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http://revista.espiritolivre.org | #008 | Novembro 2009
ENTREVISTA
EEnnttrreevviissttaa ccoomm
JJoonn ""mmaaddddoogg"" HHaallll,,
ddaa LLiinnuuxx IInntteerrnnaacciinnaall
ENTREVISTA
EEnnttrreevviissttaa ccoomm
DDaanniilloo RRooddrriigguueess CCééssaarr,,
ddoo PPrroojjeettoo RRoobbóóttiiccaa LLiivvrree
CCAAPPAA
CCoollaabboorraattiivvooss......
AAttéé qquuee ppoonnttoo??!!
CCoommuunniiddaaddeess ee
MMoovviimmeennttooss LLiivvrreess
CCOOTTIIDDIIAANNOO
CCuuiiddaaddoo ccoomm oo ""tteeccoo""
eemm iinnffoorrmmááttiiccaa
UUBBUUNNTTUU 99..1100
CCoonnhheeççaass aass nnoovviiddaaddeess
ddeessttee rreelleeaassee
COM LICENÇA
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |02
A cada mês, uma vitória. Este não poderia ser diferente. Mesmo quando
muitos acham que estamos cansados a ponto de desistir eis que despontamos
em mais uma edição de qualidade, como os leitores por si só comentam. Esta
edição da Revista Espírito Livre traz como tema de capa Comunidades e
Movimentos Livres, apresentando aos leitores um pouco mais sobre este tema
tão vasto. Tivemos contato com diversas comunidades que se prontificaram a
apresentar suas histórias, seus cases, sua visão em matérias que demonstram
o real valor e pontencial destas que iniciativas que arrastam exércitos e
movem montanhas. Nossos agradecimentos a estes redatores convidados.
Como as comunidades de software livre se manifestam? Como se
apresentam diantes da rede? Será que ao constituir uma comunidade tudo
será mil maravilhas? Tentamos, através de várias matérias, apresentar as res-
postas consisas e focadas sobre estas e muitas outras indagações que permei-
am as comunidades de software livre/código aberto.
Tivemos a honra de trazer como entrevistado principal Jon "maddog"
Hall, considerado por muitos um exemplo de vida, superação e engajamento
no movimento do software livre. Maddog "peregrina" em diversos eventos por
todo o mundo e sempre está alí disposto para mais aquela foto e para um bom
papo sobre novas tecnologias. Ele muito prontamente respondeu aos
questionamentos passados pela equipe da revista, respondendo com bom
humor sem igual! Danilo Rodrigues, do Projeto Robótica Livre também
conversou com nossa equipe e explicou um pouco mais sobre este
interessante projeto.
Tivemos ainda novas participações em nossa equipe. Fernando Leme
estava para fazer parte do corpo editorial e nesta edição ele aparece com
falando sobre as armadilhas do mercado. João Marcello também foi uma grata
surpresa... Ele começa sua participação na revista apresentando um case bem
interessante sobre o "teco" de informática. Clayton Lobato é outro que estava
para entrar em nossa equipe já a algum tempo, mas diversos fatores sempre
atrapalhavam. Pois bem Clayton participa dessa edição com um assunto
polêmico sobre as comunidades.
Continuamos uma nova coluna do Cárlisson, a Warning Zone, que
apresenta uma perspectiva diferente sobre a narração da história em questão.
Vale a pena conferir. Wagner Emmanoel, da Fuctura, apresenta ainda um
review bem interessante sobre a mais nova versão do Linux para as massas, o
Ubuntu 9.10 Karmic Koala.
O pessoal da ASL e do Ubuntu-BR também participaram enviando
materiais, enriquecendo ainda mais a publicação. Já os colunistas fixos tais
como Alexandre Oliva, Cezar Taurion, Sinara Duarte, Jomar Silva, Filipe
Saraiva, Luiz Eduardo e aos tantos outros que de alguma forma participaram
desta edição, meus sinceros agradecimentos!
A revista continua premiando os leitores que nos acompanham pelo
Twitter, Identi.ca e demais veículos, então fique atento, pois novas promoções
sempre estão pipocando nestes lugares. Também fiquem atentos ao site ofici-
al da revista [http://revista.espiritolivre.org], tem sempre novidade por lá.
Agradecemos a todos que não foram citados acima e continuamos a
convidar cada vez mais o leitor a participar do processo de
criação da revista. Quer saber como ajudar? Entre em
contato, contamos com você!
EDITORIAL / EXPEDIENTE
Só no movimento...
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |03
João Fernando Costa Júnior
Editor
EXPEDIENTE
Diretor Geral
João Fernando Costa Júnior
Editor
João Fernando Costa Júnior
Revisão
Pamella Castanheira
Tatiana Al-Chueyr
Arte e Diagramação
João Fernando Costa Júnior
Capa
Carlos Eduardo Mattos da Cruz
Contribuiram nesta edição
Alex Sandro Gomes
Alexandre Oliva
Ana Luiza de Souza Rolim
Andre Gondim
Andressa Martins
Bruno de Sousa Monteiro
Cárlisson Galdino
Cezar Taurion
Clayton Lobato
Danilo Rodrigues César
Fernando Leme
Filipe Saraiva
Gleibson Rodrigo Silva de Oliveira
Hailton David Lemos
Ivanildo José de Melo Filho
João Marcello Pereira
Jomar Silva
Jon "maddog" Hall
José James F. Teixeira
Luiz Eduardo Borges
Mônica Paz
Otávio Gonçalves de Santana
Pamella Castanheira
Paulo de Souza Lima
Roberto Salomon
Rodrigo Carvalho
Rosângela S. Carvalho
Sinara Duarte
Stefanie Silveira
Tatiana Al-Chueyr
Wagner Emmanoel
Wallisson Narciso
Wanny Figueiredo
Wesley Samp
Yuri Almeida
Contato
revista@espiritolivre.org
O conteúdo assinado e as imagens que o
integram, são de inteira responsabilidade
de seus respectivos autores, não
representando necessariamente a
opinião da Revista Espírito Livre e de
seus responsáveis. Todos os direitos
sobre as imagens são reservados a seus
respectivos proprietários.
EDIÇÃO 008
CAPA
Colaboração no mundo dos
negócios
Veja como isto é possível
27
COLUNAS
A Distopia do Remoto
Controle
Eu vejo tudo enquadrado...
11
Warning Zone
Episódio 2 - Reset
15
Open Source e Serviços
O Open Source já deixou de ser notícia...
18
SUMÁRIO
93 AGENDA 06 NOTÍCIAS
Difundindo ideias em busca
de uma sociedade livre
Ideias em movimento...
30
Entrevista com
Danilo Rodrigues,
do projeto
Robótica Livre
PÁG. 59
Entrevista com
Jon "maddog"
Hall
PÁG. 22
Participação e Comunidade
Vivemos em comunidade...
20
Das armadilhas do mercado
Tome cuidado...
33
Um site de rede social para a
comunidade de software
livre do Brasil
Socializando...
35
Colaborativos... Até que
ponto?!
Perguntinha difícil esta
38
O que faz uma comunidade
forte
Anota a receita!
41
Ubuntu-BR
Comunidade do Ubuntu no Brasil
43
TECNOLOGIA
Qual é a importância dos
padrões abertos para o
software livre?
Pensando na coletividade
55
08 LEITOR
ENTREVISTA
Entrevista com Danilo
Rodrigues César
Projeto Robótica Livre
59
QUADRINHOS
Os Levados da Breca
Nanquim2 - Helpdesk
Agenda Lotada
10 PROMOÇÕES
EVENTOS
8ª Oficina para Inclusão
Digital - Belo Horizonte/MG
Release sobre o evento
84
FORUM
Ética em informática
Você tem?
45
REVIEW
Novidades do Ubuntu 9.10
Lá vai o Karmic Koala...
65
SOFTWAREPÚBLICO
Amadeus
Interação para educação a distância
73
Ekaaty na Feira dos
Formandos 2009 -
Salvador/BA
Relato do evento
86
Eventos sobre Software
Público - Brasília/DF
Relato do evento
88
91
O Desenvolvimento da
Computação e das Redes -
Parte 3
Uma nova forma de distribuição cultural
48
EMDEBATE
Paciente informado e web 2.0
Vai um remedinho aí?
62
Por que o cidadão
consciente deveria optar
pelo software livre - Parte 1
Introdução e uma pitada de história e
filosofia
51
COTIDIANO
Cuidado com o "teco" em
informática
Te pega daqui, te pega de lá...
70
EDUCAÇÃO
Software Livre e Ciências
A química perfeita!
79
Go: a linguagem de programação do Google
O Google apresentou recen-
temente seu mais novo proje-
to: a nova linguagem de
programação Go. Buscando
resolver alguns problemas
encontrados em outras lin-
guagens já existentes, o Goo-
gle anuncia que GO é:
simples, rápida, tem compila-
ções e builds em frações de segundo (com códi-
go compilado executado a velocidades
semelhantes às do C/C++), segura (quanto os ti-
pos de dados e no acesso à memória), concor-
rente (preparada para a execução de milhares
de rotinas sem problemas de stack overflows), di-
vertida (une as vantagens de uma linguagem de
programação dinâmica à velocidade e seguran-
ça de uma linguagem estática e é claro... open
source. Existe um vídeo bastante rico em infor-
mações no site oficial, bem como tutoriais.
Firefox completa 5 anos
Há 5 anos atrás, a versão
1.0 do browser Firefox era
disponibilizada para downlo-
ad pela Mozilla Organizati-
on. Um browser open
source que, além de ser rá-
pido e prático, permitia ao
usuário alterá-lo conforme
suas necessidades. O resultado é que ao fim de
5 anos, já na sua terceira versão, o Firefox con-
ta com 24% da quota de mercado mundial, ten-
do já superado o número de usuários do
Internet Explorer 6.
Startup Litl lança "webbook" baseado em
Linux
A startup Litl, funda-
da uns dois anos
atrás, lançou enfim
seu primeiro produ-
to: um “webbook”,
ou seja, um notebo-
ok voltado para o
uso da web. Seguin-
do a filosofia de que
“menos é mais”, o sistema operacional e o
hardware foram simplificados para não ficar en-
tre o usuário e a internet. Uma das característi-
cas mais interessantes do webbook é a
possibilidade de dobrar o teclado para trás da te-
la, de forma que a ser possível apoiar o notebo-
ok “em pé” sobre armários em qualquer lugar da
casa. Mais informações no site oficial
http://www.litl.com.
Fundador do KDE recebe condecoração na
Alemanha
O fundador do KDE, Matthi-
as Ettrich, foi condecorado
na Alemanha com a Cruz
Federal de Mérito, por sua
contribuição ao Software Li-
vre. A Cruz Federal de Méri-
to é a mais prestigiosa,
assim como a única decoração geral entregue
pela República Federal da Alemanha. É outorga-
da pelo presidente para as destacadas realiza-
ções nas diferentes esferas política, econômica,
cultural e outros. Ettrich começou no projeto
KDE a 13 anos. Mais informações em:
http://dot.kde.org.
NOTÍCIAS
NOTÍCIAS
Por João Fernando Costa Júnior
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |06
NOTÍCIAS
|07
Lançado Mandriva 2010
Foi lançado o Mandriva
2010, que traz programas re-
centes e algumas outras novi-
dades. Existem melhorias
no que diz respeito ao tem-
po necessário para o boot,
que ficou um pouco mais rápi-
do. A versão ainda conta
com os ambientes KDE e Gnome disponíveis
nas versões 4.3.2 e 2.28.1, respectivamente. Es-
ta versão ainda conta com o LXDE, um ambien-
te mais leve, destinado a PCs mais antigos ou
lentos. Mais informações em http://wiki.mandri-
va.com/en/2010.0_Tour.
Curso online gratuito de Metasploit
Excelente curso online gratui-
to sobre como utilizar a fra-
mework Metasploit. A
Metasploit Framework (MSF)
é considerada como uma das
melhores ferramentas de audi-
toria livres que existem para os profissionais de
segurança atualmente. Para saber mais visite:
http://www.offensive-security.com/metasploit-un-
leashed/.
Skype open source para Linux
Os desenvolvedores do Sky-
pe anunciaram que preten-
dem lançar o cliente Skype
para Linux como open sour-
ce. O anúncio não deixa claro
se o que será aberto será ape-
nas a interface, a biblioteca que faz a comunica-
ção ou se o conjunto todo será aberto. O
anúncio pode ser conferido aqui: http://sha-
re.skype.com/sites/linux/2009/11/skype_open_-
source.html.
Lançado OpenSUSE 11.2
Acaba de ser lançada a
versão 11.2 do OpenSU-
SE, a distribuição Linux
patrocinada pela Novell,
que conta com kernel
2.6.31, KDE 4.3, sistema
de arquivos ext4 como
default, GNOME 2.28, entre outras novidades.
Screenshots e detalhes podem ser vistos em:
http://pt.opensuse.org/OpenSUSE_11.2.
Yahoo! doa seu Traffic Server à Fundação
Apache
O Yahoo! decidiu publicar o
código do Traffic Server,
uma plataforma que eles
mesmos desenvolveram
para gerenciar o tráfego de
seu webmail e outros serviços web. Entre outras
coisas, a plataforma se encarrega do caching,
processamento e balanceamento de carga no
Yahoo!, além disso é utilizado para gerenciar o
tráfego nos serviços de virtualização de
armazenamento interno do Yahoo!
Quer contribuir?
Então participe entrando em contato através do email
revista@espiritolivre.org
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
Ainda não teve seu comentário publicado por
aqui? Então o que está esperando?! Envie sua
mensagem e ajude a revista a ficar ainda me-
lhor! Contribua, enviando suas sugestões e críti-
cas. Abaixo listamos alguns comentários que
recebemos neste mês:
É uma revista muito interessante, onde tratam
de assuntos relacionados a tecnologia (software
livre) e cultura de uma forma muito dinâmica.
Gosto muito.
Geysa Galvão - Jaboatão dos Guararapes/PE
A melhor revista sobre Software Livre da Améri-
ca Latina.
Diemesleno Carvalho - Campo Grande/MS
Revista show de bola... Oferece conteúdo de
qualidade e mantém o espírito livre até na forma
de distribuição do material.
Filipe Seiti Nakamura - São Paulo/SP
Eu adoro ler a Revista Espírito Livre, assim, pos-
so me manter informada do que ocorre no mun-
do da informática de uma forma muito fácil e
agradável.
Fátima Aparecida Tagliaferro - Mogi Mirim/SP
Uma ótima fonte de informação, de um mundo
que precisa muito que as pessoas tenham co-
nhecimento.
Janayna Alves Rocha - Palmas/TO
Gostei muito da revista, bem ilustrada, abrange
assuntos bem diversificados. Gostei muito das
matérias voltadas para educação. Parabéns pe-
lo trabalho...
Kilson Araujo Lima Junior - Fortaleza/CE
Eu acredito que ela é a representação da liber-
dade e da solidariedade que que habita em ca-
da ser que usa o software livre.
Carlos Alberto Lages - Santarém/PA
Acho a revista otima, com otimos topicos e as-
suntos sempre interessantes, espero algum dia
poder participar e ajudar presentemente com a
revista.
Wagner Gonçalves - Rio de Janeiro/RJ
Atualmente, a revista tem conquistado seu espa-
ço na comunidade de software livre. Particular-
mente, despertei interesse na revista assim que
acessei o site pela primeira vez e a cada lança-
mento é grande a expectativa para ler as matéri-
as. Parabéns!
Josué José Júnior - Lauro de Freitas/BA
A melhor iniciativa que conheço, acompanho
desde a primeira edição, e assim que tiver expe-
riência para falar ou ensinar alguma coisa pode-
rão contar com a minha contribuição. Sou
usuário linux a 4 anos e não troco nem se me
pagarem! Faço propaganda de todas as edi-
ções da revista na faculdade e levo a "boa no-
va" do software livre aonde posso, profetizando
uma era em que seremos todos livres e não fica-
remos mais acorrentados as "janelas".
Luiz F. Silva - São Bernardo do Campo/SP
COLUNA DO LEITOR
EMAILS,
SUGESTÕES E
COMENTÁRIOS
|08
Ayhan YILDIZ - sxc.hu
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
Acho a revista espirito livre uma revista muito
boa para minha área e tambem para a profissão
pois com ela consegui tirar algumas dúvidas de-
cisivas.
Alessandro Marchi Panccione - Caçador/SC
Revista de conteúdo técnico de alta qualidade.
Indo ao encontro dos profissionais de TI; princi-
palmente aqueles adeptos do software livre.
Sérgio Adão da Silva - São José/SC
Acho deveras interessante a Revista Espírito Li-
vre. Ela de fato me orienta nos diversos estudos
que tenho feito a respeito de softwares. Todos
que estão ligados ao processo de produção da
mesma estão de parabéns!
Janine Louise Brioude - Belo Horizonte/MG
Tem pouco tempo que leio a revista. Recebi a in-
dicação de uma amiga, pois precisava pesqui-
sar sobre Wikis. A revista é muito bacana e
trata de forma clara assuntos que antes conside-
rava de 'setes cabeças'. Parabéns a toda equi-
pe.
Anderson B. dos Santos - Belo Horizonte/MG
Conheci a revista há pouco tempo, desde então
tenho utilizado bastante seu conteúdo e tam-
bém divulgado para outros educadores. Ela opor-
tuniza uma atualização constante sobre
software livre, o que eu acredito ser muito impor-
tante.
Ana Paula Leme Baptistella - São Paulo/SP
A Revista Espírito Livre é a publicação que falta-
va no mercado brasileiro. Agora que o modelo
de produção open-source começa a ser percebi-
do como um campo com vasto potencial, sendo
até mesmo "transportado" para outras áreas do
conhecimento, carecia uma revista que trouxes-
se, como faz a Espírito Livre, com competência
e ludicidade, material de leitura e atualização pa-
ra os entusiastas (profissionais ou amadores)
do software livre. A diagramação é muito bonita,
moderna e prática, o conteúdo sempre muito in-
teressante e de excelente qualidade é bastante
diversificado, atendendo a diversos nichos. A in-
teração com leitores -- como não poderia deixar
de ser nessa seara! -- é valorizada, agregando
uma qualidade essencial para uma revista de
software livre. Toda a equipe editorial está de
parabéns!
Fábio Malagoli Panico - Ribeirão Preto/SP
A Espírito Livre, ajuda não só a mim, mas tam-
bém todos os meus amigos alguns até que não
são da área de informática. Ajudo divulgando a
revista na minha rede de contatos para que os
mesmos possam ter um conhecimento com fon-
tes confiavéis e de boa base.
Diogo Alvez P. da Silva - Belo Horizonte/MG
A revista pode ser resumida em uma palavra:
F@NTÁSTIC@!!
Alexandro Sousa dos Santos - Araguaína/TO
A revista espírito livre é um excelente canal de
informação para a disseminação da cultura e co-
nhecimento da comunidade de software livre
brasileira.
Odair Rubleski - Nova Trento/SC
Acompanho a revista, desde sua 2ª edição. Re-
comendo ela a todos meus amigos que gostam
de Software Livre. A última edição estava ótima,
como tem sido desde a sua 1ª edição, aprecio
muito o trabalho. Quando me perguntam o que
é a Revista Espírito Livre, respondo: Uma Revis-
ta de qualidade, que ajuda a divulgar o Software
Livre, e que está no mesmo nível de outras
grandes revistas de informática e tecnologia do
Brasil, com a grande vantagem de ser gratuita.
Thiago Lima de Sousa - Florianópolis/SC
Revista dinâmica que prende o leitor do início
ao fim, mas mantendo-o livre nas páginas do co-
nhecimento.
Adriano euclides m Gomes - Maceió/AL
Uma ótima revista pois é feita de/para pessoas
que apóiam e utilizam software livre.
Nathan Scapini - Erechim - RS
COLUNA DO LEITOR
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |09
PROMOÇÕES · RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES
PROMOÇÕES
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |10
Ganhadores da Promoção VirtualLink:
1. Robson Ferreira Vilela - Prata/MG
2. Daniel Gianni - Ribeirão Preto/SP
3. Marco Aurélio Capela - Ananindeua/PA
4. Alexandre da Costa Leite e Silva - São Gonçalo/RJ
5. Tomas Waldow - Guaíra/PR
Ganhadores da promoção Clube do Hacker:
1. Ricardo Esteves Pontes - Campinas/SP
2. Jardel Segalla Flores - São Leopoldo/RS
3. Allan Denis Muniz Alves - Atalaia/AL
Na edição #007 da Revista Espírito Livre tivemos diversas promoções bem como promoções através
de nosso site e canais de relacionamento com os leitores, como o Twitter e o Identi.ca, onde
sorteamos diversos brindes, entre eles associações, kits, cds, inscrições a eventos e camisetas.
Abaixo, segue a lista de ganhadores de cada uma das promoções. Fique ligado!
A promoção continua! A VirtualLink em parceria
com a Revista Espírito Livre estará sorteando kits
de cds e dvds entre os leitores. Basta se inscrever
neste link e começar a torcer!
Não ganhou? Você ainda tem chance! O
Clube do Hacker em parceria com a Revista
Espírito Livre sorteará associações para o
clube. Inscreva-se no link e cruze os dedos!
Ganhadores da promoção SOLISC 2009:
1. Kaléu Puskas Caminha - Florianópolis/SC
2. Carlos A. de Freitas - São José dos Campos/SP
3. Yuri dos Santos Radziwill - Blumenau/SC
4. Rodigo Carvalho Silva - Rio de Janeiro/RJ
5. Rafael Schmidt Sampaio - Florianópolis/SC
6. Luiz Alberto Avelino Filho - Uberlândia/MG
7. Kelvin Pinho da Silva - Rio Branco/AC
8. Daniela Barbosa de Oliveira - Cuiaba/MT
9. Nathan Scapini - Erechim/RS
10. Thiago Corbari Feldhaus - Caçador/SC
11. Marcoantonio Gemelli - Lages/SC
12. Leandro Amaral - Biguaçu/SC
13. Thiago Lima de Sousa - Florianópolis/SC
14. Odair Rubleski - Nova Trento/SC
15. Jurandir R. da Silva - Francisco Morato/SP
Ganhadores da promoção PHP Conf:
1. Diogo Freitas - São Paulo/SP
2. Gabriel da Silveira Costa - Carapicuiba/SP
3. Alberto Barbi Brescia - Belo Horizonte/MG
4. Marcos P. Gonçalves de Moura - Guaratinguetá/SP
5. Kaio Rocha Ribeiro - Goiânia/GO
A organização do GOPHP e a Revista Espírito Livre estarão sorteando 3
inscrições entre os leitores. Basta se inscrever neste link e começar a torcer!
Muito já se falou e escreveu sobre o risco
de ceder controle sobre seu computador a al-
guém potencialmente mal intencionado. A confi-
ança cega que alguns depositam em
fornecedores de software privativo dificulta a
aceitação da plausibilidade do risco, mas fatos
recentes corroboram o perigo, mostrando que
nem só de más intenções se o constrói.
Veja o caso da Amazon.com. Vendeu mi-
lhares de cópias da distopia orwelliana 1984,
restritas ao seu leitor portátil de livros eletrôni-
cos, antes de descobrir que tal distribuição não
fora autorizada. Presumivelmente por receio das
perdas que sofreria numa disputa e provável der-
rota judicial, achou por bem interromper as ven-
das da obra e cancelar as vendas já concluídas:
comandou os equipamentos que carregavam có-
pias da obra a que as removessem imediata-
mente. Para usar o termo escolhido pelo próprio
fabricante para batizar o produto, ateou fogo nos
livros. É capaz disso porque mantém controle re-
COLUNA · ALEXANDRE OLIVA
A Distopia do
Remoto Controle
Por Alexandre Oliva
|11
Bartek Ambrozik - sxc.hu
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...
-- Adriana Calcanhotto, em Esquadros
COLUNA · ALEXANDRE OLIVA
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |12
moto sobre esses equipamentos que suposta-
mente já não mais lhes pertencem. Curioso é
que, etimologicamente, a palavra “remòto” pro-
vém justamente do particípio passado do verbo
“removère”, remover. A obra foi “remòta” remota-
mente, clientes reclamaram, Amazon.com
prometeu não fazer mais, mas o prospecto de
que fatos semelhantes se repitam é cada vez me-
nos, digamos, remoto.
Há semelhanças com o caso da nVidia, le-
vada ao tribunal e condenada pela implementa-
ção de uma otimização nos chipsets que
desenvolveu para diversas placas mãe. Não con-
seguiu obter permissão para uso da tecnologia,
então acabou tendo de fazer todo o possível pa-
ra desabilitar a otimização, até nas placas que
já estavam nas mãos de clientes. Precisou con-
vencer todos os fabricantes de placas mãe com
os chipsets otimizados a preparar e publicar “atu-
alizações” da BIOS que impediriam o uso da oti-
mização. Ante o risco jurídico, foi fácil
convencê-los a também remover as versões anti-
gas que o permitiriam. Diversos usuários manti-
veram o bom desempenho de seus
equipamentos evitando a atualização. Felizmen-
te para eles, a nVidia não tinha mecanismos à
sua disposição para providenciar a remoção re-
mota da funcionalidade. Mas há quem tenha...
