para cultivo o deixará
impróprio e mais arriscado o seu uso a médio
e longo prazo na irrigação de áreas do campo.
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Tabela 1. Determinações físico-químicas para o
parâmetro Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO
realizadas em vinhoto utilizado nos experimentos com
L. reuteri – 11 A.
CONCLUSÃO
A utilização do probiótico crescido no
vinhoto e selecionado para os testes em
suínos no campo permitiu observar que a
necessidade de suplementação do vinhoto
com fontes de carbono e nitrogênio para o
incremento no crescimento das bactérias
lácticas, inviabiliza sua disposição no solo
como na fertiirrigação, devido ao aumento de
sua carga poluidora com a elevação da DBO
inicial.
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____________________________________
1 - Graduação em Ciências Biológicas.
Professor Adjunto do Departamento de
Morfologia (DMO – CCBS) da Universidade
Federal de Sergipe - UFS, Brasil.
E-mail: flaviobarbosaufs@gmail.com
2 - Graduação em Fisioterapia. Mestrado em
Microbiogia. Departamento de Microbiologia
(ICB) da Universidade Federal de Minas
Gerais - UFMG, Brasil.
3 - Graduação em Medicina Veterinária.
Departamento de Microbiologia (ICB) da
Universidade Federal de Minas Gerais -
UFMG, Brasil.
4 - Graduação em Enfermagem. Professor
Adjunto do Curso de Enfermagem da
Universidade Federal do Amapá (UNIFAP),
Brasil.