Fornecedores de progra-
mas que funcionam através da In-
ternet, por exemplo, podem
determinar, a cada acesso ao
serviço, qual versão do progra-
ma executar ou oferecer ou não
para o usuário. Computadores
possuídos pelo Microsoft Win-
dows também consultam seu
mestre todos os dias, e podem
ser comandados a instalar atuali-
zações sem sequer avisar ao
usuário. O mesmo pode aconte-
cer com computadores possuí-
dos por qualquer outro software
privativo, seja sistema operacio-
nal, seja aplicativo. Não podendo
estudar o código fonte, adaptá-lo às próprias ne-
cessidades e preferências ou contar com a aju-
da de terceiros à sua escolha para fazê-lo,
usuários podem classificar software privativo em
dois grupos: os que sabidamente estão sob con-
trole remoto de seus mestres e os que talvez es-
tejam. Todo software privativo carrega o risco
de que o fornecedor decida ou seja obrigado a
dar uma, digamos, amazoneada orwelliana no
programa. O usuário acorda no outro dia e des-
cobre que sua amada funcionalidade não está
mais ao seu lado.
Pode ocorrer de o usuário se ver impedido
de acessar seus próprios dados, sem aviso pré-
vio. A empresa canadense i4i, por exemplo, pro-
cessou a Microsoft por uso de algumas técnicas
de representação de dados em formato XML, en-
tendendo que o Microsoft Word praticava essas
técnicas. Microsoft foi multada e proibida de co-
mercializar o Word nos EUA. Cabe recurso, mas
o juiz até que foi complacente. Poderia ordenar
que a Microsoft fizesse tudo que estivesse ao
seu alcance para que usuários em qualquer lu-
gar do mundo não mais pudessem se valer des-
sas técnicas desenvolvidas e distribuídas a
partir dos EUA pela Microsoft. Ela teria de utili-
zar sua porta dos fundos em cada computador
possuído pelo Windows para forçar a atualiza-
Fornecedores de
programas que funcionam
através da Internet, por exemplo,
podem determinar, a cada acesso
ao serviço, qual versão do
programa executar ou oferecer ou
não para o usuário...
Alexandre Oliva
COLUNA · ALEXANDRE OLIVA
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |13
ção do Word para uma versão sem essas funcio-
nalidades. Verdade seja dita, não seria um gran-
de desastre: com algum esforço da Microsoft,
continuaria possível abrir arquivos OpenXML, ain-
da que com alguma perda. Mas outras patentes
poderiam ser tão amplas a ponto de exigir a re-
moção de todo o suporte a um determinado for-
mato de arquivos, deixando usuários cujos
computadores são controlados remotamente ime-
diatamente incapazes de acessar os dados que
assim armazenaram. O pior é que não parece
que juízes ou titulares de patentes estejam incli-
nados a se preocupar com os usuários e, dados
os termos típicos de licenciamento de software
privativo, haveria pouquíssimas possibilidades
para demandar do fornecedor sequer reparação
pela perda de funcionalidade.
Há outro caso aterrorizante, que materiali-
za os piores pesadelos de Tim Berners-Lee. A
empresa americana Eolas obteve patente sobre
plugins para navegadores, processou a Micro-
soft em 1999, teve a patente anulada em 2004,
reverteu a anulação em 2005 e acabaram che-
gando a um acordo judicial em 2007, permitindo
à Microsoft reativar facilidades que desativara pa-
ra contornar a patente. Eolas teve recentemente
outra patente concedida nos EUA, agora sobre
tecnologias AJAX, aquelas que tornam páginas
web interativas sem precisar de
plugins. Armada dessas paten-
tes, processou Google, Yahoo,
Apple, Sun, Amazon.com, Citi-
group, JPMorgan, eBay, Go
Daddy, Playboy, YouTube e ou-
tras 14 empresas. Quantas delas
cederão às ameaças e pagarão
pela proteção para usar essas
tecnologias para servir seus cli-
entes? Quantas resistirão, tentan-
do invalidar ou contornar as
patentes, correndo o risco de se-
rem obrigadas, por ordem judici-
al, a puxar o tapete dos clientes?
Quantos clientes desprevenidos
cairão? Quantos receberão co-
mo última atualização silenciosa a remoção da
funcionalidade, baseada em plugins do navega-
dor, que permitiria receber outras atualizações?
Quantos conseguirão ler na Internet as notícias
a respeito, antes de terem os navegadores infra-
tores silenciosamente “remòtos” de seus compu-
tadores?
Patentes de software são uma péssima
ideia, como já previa o visionário Bill Gates em
1991. Enquanto a Corte Suprema dos EUA ten-
ta por um fim à distorção de decisões anteriores
que deu margem a essa aberração, o órgão res-
ponsável por receber pedidos de patentes no
Brasil se empenha em desprezar nossa lei e im-
portar a interpretação distorcida, impondo um
enorme risco desnecessário e daninho a todos
os desenvolvedores, distribuidores e usuários
de software do país.
Mesmo revertidos esses desmandos, o ris-
co aqui exposto permaneceria enquanto fornece-
dores mantiverem o poder de controlar
remotamente os computadores de seus usuári-
os. Mesmo sendo bem intencionados, havendo
qualquer munição jurídica capaz de levar um
juiz a ordenar que façam tudo que estiver ao
seu alcance para evitar que usuários se valham
de certas funcionalidades de programas que de-
Quantos
conseguirão ler na Internet as
notícias a respeito, antes de terem
os navegadores infratores
silenciosamente “remòtos” de
seus computadores?
Alexandre Oliva
les receberam, podem ser obrigados a usar o
controle remoto de maneira daninha aos usuári-
os e a si mesmos. Ainda que não reconheça-
mos patentes de software ou outros poderes de
exclusão injustos, um juiz remoto pode dar a or-
dem na origem do software e afetar usuários no
mundo inteiro.
Fornecedores de software e hardware, pe-
lo seu próprio bem, deveriam deixar de manter
controle remoto sobre os computadores de seus
clientes. Nós, usuários, não deveríamos jamais
ceder o controle sobre nossos computadores e
dados, exorcizando o software privativo que os
possui: utilizando somente Software Livre, do
qual nosso controle não é “remòto”, escapamos
do enquadramento. “Quem é ela? Quem é
ela?”, que vislumbramos cortada e destroçada
nas telas e janelas de quartos e carros do e-mun-
do distópico do remoto controle? Seu nome é Li-
berdade! Ame-a e cuide para não acordar um
dia e descobrir que ela foi, tipo assim, “remòta”!
* http://homembit.com/2009/10/openxml-who-fooled-
who.html
* http://arstechnica.com/tech-policy/news/2009/10/compa
ny-that-won-585m-from-microsoft-sues-apple-google.ars
* http://en.wikipedia.org/wiki/Eolas
* http://www.groklaw.net/article.php?story=20091002212
330353
* http://www.groklaw.net/staticpages/index.php?page=
2009022607324398
Copyright 2009 Alexandre Oliva
Cópia literal, distribuição e publicação da íntegra deste
artigo são permitidas em qualquer meio, em todo o
mundo, desde que sejam preservadas a nota de
copyright, a URL oficial do documento e esta nota de
permissão.
http://www.fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/pub/distopia-do-
remoto-controle
COLUNA · ALEXANDRE OLIVA
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |14
ALEXANDRE OLIVA é conselheiro da
Fundação Software Livre América Latina,
mantenedor do Linux-libre, evangelizador
do Movimento Software Livre e engenheiro
de compiladores na Red Hat Brasil.
Graduado na Unicamp em Engenharia de
Computação e Mestrado em Ciências da
Computação.
* http://letras.mus.br/adriana-calcanhotto/43856/
* http://www.theregister.co.uk/2009/07/18/amazon_
removes_1984_from_kindle/
* http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=
106989048
* http://www.defectivebydesign.org/blog/1248
* http://www.fsf.org/news/amazon-apologizes
* http://www.etimo.it/?term=remoto
* http://www.nforcershq.com/forum/bios-update-warning-
t72851.html
* http://www.dvhardware.net/article30967.html
* http://www.ngohq.com/news/14892-nvidia-forced-to-
disable-chipset-pci-prefetch.html
* http://fsfla.org/blogs/lxo/pub/isca-anzol-rede
* http://www.findmysoft.com/news/Microsoft-Pushes-
Windows-Updates-without-User-Permission/
* http://www.fsf.org/blogs/rms/mac-osx-mistakes-and-
malfeatures
* http://news.bbc.co.uk/2/hi/8197990.stm
* http://www.groklaw.net/article.php?story=20090817235
436439
Para mais informações:
No episódio anterior, um acidente na
instalação da SysAtom Technology termina
fazendo com que o vírus ationvir, que vinha
sendo desenvolvido na empresa, infecte a
equipe de trabalho. Darrell e Pandora fogem,
enquanto os outros se reúnem com Oliver para
ouvir seu plano de dominação global.
Tungstênio: Agora vocês vão ouvir o meu
plano de dominação global! Bwahahahaha!
Seamonkey: ?
Minotaur: Tá, chefe. Mas o que é que é pra
fazer com o refém? Eu trouxe esse sujeito aqui.
COLUNA · CÁRLISSON GALDINO
Por Carlisson Galdino
|15Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
Episódio 02 -
Reset
COLUNA · CÁRLISSON GALDINO
|16
Ele diz que se chama Nazareno.
Tungstênio: Não importa o nome dele. Ele foi
trazido pra cá pra fazermos testes sobre
infecção do ationvir em novos contágios, não
lembra? Isso ficou bem claro no capítulo
anterior, droga! Arsen! Ou melhor, Montanha!
Cuide disso pra mim, tá?
Montanha: Pois não chefe. Louise, me ajuda?
Tungstênio: Que Louise?! Ela escolheu o nome
dela! É Seamonkey! Chame ela de Seamonkey
então, ué! Será que nem vocês leram o primeiro
episódio desta história!?
Seamonkey: Tá, muito bonito tudo isso, mas
tem um problema.
Tungstênio: E o que foi agora?
Seamonkey: Vamos fazer testes como!? Já viu
onde a gente tá?
Só então Oliver se dá conta de que o prédio da
Sysatom não existe mais. Está tudo em ruínas.
Minotaur: Ainda tem o projeto da casa pra
gente recompilar? Kkkkkk!
Tungstênio: Vamos pensar em alguma coisa
nós três. Seamonkey, vá vendo o que pode
fazer com esse sujeito aí.
Pandora: Ó, a gente devia ir ver o que está
acontecendo com eles, Bem! Que será que está
havendo lá?
Darrell: Não faço idéia. E temos que entender
também o que está havendo conosco.
Pandora: É mesmo, né? E minha voz desse
jeito... Vou chorar!
Darrell: Calma, Pandora. Temos que entender
porque sua voz está assim. Parece até que
engoliu um plugin do XMMS.
Pandora: Muito engraçado você. Fica assim
porque não aconteceu nada com você. Eu vi lá:
nossos colegas viraram monstros! Você não viu?
Darrell: O que quer que tenha acontecido nos
transformou. Eu tenho algumas habilidades
especiais agora.
Pandora: Ah, é? Como é que você sabe? Tava
no changelog do Darrell 2.0? O da Pandora 2.0
estava vazio! Quem me programou é muito
preguiçoso ou eu não tenho importância
mesmo...
Darrell: Você sabe que você é importante, né
Pandora? É importante pra mim.
Vamos deixar os dois pombinhos se acertando
e voltar nossa atenção para a sede da SysAtom
Technology. Antigamente, uma das grandes
empresas de tecnologia do Brasil. Hoje, só...
Bem... Hoje...
Tungstênio: Acho que ficou bom!
Seamonkey: Ficou uma merda!
Montanha: E o que você queria? Quem não
ajudou não tem direito de reclamar não. Fique
calada que calada ainda tá errada.
Minotaur: Pô, eu achei massa!
Seamonkey: Tá parecendo... Uma cabana de
índio, só que feita de ferro!
Minotaur: Ué, por isso que ficou legal!
Seamonkey: Espero que a Pandora não veja
isso...
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
COLUNA · CÁRLISSON GALDINO
Minotaur: Designers... Tudo um bando de
fresco, isso sim!
Tungstênio: Que Pandora? Chamem pelo
codinome!
Seamonkey olha pra Tungstênio com cara de
raiva, com o canto dos olhos.
Seamonkey: E qual é?
Tungstênio: É mesmo. Não sabemos. Onde ela
está? E o Darrell? Precisamos deles agora!
Temos que saber como vamos chamá-los!
Os fortes raios do Sol bahiano já se
enfraquecem na segunda metade da tarde
quando Darrell e Pandora se aproximam da
sede. E o que eles encontram é... Bem...
Darrell: PQP! Como diria Valdid: que peste é
isso?
Pandora observa espantada a estranha
construção
Darrell: Vamos?
Pandora permanece em estado de choque.
Darrell: Ei!!! Minha flor, vamos indo?
Pandora: Eles... Eles...
Darrell: É, eles fizeram uma casa nova usando
chapas de ferro e cabos de aço.
Pandora: Eles...
Darrell: Vamos, não podemos ser vistos.
Temos que encontrar uma janela.
Darrell para por uns instantes.
Darrell: ...ou qualquer coisa parecida com isso.
Minotaur: Ei, Louise!
Seamonkey: Se o Oliver vir você me chamando
pelo nome vai ficar doido contigo.
Minotaur: Pior é você chamar o nome dele. Ei,
Seamonkey não é um nome do Mozilla?
Seamonkey: É. É como ficou conhecida a suíte
de navegação que antes se chamava Mozilla
Suite.
Minotaur: Ah... E não dá problema?
Seamonkey: O quê?
Minotaur: Sei lá, usar o nome deles!
Seamonkey: Se der, pior é seu caso.
Minotaur: Como assim?
Seamonkey: Minotaur é como o Thunderbird
era conhecido antes.
Minotaur: Era? Mas não são mais, então tá
liberado pra eu usar!
Seamonkey: Não. Eles mudaram de nome
porque foram processados.
Minotaur: Que merda! Preciso mudar de nome
antes que seja tarde demais!
|17
CARLISSON GALDINO é Bacharel em
Ciência da Computação e pós-graduado
em Produção de Software com Ênfase
em Software Livre. Já manteve projetos
como IaraJS, Enciclopédia Omega e
Losango. Hoje mantém pequenos
projetos em seu blog Cyaneus. Membro
da Academia Arapiraquense de Letras e
Artes, é autor do Cordel do Software
Livre e do Cordel do BrOffice.
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
Open Source já está dei-
xando de ser notícia de mídia.
Não que o assunto tenha se es-
gotado, mas é que não é mais
novidade. Open Source já está
no dia a dia das empresas. E
um dos negócios em torno do
Open Source que está crescen-
do bastante são exatamente
os serviços. Neste modelo,
não se ganha dinheiro direta-
mente com venda de licenças,
mas principalmente com servi-
ços. Segundo o IDC, neste
ano de 2009 o mercado mundi-
al de serviços em torno do
Open Source deverá atingir a
casa dos sete bilhões de dóla-
res, um crescimento de 25%
sobre o ano anterior. Em 2013,
as previsões são que alcan-
cem 12,7 bilhões de dólares! A
receita de serviços acumulada
entre 2008 e 2013 será de
mais de 54 bilhões de dólares.
Realmente, estamos falando
de muito dinheiro.
O que estes números re-
presentam? Indiscutivelmente
que Open Source já criou um
ecossistema forte e saudável e
que não tem como ser ignora-
do.
Open Source já está atin-
gindo a maturidade e as dis-
COLUNA · CEZAR TAURION
Open Source e Serviços
Por Cezar Taurion
|18
Wagner Magni - sxc.hu
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
COLUNA · CEZAR TAURION
|19
cussões ideológicas estão sen-
do deixadas de lado. Lembro
que em 2004 e 2005 as discus-
sões se centravam na luta en-
tre o bem e o mal, com o mal
simbolizado pelo software pro-
prietário. Pouquíssimas discus-
sões eram pragmáticas...Não
se falava em mercado, das difi-
culdades das empresas em
adotar Open Source. Muitas ini-
ciativas eram, no âmbito gover-
namental, definidas por
decreto, sem uma visão clara e
consistente dos desafios a se-
rem enfrentados. Na época, a
IBM era a única das grandes
empresas de software a acredi-
tar e investir em Open Source.
Já em 2001, a IBM anunciava
investimentos de um bilhão de
dólares em iniciativas ligadas
ao Linux. Foi um marco para a
indústria de software, sinalizan-
do que Open Source era coisa
séria.
Hoje o contexto é diferen-
te. Muitos projetos de software
Open Source já estão amadure-
cidos. O Linux já tem 18 anos,
o MySQL 14 anos, o Post-
greSQL é de 1996, o Apache
surgiu em 1995, o Eclipse em
2001, Mozilla em 1998 e o
OpenOffice.org em 2000.
A industria de software,
salvo ainda raras exceções já
entendeu que Open Source é ir-
reversível. E muitas empresas
de software misturam código
Open Source com seu código
proprietário, criando soluções
híbridas. Estas alternativas
abrem espaço para produtos
inovadores como os ofertados
pela Black Duck Software
(http://www.blackducksoftware.
com/) e OpenLogic
(http://www.openlogic.com/)
que vasculham código e vali-
dam se existe alguma violação
de patentes.
Também já vemos Open
Source entrando em outros se-
tores de software, como um sis-
tema de sistema de trouble
ticket, o OTRS
(http://www.otrs.org/), e siste-
mas de shopping cart para co-
mércio eletrônico como o
osCommerce (http://www.os-
commerce.com/) ou o Zen Cart
(http://www.zen-cart.com/).Exis-
tem soluções para integração
de dados e ETL, como o Ta-
lend (http://www.talend.com/) e
diversos outros softwares.
Mas, voltando aos servi-
ços, o segmento de maior cres-
cimento é exatamente o de
integração. Curiosamente, os
de menor oportunidade de ne-
gócios são as atividades de
educação e treinamento. Por
outro lado, os treinamentos
abrem portas para os serviços
de maior valor agregado como
consultoria e integração.
OK, e que sugestões po-
demos fazer para empreende-
dores que queiram entrar
neste setor? Apenas duas: Ge-
rar dinheiro com software
Open Source é diferente do mo-
delo proprietário. Não existem li-
cenças e portanto devem
buscar receita em serviços ou
obter ganhos indiretos. E não
esquecer que integração entre
sistemas proprietários e Open
Source é a demanda de maior
oportunidade. Assim, não tem
sentido uma empresa ser espe-
cializada 100% em Open Sour-
ce.
Adicionalmente sugiro
prestar atenção à rápida disse-
minação da chamada Internet
das coisas, onde sensores e
outros dispositivos estarão atu-
ando em tempo real, integra-
dos à infraestrutura física do
planeta. As oportunidades de
novos negócios usando tecno-
logias Open Source serão ab-
solutamente imensas.
Para mais informações:
Site Black Duck Software
http://www.blackducksoftware.com/
Site OpenLogic
http://www.openlogic.com/
Site OTRS
http://www.otrs.org/
Site osCommerce
http://www.oscommerce.com/
Site Zen Cart
http://www.zen-cart.com/
Site Talend
http://www.talend.com
CEZAR TAURION é
Gerente de Novas
Tecnologias da IBM
Brasil.
Seu blog está
disponível em
www.ibm.com/develo
perworks/blogs/page/
ctaurion
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
Cada um de nós tem um
motivo para participar de uma
comunidade. Na maioria das ve-
zes, somos membros a comuni-
dade onde vivemos, da
comunidade onde trabalhamos
e outras comunidades físicas.
Estas participações acabam se
dando mais pela proximidade fí-
sica da comunidade que neces-
sariamente por afinidades
culturais ou de outro tipo. Nas
comunidades de Software Li-
vre, no entanto, uma coisa dife-
rente parece acontecer:
aparentemente, apenas por afi-
nidade intelectual, nos filiamos
a comunidades de completos
estranhos. Pessoas que conhe-
cemos apenas por e-mail e
que atendem por nicks e não
por nomes.
O envolvimento nas co-
munidades de Software Livre,
no entanto, é gradual, quase
imperceptível. É um processo
de crescimento onde começa-
mos como "ouvintes" de listas
de discussão, vendo outros fa-
zerem as perguntas que gosta-
riamos de ter feito mas não
tinhamos coragem de fazê-lo.
Grande bobagem! Com o tem-
po, descobrimos que repetir
uma pergunta nos custa, no
máximo, uma resposta man-
dando ver a mensagem tal. Is-
so quando temos sorte. Alguns
poucos mal-educados, e eles
existem em qualquer comuni-
dade, mandam a gente procu-
rar direito antes de fazer uma
pergunta. Ainda bem que são
exceções.
COLUNA · ROBERTO SALOMON
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |20
B S K - sxc.hu
Por Roberto Salomon
Participação e Comunidade
COLUNA · ROBERTO SALOMON
|21
Crescemos e, apesar dos
trolls, começamos a perguntar.
Com o tempo descobrimos
que também podemos respon-
der as perguntas dos outros ou
até mesmo comentar uma res-
posta de alguém mais experien-
te, dando ao tema uma nova
abordagem (ou perspectiva, co-
mo queiram). E, quando me-
nos esperamos, estamos tão
enfronhados na comunidade
que alguém chega para pergun-
tar se não gostariamos de nos
tornar mais ativos, assumindo
alguma coordenação ou ativida-
de.
É sempre assim. A partici-
pação em comunidade é envol-
vente e natural do ser humano.
Gostamos de nos sentir úteis.
E, no caso específico das
comunidades de Software Li-
vre, há uma coisa que as distin-
gue de todos os outros tipos
de comunidade. Em uma lista
de discussão não há rostos.
As pessoas discutem e argu-
mentam livremente sem ne-
nhum pré-conceito sobre os
demais. Infelizmente, tende-
mos a imaginar a capacidade in-
telectual do outro pela sua
aparência física. Em uma lista
de discussão, isso não existe.
A discussão se dá sem a inter-
ferência de padrões culturais
que nos são impostos pelas
nossas criações. Exagerando,
mas não tanto assim, é possí-
vel acompanhar uma divertida
discussão entre um PHD em fí-
sica nuclear e um estudante
de segundo grau sobre qual a
melhor solução para um deter-
minado problema que ambos
vem enfrentando. Seja na for-
matação de um texto científico,
ou na codificação mais eficien-
te de um algorítmo, esta intera-
ção só é possível pela
existência destas comunida-
des virtuais.
Gosto de lembrar de
quando conheci o Asrail que
assumiu a coordenação do pro-
cesso de QA do BrOffice.org.
Tivemos boas discussões so-
bre métodos e resultados sem
nunca nos termos encontrado.
Na verdade um não tinha a me-
nor ideia de como era o outro.
Não era necessário. Quando fi-
nalmente nos conhecemos, a
reação foi muito semelhante:
ele achava que eu era mais no-
vo, e eu que ele era mais ve-
lho. Às vezes fico imaginando
como teria sido a dinâmica do
trabalho se este encontro tives-
se ocorrido antes.
Crescemos e, apesar dos
trolls, começamos a perguntar.
Com o tempo descobrimos que
também podemos responder as
perguntas dos outros ou até
mesmo comentar uma
resposta de alguém mais
experiente...
Roberto Salomon
ROBERTO
SALOMON é
arquiteto de software
na IBM e voluntário
do projeto
BrOffice.org.
Blog do Roberto Salomon:
http://rfsalomon.blogspot.com
Artigo na Wikipédia sobre Troll
http://pt.wikipedia.org/wiki/Troll_
(internet)
Para mais informações:
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
Revista Espírito Livre: Jon "maddog"
Hall, hoje você é um ícone na área de softwa-
re livre. De volta para o passado... Você ti-
nha interesse em tecnologia durante a
infância?
Jon Maddog Hall: Sim. Quando criança,
eu estava constantemente desmontando coisas
para ver como elas funcionavam. Frequente-
mente eu não conseguia montá-las novamente,
mas, em geral, quando eu tinha acesso a elas,
elas já tinham parado de funcionar de qualquer
forma, então meus pais não ligavam muito.
CCAAPPAA ·· EENNTTRREEVVIISSTTAA CCOOMM JJOONN MMAADDDDOOGG HHAALLLL
Entrevista com
Jon "maddog" Hall
Por João Fernando Costa Júnior, Tatiana Al-Chueyr e Pamella Castanheira
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |22
|23
Até os meus 15 anos meu pai tinha um se-
gundo trabalho em uma loja de brinquedos. Ain-
da muito novo eu ia lá e o ajudava a montar
bicicletas, karts, casas de bonecas e outras coi-
sas que necessitavam leitura e execução de ins-
truções de manuais.
Eu também sempre gostei de ficção científi-
ca, de ler revistas técnicas e, muitos livros.
REL: Há relatos de que seu primeiro con-
tato com software livre foi quando você traba-
lhou no Digital Equipment Corporation,
como foi?
JMH: Bem, estes relatos parecem estar er-
rados. Meu primeiro contato com software livre
foi em 1969 quando eu era um estudante univer-
sitário na Drexel University, na Philadelphia,
Pennsylvania. Eu encomendava programas da bi-
blioteca da Digital Equipment Corporation's User
Society, DECUS. DECUS publicava um catálo-
go impresso (na época esse catálogo custava
15 dólares) dos programas que eles possuíam.
Eu lia o catálogo e via qual programa eu precisa-
va, então eu encomendava (geralmente os pro-
gramas pequenos custavam em
torno de 5 dólares, e os maiores
em torno de 15 dólares) e eles
chegavam pelo correio em fita de
papel.
Então eu experimentava os
programa, e, se eles fossem
bons, eu fazia copias e os vendia
para os meus colegas por um dó-
lar ou dois cada um, para cobrir
os custos da nova fita de papel e
para reembolso do que havia pa-
go para receber o primeiro.
Desde que os programas
eram livremente distribuíveis e co-
piáveis, isso não era ilegal na épo-
ca.
REL: Desde então, a tecno-
logia mudou um pouquinho... Como você se
manteve atualizado?
JMH: Antes de tudo, minha educação foi
muito intensa. Estudei engenharia elétrica, e
aprendi como os transistores podem ser coloca-
dos em uma unidade de armazenamento (cha-
mada de “flip-flop”), como os flip-flops poderiam
ser colocados em regístros e memórias, como
barramentos funcionavam, etc. Eu programei
em linguagem de máquina, estudei como compi-
ladores e sistemas operacionais funcionam.
Quando vieram as redes e processamento gráfi-
co, também estudei esses assuntos.
Eu trabalhava para a Western Electric, a fili-
al industrial da Bell System quando eu estava
na faculdade, e mais tarde no Bell Laboratories.
Enquanto eu provavelmente teria alguma
dificuldade em escrever código no atual kernel
do Linux, eu não tenho dificuldades em enten-
der como ele funciona.
Uma boa parte da chamada "inovação" de
hoje consiste em tornar as coisas menores,
mais rápidas, mais eficientes, mais consisten-
tes. Trata-se de um bom trabalho de engenha-
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL
Uma boa parte da cha-
mada "inovação" de hoje consiste
em tornar as coisas menores,
mais rápidas, mais eficientes,
mais consistentes. Trata-se de
um bom trabalho de engenharia,
mas não é o que eu chamaria de
"inovador".
Jon "maddog" Hall
|24
ria, mas não é o que eu chamaria de
"inovador".
Além disso, eu continuo lendo re-
vistas técnicas, participando de confe-
rências, etc.
REL: O seu apelido “maddog”,
foi dado por estudantes do estado
de Hartford State Technical College
quando você foi chefe do departa-
mento de ciência da computação,
devido ao seu temperamento, na
época. Hoje em dia, você sempre
aparece extremamente calmo duran-
te as conferências de software livre
ao redor do mundo... Existe ainda alguma coi-
sa que o transforma num velho “maddog”?
JMH: Sim, quando as pessoas são grossei-
ras, ou pensam que são melhores que as ou-
tras. Fanatismo, sexismo, racismo. As pessoas
que se recusam a ajudar aqueles que tentam aju-
dá-las. Políticos que tem dificuldades para ler e
entender a constituição dos Estados Unidos.
REL: Quais são as suas atividades atu-
ais como diretor executivo do Linux Internati-
onal?
JMH: Infelizmente a entidade “Linux Interna-
tional” tem estado adormecida durante algum
tempo devido à falta de verba, mas eu tenho um
plano para reativá-la e revitalizá-la em breve, en-
tão fiquem atentos.
Tudo o que faço pelo Linux é tentar expli-
car de forma clara e concisa, o que é o software
livre e como ele ajuda as pessoas e nações. Re-
centemente tenho me concentrado no que cha-
mo de “economias emergentes”, pois acredito
que o software livre tem mais impacto nelas, e
pode ajudar ainda mais a vida das pessoas.
Neste verão passei um tempo no Vietnã mi-
nistrando alguns cursos gratuitos, patrocinados
pelo WITFOR, uma organização parcialmente
fundada pelas Nações Unidas, sobre como utili-
zar software livre para fazer negócios.
REL: Você é também um dos embaixa-
dores do Koolu, o qual permitiu grandes
avanços na aplicação do software livre em
dispositivos de baixo consumo de energia.
Quais são os avanços recentes neste cam-
po?
JMH: O Koolu, em si, decidiu se concen-
trar, por enquanto, em “cloud computing”, a qual
pode ser feita através de thin clientes e servido-
res virtuais, por isso não está tão envolvido com
as coisas de baixo consumo.
REL: Atualmente, em que projetos você
está engajado?
JMH: Ah! Continuo envolvido e interessado
por “coisas de baixo consumo”, e estou traba-
lhando com a Universidade de São Paulo para
testar e desenvolver a próxima geração de um
“Open phone”, muito parecido com o Openmoko
FreeRunner, mas para ter o telefone sob uma li-
cença livre, para que as fábricas no Brasil e no
resto da América Latina possam produzi-los. Is-
so criaria empregos na América Latina e reduzi-
ria o custo dos telefones para o cliente final.
Eu também estou profundamente envolvi-
do com o Projeto Cauã, que é um projeto que
usa computação em thin client para reduzir o
uso de eletricidade, torna a computação mais
fácil, cria uma bolha de Internet wireless grátis
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL
Tudo que faço pelo
Linux é tentar explicar de forma
clara e concisa, o que é Soft-
ware Livre e como ele ajuda as
pessoas e nações.
Jon "maddog" Hall
para a Inclusão Digital, e cria 1-2 milhões de tra-
balhos na área de alta-tecnologia no Brasil, e
mais 1-2 milhões para América Latina. Nós faze-
mos tudo isso de modo capitalista e sustentável,
sem financiamento do governo.
Promover a paz no mundo terá que espe-
rar até o mês que vem. :-)
REL: Com tantas atividades, há tempo pa-
ra dormir? Quantas horas você dorme por dia?
JMH: Eu geralmente gosto de dormir oito
horas, mas como estou ficando mais velho isso
se torna mais difícil. Normalmente durmo em tor-
no de seis horas ou menos por noite.
REL: Suas conferências são mágicas e
desmistificam crenças como “não é possível
ganhar dinheiro com software livre”. Em que
ponto você vê as empresas “comprando” es-
ta ideia?
JMH: A empresa Red Hat parece ter com-
prado. Assim como a IBM, Hewlett Packard, Goo-
gle, etc. Mais perto de vocês, o Metrô de São
Paulo e a Caixa Econômica Federal, e muitas ou-
tras. Eu realmente não sei quantos casos que fo-
ram bem sucedidos em "fazer dinheiro com
Software Livre" que eu precisarei apresentar pa-
ra que as pessoas acreditem que
acontece, mas continuarei tentando.
REL: Apesar de afetar as com-
panias que desenvolvem tecnolo-
gia, você vê o movimento do
software livre se espalhando para
outros setores?
JMH: A Creative Commons es-
tá criando uma revolução nas artes e
em publicidade. Empresas de seguro
(por exemplo) têm me perguntado co-
mo eles podem usar técnicas de
Software Livre para colaborar com
seus concorrentes para reduzir cus-
tos.
REL: Em paralelo ao envolvimento de
empreendimentos, mais e mais governos
têm se mobilizado e encorajado a utilizar e
promover tecnologias open source. Qual é o
papel dos governos neste campo?
JMH: Eu gosto de pensar que a maioria
dos governos são “das pessoas e pelas pesso-
as”. Portanto o que é bom para as pessoas em
geral é o que o governo deveria fazer. O gover-
no, por exemplo, não deve proteger monopólios
para que alguns poucos "fiquem ricos". O gover-
no deve buscar levar a sociedade adiante.
Este é o motivo para eu acreditar que as
patentes de software devem ser demanteladas
por lei. Patentes de software, se elas algum dia
tiveram qualquer efeito positivo na economia, ho-
je têm um papel prejudicial que se sobrepõe a
qualquer benefício que elas poderiam gerar.
Os governos não devem conceder paten-
tes de software, e devem ter um programa acele-
rado de abolir antigas patentes de software.
REL: Em sua opinião, como a recente cri-
se global afetou o desenvolvimento e utilização
de software livre nos Estados Unidos e no mun-
do como um todos?
|25Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL
O governo, por
exemplo, não deve proteger mo-
nopólios para que alguns pou-
cos "fiquem ricos". O governo
deve buscar levar a sociedade
adiante.
Jon "maddog" Hall
JMH: Completamente. As pessoas estão
buscando fazer mais com menos dinheiro, e é aí
que o software livre aparece. Infelizmente eles
não estão também implementando muitos novos
projetos, que é outro lugar onde o Software Li-
vre se destaca. Conforme a economia for recupe-
rada, eu espero que as lições de Software Livre
aprendidas durante a recessão inspirem o uso
de Software Livre em novos projetos.
E é claro, o Vista foi a melhor coisa que a
Microsoft poderia ter feito para o Linux. Talvez o
grande número de licenças do Windows 7 dirija
mais pessoas ao software livre.
REL: A filosofia do software livre foi es-
tendida para outras áreas através de movi-
mentos sociais frequentemente chamados
de “cultura livre”. Qual foi a demostração de
“cultura livre” mais impressionante que você
já viu?
JMH: “Big Buck Bunny”, um filme livre feito
com a utilização do Blender. Aqueles caras de
Amsterdam estão pegando fogo!
REL: O que você pensa ser importante
para manter viva a comunidade do software li-
vre ou a cultura livre?
JMH: É preciso uma massa crítica de pes-
soas, juntamente com comunicação de alta velo-
cidade de comunicação e baixo custo e
compartilhamento de conhecimento.
Acho que não foi por acaso que o projeto
do kermel do Linux decolou da maneira que fez,
justamente quando os custos de acesso a Inter-
net permitiram que a Internet estivesse nas ca-
sas das pessoas, computadores razoavelmente
poderosos passaram a ser acessíveis tanto a
amadores quanto a estudantes universitários, e
vários papers sobre como escrever um sistema
operacional estavam disponíveis. Tudo o que fal-
tava era adicionar um estudante com força de
vontade de Helsinki, Finlândia...
REL: Quais os principais desafios na
área de software livre? E cultura livre?
JMH: Fazer as pessoas entenderem que é
necessário trabalho e dedicação pra fazer acon-
tecer... não é mágica... e se as flores da Cultura
Livre não forem regadas e adubadas, elas irão
murchar e morrer.
REL: Muito obrigado pela entrevista. Vo-
cê gostaria de deixar uma mensagem para
os leitores da Revista Espirito Livre?
JMH: O projeto que mencionei antes, o Pro-
jeto Cauã, é uma homenagem ao meu afilhado
brasileiro. O nome vem dos índios Tupi - signifi-
ca "Águia" - e por isso escolhi este nome para o
projeto.
A águia é provavelmente um dos espíritos
mais livres que eu possa imaginar. Então, da
música "The Eagle & The Hawk" de John Den-
ver e Mike Taylor, eu deixo esta mensagem:
"And reach for the heavens and hope for the future
And all that we can be and not what we are"
"E busque pelos céus e tenha esperança pelo futuro
E tudo o que nós podemos ser e não o que somos"
Esta é a mensagem para o Software Livre
e para a Cultura Livre.
Carpe Diem!
Para mais informações:
Site oficial Linux Internacional:
http://www.li.org
Site oficial Koolu:
http://koolu.com
|26Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL
A cada dia, mais empresas começam a en-
xergar o software livre como uma opção viável e
estratégica para seus negócios, gerando inde-
pendência de fornecedores e economia. No mo-
delo proprietário, existe a figura do fornecedor,
que dá suporte a problemas e consultoria, figura
esta que normalmente não existe no modelo li-
vre. Algumas vezes, existem empresas especiali-
zadas em prestar serviços a determinados
softwares livres, mas, o que acontece na maio-
ria dos casos, é que a comunidade é seu princi-
pal mantenedor, tornando necessária a
interação da empresa usuária com ela.
Esta interação pode ser feita de várias for-
mas, cabendo à empresa decidir como a fará,
mas elas podem ser enquadradas em alguma
destas três categorias:
1. Ter contato direto com a comunidade;
2. Terceirizar este contato;
3. Se tornar parte da comunidade;
Contato direto com a comunidade
Normalmente feito por empresas de maior
porte, é quando ela decide que irá interagir dire-
tamente com os desenvolvedores do software.
Na prática, isto normalmente significa que um
grupo de pessoas da área de TI desempenhará
funções de:
1. Reporte de problemas (bugs);
2. Pedidos de novas funcionalidades;
3. Repasse de dúvidas para a comunidade;
O problema deste tipo de interação é que
é bastante passiva e não trás garantias de que
CAPA · COLABORAÇÃO NO MUNDO DOS NEGÓCIOS
Por Rodrigo Carvalho
|27
Colaboração no
mundo dos negócios
A interação entre empresas usuárias de software livre com
suas comunidades
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
Mark Normand - sxc.hu
a resposta será adequada ao nível de severida-
de que um possível problema possa ter. Ele é pa-
recido com o modelo proprietário, onde estas
mesmas interações são com a fornecedora do
software, mas, neste caso, não existe contrato
para poder cobrar judicialmente uma resposta
adequada.
Esta forma de interação normalmente é o
mais comum de ser visualizado por quem está
começando com software livre (e que acaba ge-
rando a famosa pergunta “quem dá suporte?”).
Apesar disso, o risco é menor quando a empre-
sa usuária já é experiente neste assunto e sabe
lidar melhor com a comunidade.
No entanto, este tipo de interação pode ser
interessante para casos menos críticos, como pe-
quenos aplicativos livres. Como isto não irá inter-
romper nenhum serviço crítico, o seu uso
torna-se seguro, mesmo contando apenas com
o suporte informal.
Mas não é interessante que a empresa ape-
nas “sugue” o trabalho desenvolvido colaborativa-
mente. Elas normalmente dão um retorno para o
projeto, como doações ou publicidade. Neste últi-
mo caso, o próprio fato de uma empresa com no-
me de peso estar utilizando um software livre, já
o torna mais conhecido, trazendo para a sua co-
munidade mais pessoas interessadas em contri-
buir.
Para softwares maiores, também podem
ser feitos patrocínios ou organização de even-
tos. Um exemplo de empresa que faz bastante is-
to é o SERPRO. Este órgão é um dos maiores
usuários da linguagem Python e sempre que pos-
sível patrocina os eventos da comunidade no
Brasil. Ele é, inclusive, um dos grandes responsá-
veis pela popularização da linguagem no nosso
país.
Nos casos onde são necessários desenvol-
vimentos, como correção de bugs e implementa-
ção de novas funcionalidades, empresas
usuárias às vezes fazem pagamentos diretos pa-
ra um desenvolvedor ativo do software fazer o
trabalho necessário. Esta solução se aproxima
com o que viremos a seguir.
Terceirizando o contato
Uma empresa também pode escolher por
não ter nenhum contato direto com a comunida-
de e contratar empresas que farão este traba-
lho. A contratada fica responsável por
solucionar os problemas nos softwares livres, co-
mo se eles fossem propriedade dela. Assim, se
esta não responder às demandas de forma con-
veniente, a usuária estará resguardada judicial-
mente por um contrato.
Isto é bastante parecido com o modelo pro-
prietário, com a diferença fundamental que a
usuária poderá fazer o mesmo tipo de contrato
com outra consultoria. Como o software livre
não tem donos, a partir do momento que a con-
tratada não honra o contrato, ele poderá ser res-
cindido e ser refeito com outra. Isto também é o
mais simples de ser implementado por empre-
sas de menor porte e pelas que estão iniciando
a adoção.
Um exemplo muito bom de empresa que
faz isto de uma maneira muito inteligente é a
Caixa. A empresa abre licitações para contrata-
ção de consultorias em software livre, contendo
exigências de que a empresa contratada tenha
um número mínimo de membros ativos na comu-
nidade. Isto, ao mesmo tempo que garante uma
qualidade de serviço melhor, pois a consultoria
terá pessoas qualificadas para o trabalho, contri-
bui para que o software se fortaleça, remuneran-
do os membros ativos e incentivando a entrada
de novos.
Tornando-se parte da comunidade
Existem também algumas empresas que,
de certa forma, se tornam parte da comunidade.
Elas, ao invés de terem um papel passivo, tiram
total proveito da liberdade do software se tornan-
do membros ativos da comunidade, desempe-
nhando funções de:
|28
CAPA · COLABORAÇÃO NO MUNDO DOS NEGÓCIOS
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
1. Desenvolver novas funcionalidades;
2. Corrigir bugs;
3. Sanear dúvidas de outras pessoas;
4. Gerar documentação;
Obviamente, para se fazer isso, é necessá-
rio que pessoas da empresa tenham um conheci-
mento mais profundo do software
(especialmente nos dois primeiros casos) e que
ela tenha mais experiência com o modelo colabo-
rativos e de como lidar com a comunidade. Mas
este tipo de interação se torna mais fácil quando
a empresa fez algum trabalho interno que possa
ser liberado para o público externo. Ela o disponi-
biliza para que todos possam se beneficiar dele.
Quem utiliza bastante este modelo é o Ban-
co do Brasil. Ele faz contribuições para os softwa-
res que usa, como o desenvolvimento de
melhorias no Wine, traduções do Freemind e có-
digo e documentação do BrOffice.org. Estes tra-
balhos foram feitos para o atendimento de
demandas internas e que, posteriormente, fo-
ram disponibilizados. Neste caso, ambas as par-
tes ganham: todos os usuários, que contarão
com um software melhor, e a própria empresa,
que não precisará manter os códigos desenvolvi-
dos por conta própria.
Além disso, algumas empresas enxergam
esta forma de trabalho como algo essencial pa-
ra usos em atividades críticas. Nestes casos,
elas preferem absorver um conhecimento mais
profundo do software para que, na ocorrência
de problemas que possam comprometer a em-
presa de maneira mais severa, ela mesma seja
capaz de resolvê-los, dando prioridade máxima
a eles e sem depender da disponibilidade de em-
presas externas.
Concluindo
Ao utilizar software livre, será praticamente
inevitável que uma empresa tenha algum tipo de
interação com a sua comunidade. Mas isto, ao
contrário do que muitas delas acostumadas com
o modelo proprietário possa pensar, não é ruim.
Isto gera uma movimentação em volta do softwa-
re que trará mais garantias de sua continuidade,
incentiva que mais empresas deem suporte a
ele (aumentando a concorrência), melhora sua
própria imagem perante o público e fica cada
vez mais independente de empresas externas.
Mas deve ficar claro que não existe uma
forma de interação melhor que a outra e, da
mesma forma, uma forma não impossibilita ou-
tra (as empresas citadas nos exemplos intera-
gem por diversas maneiras). Como tudo no
software livre, isto que é uma questão de esco-
lha - a empresa usuária tem o poder de escolher
de qual a melhor forma para ela.
Olhando para o mercado, o que podemos
ver é que a maioria das empresas têm uma atitu-
de mais passiva. Como o software livre ainda es-
tá começando na maioria delas, estas formas de
interação se tornam mais interessantes por se-
rem mais parecidas com as do modelo proprietá-
rio do qual já estão acostumadas. Algumas têm
uma atitude mais ativa, mas por terem alguns
funcionários próprios que participam de projetos
livres e acabam trazendo isso para seus traba-
lhos. De uma forma ou de outra, o importante é
incentivar que as comunidades cresçam e que
os softwares se fortaleçam para que o investi-
mento feito não tenha sido em vão.
Artigo: Software livre é usado em 73% das grandes
empresas no Brasil
http://ur1.ca/enit
Artigo: Empresas e a Comunidade Software Livre
http://ur1.ca/eniz
|29
RODRIGO CARVALHO é analista de
sistemas com experiência pessoal e
profissional com software livre e membro
ativo na divulgação do software livre no
Rio de Janeiro através do grupo SL-RJ.
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
CAPA · COLABORAÇÃO NO MUNDO DOS NEGÓCIOS
Para mais informações:
Ideias em movimento. É
assim que Mario Teza define o
movimento do software livre.
Ele, junto com Marcelo Branco
e Ronaldo Lages, foram os res-
ponsáveis pelo projeto inicial
do Fórum Internacional Softwa-
re Livre que hoje culmina na As-
sociação Software Livre (ASL)
e no Projeto Software Livre Bra-
sil.
Não foi um trajeto fácil,
mas o quadro em que se encon-
tra atualmente o software livre
no país mostra que não foi
nem é uma luta em vão. Confor-
me conta Marcelo Branco, hoje
coordenador geral da ASL, tu-
do começou em 1999. Na épo-
ca, Branco era vice-presidente
da Companhia de Processa-
mento de Dados do Estado do
Rio Grande do Sul, a Pro-
cergs. Junto com os também
funcionários da Instituição, na
data, Mario e Ronaldo, surgiu
a ideia de promover o software
livre dentro da companhia.
Após ser dada a largada, um
grupo de cerca de 40 pessoas
se reuniu na Procergs e deu
início ao Projeto Software Livre
Rio Grande do Sul.
A partir daí, com o apoio
de universidades e comunida-
des de usuários, surgiu o Fó-
rum Internacional Software
Livre, o fisl. As três primeiras
edições do evento foram orga-
nizadas governamentalmente.
Quando se anunciou a desgo-
vernamentalização do projeto,
nasceu a organização não go-
vernamental que daria suporte
ao Fórum: a Associação
Software Livre. Neste momen-
to, também nascia o Projeto
Software Livre Brasil (PSL-Bra-
sil). Para Marcelo Branco, em-
bora tenha nascido depois do
Fórum, a ASL já existia na prá-
tica e se constitui na organiza-
ção social mais antiga do país
CAPA · Difundindo ideias em busca de uma sociedade livre
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |30
Por Stefanie Silveira
Difundindo ideias
em busca de uma
sociedade livre
|31
na defesa do software livre e
da cultura livre.
Segundo o coordenador
geral, a ASL e o PSL-Brasil
são alguns dos responsáveis
pelo software livre passar a ser
um tema nacional que interfere
em áreas como a economia, a
política, a cultura e a filosofia.
“Conseguimos dar uma amplitu-
de maior para o movimento pe-
la liberdade de conhecimento,
penetrar nas administrações pú-
blicas, dar visibilidade para o
movimento sob o ponto de vis-
ta dos meios de comunicação”,
afirma Branco. Ele ressalta
que, no início, quem mais atua-
va pelo software livre eram os
desenvolvedores, mas, na atua-
lidade, o tema se ampliou. “Os
desenvolvedores são a mola
mestra deste movimento, o co-
ração, o pulmão, mas ao ampli-
ar o tema para ativistas sociais
e jornalistas acabamos sendo
um pouco responsáveis pelo fa-
to de que o movimento softwa-
re livre do Brasil é um dos
mais respeitados do mundo”,
explica.
O representante do Tercei-
ro Setor no Comitê Gestor da
Internet no Brasil, Mario Teza,
ressalta que o Fórum Internacio-
nal Software Livre, que em
2009 teve sua décima edição
realizada, foi muito importante
para ajudar a constituir e solidifi-
car o movimento software livre
no país. Em crescimento cons-
tante, na edição deste ano, o
fisl reuniu mais de oito mil parti-
cipantes.
De acordo com Teza, a
adesão de pessoas de diferen-
tes áreas da sociedade e a rea-
lização do evento que a cada
ano demonstrou crescimento e
solidez fez com que se conse-
guisse criar repercussão e res-
sonância para o tema do
software livre. “Nós não somos
os únicos responsáveis por is-
so, mas o fato de sermos o mai-
or evento acaba sendo o
catalisador de diversas comuni-
dades e propostas que ocor-
rem paralelamente ao fisl e
são apoiadas pelos participan-
tes”, afirma.
O movimento do qual faz
parte o Fórum é baseado na ló-
gica da Internet, da colabora-
ção e do compartilhamento.
“Nós somos os precursores dis-
so de certa forma, porque a In-
ternet nasceu baseada em
padrões historicamente livres
e hoje ela precisa continuar
sendo produto desta comunida-
de original que vem se autoafir-
mando”, alerta Mario Teza.
Segundo ele, o modelo proprie-
tário de software vem sendo
contestado também pelo suces-
so das iniciativas em software
livre que se demonstram mais
baratas, eficientes e mobiliza-
doras de colaboradores ao seu
redor.
Para Teza, o diferencial
do Projeto Software Livre Rio
Grande do Sul, foi que, em seu
princípio, em 1999, a ideia con-
seguiu reunir governo, empre-
sas e universidades no mesmo
espaço, o que não ocorria em
outros países. “Essa experiên-
cia de juntar todos no mesmo es-
paço, somada ao fato de trazer
os criadores das tecnologias, os
desenvolvedores, os pais e as
mães de algumas das principais
tecnologias utilizadas acabou fa-
zendo do Brasil referência por
criar uma sinergia que não exis-
te em outros lugares”, diz ele.
A Associação Software Li-
vre é uma associação civil sem
fins-lucrativos, com sede em
Conseguimos dar uma
amplitude maior para o movimento
pela liberdade de conhecimento,
penetrar nas administrações
públicas, dar visibilidade para o
movimento...
Marcelo Branco
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
CAPA · Difundindo ideias em busca de uma sociedade livre
|32
Porto Alegre, no Rio Grande
do Sul. A ASL reúne hoje em-
presários, profissionais libe-
rais, estudantes e servidores
públicos, estabelecendo rela-
ções com os mais diversos seto-
res da sociedade como o
poder público, universidades,
empresas, grupos de usuários,
hackers e ONGs. Seguindo o
seu propósito fundador, o princi-
pal objetivo da organização é
tornar o software livre ampla-
mente incluído na sociedade,
propiciando espaço de discus-
são, apoio, fomento e organiza-
ção de iniciativas nas mais
diversas áreas relacionadas ao
tema.
Os principais projetos da
ASL são o Fórum Internacional
Software Livre e o Projeto
Software Livre Brasil. O fisl é re-
alizado anualmente em Porto
Alegre e reúne milhares de par-
ticipantes de diversos lugares
do país e do mundo. Em 2009,
o Fórum trouxe para o Brasil o
co-fundador do Pirate Bay, Pe-
ter Sunde, além do mentor do
movimento software livre, Ri-
chard Stallman e do presidente
da Linux International, Jon
“Maddog” Hall. Os participan-
tes puderam conferir mais de
300 atividades envolvendo pa-
lestras técnicas, eventos cultu-
rais, shows, desafios de
programação e promoções nos
estandes dos expositores.
O Projeto Software Livre
Brasil é uma rede social, manti-
da pela ASL, que reúne univer-
sidades, empresários, poder
público, grupos de usuários,
hackers, ONG's e ativistas pe-
la liberdade do conhecimento.
Com mais de três mil usuários
cadastrados, o projeto objetiva
promover o uso e o desenvolvi-
mento do software livre como
uma alternativa de liberdade
econômica e tecnológica. Além
disso, o PSL-Brasil e a ASL de-
fendem a cultura e o conheci-
mento livres e a construção do
marco civil regulatório para ga-
rantir os direitos fundamentais
dos usuários de Internet no Bra-
sil.
STEFANIE SILVEI-
RA é jornalista e
mestranda em Comu-
nicação e Informa-
ção na UFRGS. Já
trabalhou em rádio,
jornal impresso, jor-
nal online e assesso-
ria de imprensa.
Atualmente colabora
na equipe de Comu-
nicação da Associa-
ção Software Livre
(ASL).
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
...o movimento software
livre no Brasil é um dos mais
respeitados do mundo.
Marcelo Branco
CAPA · Difundindo ideias em busca de uma sociedade livre
Site ASL.Org
http://associacao.softwarelivre.org
Site PSL-Brasil
http://www.softwarelivre.org
Site Oficial FISL
http://fisl.softwarelivre.org/
Site Rádio Software Livre
http://softwarelivre.org/radio
Site TV Software Livre
http://tv.softwarelivre.org/
Para mais informações:
CCAAPPAA ·· DDAASS AARRMMAADDIILLHHAASS DDOO MMEERRCCAADDOO
Por Fernando Leme
|33
Das armadilhas do mercado
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
Uma das promessas da Cultura Livre era a
de que mudaríamos o foco do produto para o
serviço. Esta promessa foi realizada pela meta-
de, porque a outra metade ainda encontra no lu-
cro empresarial e na publicidade seu alicerce
econômico.
O código aberto provou ser um método
mais eficiente (porque mais rápido) e mais bara-
to de desenvolvimento. Manter uma comunida-
de de voluntários será sempre mais
economicamente viável do que sustentar um
grupo de desenvolvedores especializados. E aí
jaz a encruzilhada.
Desde que esta constatação tornou-se o
alicerce da maioria das empresas de tecnologia
atuais, o lucro (fundamento comercial) e a ideo-
logia (fundamento comunitário) encontraram-se
mais uma vez ameaçando-se mutuamente por
que não ficou claro quem financia o pensamen-
to.
Nusrin - sxc.hu
|34Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
A economia universal é baseada na teoria
da escassez (cujo postulado mais conhecido é a
lei da oferta e da procura). Uma vez que o produ-
to principal das empresas de tecnologia deixa
de ser um bem escasso, como cobrar por ele? Pi-
or ainda, como manter ativa uma comunidade e
sua infraestrutura sem obter qualquer vantagem
econômica desta atividade.
O Financiamento
A solução mais frequentemente utilizada (e
em alguns casos encarada como a panaceia) é
a publicidade. O Youtube, o Facebook e o Orkut
são exemplos claros em que determinado servi-
ço é oferecido gratuitamente àqueles que se dis-
puserem a aceitar newsletters de outros
produtos e publicidade em seus perfis (o ho-
mem-sanduíche em versão digital). O que muita
gente ainda não entendeu é o quanto esta solu-
ção é provisória.
O que a publicidade tem feito é empurrar
um elo para a frente a cadeia de consumo. Não
se compra o produto original, mas o produto que
é anunciado nele. E o foco no produto persiste!
Por outro lado empresas como a Canoni-
cal, Mandriva, IBM e Novell (parcialmente) conse-
guiram manter a oferta gratuita de seus
produtos enquanto financiam sua atividade com
a oferta de serviços (para fabricantes e para o
consumidor final)
Na web este desafio ainda não encontrou
solução satisfatória. Um ponto em que algum lu-
cro justifique a oferta de um serviço. Como críti-
co do mercado e do consumo não aceito
soluções provisórias baseadas num mesmo mo-
delo usado pela televisão nos últimos 50 anos.
Software dirigido pela comunida-
de e o software público
Comunidades como o Debian, o Slackware
e o GoOO são, entretanto, um exemplo de orga-
nização e sucesso. Mantendo suas atividades
por meio de voluntários, as comunidades desen-
volvem seus próprios critérios e códigos de con-
duta. Transformam-se em centros de excelência
na difusão de conhecimento e carregam consigo
um histórico de superação. Mantém-se indepen-
dentes da estrutura econômico-mercantil que as
rodeia e são um porto seguro para as investidas
da idéia de lucro.
Preciso deixar claro que não sou contrário
ao lucro, ao capitalismo, etc. Apenas considero
perigoso que esta seja a perna mais importante
de um movimento como o software e cultura li-
vres.
Paralelamente, iniciativas como o Software
Público brasileiro demonstram que, tal qual a
Comunicação (que sempre contou com investi-
mento e iniciativas de caráter público dada a
sua importância estratégica), a Tecnologia da In-
formação merece tratamento especial porque
pode conduzir todo um país, sua estrutura
econômica e educacional em direção à indepen-
dência e ao domínio das ferramentas.
Conclusão
Não se pode, portanto, encarar o futuro do
código livre e aberto apenas com uma solução
comunitária. E creio encontrar-se neste ponto o
desafio maior das comunidades. Ou como resu-
miu Matt Asay em seu “The Open Road”: Sem a
“lógica” do lucro, o código aberto nunca poderia
se tornar o fenômeno global que vemos hoje.
FERNANDO LEME é escritor, músico e
professor. Particularmente influenciado por
questões relativas ao software e cultura
livres, sociologia e filosofia do direito.
Escreve regularmente para o blog “Universo
Fer”, http://fernandohleme.wordpress.com.
CAPA · DAS ARMADILHAS DO MERCADO
Desde maio desde ano, a comunidade
software livre do Brasil conta com uma platafor-
ma de rede social. É a rede Software Livre Bra-
sil que veio ocupar o espaço que antes era do
portal do Projeto Software Livre Brasil - PSL-BR,
mas que mantem a função de agregar notícias
desse antigo site e também une a comunidade
em rede social na internet. Com isso, a rede tem
como objetivo unir “universidades, empresários,
poder público, grupos de usuários, hackers,
ONG's e ativistas pela liberdade do conhecimen-
to” para a “promoção do uso e do desenvolvi-
mento do software livre como uma alternativa de
liberdade econômica e tecnológica”, segundo o
seu site. Vale lembrar que a responsável pela re-
de é a Associação Software Livre Brasil (ASL),
muito conhecida por realizar o Fórum Internacio-
nal de Software Livre - FISL, que ocorre anual-
mente em Porto Alegre- RS, dentre outras
ações.
O lançamento da rede ocorreu em Salva-
dor, no evento III Encontro Nordestino de
Software Livre & IV Festival de Software Livre
da Bahia em maio de 2009, com a presença de
CAPA · Um site de rede social para a comunidade software livre do Brasil
Um site de
rede social para
a comunidade
software livre do Brasil
Por Mônica Paz
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |35
|36
Sady Jacques representando a ASL. Para Anto-
nio Terceiro, integrante das equipes de desenvol-
vimento da plataforma e de organização do
evento, a importância está em “modernizar o anti-
go portal softwarelivre.org, transformando-o nu-
ma rede social com vida própria” e ainda em
“mostrar a viabilidade de serviços web com códi-
go livre”, além de servir para demarcar a relevân-
cia dos eventos na agenda nacional e a atuação
baiana no cenário de desenvolvimento de softwa-
res livres.
A quantidade de pessoas cadastradas na
rede já é bem significativa e ainda pode crescer
bastante ao decorrer do tempo, devido a maior di-
vulgação do site e mesmo com o crescimento
do número de entusiastas do movimento. A rede
conta com 2.747 usuários e 414 comunidades
(dados de 14 de outubro de 2009 e crescendo)
e com isso reúne um parcela da comunidade
software livre do país, além de congregá-las em
comunidades virtuais relacionadas aos seus
softwares, grupos, entidades e projetos preferi-
dos. A estudante de redes de computadores de
uma faculdade de Salvador, Ana Paula Maia, 22
anos, recém chegada à rede por indicação de
amigos, nos indica uma intenção de uso que tal-
vez seja a mesma de muitos outros usuários.
Ana Paula diz que visa “buscar conhecimentos
e poder contribuir com algo que possa ajudar a
alguem mesmo que esteja distante geografica-
mente. Trocar experiencias adquiridas com o es-
tudo, praticas...”, mas também usa a rede para
conhecer pessoas que morem em sua cidade e
que tenham interesses em comum.
A comunidade do movimento software livre
já está bastante acostumada com ferramentas
que proporcionam sociabilidade no ciberespaço,
principalmente, com processos colaborativos.
Dessa forma, a rede busca pela convergência
de práticas que a transformem em um ambiente
propício para a congregação e trocas da comuni-
dade. Para tal, além do blog, estão disponíveis
funções de gerenciador de conteúdo (mídias de
áudio, texto, imagem e vídeo são suportadas),
agregador de feeds, domínio softwareli-
vre.org/(nome do usuário), além da criação das
já citadas comunidades, que ajudam ainda mais
a segmentar as discussões por temas.
Uma importante funcionalidade disponibili-
zada aos usuários é o blog, que tanto pode ser
criado a partir da plataforma quanto receber o fe-
ed (completo ou resumido) de blogs externos.
Em cada página do blog existe o botão “publi-
car” que possibilita o envio da publicação nas co-
munidades às quais o usuário pertence,
propagando mais eficientemente a informação
que dessa forma tem maior alcance do que ape-
nas a rede de contatos da pessoa. Dentre as co-
munidades da rede destaca-se a “PSL Brasil”
através da qual os usuários podem enviar textos
para a página principal do site da rede.
O uso das redes como forma de estrutura-
ção da sociedade é uma prática que também
tem sido bastante explorada no ciberespaço, a
exemplo de grandes sites que conseguiram des-
taque em alguns países (como o Orkut no Brasil
e na Índia) ou mesmo globalmente (Facebook).
Parte dessa adesão, pode ser explicada com o
que diz a pesquisadora gaúcha Raquel Recue-
ro, em seu livro “Redes Sociais na Internet”, que
considera que redes são adequadas às intera-
ções no ciberespaço por serem dinâmicas e te-
rem a capacidade de se adaptar. Além dessa
adaptação interna, os sites de redes ainda com-
Figura 1: Página inicial da rede social Softwarelivre.org
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
CAPA · Um site de rede social para a comunidade software livre do Brasil
portam novas tendências para se fixarem nesse
mercado, pois tendo sido criados desde os anos
iniciais dessa década, os sites de redes sociais
vêm sendo cada vez mais explorados em diferen-
tes aplicações e também estão buscando circu-
lar diferentes capitais sociais.
Uma atual tendência é a segmentação (ni-
chos), ou seja, as redes sociais de nicho bus-
cam agregar pessoas de acordo com seus
interesses, segmentando o público e atendendo
às suas demandas específicas. O editor e escri-
tor Chris Anderson em seu livro “A Cauda Lon-
ga” chama de “cultura de nicho” toda essa
mudança ocorrida nos meios de comunicação
que deixam de ser massivos e passam a se seg-
mentar ao máximo, aumentando as possibilida-
des de escolha do público. Para este autor,
estaríamos vivendo a cultura do “e” ao invés da
cultura do “ou” e o mesmo se ver nas redes soci-
ais, como o caso da rede Software Livre Brasil.
O software que provê a rede ainda apre-
senta melhorias a serem desenvolvidas e outras
funcionalidades poderiam ser adicionadas à pla-
taforma, mas a mesma conta com atualizações
constantes e a possibilidade de colaboração da
comunidade com desenvolvimento, testes, tradu-
ções, críticas e sugestões. Dessa maneira, o
mundo software livre pode, continuamente, se
transformar em um “mundo pequeno” através
desse ambiente, que pode aumentar a interação
entre seus membros e fortalecer seus laços soci-
ais, além de ser um meio eficiente de propaga-
ção de informações e conhecimentos.
Rede Software Livre Brasil
http://softwarelivre.org/
Comunidade "PSL Brasil" ou "portal"
http://softwarelivre.org/portal
Noosfero, software livre base da rede:
http://noosfero.com.br
Download do livro "Redes Sociais na Internet"
http://www.redessociais.net/
Blog Mônica Paz
http://softwarelivre.org/monicapazz
|37
MÔNICA PAZ é bacharel em Ciência da
Computação, mestranda em Cibercultura
pela Faculdade de Comunicação da
UFBA e integrante do Projeto Software
Livre Bahia - PSL-BA, pelo qual já
organizou vários eventos.
Para mais informações:
Figura 2: Capa do livro Redes Sociais na Internet
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
CAPA · Um site de rede social para a comunidade software livre do Brasil
Outra noite estava conver-
sando com um amigo, em
mais um de nossos momentos
fim de uma semana puxada de
trabalho e onde a filosofia de
boteco entra em ação, apesar
de não estarmos em um. Falá-
vamos de tecnologias, evolu-
ção da humanidade e do
quanto açaí com farinha e pei-
xe frito é maravilhoso... Em
meio a tantos assuntos estra-
nhos, como o açaí com peixe,
mas para nós que somos do
norte é prato fundamental em
nossa alimentação, algo me
chamou a atenção...
Em um certo momento
perguntei a ele o que seria da
humanidade e mesmo da vida
em nosso planeta se não fosse
o processo colaborativo entre
os seres... Isso me tirou o so-
no e vou tentar compartilhar
um pouco do que foi esta noite
em claro vendo a chuva mo-
lhar uma mangueira (pé de
manga) em frente a janela de
meu escritório em casa, e con-
templando mais um momento
de colaborativismo promoven-
do a vida.
Se observarmos tudo a
nossa volta, somos dependen-
tes de algo ou alguém e ao
mesmo tempo temos algo ou
alguém dependentes de nós,
criando um ciclo que denomino
de ciclo colaborativo da vida e
da evolução.
O grande problema é que
somos limitados e até mesmo
idiotas em acharmos que
não... apenas outros depen-
dem de nós, somos soberanos
e auto-suficientes... Grande en-
gano.
Se olharmos para nosso
dia-dia, sempre há alguém co-
laborando para que possamos
fazer nossas tarefas mais sim-
ples, como ir ao banheiro na
CAPA · COLABORATIVOS... ATÉ QUE PONTO?
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |38
Por Clayton Lobato
Colaborativos...
Até que ponto?
Sanja Gjenero - sxc.hu
|39
empresa.
Sim... ir ao banheiro da
empresa... Lá temos além de
cabines reservadas e lugares
pendurados onde podemos ali-
viar nossas necessidades um
personagem fundamental e pou-
co conhecido e que na minha
opinião é o motor de todo o fun-
cionamento do lugar... O se-
nhor ou senhora que limpam e
mantém todo o funcionamento
básico do sistema para que pos-
samos sair mais felizes de lá.
Tudo bem, você me pergunta
e daí ?
Imagine então, este perso-
nagem não fazendo suas ativi-
dades... Certamente neste
momento você se daria ao tra-
balho de perguntar o nome des-
ta pessoa para levar alguma
reclamação ao superior dele.
Então porquê não perguntar o
nome dele na hora que o encon-
tra nos corredores ou mesmo
no momento em que lava suas
mãos ao menos para dizer-lhe
um bom dia ou obrigado. Em
um sistema colaborativo não
existem mais ou menos impor-
tantes... Todo mundo tem um
papel definido de forma clara e
são partes de uma engrena-
gem que faz o sistema funcio-
nar.
Aí alguém pode pergun-
tar neste momento “ mas e daí,
o que isso tem haver com tec-
nologia ? “... TUDO …
Hoje vivemos a era da idio-
cracia colaborativa isolacionis-
ta, traduzindo... Somos
colaborativos sim.. mas não
nos misturamos, somos melho-
res que os vizinhos …
Caramba eu fico doente
com isso .
Desde que mundo é mun-
do e independente da forma co-
mo acredite ser a formação do
mundo tudo só funcionou e evo-
luiu por causa do colaborativis-
mo.. Adão só foi mandado
embora do paraíso por colabo-
ração da cobra … Sim , a ma-
çã foi oferecida para eva pela
cobra... Tudo bem ..Só ocorreu
a grande explosão que deu ori-
gem a criação do mundo, por
colaboração de um monte de
partículas que se uniram e fo-
ram ficando cada vez mais den-
sas e quentes.
Eu só consigo escrever
esta matéria por quê houve a
colaboração entre índios e por-
tuguese e italianos e o mundo
para formar a língua portugue-
sa como conhecemos e esta-
mos em processo evolutivo
para promover cada vez a cola-
boração entre povos, prova es-
tá que nosso querido
português foi modificado na
tentativa de facilitar a comuni-
cação entre os povos que tem
esta como língua padrão .
Em 1969, Ken Thomp-
son, pesquisador do Bell Labs,
criou a primeira versão do
Unix, um sistema operacional
multi-tarefa. Este sistema era
utilizado pelos grandes compu-
tadores que existiam na déca-
da de setenta em
universidades e grandes em-
presas, os mainframes. O Unix
era distribuído gratuitamente
para as universidades e cen-
tros de pesquisa, com seu códi-
go-fonte (suas linhas de
programação) aberto.
Em 1971, Richard Stall-
man, do Massachusetts Institu-
te of Technology (MIT),
inaugurou o movimento Open
Source. Ele produziu no Labo-
ratório de Inteligência Artificial
Hoje vivemos a
era da idiocracia colaborativa
isolacionista, traduzindo... Somos
colaborativos sim... mas não nos
misturamos, somos melhores que
os vizinhos...
Clayton Lobato
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
CAPA · COLABORATIVOS... ATÉ QUE PONTO?
|40
do MIT diversos programas
com código-fonte aberto. Em
1979, quando a empresa
AT&T anunciou seu interesse
em comercializar o Unix, a Uni-
versidade de Berkley criou a
sua versão do sistema, o BSD
Unix. A AT&T se juntou a em-
presas como IBM, DEC, HP e
Sun para formar a Open Sour-
ce Foundation, que daria supor-
te ao BSD.
Em 1983, Stallman criou
o Projeto GNU, com o objetivo
de desenvolver uma versão do
Unix com código-fonte aberto,
acompanhada de aplicativos e
ferramentas compatíveis (co-
mo um editor de textos, por ex-
emplo) igualmente livres. Em
1985, ele publicou o manifesto
GNU e um tratado anti-copy-
right intitulado General Public Li-
cense. Esse tratado criava a
Free Software Foundation, ex-
plicando a filosofia do software
livre.
Em 1991, nasce o GNU/Li-
nux, usando um conjunto de fer-
ramentas do Projeto Software
Livre e chega ao patamar de
um divisor de águas na história
da humanidade.
Observe que em todos os
exemplos acima, saliente a
questão da colaboração e o de-
senvolvimento sem egos ou
aplausos.
Hoje vivemos uma triste
realidade que é a guerra de
egos entre projetos que se di-
zem melhores que outros, ou
mais importantes ou mais le-
gais ou mais bonitos ou mais
qualquer coisa que outros e
mais... comunidades fechadas
entre amigos, onde o acesso a
estas pessoas é difícil para
grande maioria por serem mui-
to importantes.
Caramba, se não for o pro-
jeto kernel.org manter e desen-
volver o kernel raramente
teríamos grandes avanços nes-
ta camada do Sistema operacio-
nal, se não for o pessoal do
samba desenvolver as melhori-
as, idem, se o pessoal respon-
sável pelo qmail não metiver a
mão na massa nada mais sai-
rá neste sentindo. Ou seja,
quem mantém a máquina funci-
onando, nossos garçons, nos-
sas copeiras que não sabemos
ao menos os nomes e agrade-
cemos.
Que tal acordarmos prá re-
alidade então de que não exis-
te melhor ou pior ou o GURU
ou DEUS do linux, haja vista
que tudo é fruto da colabora-
ção de uma universo incalculá-
vel de pessoas e experiências
de vida ?
Muito obrigado a todos
que um dia me ensinaram al-
go, aos que ensinaram a quem
me ensinou e a todos que de-
senvolvem verdadeiramente a
evolução e o funcionamento
de tudo o que está a nossa vol-
ta e não notamos.
Aos DEUSES e GURUS
e melhores que os outros...
obrigado, por me fazerem per-
ceber que somo iguais, usuári-
os de um sistema tão mais
complexo e lindo que serão in-
capazes de perceber, pois
seus universos se limitam ao
conceito da idiocracia colabora-
tiva isolacionista.
Um forte abraço a todos
e até a próxima onde continua-
rei abordando sobre este te-
ma...
CLAYTON LOBATO
é Membro da
comunidade do SL
há mais de 10 anos,
atuou por anos com
administração do
tecnologias livres e
consultor de
segurança. Hoje
dedica-se ao Projeto
Alice.
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
CAPA · COLABORATIVOS... ATÉ QUE PONTO?
...vivemos uma triste
realidade que é a guerra de egos
entre os projetos que se dizem
melhores que os outros...
Clayton Lobato
Muitas vezes me fizeram essa pergunta:
qual Software Livre adotar? Seja em distribui-
ções de Linux, linguagens de programação ou
aplicativos, geralmente existe grande variedade
de opções, que confundem quem não está habi-
tuado. Tal efeito se torna mais crítico ainda em
cenários corporativos, aonde a implantação de
um novo software pode ser muito cara, devido
aos custos de migração.
O meu primeiro passo para lidar com a
questão sempre foi olhar para as comunidades
em busca das mais fortes. O que leva a outra
pergunta: o que é uma comunidade forte?
Darwin e o Software Livre
É comum traçar um paralelo entre a forma
de desenvolvimento do Software Livre com a evo-
lução biológica: basicamente, exitem vários proje-
tos competindo no ecossistema Open Source, e
a seleção “natural” elege os mais aptos (aqueles
que se destacam), fazendo com estes se espa-
lhem e, com isso, garantindo sua sobrevivência.
O código fonte faz o papel do DNA, que se modi-
fica, aprimora e mistura através das versões / ge-
rações. Eventualmente, um projeto pode dar
origem a uma nova espécie (fork) por não conse-
guir se adaptar às mudanças no meio ambiente
(alterações de escopo) ou para conquistar um
novo ambiente. A natureza cobra um preço alto
dos que não se adaptam, e da mesma forma,
projetos que não continuam evoluindo perdem o
lugar para outros com o tempo. Tal como na bio-
logia, espécies diferentes podem também coope-
rar para sobreviver.
Por trás de processo todo existem pessoas
(o elemento essencial), que motivações diver-
sas, garantem a continuidade das comunidades.
Elas podem estar ali por razões que vão do idea-
lismo até desejo por reconhecimento ou aceita-
ção.
Credibilidade e meritocracia
Uma das características mais importantes
das comunidades de Software Livre é que elas
necessariamente implementam alguma forma
de meritocracia, sendo assim, a relação entre as
pessoas acontece de forma semelhante com a
relação entre comunidades. Se as pessoas mais
hábeis e capazes forem de alguma forma des-
prezadas, a comunidade pode ter sérios proble-
mas para garantir sua sobrevivência.
Eventualmente, líderes naturais se destacam.
CCAAPPAA ·· OO QQUUEE FFAAZZ UUMMAA CCOOMMUUNNIIDDAADDEE FFOORRTTEE
Por Luiz Eduardo Borges
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |41
OO qquuee ffaazz uummaa
ccoommuunniiddaaddee ffoorrttee
|42
Comunicação e controle
O substrato das comunidades é principal-
mente a internet. Embora o Software Livre já
existisse antes da popularização da rede mundi-
al, a conectividade em escala planetária provê o
ambiente que ele precisa para sobreviver.
Nesse substrato, as próprias comunidades
de Software Livre construíram ferramentas de co-
laboração para manter seus processos de produ-
ção, como por exemplo, sistemas de controle de
versão, como o SVN e o Mercurial, que são fun-
damentais para garantir a qualidade do desenvol-
vimento. Além disso, também existem
programas para rastreamento de bugs e tarefas,
visualizadores de código e wikis. Aplicativos co-
mo Trac e Redmine fornecem esses recursos,
incluindo integração com outros sistemas.
O ponto de partida
Muitas comunidades fortes de hoje começa-
ram da mesma forma: um software proprietário,
que foi licenciado de forma livre, geralmente atra-
vés de uma empresa ou fundação. São tantos
exemplos: Mozilla Firefox (que derivou do Nets-
cape Navigator), OpenOffice.org (que evoluiu
do StarOffice) e Blender (que era um produto pro-
prietário e teve o seu código aberto), entre ou-
tros. Outros sempre foram livres, mas
organizações formais se aproximaram ou se for-
maram em torno deles, tal como a PSF (Python
Software Foundation), e zelam pela condução
do projeto.
Crescimento progressivo versus hipérbole
Uma comunidade numericamente grande
não significa necessariamente que é forte. Um
cenário desfavorável é quando o software se po-
pulariza rápido (entra em moda) e a comunida-
de passa a ter muitos usuários novos, que não
absorveram a cultura da comunidade. Estes ge-
ralmente, por vir de ambientes aonde predomi-
nam sistemas proprietários, não compreendem
o funcionamento das comunidades de Software
Livre, e que, no final das contas, podem acabar
por afastar o público realmente interessado.
No mercado de linguagens de programa-
ção, esse processo é facilmente observável. En-
quanto linguagens como o C ou Fortran nunca
foram moda realmente e continuam vivas depois
de décadas, cruzando gerações, outras que se
tornaram extremamente populares sucumbiram
rapidamente. Parece que forma mais saudável
de crescer é lentamente, pois assim é possível
manter a cultura da comunidade, sem modis-
mos.
Para aqueles que participam (e principal-
mente lideram) projetos colaborativos livres, re-
comendo a leitura do livro Art Of Community, de
Jono Bacon, responsável pela comunidade do
Ubuntu Linux, uma das mais fortes que existem
hoje.
Outras informações
Art Of Community Online, site oficial do li-
vro, onde ele se encontra disponível para down-
load sob licença Creative Commons:
http://www.artofcommunityonline.org/.
LUIZ EDUARDO BORGES é autor do livro
Python para Desenvolvedores, analista de
sistemas na Petrobras, com pós graduação
em Ciência da Computação pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ) e criou o blog Ark4n
[http://ark4n.wordpress.com/].
Para mais informações:
Download do livro Art Of Community Online:
http://www.artofcommunityonline.org/
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
CCAAPPAA ·· OO QQUUEE FFAAZZ UUMMAA CCOOMMUUNNIIDDAADDEE FFOORRTTEE
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Revista espirito livre_008_novembro09

  • 1. http://revista.espiritolivre.org | #008 | Novembro 2009 ENTREVISTA EEnnttrreevviissttaa ccoomm JJoonn ""mmaaddddoogg"" HHaallll,, ddaa LLiinnuuxx IInntteerrnnaacciinnaall ENTREVISTA EEnnttrreevviissttaa ccoomm DDaanniilloo RRooddrriigguueess CCééssaarr,, ddoo PPrroojjeettoo RRoobbóóttiiccaa LLiivvrree CCAAPPAA CCoollaabboorraattiivvooss...... AAttéé qquuee ppoonnttoo??!! CCoommuunniiddaaddeess ee MMoovviimmeennttooss LLiivvrreess CCOOTTIIDDIIAANNOO CCuuiiddaaddoo ccoomm oo ""tteeccoo"" eemm iinnffoorrmmááttiiccaa UUBBUUNNTTUU 99..1100 CCoonnhheeççaass aass nnoovviiddaaddeess ddeessttee rreelleeaassee
  • 2. COM LICENÇA Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |02
  • 3. A cada mês, uma vitória. Este não poderia ser diferente. Mesmo quando muitos acham que estamos cansados a ponto de desistir eis que despontamos em mais uma edição de qualidade, como os leitores por si só comentam. Esta edição da Revista Espírito Livre traz como tema de capa Comunidades e Movimentos Livres, apresentando aos leitores um pouco mais sobre este tema tão vasto. Tivemos contato com diversas comunidades que se prontificaram a apresentar suas histórias, seus cases, sua visão em matérias que demonstram o real valor e pontencial destas que iniciativas que arrastam exércitos e movem montanhas. Nossos agradecimentos a estes redatores convidados. Como as comunidades de software livre se manifestam? Como se apresentam diantes da rede? Será que ao constituir uma comunidade tudo será mil maravilhas? Tentamos, através de várias matérias, apresentar as res- postas consisas e focadas sobre estas e muitas outras indagações que permei- am as comunidades de software livre/código aberto. Tivemos a honra de trazer como entrevistado principal Jon "maddog" Hall, considerado por muitos um exemplo de vida, superação e engajamento no movimento do software livre. Maddog "peregrina" em diversos eventos por todo o mundo e sempre está alí disposto para mais aquela foto e para um bom papo sobre novas tecnologias. Ele muito prontamente respondeu aos questionamentos passados pela equipe da revista, respondendo com bom humor sem igual! Danilo Rodrigues, do Projeto Robótica Livre também conversou com nossa equipe e explicou um pouco mais sobre este interessante projeto. Tivemos ainda novas participações em nossa equipe. Fernando Leme estava para fazer parte do corpo editorial e nesta edição ele aparece com falando sobre as armadilhas do mercado. João Marcello também foi uma grata surpresa... Ele começa sua participação na revista apresentando um case bem interessante sobre o "teco" de informática. Clayton Lobato é outro que estava para entrar em nossa equipe já a algum tempo, mas diversos fatores sempre atrapalhavam. Pois bem Clayton participa dessa edição com um assunto polêmico sobre as comunidades. Continuamos uma nova coluna do Cárlisson, a Warning Zone, que apresenta uma perspectiva diferente sobre a narração da história em questão. Vale a pena conferir. Wagner Emmanoel, da Fuctura, apresenta ainda um review bem interessante sobre a mais nova versão do Linux para as massas, o Ubuntu 9.10 Karmic Koala. O pessoal da ASL e do Ubuntu-BR também participaram enviando materiais, enriquecendo ainda mais a publicação. Já os colunistas fixos tais como Alexandre Oliva, Cezar Taurion, Sinara Duarte, Jomar Silva, Filipe Saraiva, Luiz Eduardo e aos tantos outros que de alguma forma participaram desta edição, meus sinceros agradecimentos! A revista continua premiando os leitores que nos acompanham pelo Twitter, Identi.ca e demais veículos, então fique atento, pois novas promoções sempre estão pipocando nestes lugares. Também fiquem atentos ao site ofici- al da revista [http://revista.espiritolivre.org], tem sempre novidade por lá. Agradecemos a todos que não foram citados acima e continuamos a convidar cada vez mais o leitor a participar do processo de criação da revista. Quer saber como ajudar? Entre em contato, contamos com você! EDITORIAL / EXPEDIENTE Só no movimento... Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |03 João Fernando Costa Júnior Editor EXPEDIENTE Diretor Geral João Fernando Costa Júnior Editor João Fernando Costa Júnior Revisão Pamella Castanheira Tatiana Al-Chueyr Arte e Diagramação João Fernando Costa Júnior Capa Carlos Eduardo Mattos da Cruz Contribuiram nesta edição Alex Sandro Gomes Alexandre Oliva Ana Luiza de Souza Rolim Andre Gondim Andressa Martins Bruno de Sousa Monteiro Cárlisson Galdino Cezar Taurion Clayton Lobato Danilo Rodrigues César Fernando Leme Filipe Saraiva Gleibson Rodrigo Silva de Oliveira Hailton David Lemos Ivanildo José de Melo Filho João Marcello Pereira Jomar Silva Jon "maddog" Hall José James F. Teixeira Luiz Eduardo Borges Mônica Paz Otávio Gonçalves de Santana Pamella Castanheira Paulo de Souza Lima Roberto Salomon Rodrigo Carvalho Rosângela S. Carvalho Sinara Duarte Stefanie Silveira Tatiana Al-Chueyr Wagner Emmanoel Wallisson Narciso Wanny Figueiredo Wesley Samp Yuri Almeida Contato revista@espiritolivre.org O conteúdo assinado e as imagens que o integram, são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores, não representando necessariamente a opinião da Revista Espírito Livre e de seus responsáveis. Todos os direitos sobre as imagens são reservados a seus respectivos proprietários.
  • 4. EDIÇÃO 008 CAPA Colaboração no mundo dos negócios Veja como isto é possível 27 COLUNAS A Distopia do Remoto Controle Eu vejo tudo enquadrado... 11 Warning Zone Episódio 2 - Reset 15 Open Source e Serviços O Open Source já deixou de ser notícia... 18 SUMÁRIO 93 AGENDA 06 NOTÍCIAS Difundindo ideias em busca de uma sociedade livre Ideias em movimento... 30 Entrevista com Danilo Rodrigues, do projeto Robótica Livre PÁG. 59 Entrevista com Jon "maddog" Hall PÁG. 22 Participação e Comunidade Vivemos em comunidade... 20 Das armadilhas do mercado Tome cuidado... 33 Um site de rede social para a comunidade de software livre do Brasil Socializando... 35 Colaborativos... Até que ponto?! Perguntinha difícil esta 38 O que faz uma comunidade forte Anota a receita! 41 Ubuntu-BR Comunidade do Ubuntu no Brasil 43
  • 5. TECNOLOGIA Qual é a importância dos padrões abertos para o software livre? Pensando na coletividade 55 08 LEITOR ENTREVISTA Entrevista com Danilo Rodrigues César Projeto Robótica Livre 59 QUADRINHOS Os Levados da Breca Nanquim2 - Helpdesk Agenda Lotada 10 PROMOÇÕES EVENTOS 8ª Oficina para Inclusão Digital - Belo Horizonte/MG Release sobre o evento 84 FORUM Ética em informática Você tem? 45 REVIEW Novidades do Ubuntu 9.10 Lá vai o Karmic Koala... 65 SOFTWAREPÚBLICO Amadeus Interação para educação a distância 73 Ekaaty na Feira dos Formandos 2009 - Salvador/BA Relato do evento 86 Eventos sobre Software Público - Brasília/DF Relato do evento 88 91 O Desenvolvimento da Computação e das Redes - Parte 3 Uma nova forma de distribuição cultural 48 EMDEBATE Paciente informado e web 2.0 Vai um remedinho aí? 62 Por que o cidadão consciente deveria optar pelo software livre - Parte 1 Introdução e uma pitada de história e filosofia 51 COTIDIANO Cuidado com o "teco" em informática Te pega daqui, te pega de lá... 70 EDUCAÇÃO Software Livre e Ciências A química perfeita! 79
  • 6. Go: a linguagem de programação do Google O Google apresentou recen- temente seu mais novo proje- to: a nova linguagem de programação Go. Buscando resolver alguns problemas encontrados em outras lin- guagens já existentes, o Goo- gle anuncia que GO é: simples, rápida, tem compila- ções e builds em frações de segundo (com códi- go compilado executado a velocidades semelhantes às do C/C++), segura (quanto os ti- pos de dados e no acesso à memória), concor- rente (preparada para a execução de milhares de rotinas sem problemas de stack overflows), di- vertida (une as vantagens de uma linguagem de programação dinâmica à velocidade e seguran- ça de uma linguagem estática e é claro... open source. Existe um vídeo bastante rico em infor- mações no site oficial, bem como tutoriais. Firefox completa 5 anos Há 5 anos atrás, a versão 1.0 do browser Firefox era disponibilizada para downlo- ad pela Mozilla Organizati- on. Um browser open source que, além de ser rá- pido e prático, permitia ao usuário alterá-lo conforme suas necessidades. O resultado é que ao fim de 5 anos, já na sua terceira versão, o Firefox con- ta com 24% da quota de mercado mundial, ten- do já superado o número de usuários do Internet Explorer 6. Startup Litl lança "webbook" baseado em Linux A startup Litl, funda- da uns dois anos atrás, lançou enfim seu primeiro produ- to: um “webbook”, ou seja, um notebo- ok voltado para o uso da web. Seguin- do a filosofia de que “menos é mais”, o sistema operacional e o hardware foram simplificados para não ficar en- tre o usuário e a internet. Uma das característi- cas mais interessantes do webbook é a possibilidade de dobrar o teclado para trás da te- la, de forma que a ser possível apoiar o notebo- ok “em pé” sobre armários em qualquer lugar da casa. Mais informações no site oficial http://www.litl.com. Fundador do KDE recebe condecoração na Alemanha O fundador do KDE, Matthi- as Ettrich, foi condecorado na Alemanha com a Cruz Federal de Mérito, por sua contribuição ao Software Li- vre. A Cruz Federal de Méri- to é a mais prestigiosa, assim como a única decoração geral entregue pela República Federal da Alemanha. É outorga- da pelo presidente para as destacadas realiza- ções nas diferentes esferas política, econômica, cultural e outros. Ettrich começou no projeto KDE a 13 anos. Mais informações em: http://dot.kde.org. NOTÍCIAS NOTÍCIAS Por João Fernando Costa Júnior Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |06
  • 7. NOTÍCIAS |07 Lançado Mandriva 2010 Foi lançado o Mandriva 2010, que traz programas re- centes e algumas outras novi- dades. Existem melhorias no que diz respeito ao tem- po necessário para o boot, que ficou um pouco mais rápi- do. A versão ainda conta com os ambientes KDE e Gnome disponíveis nas versões 4.3.2 e 2.28.1, respectivamente. Es- ta versão ainda conta com o LXDE, um ambien- te mais leve, destinado a PCs mais antigos ou lentos. Mais informações em http://wiki.mandri- va.com/en/2010.0_Tour. Curso online gratuito de Metasploit Excelente curso online gratui- to sobre como utilizar a fra- mework Metasploit. A Metasploit Framework (MSF) é considerada como uma das melhores ferramentas de audi- toria livres que existem para os profissionais de segurança atualmente. Para saber mais visite: http://www.offensive-security.com/metasploit-un- leashed/. Skype open source para Linux Os desenvolvedores do Sky- pe anunciaram que preten- dem lançar o cliente Skype para Linux como open sour- ce. O anúncio não deixa claro se o que será aberto será ape- nas a interface, a biblioteca que faz a comunica- ção ou se o conjunto todo será aberto. O anúncio pode ser conferido aqui: http://sha- re.skype.com/sites/linux/2009/11/skype_open_- source.html. Lançado OpenSUSE 11.2 Acaba de ser lançada a versão 11.2 do OpenSU- SE, a distribuição Linux patrocinada pela Novell, que conta com kernel 2.6.31, KDE 4.3, sistema de arquivos ext4 como default, GNOME 2.28, entre outras novidades. Screenshots e detalhes podem ser vistos em: http://pt.opensuse.org/OpenSUSE_11.2. Yahoo! doa seu Traffic Server à Fundação Apache O Yahoo! decidiu publicar o código do Traffic Server, uma plataforma que eles mesmos desenvolveram para gerenciar o tráfego de seu webmail e outros serviços web. Entre outras coisas, a plataforma se encarrega do caching, processamento e balanceamento de carga no Yahoo!, além disso é utilizado para gerenciar o tráfego nos serviços de virtualização de armazenamento interno do Yahoo! Quer contribuir? Então participe entrando em contato através do email revista@espiritolivre.org Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
  • 8. Ainda não teve seu comentário publicado por aqui? Então o que está esperando?! Envie sua mensagem e ajude a revista a ficar ainda me- lhor! Contribua, enviando suas sugestões e críti- cas. Abaixo listamos alguns comentários que recebemos neste mês: É uma revista muito interessante, onde tratam de assuntos relacionados a tecnologia (software livre) e cultura de uma forma muito dinâmica. Gosto muito. Geysa Galvão - Jaboatão dos Guararapes/PE A melhor revista sobre Software Livre da Améri- ca Latina. Diemesleno Carvalho - Campo Grande/MS Revista show de bola... Oferece conteúdo de qualidade e mantém o espírito livre até na forma de distribuição do material. Filipe Seiti Nakamura - São Paulo/SP Eu adoro ler a Revista Espírito Livre, assim, pos- so me manter informada do que ocorre no mun- do da informática de uma forma muito fácil e agradável. Fátima Aparecida Tagliaferro - Mogi Mirim/SP Uma ótima fonte de informação, de um mundo que precisa muito que as pessoas tenham co- nhecimento. Janayna Alves Rocha - Palmas/TO Gostei muito da revista, bem ilustrada, abrange assuntos bem diversificados. Gostei muito das matérias voltadas para educação. Parabéns pe- lo trabalho... Kilson Araujo Lima Junior - Fortaleza/CE Eu acredito que ela é a representação da liber- dade e da solidariedade que que habita em ca- da ser que usa o software livre. Carlos Alberto Lages - Santarém/PA Acho a revista otima, com otimos topicos e as- suntos sempre interessantes, espero algum dia poder participar e ajudar presentemente com a revista. Wagner Gonçalves - Rio de Janeiro/RJ Atualmente, a revista tem conquistado seu espa- ço na comunidade de software livre. Particular- mente, despertei interesse na revista assim que acessei o site pela primeira vez e a cada lança- mento é grande a expectativa para ler as matéri- as. Parabéns! Josué José Júnior - Lauro de Freitas/BA A melhor iniciativa que conheço, acompanho desde a primeira edição, e assim que tiver expe- riência para falar ou ensinar alguma coisa pode- rão contar com a minha contribuição. Sou usuário linux a 4 anos e não troco nem se me pagarem! Faço propaganda de todas as edi- ções da revista na faculdade e levo a "boa no- va" do software livre aonde posso, profetizando uma era em que seremos todos livres e não fica- remos mais acorrentados as "janelas". Luiz F. Silva - São Bernardo do Campo/SP COLUNA DO LEITOR EMAILS, SUGESTÕES E COMENTÁRIOS |08 Ayhan YILDIZ - sxc.hu Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
  • 9. Acho a revista espirito livre uma revista muito boa para minha área e tambem para a profissão pois com ela consegui tirar algumas dúvidas de- cisivas. Alessandro Marchi Panccione - Caçador/SC Revista de conteúdo técnico de alta qualidade. Indo ao encontro dos profissionais de TI; princi- palmente aqueles adeptos do software livre. Sérgio Adão da Silva - São José/SC Acho deveras interessante a Revista Espírito Li- vre. Ela de fato me orienta nos diversos estudos que tenho feito a respeito de softwares. Todos que estão ligados ao processo de produção da mesma estão de parabéns! Janine Louise Brioude - Belo Horizonte/MG Tem pouco tempo que leio a revista. Recebi a in- dicação de uma amiga, pois precisava pesqui- sar sobre Wikis. A revista é muito bacana e trata de forma clara assuntos que antes conside- rava de 'setes cabeças'. Parabéns a toda equi- pe. Anderson B. dos Santos - Belo Horizonte/MG Conheci a revista há pouco tempo, desde então tenho utilizado bastante seu conteúdo e tam- bém divulgado para outros educadores. Ela opor- tuniza uma atualização constante sobre software livre, o que eu acredito ser muito impor- tante. Ana Paula Leme Baptistella - São Paulo/SP A Revista Espírito Livre é a publicação que falta- va no mercado brasileiro. Agora que o modelo de produção open-source começa a ser percebi- do como um campo com vasto potencial, sendo até mesmo "transportado" para outras áreas do conhecimento, carecia uma revista que trouxes- se, como faz a Espírito Livre, com competência e ludicidade, material de leitura e atualização pa- ra os entusiastas (profissionais ou amadores) do software livre. A diagramação é muito bonita, moderna e prática, o conteúdo sempre muito in- teressante e de excelente qualidade é bastante diversificado, atendendo a diversos nichos. A in- teração com leitores -- como não poderia deixar de ser nessa seara! -- é valorizada, agregando uma qualidade essencial para uma revista de software livre. Toda a equipe editorial está de parabéns! Fábio Malagoli Panico - Ribeirão Preto/SP A Espírito Livre, ajuda não só a mim, mas tam- bém todos os meus amigos alguns até que não são da área de informática. Ajudo divulgando a revista na minha rede de contatos para que os mesmos possam ter um conhecimento com fon- tes confiavéis e de boa base. Diogo Alvez P. da Silva - Belo Horizonte/MG A revista pode ser resumida em uma palavra: F@NTÁSTIC@!! Alexandro Sousa dos Santos - Araguaína/TO A revista espírito livre é um excelente canal de informação para a disseminação da cultura e co- nhecimento da comunidade de software livre brasileira. Odair Rubleski - Nova Trento/SC Acompanho a revista, desde sua 2ª edição. Re- comendo ela a todos meus amigos que gostam de Software Livre. A última edição estava ótima, como tem sido desde a sua 1ª edição, aprecio muito o trabalho. Quando me perguntam o que é a Revista Espírito Livre, respondo: Uma Revis- ta de qualidade, que ajuda a divulgar o Software Livre, e que está no mesmo nível de outras grandes revistas de informática e tecnologia do Brasil, com a grande vantagem de ser gratuita. Thiago Lima de Sousa - Florianópolis/SC Revista dinâmica que prende o leitor do início ao fim, mas mantendo-o livre nas páginas do co- nhecimento. Adriano euclides m Gomes - Maceió/AL Uma ótima revista pois é feita de/para pessoas que apóiam e utilizam software livre. Nathan Scapini - Erechim - RS COLUNA DO LEITOR Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |09
  • 10. PROMOÇÕES · RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES PROMOÇÕES Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |10 Ganhadores da Promoção VirtualLink: 1. Robson Ferreira Vilela - Prata/MG 2. Daniel Gianni - Ribeirão Preto/SP 3. Marco Aurélio Capela - Ananindeua/PA 4. Alexandre da Costa Leite e Silva - São Gonçalo/RJ 5. Tomas Waldow - Guaíra/PR Ganhadores da promoção Clube do Hacker: 1. Ricardo Esteves Pontes - Campinas/SP 2. Jardel Segalla Flores - São Leopoldo/RS 3. Allan Denis Muniz Alves - Atalaia/AL Na edição #007 da Revista Espírito Livre tivemos diversas promoções bem como promoções através de nosso site e canais de relacionamento com os leitores, como o Twitter e o Identi.ca, onde sorteamos diversos brindes, entre eles associações, kits, cds, inscrições a eventos e camisetas. Abaixo, segue a lista de ganhadores de cada uma das promoções. Fique ligado! A promoção continua! A VirtualLink em parceria com a Revista Espírito Livre estará sorteando kits de cds e dvds entre os leitores. Basta se inscrever neste link e começar a torcer! Não ganhou? Você ainda tem chance! O Clube do Hacker em parceria com a Revista Espírito Livre sorteará associações para o clube. Inscreva-se no link e cruze os dedos! Ganhadores da promoção SOLISC 2009: 1. Kaléu Puskas Caminha - Florianópolis/SC 2. Carlos A. de Freitas - São José dos Campos/SP 3. Yuri dos Santos Radziwill - Blumenau/SC 4. Rodigo Carvalho Silva - Rio de Janeiro/RJ 5. Rafael Schmidt Sampaio - Florianópolis/SC 6. Luiz Alberto Avelino Filho - Uberlândia/MG 7. Kelvin Pinho da Silva - Rio Branco/AC 8. Daniela Barbosa de Oliveira - Cuiaba/MT 9. Nathan Scapini - Erechim/RS 10. Thiago Corbari Feldhaus - Caçador/SC 11. Marcoantonio Gemelli - Lages/SC 12. Leandro Amaral - Biguaçu/SC 13. Thiago Lima de Sousa - Florianópolis/SC 14. Odair Rubleski - Nova Trento/SC 15. Jurandir R. da Silva - Francisco Morato/SP Ganhadores da promoção PHP Conf: 1. Diogo Freitas - São Paulo/SP 2. Gabriel da Silveira Costa - Carapicuiba/SP 3. Alberto Barbi Brescia - Belo Horizonte/MG 4. Marcos P. Gonçalves de Moura - Guaratinguetá/SP 5. Kaio Rocha Ribeiro - Goiânia/GO A organização do GOPHP e a Revista Espírito Livre estarão sorteando 3 inscrições entre os leitores. Basta se inscrever neste link e começar a torcer!
  • 11. Muito já se falou e escreveu sobre o risco de ceder controle sobre seu computador a al- guém potencialmente mal intencionado. A confi- ança cega que alguns depositam em fornecedores de software privativo dificulta a aceitação da plausibilidade do risco, mas fatos recentes corroboram o perigo, mostrando que nem só de más intenções se o constrói. Veja o caso da Amazon.com. Vendeu mi- lhares de cópias da distopia orwelliana 1984, restritas ao seu leitor portátil de livros eletrôni- cos, antes de descobrir que tal distribuição não fora autorizada. Presumivelmente por receio das perdas que sofreria numa disputa e provável der- rota judicial, achou por bem interromper as ven- das da obra e cancelar as vendas já concluídas: comandou os equipamentos que carregavam có- pias da obra a que as removessem imediata- mente. Para usar o termo escolhido pelo próprio fabricante para batizar o produto, ateou fogo nos livros. É capaz disso porque mantém controle re- COLUNA · ALEXANDRE OLIVA A Distopia do Remoto Controle Por Alexandre Oliva |11 Bartek Ambrozik - sxc.hu Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org Meu amor cadê você? Eu acordei Não tem ninguém ao lado... Pela janela do quarto Pela janela do carro Pela tela, pela janela Quem é ela? Quem é ela? Eu vejo tudo enquadrado Remoto controle... -- Adriana Calcanhotto, em Esquadros
  • 12. COLUNA · ALEXANDRE OLIVA Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |12 moto sobre esses equipamentos que suposta- mente já não mais lhes pertencem. Curioso é que, etimologicamente, a palavra “remòto” pro- vém justamente do particípio passado do verbo “removère”, remover. A obra foi “remòta” remota- mente, clientes reclamaram, Amazon.com prometeu não fazer mais, mas o prospecto de que fatos semelhantes se repitam é cada vez me- nos, digamos, remoto. Há semelhanças com o caso da nVidia, le- vada ao tribunal e condenada pela implementa- ção de uma otimização nos chipsets que desenvolveu para diversas placas mãe. Não con- seguiu obter permissão para uso da tecnologia, então acabou tendo de fazer todo o possível pa- ra desabilitar a otimização, até nas placas que já estavam nas mãos de clientes. Precisou con- vencer todos os fabricantes de placas mãe com os chipsets otimizados a preparar e publicar “atu- alizações” da BIOS que impediriam o uso da oti- mização. Ante o risco jurídico, foi fácil convencê-los a também remover as versões anti- gas que o permitiriam. Diversos usuários manti- veram o bom desempenho de seus equipamentos evitando a atualização. Felizmen- te para eles, a nVidia não tinha mecanismos à sua disposição para providenciar a remoção re- mota da funcionalidade. Mas há quem tenha... Fornecedores de progra- mas que funcionam através da In- ternet, por exemplo, podem determinar, a cada acesso ao serviço, qual versão do progra- ma executar ou oferecer ou não para o usuário. Computadores possuídos pelo Microsoft Win- dows também consultam seu mestre todos os dias, e podem ser comandados a instalar atuali- zações sem sequer avisar ao usuário. O mesmo pode aconte- cer com computadores possuí- dos por qualquer outro software privativo, seja sistema operacio- nal, seja aplicativo. Não podendo estudar o código fonte, adaptá-lo às próprias ne- cessidades e preferências ou contar com a aju- da de terceiros à sua escolha para fazê-lo, usuários podem classificar software privativo em dois grupos: os que sabidamente estão sob con- trole remoto de seus mestres e os que talvez es- tejam. Todo software privativo carrega o risco de que o fornecedor decida ou seja obrigado a dar uma, digamos, amazoneada orwelliana no programa. O usuário acorda no outro dia e des- cobre que sua amada funcionalidade não está mais ao seu lado. Pode ocorrer de o usuário se ver impedido de acessar seus próprios dados, sem aviso pré- vio. A empresa canadense i4i, por exemplo, pro- cessou a Microsoft por uso de algumas técnicas de representação de dados em formato XML, en- tendendo que o Microsoft Word praticava essas técnicas. Microsoft foi multada e proibida de co- mercializar o Word nos EUA. Cabe recurso, mas o juiz até que foi complacente. Poderia ordenar que a Microsoft fizesse tudo que estivesse ao seu alcance para que usuários em qualquer lu- gar do mundo não mais pudessem se valer des- sas técnicas desenvolvidas e distribuídas a partir dos EUA pela Microsoft. Ela teria de utili- zar sua porta dos fundos em cada computador possuído pelo Windows para forçar a atualiza- Fornecedores de programas que funcionam através da Internet, por exemplo, podem determinar, a cada acesso ao serviço, qual versão do programa executar ou oferecer ou não para o usuário... Alexandre Oliva
  • 13. COLUNA · ALEXANDRE OLIVA Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |13 ção do Word para uma versão sem essas funcio- nalidades. Verdade seja dita, não seria um gran- de desastre: com algum esforço da Microsoft, continuaria possível abrir arquivos OpenXML, ain- da que com alguma perda. Mas outras patentes poderiam ser tão amplas a ponto de exigir a re- moção de todo o suporte a um determinado for- mato de arquivos, deixando usuários cujos computadores são controlados remotamente ime- diatamente incapazes de acessar os dados que assim armazenaram. O pior é que não parece que juízes ou titulares de patentes estejam incli- nados a se preocupar com os usuários e, dados os termos típicos de licenciamento de software privativo, haveria pouquíssimas possibilidades para demandar do fornecedor sequer reparação pela perda de funcionalidade. Há outro caso aterrorizante, que materiali- za os piores pesadelos de Tim Berners-Lee. A empresa americana Eolas obteve patente sobre plugins para navegadores, processou a Micro- soft em 1999, teve a patente anulada em 2004, reverteu a anulação em 2005 e acabaram che- gando a um acordo judicial em 2007, permitindo à Microsoft reativar facilidades que desativara pa- ra contornar a patente. Eolas teve recentemente outra patente concedida nos EUA, agora sobre tecnologias AJAX, aquelas que tornam páginas web interativas sem precisar de plugins. Armada dessas paten- tes, processou Google, Yahoo, Apple, Sun, Amazon.com, Citi- group, JPMorgan, eBay, Go Daddy, Playboy, YouTube e ou- tras 14 empresas. Quantas delas cederão às ameaças e pagarão pela proteção para usar essas tecnologias para servir seus cli- entes? Quantas resistirão, tentan- do invalidar ou contornar as patentes, correndo o risco de se- rem obrigadas, por ordem judici- al, a puxar o tapete dos clientes? Quantos clientes desprevenidos cairão? Quantos receberão co- mo última atualização silenciosa a remoção da funcionalidade, baseada em plugins do navega- dor, que permitiria receber outras atualizações? Quantos conseguirão ler na Internet as notícias a respeito, antes de terem os navegadores infra- tores silenciosamente “remòtos” de seus compu- tadores? Patentes de software são uma péssima ideia, como já previa o visionário Bill Gates em 1991. Enquanto a Corte Suprema dos EUA ten- ta por um fim à distorção de decisões anteriores que deu margem a essa aberração, o órgão res- ponsável por receber pedidos de patentes no Brasil se empenha em desprezar nossa lei e im- portar a interpretação distorcida, impondo um enorme risco desnecessário e daninho a todos os desenvolvedores, distribuidores e usuários de software do país. Mesmo revertidos esses desmandos, o ris- co aqui exposto permaneceria enquanto fornece- dores mantiverem o poder de controlar remotamente os computadores de seus usuári- os. Mesmo sendo bem intencionados, havendo qualquer munição jurídica capaz de levar um juiz a ordenar que façam tudo que estiver ao seu alcance para evitar que usuários se valham de certas funcionalidades de programas que de- Quantos conseguirão ler na Internet as notícias a respeito, antes de terem os navegadores infratores silenciosamente “remòtos” de seus computadores? Alexandre Oliva
  • 14. les receberam, podem ser obrigados a usar o controle remoto de maneira daninha aos usuári- os e a si mesmos. Ainda que não reconheça- mos patentes de software ou outros poderes de exclusão injustos, um juiz remoto pode dar a or- dem na origem do software e afetar usuários no mundo inteiro. Fornecedores de software e hardware, pe- lo seu próprio bem, deveriam deixar de manter controle remoto sobre os computadores de seus clientes. Nós, usuários, não deveríamos jamais ceder o controle sobre nossos computadores e dados, exorcizando o software privativo que os possui: utilizando somente Software Livre, do qual nosso controle não é “remòto”, escapamos do enquadramento. “Quem é ela? Quem é ela?”, que vislumbramos cortada e destroçada nas telas e janelas de quartos e carros do e-mun- do distópico do remoto controle? Seu nome é Li- berdade! Ame-a e cuide para não acordar um dia e descobrir que ela foi, tipo assim, “remòta”! * http://homembit.com/2009/10/openxml-who-fooled- who.html * http://arstechnica.com/tech-policy/news/2009/10/compa ny-that-won-585m-from-microsoft-sues-apple-google.ars * http://en.wikipedia.org/wiki/Eolas * http://www.groklaw.net/article.php?story=20091002212 330353 * http://www.groklaw.net/staticpages/index.php?page= 2009022607324398 Copyright 2009 Alexandre Oliva Cópia literal, distribuição e publicação da íntegra deste artigo são permitidas em qualquer meio, em todo o mundo, desde que sejam preservadas a nota de copyright, a URL oficial do documento e esta nota de permissão. http://www.fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/pub/distopia-do- remoto-controle COLUNA · ALEXANDRE OLIVA Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |14 ALEXANDRE OLIVA é conselheiro da Fundação Software Livre América Latina, mantenedor do Linux-libre, evangelizador do Movimento Software Livre e engenheiro de compiladores na Red Hat Brasil. Graduado na Unicamp em Engenharia de Computação e Mestrado em Ciências da Computação. * http://letras.mus.br/adriana-calcanhotto/43856/ * http://www.theregister.co.uk/2009/07/18/amazon_ removes_1984_from_kindle/ * http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId= 106989048 * http://www.defectivebydesign.org/blog/1248 * http://www.fsf.org/news/amazon-apologizes * http://www.etimo.it/?term=remoto * http://www.nforcershq.com/forum/bios-update-warning- t72851.html * http://www.dvhardware.net/article30967.html * http://www.ngohq.com/news/14892-nvidia-forced-to- disable-chipset-pci-prefetch.html * http://fsfla.org/blogs/lxo/pub/isca-anzol-rede * http://www.findmysoft.com/news/Microsoft-Pushes- Windows-Updates-without-User-Permission/ * http://www.fsf.org/blogs/rms/mac-osx-mistakes-and- malfeatures * http://news.bbc.co.uk/2/hi/8197990.stm * http://www.groklaw.net/article.php?story=20090817235 436439 Para mais informações:
  • 15. No episódio anterior, um acidente na instalação da SysAtom Technology termina fazendo com que o vírus ationvir, que vinha sendo desenvolvido na empresa, infecte a equipe de trabalho. Darrell e Pandora fogem, enquanto os outros se reúnem com Oliver para ouvir seu plano de dominação global. Tungstênio: Agora vocês vão ouvir o meu plano de dominação global! Bwahahahaha! Seamonkey: ? Minotaur: Tá, chefe. Mas o que é que é pra fazer com o refém? Eu trouxe esse sujeito aqui. COLUNA · CÁRLISSON GALDINO Por Carlisson Galdino |15Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org Episódio 02 - Reset
  • 16. COLUNA · CÁRLISSON GALDINO |16 Ele diz que se chama Nazareno. Tungstênio: Não importa o nome dele. Ele foi trazido pra cá pra fazermos testes sobre infecção do ationvir em novos contágios, não lembra? Isso ficou bem claro no capítulo anterior, droga! Arsen! Ou melhor, Montanha! Cuide disso pra mim, tá? Montanha: Pois não chefe. Louise, me ajuda? Tungstênio: Que Louise?! Ela escolheu o nome dela! É Seamonkey! Chame ela de Seamonkey então, ué! Será que nem vocês leram o primeiro episódio desta história!? Seamonkey: Tá, muito bonito tudo isso, mas tem um problema. Tungstênio: E o que foi agora? Seamonkey: Vamos fazer testes como!? Já viu onde a gente tá? Só então Oliver se dá conta de que o prédio da Sysatom não existe mais. Está tudo em ruínas. Minotaur: Ainda tem o projeto da casa pra gente recompilar? Kkkkkk! Tungstênio: Vamos pensar em alguma coisa nós três. Seamonkey, vá vendo o que pode fazer com esse sujeito aí. Pandora: Ó, a gente devia ir ver o que está acontecendo com eles, Bem! Que será que está havendo lá? Darrell: Não faço idéia. E temos que entender também o que está havendo conosco. Pandora: É mesmo, né? E minha voz desse jeito... Vou chorar! Darrell: Calma, Pandora. Temos que entender porque sua voz está assim. Parece até que engoliu um plugin do XMMS. Pandora: Muito engraçado você. Fica assim porque não aconteceu nada com você. Eu vi lá: nossos colegas viraram monstros! Você não viu? Darrell: O que quer que tenha acontecido nos transformou. Eu tenho algumas habilidades especiais agora. Pandora: Ah, é? Como é que você sabe? Tava no changelog do Darrell 2.0? O da Pandora 2.0 estava vazio! Quem me programou é muito preguiçoso ou eu não tenho importância mesmo... Darrell: Você sabe que você é importante, né Pandora? É importante pra mim. Vamos deixar os dois pombinhos se acertando e voltar nossa atenção para a sede da SysAtom Technology. Antigamente, uma das grandes empresas de tecnologia do Brasil. Hoje, só... Bem... Hoje... Tungstênio: Acho que ficou bom! Seamonkey: Ficou uma merda! Montanha: E o que você queria? Quem não ajudou não tem direito de reclamar não. Fique calada que calada ainda tá errada. Minotaur: Pô, eu achei massa! Seamonkey: Tá parecendo... Uma cabana de índio, só que feita de ferro! Minotaur: Ué, por isso que ficou legal! Seamonkey: Espero que a Pandora não veja isso... Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
  • 17. COLUNA · CÁRLISSON GALDINO Minotaur: Designers... Tudo um bando de fresco, isso sim! Tungstênio: Que Pandora? Chamem pelo codinome! Seamonkey olha pra Tungstênio com cara de raiva, com o canto dos olhos. Seamonkey: E qual é? Tungstênio: É mesmo. Não sabemos. Onde ela está? E o Darrell? Precisamos deles agora! Temos que saber como vamos chamá-los! Os fortes raios do Sol bahiano já se enfraquecem na segunda metade da tarde quando Darrell e Pandora se aproximam da sede. E o que eles encontram é... Bem... Darrell: PQP! Como diria Valdid: que peste é isso? Pandora observa espantada a estranha construção Darrell: Vamos? Pandora permanece em estado de choque. Darrell: Ei!!! Minha flor, vamos indo? Pandora: Eles... Eles... Darrell: É, eles fizeram uma casa nova usando chapas de ferro e cabos de aço. Pandora: Eles... Darrell: Vamos, não podemos ser vistos. Temos que encontrar uma janela. Darrell para por uns instantes. Darrell: ...ou qualquer coisa parecida com isso. Minotaur: Ei, Louise! Seamonkey: Se o Oliver vir você me chamando pelo nome vai ficar doido contigo. Minotaur: Pior é você chamar o nome dele. Ei, Seamonkey não é um nome do Mozilla? Seamonkey: É. É como ficou conhecida a suíte de navegação que antes se chamava Mozilla Suite. Minotaur: Ah... E não dá problema? Seamonkey: O quê? Minotaur: Sei lá, usar o nome deles! Seamonkey: Se der, pior é seu caso. Minotaur: Como assim? Seamonkey: Minotaur é como o Thunderbird era conhecido antes. Minotaur: Era? Mas não são mais, então tá liberado pra eu usar! Seamonkey: Não. Eles mudaram de nome porque foram processados. Minotaur: Que merda! Preciso mudar de nome antes que seja tarde demais! |17 CARLISSON GALDINO é Bacharel em Ciência da Computação e pós-graduado em Produção de Software com Ênfase em Software Livre. Já manteve projetos como IaraJS, Enciclopédia Omega e Losango. Hoje mantém pequenos projetos em seu blog Cyaneus. Membro da Academia Arapiraquense de Letras e Artes, é autor do Cordel do Software Livre e do Cordel do BrOffice. Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
  • 18. Open Source já está dei- xando de ser notícia de mídia. Não que o assunto tenha se es- gotado, mas é que não é mais novidade. Open Source já está no dia a dia das empresas. E um dos negócios em torno do Open Source que está crescen- do bastante são exatamente os serviços. Neste modelo, não se ganha dinheiro direta- mente com venda de licenças, mas principalmente com servi- ços. Segundo o IDC, neste ano de 2009 o mercado mundi- al de serviços em torno do Open Source deverá atingir a casa dos sete bilhões de dóla- res, um crescimento de 25% sobre o ano anterior. Em 2013, as previsões são que alcan- cem 12,7 bilhões de dólares! A receita de serviços acumulada entre 2008 e 2013 será de mais de 54 bilhões de dólares. Realmente, estamos falando de muito dinheiro. O que estes números re- presentam? Indiscutivelmente que Open Source já criou um ecossistema forte e saudável e que não tem como ser ignora- do. Open Source já está atin- gindo a maturidade e as dis- COLUNA · CEZAR TAURION Open Source e Serviços Por Cezar Taurion |18 Wagner Magni - sxc.hu Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
  • 19. COLUNA · CEZAR TAURION |19 cussões ideológicas estão sen- do deixadas de lado. Lembro que em 2004 e 2005 as discus- sões se centravam na luta en- tre o bem e o mal, com o mal simbolizado pelo software pro- prietário. Pouquíssimas discus- sões eram pragmáticas...Não se falava em mercado, das difi- culdades das empresas em adotar Open Source. Muitas ini- ciativas eram, no âmbito gover- namental, definidas por decreto, sem uma visão clara e consistente dos desafios a se- rem enfrentados. Na época, a IBM era a única das grandes empresas de software a acredi- tar e investir em Open Source. Já em 2001, a IBM anunciava investimentos de um bilhão de dólares em iniciativas ligadas ao Linux. Foi um marco para a indústria de software, sinalizan- do que Open Source era coisa séria. Hoje o contexto é diferen- te. Muitos projetos de software Open Source já estão amadure- cidos. O Linux já tem 18 anos, o MySQL 14 anos, o Post- greSQL é de 1996, o Apache surgiu em 1995, o Eclipse em 2001, Mozilla em 1998 e o OpenOffice.org em 2000. A industria de software, salvo ainda raras exceções já entendeu que Open Source é ir- reversível. E muitas empresas de software misturam código Open Source com seu código proprietário, criando soluções híbridas. Estas alternativas abrem espaço para produtos inovadores como os ofertados pela Black Duck Software (http://www.blackducksoftware. com/) e OpenLogic (http://www.openlogic.com/) que vasculham código e vali- dam se existe alguma violação de patentes. Também já vemos Open Source entrando em outros se- tores de software, como um sis- tema de sistema de trouble ticket, o OTRS (http://www.otrs.org/), e siste- mas de shopping cart para co- mércio eletrônico como o osCommerce (http://www.os- commerce.com/) ou o Zen Cart (http://www.zen-cart.com/).Exis- tem soluções para integração de dados e ETL, como o Ta- lend (http://www.talend.com/) e diversos outros softwares. Mas, voltando aos servi- ços, o segmento de maior cres- cimento é exatamente o de integração. Curiosamente, os de menor oportunidade de ne- gócios são as atividades de educação e treinamento. Por outro lado, os treinamentos abrem portas para os serviços de maior valor agregado como consultoria e integração. OK, e que sugestões po- demos fazer para empreende- dores que queiram entrar neste setor? Apenas duas: Ge- rar dinheiro com software Open Source é diferente do mo- delo proprietário. Não existem li- cenças e portanto devem buscar receita em serviços ou obter ganhos indiretos. E não esquecer que integração entre sistemas proprietários e Open Source é a demanda de maior oportunidade. Assim, não tem sentido uma empresa ser espe- cializada 100% em Open Sour- ce. Adicionalmente sugiro prestar atenção à rápida disse- minação da chamada Internet das coisas, onde sensores e outros dispositivos estarão atu- ando em tempo real, integra- dos à infraestrutura física do planeta. As oportunidades de novos negócios usando tecno- logias Open Source serão ab- solutamente imensas. Para mais informações: Site Black Duck Software http://www.blackducksoftware.com/ Site OpenLogic http://www.openlogic.com/ Site OTRS http://www.otrs.org/ Site osCommerce http://www.oscommerce.com/ Site Zen Cart http://www.zen-cart.com/ Site Talend http://www.talend.com CEZAR TAURION é Gerente de Novas Tecnologias da IBM Brasil. Seu blog está disponível em www.ibm.com/develo perworks/blogs/page/ ctaurion Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
  • 20. Cada um de nós tem um motivo para participar de uma comunidade. Na maioria das ve- zes, somos membros a comuni- dade onde vivemos, da comunidade onde trabalhamos e outras comunidades físicas. Estas participações acabam se dando mais pela proximidade fí- sica da comunidade que neces- sariamente por afinidades culturais ou de outro tipo. Nas comunidades de Software Li- vre, no entanto, uma coisa dife- rente parece acontecer: aparentemente, apenas por afi- nidade intelectual, nos filiamos a comunidades de completos estranhos. Pessoas que conhe- cemos apenas por e-mail e que atendem por nicks e não por nomes. O envolvimento nas co- munidades de Software Livre, no entanto, é gradual, quase imperceptível. É um processo de crescimento onde começa- mos como "ouvintes" de listas de discussão, vendo outros fa- zerem as perguntas que gosta- riamos de ter feito mas não tinhamos coragem de fazê-lo. Grande bobagem! Com o tem- po, descobrimos que repetir uma pergunta nos custa, no máximo, uma resposta man- dando ver a mensagem tal. Is- so quando temos sorte. Alguns poucos mal-educados, e eles existem em qualquer comuni- dade, mandam a gente procu- rar direito antes de fazer uma pergunta. Ainda bem que são exceções. COLUNA · ROBERTO SALOMON Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |20 B S K - sxc.hu Por Roberto Salomon Participação e Comunidade
  • 21. COLUNA · ROBERTO SALOMON |21 Crescemos e, apesar dos trolls, começamos a perguntar. Com o tempo descobrimos que também podemos respon- der as perguntas dos outros ou até mesmo comentar uma res- posta de alguém mais experien- te, dando ao tema uma nova abordagem (ou perspectiva, co- mo queiram). E, quando me- nos esperamos, estamos tão enfronhados na comunidade que alguém chega para pergun- tar se não gostariamos de nos tornar mais ativos, assumindo alguma coordenação ou ativida- de. É sempre assim. A partici- pação em comunidade é envol- vente e natural do ser humano. Gostamos de nos sentir úteis. E, no caso específico das comunidades de Software Li- vre, há uma coisa que as distin- gue de todos os outros tipos de comunidade. Em uma lista de discussão não há rostos. As pessoas discutem e argu- mentam livremente sem ne- nhum pré-conceito sobre os demais. Infelizmente, tende- mos a imaginar a capacidade in- telectual do outro pela sua aparência física. Em uma lista de discussão, isso não existe. A discussão se dá sem a inter- ferência de padrões culturais que nos são impostos pelas nossas criações. Exagerando, mas não tanto assim, é possí- vel acompanhar uma divertida discussão entre um PHD em fí- sica nuclear e um estudante de segundo grau sobre qual a melhor solução para um deter- minado problema que ambos vem enfrentando. Seja na for- matação de um texto científico, ou na codificação mais eficien- te de um algorítmo, esta intera- ção só é possível pela existência destas comunida- des virtuais. Gosto de lembrar de quando conheci o Asrail que assumiu a coordenação do pro- cesso de QA do BrOffice.org. Tivemos boas discussões so- bre métodos e resultados sem nunca nos termos encontrado. Na verdade um não tinha a me- nor ideia de como era o outro. Não era necessário. Quando fi- nalmente nos conhecemos, a reação foi muito semelhante: ele achava que eu era mais no- vo, e eu que ele era mais ve- lho. Às vezes fico imaginando como teria sido a dinâmica do trabalho se este encontro tives- se ocorrido antes. Crescemos e, apesar dos trolls, começamos a perguntar. Com o tempo descobrimos que também podemos responder as perguntas dos outros ou até mesmo comentar uma resposta de alguém mais experiente... Roberto Salomon ROBERTO SALOMON é arquiteto de software na IBM e voluntário do projeto BrOffice.org. Blog do Roberto Salomon: http://rfsalomon.blogspot.com Artigo na Wikipédia sobre Troll http://pt.wikipedia.org/wiki/Troll_ (internet) Para mais informações: Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
  • 22. Revista Espírito Livre: Jon "maddog" Hall, hoje você é um ícone na área de softwa- re livre. De volta para o passado... Você ti- nha interesse em tecnologia durante a infância? Jon Maddog Hall: Sim. Quando criança, eu estava constantemente desmontando coisas para ver como elas funcionavam. Frequente- mente eu não conseguia montá-las novamente, mas, em geral, quando eu tinha acesso a elas, elas já tinham parado de funcionar de qualquer forma, então meus pais não ligavam muito. CCAAPPAA ·· EENNTTRREEVVIISSTTAA CCOOMM JJOONN MMAADDDDOOGG HHAALLLL Entrevista com Jon "maddog" Hall Por João Fernando Costa Júnior, Tatiana Al-Chueyr e Pamella Castanheira Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |22
  • 23. |23 Até os meus 15 anos meu pai tinha um se- gundo trabalho em uma loja de brinquedos. Ain- da muito novo eu ia lá e o ajudava a montar bicicletas, karts, casas de bonecas e outras coi- sas que necessitavam leitura e execução de ins- truções de manuais. Eu também sempre gostei de ficção científi- ca, de ler revistas técnicas e, muitos livros. REL: Há relatos de que seu primeiro con- tato com software livre foi quando você traba- lhou no Digital Equipment Corporation, como foi? JMH: Bem, estes relatos parecem estar er- rados. Meu primeiro contato com software livre foi em 1969 quando eu era um estudante univer- sitário na Drexel University, na Philadelphia, Pennsylvania. Eu encomendava programas da bi- blioteca da Digital Equipment Corporation's User Society, DECUS. DECUS publicava um catálo- go impresso (na época esse catálogo custava 15 dólares) dos programas que eles possuíam. Eu lia o catálogo e via qual programa eu precisa- va, então eu encomendava (geralmente os pro- gramas pequenos custavam em torno de 5 dólares, e os maiores em torno de 15 dólares) e eles chegavam pelo correio em fita de papel. Então eu experimentava os programa, e, se eles fossem bons, eu fazia copias e os vendia para os meus colegas por um dó- lar ou dois cada um, para cobrir os custos da nova fita de papel e para reembolso do que havia pa- go para receber o primeiro. Desde que os programas eram livremente distribuíveis e co- piáveis, isso não era ilegal na épo- ca. REL: Desde então, a tecno- logia mudou um pouquinho... Como você se manteve atualizado? JMH: Antes de tudo, minha educação foi muito intensa. Estudei engenharia elétrica, e aprendi como os transistores podem ser coloca- dos em uma unidade de armazenamento (cha- mada de “flip-flop”), como os flip-flops poderiam ser colocados em regístros e memórias, como barramentos funcionavam, etc. Eu programei em linguagem de máquina, estudei como compi- ladores e sistemas operacionais funcionam. Quando vieram as redes e processamento gráfi- co, também estudei esses assuntos. Eu trabalhava para a Western Electric, a fili- al industrial da Bell System quando eu estava na faculdade, e mais tarde no Bell Laboratories. Enquanto eu provavelmente teria alguma dificuldade em escrever código no atual kernel do Linux, eu não tenho dificuldades em enten- der como ele funciona. Uma boa parte da chamada "inovação" de hoje consiste em tornar as coisas menores, mais rápidas, mais eficientes, mais consisten- tes. Trata-se de um bom trabalho de engenha- Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL Uma boa parte da cha- mada "inovação" de hoje consiste em tornar as coisas menores, mais rápidas, mais eficientes, mais consistentes. Trata-se de um bom trabalho de engenharia, mas não é o que eu chamaria de "inovador". Jon "maddog" Hall
  • 24. |24 ria, mas não é o que eu chamaria de "inovador". Além disso, eu continuo lendo re- vistas técnicas, participando de confe- rências, etc. REL: O seu apelido “maddog”, foi dado por estudantes do estado de Hartford State Technical College quando você foi chefe do departa- mento de ciência da computação, devido ao seu temperamento, na época. Hoje em dia, você sempre aparece extremamente calmo duran- te as conferências de software livre ao redor do mundo... Existe ainda alguma coi- sa que o transforma num velho “maddog”? JMH: Sim, quando as pessoas são grossei- ras, ou pensam que são melhores que as ou- tras. Fanatismo, sexismo, racismo. As pessoas que se recusam a ajudar aqueles que tentam aju- dá-las. Políticos que tem dificuldades para ler e entender a constituição dos Estados Unidos. REL: Quais são as suas atividades atu- ais como diretor executivo do Linux Internati- onal? JMH: Infelizmente a entidade “Linux Interna- tional” tem estado adormecida durante algum tempo devido à falta de verba, mas eu tenho um plano para reativá-la e revitalizá-la em breve, en- tão fiquem atentos. Tudo o que faço pelo Linux é tentar expli- car de forma clara e concisa, o que é o software livre e como ele ajuda as pessoas e nações. Re- centemente tenho me concentrado no que cha- mo de “economias emergentes”, pois acredito que o software livre tem mais impacto nelas, e pode ajudar ainda mais a vida das pessoas. Neste verão passei um tempo no Vietnã mi- nistrando alguns cursos gratuitos, patrocinados pelo WITFOR, uma organização parcialmente fundada pelas Nações Unidas, sobre como utili- zar software livre para fazer negócios. REL: Você é também um dos embaixa- dores do Koolu, o qual permitiu grandes avanços na aplicação do software livre em dispositivos de baixo consumo de energia. Quais são os avanços recentes neste cam- po? JMH: O Koolu, em si, decidiu se concen- trar, por enquanto, em “cloud computing”, a qual pode ser feita através de thin clientes e servido- res virtuais, por isso não está tão envolvido com as coisas de baixo consumo. REL: Atualmente, em que projetos você está engajado? JMH: Ah! Continuo envolvido e interessado por “coisas de baixo consumo”, e estou traba- lhando com a Universidade de São Paulo para testar e desenvolver a próxima geração de um “Open phone”, muito parecido com o Openmoko FreeRunner, mas para ter o telefone sob uma li- cença livre, para que as fábricas no Brasil e no resto da América Latina possam produzi-los. Is- so criaria empregos na América Latina e reduzi- ria o custo dos telefones para o cliente final. Eu também estou profundamente envolvi- do com o Projeto Cauã, que é um projeto que usa computação em thin client para reduzir o uso de eletricidade, torna a computação mais fácil, cria uma bolha de Internet wireless grátis Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL Tudo que faço pelo Linux é tentar explicar de forma clara e concisa, o que é Soft- ware Livre e como ele ajuda as pessoas e nações. Jon "maddog" Hall
  • 25. para a Inclusão Digital, e cria 1-2 milhões de tra- balhos na área de alta-tecnologia no Brasil, e mais 1-2 milhões para América Latina. Nós faze- mos tudo isso de modo capitalista e sustentável, sem financiamento do governo. Promover a paz no mundo terá que espe- rar até o mês que vem. :-) REL: Com tantas atividades, há tempo pa- ra dormir? Quantas horas você dorme por dia? JMH: Eu geralmente gosto de dormir oito horas, mas como estou ficando mais velho isso se torna mais difícil. Normalmente durmo em tor- no de seis horas ou menos por noite. REL: Suas conferências são mágicas e desmistificam crenças como “não é possível ganhar dinheiro com software livre”. Em que ponto você vê as empresas “comprando” es- ta ideia? JMH: A empresa Red Hat parece ter com- prado. Assim como a IBM, Hewlett Packard, Goo- gle, etc. Mais perto de vocês, o Metrô de São Paulo e a Caixa Econômica Federal, e muitas ou- tras. Eu realmente não sei quantos casos que fo- ram bem sucedidos em "fazer dinheiro com Software Livre" que eu precisarei apresentar pa- ra que as pessoas acreditem que acontece, mas continuarei tentando. REL: Apesar de afetar as com- panias que desenvolvem tecnolo- gia, você vê o movimento do software livre se espalhando para outros setores? JMH: A Creative Commons es- tá criando uma revolução nas artes e em publicidade. Empresas de seguro (por exemplo) têm me perguntado co- mo eles podem usar técnicas de Software Livre para colaborar com seus concorrentes para reduzir cus- tos. REL: Em paralelo ao envolvimento de empreendimentos, mais e mais governos têm se mobilizado e encorajado a utilizar e promover tecnologias open source. Qual é o papel dos governos neste campo? JMH: Eu gosto de pensar que a maioria dos governos são “das pessoas e pelas pesso- as”. Portanto o que é bom para as pessoas em geral é o que o governo deveria fazer. O gover- no, por exemplo, não deve proteger monopólios para que alguns poucos "fiquem ricos". O gover- no deve buscar levar a sociedade adiante. Este é o motivo para eu acreditar que as patentes de software devem ser demanteladas por lei. Patentes de software, se elas algum dia tiveram qualquer efeito positivo na economia, ho- je têm um papel prejudicial que se sobrepõe a qualquer benefício que elas poderiam gerar. Os governos não devem conceder paten- tes de software, e devem ter um programa acele- rado de abolir antigas patentes de software. REL: Em sua opinião, como a recente cri- se global afetou o desenvolvimento e utilização de software livre nos Estados Unidos e no mun- do como um todos? |25Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL O governo, por exemplo, não deve proteger mo- nopólios para que alguns pou- cos "fiquem ricos". O governo deve buscar levar a sociedade adiante. Jon "maddog" Hall
  • 26. JMH: Completamente. As pessoas estão buscando fazer mais com menos dinheiro, e é aí que o software livre aparece. Infelizmente eles não estão também implementando muitos novos projetos, que é outro lugar onde o Software Li- vre se destaca. Conforme a economia for recupe- rada, eu espero que as lições de Software Livre aprendidas durante a recessão inspirem o uso de Software Livre em novos projetos. E é claro, o Vista foi a melhor coisa que a Microsoft poderia ter feito para o Linux. Talvez o grande número de licenças do Windows 7 dirija mais pessoas ao software livre. REL: A filosofia do software livre foi es- tendida para outras áreas através de movi- mentos sociais frequentemente chamados de “cultura livre”. Qual foi a demostração de “cultura livre” mais impressionante que você já viu? JMH: “Big Buck Bunny”, um filme livre feito com a utilização do Blender. Aqueles caras de Amsterdam estão pegando fogo! REL: O que você pensa ser importante para manter viva a comunidade do software li- vre ou a cultura livre? JMH: É preciso uma massa crítica de pes- soas, juntamente com comunicação de alta velo- cidade de comunicação e baixo custo e compartilhamento de conhecimento. Acho que não foi por acaso que o projeto do kermel do Linux decolou da maneira que fez, justamente quando os custos de acesso a Inter- net permitiram que a Internet estivesse nas ca- sas das pessoas, computadores razoavelmente poderosos passaram a ser acessíveis tanto a amadores quanto a estudantes universitários, e vários papers sobre como escrever um sistema operacional estavam disponíveis. Tudo o que fal- tava era adicionar um estudante com força de vontade de Helsinki, Finlândia... REL: Quais os principais desafios na área de software livre? E cultura livre? JMH: Fazer as pessoas entenderem que é necessário trabalho e dedicação pra fazer acon- tecer... não é mágica... e se as flores da Cultura Livre não forem regadas e adubadas, elas irão murchar e morrer. REL: Muito obrigado pela entrevista. Vo- cê gostaria de deixar uma mensagem para os leitores da Revista Espirito Livre? JMH: O projeto que mencionei antes, o Pro- jeto Cauã, é uma homenagem ao meu afilhado brasileiro. O nome vem dos índios Tupi - signifi- ca "Águia" - e por isso escolhi este nome para o projeto. A águia é provavelmente um dos espíritos mais livres que eu possa imaginar. Então, da música "The Eagle & The Hawk" de John Den- ver e Mike Taylor, eu deixo esta mensagem: "And reach for the heavens and hope for the future And all that we can be and not what we are" "E busque pelos céus e tenha esperança pelo futuro E tudo o que nós podemos ser e não o que somos" Esta é a mensagem para o Software Livre e para a Cultura Livre. Carpe Diem! Para mais informações: Site oficial Linux Internacional: http://www.li.org Site oficial Koolu: http://koolu.com |26Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL
  • 27. A cada dia, mais empresas começam a en- xergar o software livre como uma opção viável e estratégica para seus negócios, gerando inde- pendência de fornecedores e economia. No mo- delo proprietário, existe a figura do fornecedor, que dá suporte a problemas e consultoria, figura esta que normalmente não existe no modelo li- vre. Algumas vezes, existem empresas especiali- zadas em prestar serviços a determinados softwares livres, mas, o que acontece na maio- ria dos casos, é que a comunidade é seu princi- pal mantenedor, tornando necessária a interação da empresa usuária com ela. Esta interação pode ser feita de várias for- mas, cabendo à empresa decidir como a fará, mas elas podem ser enquadradas em alguma destas três categorias: 1. Ter contato direto com a comunidade; 2. Terceirizar este contato; 3. Se tornar parte da comunidade; Contato direto com a comunidade Normalmente feito por empresas de maior porte, é quando ela decide que irá interagir dire- tamente com os desenvolvedores do software. Na prática, isto normalmente significa que um grupo de pessoas da área de TI desempenhará funções de: 1. Reporte de problemas (bugs); 2. Pedidos de novas funcionalidades; 3. Repasse de dúvidas para a comunidade; O problema deste tipo de interação é que é bastante passiva e não trás garantias de que CAPA · COLABORAÇÃO NO MUNDO DOS NEGÓCIOS Por Rodrigo Carvalho |27 Colaboração no mundo dos negócios A interação entre empresas usuárias de software livre com suas comunidades Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org Mark Normand - sxc.hu
  • 28. a resposta será adequada ao nível de severida- de que um possível problema possa ter. Ele é pa- recido com o modelo proprietário, onde estas mesmas interações são com a fornecedora do software, mas, neste caso, não existe contrato para poder cobrar judicialmente uma resposta adequada. Esta forma de interação normalmente é o mais comum de ser visualizado por quem está começando com software livre (e que acaba ge- rando a famosa pergunta “quem dá suporte?”). Apesar disso, o risco é menor quando a empre- sa usuária já é experiente neste assunto e sabe lidar melhor com a comunidade. No entanto, este tipo de interação pode ser interessante para casos menos críticos, como pe- quenos aplicativos livres. Como isto não irá inter- romper nenhum serviço crítico, o seu uso torna-se seguro, mesmo contando apenas com o suporte informal. Mas não é interessante que a empresa ape- nas “sugue” o trabalho desenvolvido colaborativa- mente. Elas normalmente dão um retorno para o projeto, como doações ou publicidade. Neste últi- mo caso, o próprio fato de uma empresa com no- me de peso estar utilizando um software livre, já o torna mais conhecido, trazendo para a sua co- munidade mais pessoas interessadas em contri- buir. Para softwares maiores, também podem ser feitos patrocínios ou organização de even- tos. Um exemplo de empresa que faz bastante is- to é o SERPRO. Este órgão é um dos maiores usuários da linguagem Python e sempre que pos- sível patrocina os eventos da comunidade no Brasil. Ele é, inclusive, um dos grandes responsá- veis pela popularização da linguagem no nosso país. Nos casos onde são necessários desenvol- vimentos, como correção de bugs e implementa- ção de novas funcionalidades, empresas usuárias às vezes fazem pagamentos diretos pa- ra um desenvolvedor ativo do software fazer o trabalho necessário. Esta solução se aproxima com o que viremos a seguir. Terceirizando o contato Uma empresa também pode escolher por não ter nenhum contato direto com a comunida- de e contratar empresas que farão este traba- lho. A contratada fica responsável por solucionar os problemas nos softwares livres, co- mo se eles fossem propriedade dela. Assim, se esta não responder às demandas de forma con- veniente, a usuária estará resguardada judicial- mente por um contrato. Isto é bastante parecido com o modelo pro- prietário, com a diferença fundamental que a usuária poderá fazer o mesmo tipo de contrato com outra consultoria. Como o software livre não tem donos, a partir do momento que a con- tratada não honra o contrato, ele poderá ser res- cindido e ser refeito com outra. Isto também é o mais simples de ser implementado por empre- sas de menor porte e pelas que estão iniciando a adoção. Um exemplo muito bom de empresa que faz isto de uma maneira muito inteligente é a Caixa. A empresa abre licitações para contrata- ção de consultorias em software livre, contendo exigências de que a empresa contratada tenha um número mínimo de membros ativos na comu- nidade. Isto, ao mesmo tempo que garante uma qualidade de serviço melhor, pois a consultoria terá pessoas qualificadas para o trabalho, contri- bui para que o software se fortaleça, remuneran- do os membros ativos e incentivando a entrada de novos. Tornando-se parte da comunidade Existem também algumas empresas que, de certa forma, se tornam parte da comunidade. Elas, ao invés de terem um papel passivo, tiram total proveito da liberdade do software se tornan- do membros ativos da comunidade, desempe- nhando funções de: |28 CAPA · COLABORAÇÃO NO MUNDO DOS NEGÓCIOS Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org
  • 29. 1. Desenvolver novas funcionalidades; 2. Corrigir bugs; 3. Sanear dúvidas de outras pessoas; 4. Gerar documentação; Obviamente, para se fazer isso, é necessá- rio que pessoas da empresa tenham um conheci- mento mais profundo do software (especialmente nos dois primeiros casos) e que ela tenha mais experiência com o modelo colabo- rativos e de como lidar com a comunidade. Mas este tipo de interação se torna mais fácil quando a empresa fez algum trabalho interno que possa ser liberado para o público externo. Ela o disponi- biliza para que todos possam se beneficiar dele. Quem utiliza bastante este modelo é o Ban- co do Brasil. Ele faz contribuições para os softwa- res que usa, como o desenvolvimento de melhorias no Wine, traduções do Freemind e có- digo e documentação do BrOffice.org. Estes tra- balhos foram feitos para o atendimento de demandas internas e que, posteriormente, fo- ram disponibilizados. Neste caso, ambas as par- tes ganham: todos os usuários, que contarão com um software melhor, e a própria empresa, que não precisará manter os códigos desenvolvi- dos por conta própria. Além disso, algumas empresas enxergam esta forma de trabalho como algo essencial pa- ra usos em atividades críticas. Nestes casos, elas preferem absorver um conhecimento mais profundo do software para que, na ocorrência de problemas que possam comprometer a em- presa de maneira mais severa, ela mesma seja capaz de resolvê-los, dando prioridade máxima a eles e sem depender da disponibilidade de em- presas externas. Concluindo Ao utilizar software livre, será praticamente inevitável que uma empresa tenha algum tipo de interação com a sua comunidade. Mas isto, ao contrário do que muitas delas acostumadas com o modelo proprietário possa pensar, não é ruim. Isto gera uma movimentação em volta do softwa- re que trará mais garantias de sua continuidade, incentiva que mais empresas deem suporte a ele (aumentando a concorrência), melhora sua própria imagem perante o público e fica cada vez mais independente de empresas externas. Mas deve ficar claro que não existe uma forma de interação melhor que a outra e, da mesma forma, uma forma não impossibilita ou- tra (as empresas citadas nos exemplos intera- gem por diversas maneiras). Como tudo no software livre, isto que é uma questão de esco- lha - a empresa usuária tem o poder de escolher de qual a melhor forma para ela. Olhando para o mercado, o que podemos ver é que a maioria das empresas têm uma atitu- de mais passiva. Como o software livre ainda es- tá começando na maioria delas, estas formas de interação se tornam mais interessantes por se- rem mais parecidas com as do modelo proprietá- rio do qual já estão acostumadas. Algumas têm uma atitude mais ativa, mas por terem alguns funcionários próprios que participam de projetos livres e acabam trazendo isso para seus traba- lhos. De uma forma ou de outra, o importante é incentivar que as comunidades cresçam e que os softwares se fortaleçam para que o investi- mento feito não tenha sido em vão. Artigo: Software livre é usado em 73% das grandes empresas no Brasil http://ur1.ca/enit Artigo: Empresas e a Comunidade Software Livre http://ur1.ca/eniz |29 RODRIGO CARVALHO é analista de sistemas com experiência pessoal e profissional com software livre e membro ativo na divulgação do software livre no Rio de Janeiro através do grupo SL-RJ. Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org CAPA · COLABORAÇÃO NO MUNDO DOS NEGÓCIOS Para mais informações:
  • 30. Ideias em movimento. É assim que Mario Teza define o movimento do software livre. Ele, junto com Marcelo Branco e Ronaldo Lages, foram os res- ponsáveis pelo projeto inicial do Fórum Internacional Softwa- re Livre que hoje culmina na As- sociação Software Livre (ASL) e no Projeto Software Livre Bra- sil. Não foi um trajeto fácil, mas o quadro em que se encon- tra atualmente o software livre no país mostra que não foi nem é uma luta em vão. Confor- me conta Marcelo Branco, hoje coordenador geral da ASL, tu- do começou em 1999. Na épo- ca, Branco era vice-presidente da Companhia de Processa- mento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul, a Pro- cergs. Junto com os também funcionários da Instituição, na data, Mario e Ronaldo, surgiu a ideia de promover o software livre dentro da companhia. Após ser dada a largada, um grupo de cerca de 40 pessoas se reuniu na Procergs e deu início ao Projeto Software Livre Rio Grande do Sul. A partir daí, com o apoio de universidades e comunida- des de usuários, surgiu o Fó- rum Internacional Software Livre, o fisl. As três primeiras edições do evento foram orga- nizadas governamentalmente. Quando se anunciou a desgo- vernamentalização do projeto, nasceu a organização não go- vernamental que daria suporte ao Fórum: a Associação Software Livre. Neste momen- to, também nascia o Projeto Software Livre Brasil (PSL-Bra- sil). Para Marcelo Branco, em- bora tenha nascido depois do Fórum, a ASL já existia na prá- tica e se constitui na organiza- ção social mais antiga do país CAPA · Difundindo ideias em busca de uma sociedade livre Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |30 Por Stefanie Silveira Difundindo ideias em busca de uma sociedade livre
  • 31. |31 na defesa do software livre e da cultura livre. Segundo o coordenador geral, a ASL e o PSL-Brasil são alguns dos responsáveis pelo software livre passar a ser um tema nacional que interfere em áreas como a economia, a política, a cultura e a filosofia. “Conseguimos dar uma amplitu- de maior para o movimento pe- la liberdade de conhecimento, penetrar nas administrações pú- blicas, dar visibilidade para o movimento sob o ponto de vis- ta dos meios de comunicação”, afirma Branco. Ele ressalta que, no início, quem mais atua- va pelo software livre eram os desenvolvedores, mas, na atua- lidade, o tema se ampliou. “Os desenvolvedores são a mola mestra deste movimento, o co- ração, o pulmão, mas ao ampli- ar o tema para ativistas sociais e jornalistas acabamos sendo um pouco responsáveis pelo fa- to de que o movimento softwa- re livre do Brasil é um dos mais respeitados do mundo”, explica. O representante do Tercei- ro Setor no Comitê Gestor da Internet no Brasil, Mario Teza, ressalta que o Fórum Internacio- nal Software Livre, que em 2009 teve sua décima edição realizada, foi muito importante para ajudar a constituir e solidifi- car o movimento software livre no país. Em crescimento cons- tante, na edição deste ano, o fisl reuniu mais de oito mil parti- cipantes. De acordo com Teza, a adesão de pessoas de diferen- tes áreas da sociedade e a rea- lização do evento que a cada ano demonstrou crescimento e solidez fez com que se conse- guisse criar repercussão e res- sonância para o tema do software livre. “Nós não somos os únicos responsáveis por is- so, mas o fato de sermos o mai- or evento acaba sendo o catalisador de diversas comuni- dades e propostas que ocor- rem paralelamente ao fisl e são apoiadas pelos participan- tes”, afirma. O movimento do qual faz parte o Fórum é baseado na ló- gica da Internet, da colabora- ção e do compartilhamento. “Nós somos os precursores dis- so de certa forma, porque a In- ternet nasceu baseada em padrões historicamente livres e hoje ela precisa continuar sendo produto desta comunida- de original que vem se autoafir- mando”, alerta Mario Teza. Segundo ele, o modelo proprie- tário de software vem sendo contestado também pelo suces- so das iniciativas em software livre que se demonstram mais baratas, eficientes e mobiliza- doras de colaboradores ao seu redor. Para Teza, o diferencial do Projeto Software Livre Rio Grande do Sul, foi que, em seu princípio, em 1999, a ideia con- seguiu reunir governo, empre- sas e universidades no mesmo espaço, o que não ocorria em outros países. “Essa experiên- cia de juntar todos no mesmo es- paço, somada ao fato de trazer os criadores das tecnologias, os desenvolvedores, os pais e as mães de algumas das principais tecnologias utilizadas acabou fa- zendo do Brasil referência por criar uma sinergia que não exis- te em outros lugares”, diz ele. A Associação Software Li- vre é uma associação civil sem fins-lucrativos, com sede em Conseguimos dar uma amplitude maior para o movimento pela liberdade de conhecimento, penetrar nas administrações públicas, dar visibilidade para o movimento... Marcelo Branco Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org CAPA · Difundindo ideias em busca de uma sociedade livre
  • 32. |32 Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A ASL reúne hoje em- presários, profissionais libe- rais, estudantes e servidores públicos, estabelecendo rela- ções com os mais diversos seto- res da sociedade como o poder público, universidades, empresas, grupos de usuários, hackers e ONGs. Seguindo o seu propósito fundador, o princi- pal objetivo da organização é tornar o software livre ampla- mente incluído na sociedade, propiciando espaço de discus- são, apoio, fomento e organiza- ção de iniciativas nas mais diversas áreas relacionadas ao tema. Os principais projetos da ASL são o Fórum Internacional Software Livre e o Projeto Software Livre Brasil. O fisl é re- alizado anualmente em Porto Alegre e reúne milhares de par- ticipantes de diversos lugares do país e do mundo. Em 2009, o Fórum trouxe para o Brasil o co-fundador do Pirate Bay, Pe- ter Sunde, além do mentor do movimento software livre, Ri- chard Stallman e do presidente da Linux International, Jon “Maddog” Hall. Os participan- tes puderam conferir mais de 300 atividades envolvendo pa- lestras técnicas, eventos cultu- rais, shows, desafios de programação e promoções nos estandes dos expositores. O Projeto Software Livre Brasil é uma rede social, manti- da pela ASL, que reúne univer- sidades, empresários, poder público, grupos de usuários, hackers, ONG's e ativistas pe- la liberdade do conhecimento. Com mais de três mil usuários cadastrados, o projeto objetiva promover o uso e o desenvolvi- mento do software livre como uma alternativa de liberdade econômica e tecnológica. Além disso, o PSL-Brasil e a ASL de- fendem a cultura e o conheci- mento livres e a construção do marco civil regulatório para ga- rantir os direitos fundamentais dos usuários de Internet no Bra- sil. STEFANIE SILVEI- RA é jornalista e mestranda em Comu- nicação e Informa- ção na UFRGS. Já trabalhou em rádio, jornal impresso, jor- nal online e assesso- ria de imprensa. Atualmente colabora na equipe de Comu- nicação da Associa- ção Software Livre (ASL). Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org ...o movimento software livre no Brasil é um dos mais respeitados do mundo. Marcelo Branco CAPA · Difundindo ideias em busca de uma sociedade livre Site ASL.Org http://associacao.softwarelivre.org Site PSL-Brasil http://www.softwarelivre.org Site Oficial FISL http://fisl.softwarelivre.org/ Site Rádio Software Livre http://softwarelivre.org/radio Site TV Software Livre http://tv.softwarelivre.org/ Para mais informações:
  • 33. CCAAPPAA ·· DDAASS AARRMMAADDIILLHHAASS DDOO MMEERRCCAADDOO Por Fernando Leme |33 Das armadilhas do mercado Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org Uma das promessas da Cultura Livre era a de que mudaríamos o foco do produto para o serviço. Esta promessa foi realizada pela meta- de, porque a outra metade ainda encontra no lu- cro empresarial e na publicidade seu alicerce econômico. O código aberto provou ser um método mais eficiente (porque mais rápido) e mais bara- to de desenvolvimento. Manter uma comunida- de de voluntários será sempre mais economicamente viável do que sustentar um grupo de desenvolvedores especializados. E aí jaz a encruzilhada. Desde que esta constatação tornou-se o alicerce da maioria das empresas de tecnologia atuais, o lucro (fundamento comercial) e a ideo- logia (fundamento comunitário) encontraram-se mais uma vez ameaçando-se mutuamente por que não ficou claro quem financia o pensamen- to. Nusrin - sxc.hu
  • 34. |34Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org A economia universal é baseada na teoria da escassez (cujo postulado mais conhecido é a lei da oferta e da procura). Uma vez que o produ- to principal das empresas de tecnologia deixa de ser um bem escasso, como cobrar por ele? Pi- or ainda, como manter ativa uma comunidade e sua infraestrutura sem obter qualquer vantagem econômica desta atividade. O Financiamento A solução mais frequentemente utilizada (e em alguns casos encarada como a panaceia) é a publicidade. O Youtube, o Facebook e o Orkut são exemplos claros em que determinado servi- ço é oferecido gratuitamente àqueles que se dis- puserem a aceitar newsletters de outros produtos e publicidade em seus perfis (o ho- mem-sanduíche em versão digital). O que muita gente ainda não entendeu é o quanto esta solu- ção é provisória. O que a publicidade tem feito é empurrar um elo para a frente a cadeia de consumo. Não se compra o produto original, mas o produto que é anunciado nele. E o foco no produto persiste! Por outro lado empresas como a Canoni- cal, Mandriva, IBM e Novell (parcialmente) conse- guiram manter a oferta gratuita de seus produtos enquanto financiam sua atividade com a oferta de serviços (para fabricantes e para o consumidor final) Na web este desafio ainda não encontrou solução satisfatória. Um ponto em que algum lu- cro justifique a oferta de um serviço. Como críti- co do mercado e do consumo não aceito soluções provisórias baseadas num mesmo mo- delo usado pela televisão nos últimos 50 anos. Software dirigido pela comunida- de e o software público Comunidades como o Debian, o Slackware e o GoOO são, entretanto, um exemplo de orga- nização e sucesso. Mantendo suas atividades por meio de voluntários, as comunidades desen- volvem seus próprios critérios e códigos de con- duta. Transformam-se em centros de excelência na difusão de conhecimento e carregam consigo um histórico de superação. Mantém-se indepen- dentes da estrutura econômico-mercantil que as rodeia e são um porto seguro para as investidas da idéia de lucro. Preciso deixar claro que não sou contrário ao lucro, ao capitalismo, etc. Apenas considero perigoso que esta seja a perna mais importante de um movimento como o software e cultura li- vres. Paralelamente, iniciativas como o Software Público brasileiro demonstram que, tal qual a Comunicação (que sempre contou com investi- mento e iniciativas de caráter público dada a sua importância estratégica), a Tecnologia da In- formação merece tratamento especial porque pode conduzir todo um país, sua estrutura econômica e educacional em direção à indepen- dência e ao domínio das ferramentas. Conclusão Não se pode, portanto, encarar o futuro do código livre e aberto apenas com uma solução comunitária. E creio encontrar-se neste ponto o desafio maior das comunidades. Ou como resu- miu Matt Asay em seu “The Open Road”: Sem a “lógica” do lucro, o código aberto nunca poderia se tornar o fenômeno global que vemos hoje. FERNANDO LEME é escritor, músico e professor. Particularmente influenciado por questões relativas ao software e cultura livres, sociologia e filosofia do direito. Escreve regularmente para o blog “Universo Fer”, http://fernandohleme.wordpress.com. CAPA · DAS ARMADILHAS DO MERCADO
  • 35. Desde maio desde ano, a comunidade software livre do Brasil conta com uma platafor- ma de rede social. É a rede Software Livre Bra- sil que veio ocupar o espaço que antes era do portal do Projeto Software Livre Brasil - PSL-BR, mas que mantem a função de agregar notícias desse antigo site e também une a comunidade em rede social na internet. Com isso, a rede tem como objetivo unir “universidades, empresários, poder público, grupos de usuários, hackers, ONG's e ativistas pela liberdade do conhecimen- to” para a “promoção do uso e do desenvolvi- mento do software livre como uma alternativa de liberdade econômica e tecnológica”, segundo o seu site. Vale lembrar que a responsável pela re- de é a Associação Software Livre Brasil (ASL), muito conhecida por realizar o Fórum Internacio- nal de Software Livre - FISL, que ocorre anual- mente em Porto Alegre- RS, dentre outras ações. O lançamento da rede ocorreu em Salva- dor, no evento III Encontro Nordestino de Software Livre & IV Festival de Software Livre da Bahia em maio de 2009, com a presença de CAPA · Um site de rede social para a comunidade software livre do Brasil Um site de rede social para a comunidade software livre do Brasil Por Mônica Paz Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |35
  • 36. |36 Sady Jacques representando a ASL. Para Anto- nio Terceiro, integrante das equipes de desenvol- vimento da plataforma e de organização do evento, a importância está em “modernizar o anti- go portal softwarelivre.org, transformando-o nu- ma rede social com vida própria” e ainda em “mostrar a viabilidade de serviços web com códi- go livre”, além de servir para demarcar a relevân- cia dos eventos na agenda nacional e a atuação baiana no cenário de desenvolvimento de softwa- res livres. A quantidade de pessoas cadastradas na rede já é bem significativa e ainda pode crescer bastante ao decorrer do tempo, devido a maior di- vulgação do site e mesmo com o crescimento do número de entusiastas do movimento. A rede conta com 2.747 usuários e 414 comunidades (dados de 14 de outubro de 2009 e crescendo) e com isso reúne um parcela da comunidade software livre do país, além de congregá-las em comunidades virtuais relacionadas aos seus softwares, grupos, entidades e projetos preferi- dos. A estudante de redes de computadores de uma faculdade de Salvador, Ana Paula Maia, 22 anos, recém chegada à rede por indicação de amigos, nos indica uma intenção de uso que tal- vez seja a mesma de muitos outros usuários. Ana Paula diz que visa “buscar conhecimentos e poder contribuir com algo que possa ajudar a alguem mesmo que esteja distante geografica- mente. Trocar experiencias adquiridas com o es- tudo, praticas...”, mas também usa a rede para conhecer pessoas que morem em sua cidade e que tenham interesses em comum. A comunidade do movimento software livre já está bastante acostumada com ferramentas que proporcionam sociabilidade no ciberespaço, principalmente, com processos colaborativos. Dessa forma, a rede busca pela convergência de práticas que a transformem em um ambiente propício para a congregação e trocas da comuni- dade. Para tal, além do blog, estão disponíveis funções de gerenciador de conteúdo (mídias de áudio, texto, imagem e vídeo são suportadas), agregador de feeds, domínio softwareli- vre.org/(nome do usuário), além da criação das já citadas comunidades, que ajudam ainda mais a segmentar as discussões por temas. Uma importante funcionalidade disponibili- zada aos usuários é o blog, que tanto pode ser criado a partir da plataforma quanto receber o fe- ed (completo ou resumido) de blogs externos. Em cada página do blog existe o botão “publi- car” que possibilita o envio da publicação nas co- munidades às quais o usuário pertence, propagando mais eficientemente a informação que dessa forma tem maior alcance do que ape- nas a rede de contatos da pessoa. Dentre as co- munidades da rede destaca-se a “PSL Brasil” através da qual os usuários podem enviar textos para a página principal do site da rede. O uso das redes como forma de estrutura- ção da sociedade é uma prática que também tem sido bastante explorada no ciberespaço, a exemplo de grandes sites que conseguiram des- taque em alguns países (como o Orkut no Brasil e na Índia) ou mesmo globalmente (Facebook). Parte dessa adesão, pode ser explicada com o que diz a pesquisadora gaúcha Raquel Recue- ro, em seu livro “Redes Sociais na Internet”, que considera que redes são adequadas às intera- ções no ciberespaço por serem dinâmicas e te- rem a capacidade de se adaptar. Além dessa adaptação interna, os sites de redes ainda com- Figura 1: Página inicial da rede social Softwarelivre.org Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org CAPA · Um site de rede social para a comunidade software livre do Brasil
  • 37. portam novas tendências para se fixarem nesse mercado, pois tendo sido criados desde os anos iniciais dessa década, os sites de redes sociais vêm sendo cada vez mais explorados em diferen- tes aplicações e também estão buscando circu- lar diferentes capitais sociais. Uma atual tendência é a segmentação (ni- chos), ou seja, as redes sociais de nicho bus- cam agregar pessoas de acordo com seus interesses, segmentando o público e atendendo às suas demandas específicas. O editor e escri- tor Chris Anderson em seu livro “A Cauda Lon- ga” chama de “cultura de nicho” toda essa mudança ocorrida nos meios de comunicação que deixam de ser massivos e passam a se seg- mentar ao máximo, aumentando as possibilida- des de escolha do público. Para este autor, estaríamos vivendo a cultura do “e” ao invés da cultura do “ou” e o mesmo se ver nas redes soci- ais, como o caso da rede Software Livre Brasil. O software que provê a rede ainda apre- senta melhorias a serem desenvolvidas e outras funcionalidades poderiam ser adicionadas à pla- taforma, mas a mesma conta com atualizações constantes e a possibilidade de colaboração da comunidade com desenvolvimento, testes, tradu- ções, críticas e sugestões. Dessa maneira, o mundo software livre pode, continuamente, se transformar em um “mundo pequeno” através desse ambiente, que pode aumentar a interação entre seus membros e fortalecer seus laços soci- ais, além de ser um meio eficiente de propaga- ção de informações e conhecimentos. Rede Software Livre Brasil http://softwarelivre.org/ Comunidade "PSL Brasil" ou "portal" http://softwarelivre.org/portal Noosfero, software livre base da rede: http://noosfero.com.br Download do livro "Redes Sociais na Internet" http://www.redessociais.net/ Blog Mônica Paz http://softwarelivre.org/monicapazz |37 MÔNICA PAZ é bacharel em Ciência da Computação, mestranda em Cibercultura pela Faculdade de Comunicação da UFBA e integrante do Projeto Software Livre Bahia - PSL-BA, pelo qual já organizou vários eventos. Para mais informações: Figura 2: Capa do livro Redes Sociais na Internet Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org CAPA · Um site de rede social para a comunidade software livre do Brasil
  • 38. Outra noite estava conver- sando com um amigo, em mais um de nossos momentos fim de uma semana puxada de trabalho e onde a filosofia de boteco entra em ação, apesar de não estarmos em um. Falá- vamos de tecnologias, evolu- ção da humanidade e do quanto açaí com farinha e pei- xe frito é maravilhoso... Em meio a tantos assuntos estra- nhos, como o açaí com peixe, mas para nós que somos do norte é prato fundamental em nossa alimentação, algo me chamou a atenção... Em um certo momento perguntei a ele o que seria da humanidade e mesmo da vida em nosso planeta se não fosse o processo colaborativo entre os seres... Isso me tirou o so- no e vou tentar compartilhar um pouco do que foi esta noite em claro vendo a chuva mo- lhar uma mangueira (pé de manga) em frente a janela de meu escritório em casa, e con- templando mais um momento de colaborativismo promoven- do a vida. Se observarmos tudo a nossa volta, somos dependen- tes de algo ou alguém e ao mesmo tempo temos algo ou alguém dependentes de nós, criando um ciclo que denomino de ciclo colaborativo da vida e da evolução. O grande problema é que somos limitados e até mesmo idiotas em acharmos que não... apenas outros depen- dem de nós, somos soberanos e auto-suficientes... Grande en- gano. Se olharmos para nosso dia-dia, sempre há alguém co- laborando para que possamos fazer nossas tarefas mais sim- ples, como ir ao banheiro na CAPA · COLABORATIVOS... ATÉ QUE PONTO? Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |38 Por Clayton Lobato Colaborativos... Até que ponto? Sanja Gjenero - sxc.hu
  • 39. |39 empresa. Sim... ir ao banheiro da empresa... Lá temos além de cabines reservadas e lugares pendurados onde podemos ali- viar nossas necessidades um personagem fundamental e pou- co conhecido e que na minha opinião é o motor de todo o fun- cionamento do lugar... O se- nhor ou senhora que limpam e mantém todo o funcionamento básico do sistema para que pos- samos sair mais felizes de lá. Tudo bem, você me pergunta e daí ? Imagine então, este perso- nagem não fazendo suas ativi- dades... Certamente neste momento você se daria ao tra- balho de perguntar o nome des- ta pessoa para levar alguma reclamação ao superior dele. Então porquê não perguntar o nome dele na hora que o encon- tra nos corredores ou mesmo no momento em que lava suas mãos ao menos para dizer-lhe um bom dia ou obrigado. Em um sistema colaborativo não existem mais ou menos impor- tantes... Todo mundo tem um papel definido de forma clara e são partes de uma engrena- gem que faz o sistema funcio- nar. Aí alguém pode pergun- tar neste momento “ mas e daí, o que isso tem haver com tec- nologia ? “... TUDO … Hoje vivemos a era da idio- cracia colaborativa isolacionis- ta, traduzindo... Somos colaborativos sim.. mas não nos misturamos, somos melho- res que os vizinhos … Caramba eu fico doente com isso . Desde que mundo é mun- do e independente da forma co- mo acredite ser a formação do mundo tudo só funcionou e evo- luiu por causa do colaborativis- mo.. Adão só foi mandado embora do paraíso por colabo- ração da cobra … Sim , a ma- çã foi oferecida para eva pela cobra... Tudo bem ..Só ocorreu a grande explosão que deu ori- gem a criação do mundo, por colaboração de um monte de partículas que se uniram e fo- ram ficando cada vez mais den- sas e quentes. Eu só consigo escrever esta matéria por quê houve a colaboração entre índios e por- tuguese e italianos e o mundo para formar a língua portugue- sa como conhecemos e esta- mos em processo evolutivo para promover cada vez a cola- boração entre povos, prova es- tá que nosso querido português foi modificado na tentativa de facilitar a comuni- cação entre os povos que tem esta como língua padrão . Em 1969, Ken Thomp- son, pesquisador do Bell Labs, criou a primeira versão do Unix, um sistema operacional multi-tarefa. Este sistema era utilizado pelos grandes compu- tadores que existiam na déca- da de setenta em universidades e grandes em- presas, os mainframes. O Unix era distribuído gratuitamente para as universidades e cen- tros de pesquisa, com seu códi- go-fonte (suas linhas de programação) aberto. Em 1971, Richard Stall- man, do Massachusetts Institu- te of Technology (MIT), inaugurou o movimento Open Source. Ele produziu no Labo- ratório de Inteligência Artificial Hoje vivemos a era da idiocracia colaborativa isolacionista, traduzindo... Somos colaborativos sim... mas não nos misturamos, somos melhores que os vizinhos... Clayton Lobato Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org CAPA · COLABORATIVOS... ATÉ QUE PONTO?
  • 40. |40 do MIT diversos programas com código-fonte aberto. Em 1979, quando a empresa AT&T anunciou seu interesse em comercializar o Unix, a Uni- versidade de Berkley criou a sua versão do sistema, o BSD Unix. A AT&T se juntou a em- presas como IBM, DEC, HP e Sun para formar a Open Sour- ce Foundation, que daria supor- te ao BSD. Em 1983, Stallman criou o Projeto GNU, com o objetivo de desenvolver uma versão do Unix com código-fonte aberto, acompanhada de aplicativos e ferramentas compatíveis (co- mo um editor de textos, por ex- emplo) igualmente livres. Em 1985, ele publicou o manifesto GNU e um tratado anti-copy- right intitulado General Public Li- cense. Esse tratado criava a Free Software Foundation, ex- plicando a filosofia do software livre. Em 1991, nasce o GNU/Li- nux, usando um conjunto de fer- ramentas do Projeto Software Livre e chega ao patamar de um divisor de águas na história da humanidade. Observe que em todos os exemplos acima, saliente a questão da colaboração e o de- senvolvimento sem egos ou aplausos. Hoje vivemos uma triste realidade que é a guerra de egos entre projetos que se di- zem melhores que outros, ou mais importantes ou mais le- gais ou mais bonitos ou mais qualquer coisa que outros e mais... comunidades fechadas entre amigos, onde o acesso a estas pessoas é difícil para grande maioria por serem mui- to importantes. Caramba, se não for o pro- jeto kernel.org manter e desen- volver o kernel raramente teríamos grandes avanços nes- ta camada do Sistema operacio- nal, se não for o pessoal do samba desenvolver as melhori- as, idem, se o pessoal respon- sável pelo qmail não metiver a mão na massa nada mais sai- rá neste sentindo. Ou seja, quem mantém a máquina funci- onando, nossos garçons, nos- sas copeiras que não sabemos ao menos os nomes e agrade- cemos. Que tal acordarmos prá re- alidade então de que não exis- te melhor ou pior ou o GURU ou DEUS do linux, haja vista que tudo é fruto da colabora- ção de uma universo incalculá- vel de pessoas e experiências de vida ? Muito obrigado a todos que um dia me ensinaram al- go, aos que ensinaram a quem me ensinou e a todos que de- senvolvem verdadeiramente a evolução e o funcionamento de tudo o que está a nossa vol- ta e não notamos. Aos DEUSES e GURUS e melhores que os outros... obrigado, por me fazerem per- ceber que somo iguais, usuári- os de um sistema tão mais complexo e lindo que serão in- capazes de perceber, pois seus universos se limitam ao conceito da idiocracia colabora- tiva isolacionista. Um forte abraço a todos e até a próxima onde continua- rei abordando sobre este te- ma... CLAYTON LOBATO é Membro da comunidade do SL há mais de 10 anos, atuou por anos com administração do tecnologias livres e consultor de segurança. Hoje dedica-se ao Projeto Alice. Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org CAPA · COLABORATIVOS... ATÉ QUE PONTO? ...vivemos uma triste realidade que é a guerra de egos entre os projetos que se dizem melhores que os outros... Clayton Lobato
  • 41. Muitas vezes me fizeram essa pergunta: qual Software Livre adotar? Seja em distribui- ções de Linux, linguagens de programação ou aplicativos, geralmente existe grande variedade de opções, que confundem quem não está habi- tuado. Tal efeito se torna mais crítico ainda em cenários corporativos, aonde a implantação de um novo software pode ser muito cara, devido aos custos de migração. O meu primeiro passo para lidar com a questão sempre foi olhar para as comunidades em busca das mais fortes. O que leva a outra pergunta: o que é uma comunidade forte? Darwin e o Software Livre É comum traçar um paralelo entre a forma de desenvolvimento do Software Livre com a evo- lução biológica: basicamente, exitem vários proje- tos competindo no ecossistema Open Source, e a seleção “natural” elege os mais aptos (aqueles que se destacam), fazendo com estes se espa- lhem e, com isso, garantindo sua sobrevivência. O código fonte faz o papel do DNA, que se modi- fica, aprimora e mistura através das versões / ge- rações. Eventualmente, um projeto pode dar origem a uma nova espécie (fork) por não conse- guir se adaptar às mudanças no meio ambiente (alterações de escopo) ou para conquistar um novo ambiente. A natureza cobra um preço alto dos que não se adaptam, e da mesma forma, projetos que não continuam evoluindo perdem o lugar para outros com o tempo. Tal como na bio- logia, espécies diferentes podem também coope- rar para sobreviver. Por trás de processo todo existem pessoas (o elemento essencial), que motivações diver- sas, garantem a continuidade das comunidades. Elas podem estar ali por razões que vão do idea- lismo até desejo por reconhecimento ou aceita- ção. Credibilidade e meritocracia Uma das características mais importantes das comunidades de Software Livre é que elas necessariamente implementam alguma forma de meritocracia, sendo assim, a relação entre as pessoas acontece de forma semelhante com a relação entre comunidades. Se as pessoas mais hábeis e capazes forem de alguma forma des- prezadas, a comunidade pode ter sérios proble- mas para garantir sua sobrevivência. Eventualmente, líderes naturais se destacam. CCAAPPAA ·· OO QQUUEE FFAAZZ UUMMAA CCOOMMUUNNIIDDAADDEE FFOORRTTEE Por Luiz Eduardo Borges Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |41 OO qquuee ffaazz uummaa ccoommuunniiddaaddee ffoorrttee
  • 42. |42 Comunicação e controle O substrato das comunidades é principal- mente a internet. Embora o Software Livre já existisse antes da popularização da rede mundi- al, a conectividade em escala planetária provê o ambiente que ele precisa para sobreviver. Nesse substrato, as próprias comunidades de Software Livre construíram ferramentas de co- laboração para manter seus processos de produ- ção, como por exemplo, sistemas de controle de versão, como o SVN e o Mercurial, que são fun- damentais para garantir a qualidade do desenvol- vimento. Além disso, também existem programas para rastreamento de bugs e tarefas, visualizadores de código e wikis. Aplicativos co- mo Trac e Redmine fornecem esses recursos, incluindo integração com outros sistemas. O ponto de partida Muitas comunidades fortes de hoje começa- ram da mesma forma: um software proprietário, que foi licenciado de forma livre, geralmente atra- vés de uma empresa ou fundação. São tantos exemplos: Mozilla Firefox (que derivou do Nets- cape Navigator), OpenOffice.org (que evoluiu do StarOffice) e Blender (que era um produto pro- prietário e teve o seu código aberto), entre ou- tros. Outros sempre foram livres, mas organizações formais se aproximaram ou se for- maram em torno deles, tal como a PSF (Python Software Foundation), e zelam pela condução do projeto. Crescimento progressivo versus hipérbole Uma comunidade numericamente grande não significa necessariamente que é forte. Um cenário desfavorável é quando o software se po- pulariza rápido (entra em moda) e a comunida- de passa a ter muitos usuários novos, que não absorveram a cultura da comunidade. Estes ge- ralmente, por vir de ambientes aonde predomi- nam sistemas proprietários, não compreendem o funcionamento das comunidades de Software Livre, e que, no final das contas, podem acabar por afastar o público realmente interessado. No mercado de linguagens de programa- ção, esse processo é facilmente observável. En- quanto linguagens como o C ou Fortran nunca foram moda realmente e continuam vivas depois de décadas, cruzando gerações, outras que se tornaram extremamente populares sucumbiram rapidamente. Parece que forma mais saudável de crescer é lentamente, pois assim é possível manter a cultura da comunidade, sem modis- mos. Para aqueles que participam (e principal- mente lideram) projetos colaborativos livres, re- comendo a leitura do livro Art Of Community, de Jono Bacon, responsável pela comunidade do Ubuntu Linux, uma das mais fortes que existem hoje. Outras informações Art Of Community Online, site oficial do li- vro, onde ele se encontra disponível para down- load sob licença Creative Commons: http://www.artofcommunityonline.org/. LUIZ EDUARDO BORGES é autor do livro Python para Desenvolvedores, analista de sistemas na Petrobras, com pós graduação em Ciência da Computação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e criou o blog Ark4n [http://ark4n.wordpress.com/]. Para mais informações: Download do livro Art Of Community Online: http://www.artofcommunityonline.org/ Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org CCAAPPAA ·· OO QQUUEE FFAAZZ UUMMAA CCOOMMUUNNIIDDAADDEE FFOORRTTEE