O documento discute a importância do desenvolvimento de valores éticos na primeira infância para a promoção da cidadania e prevenção da violência. Aponta que investimentos nessa fase trazem altos retornos sociais e econômicos, mas que ainda há deficiências no atendimento às crianças brasileiras nessa idade. Também relaciona o desenvolvimento do cérebro na infância com comportamentos futuros.
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Primeira Infancia - Figueiró
1. Da Violência à Cidadania: O desenvolvimento de valores éticos na infância. Algumas contribuições da ciência. João Augusto Figueiró Instituto Zero a Seis www.zeroaseis.org.br
2. Instituto Zero a Seis Nossa missão é sensibilizar, conscientizar e mobilizar a sociedade brasileira para destacar a importância do desenvolvimento do individuo na primeira infância, na promoção da cultura de paz e na construção da cidadania.
5. “Dado que a guerra começa na mente do homem, é na mente* do homem que devemos edificar a defesa para paz” – Unesco. *Cérebro?
6. Contribuições das ciências Convergência entre as ciências sociais e as neurociênciasnos últimos 10 anos: Psicologia, Psicanálise e Psicoetologia, Psicanálise Pedagogia e educação; Psiquiatria, neurologia, Neurociências, Neuropsicanálise, Neuropsicologia; Etologia humana, Sociologia e Filosofia; Neuroimagens funcionais; Observação de bebês; Tecnologia (filmagem, gravações, mensurações objetivas, cronometragem); Experimentação em animais e criação de modelos animais e cepas oriundas de manipulação genética e transgênicos; Estudos de cohorte; Observação clínica´; Neurodesenvolvimento; Psiquiatria Infantil; Psicologia fetal e perinatal; Maior intercâmbio entre as diferentes áreas; Saímos do inferencial para a objetivação do observado.
7. Violência e CidadaniaSaúde e DoençaFelicidade e Infelicidade Multideterminadas "A melhor maneira de tornar as crianças boas é torná-las felizes“. (Oscar Wilde) Um recorte possível Ciência Novo recorte
8. Vitor Hugo (1802 – 1885) "É triste pensar no fato de que a natureza fala e os seres humanos não a escutam".
9. William Ralph Inge – Cambridge(1860-1954) O período mais adequado para influenciar o caráter de uma criança é cerca de uma centena de anos antes dela nascer.
10. N. Bobbio. “O fundamento de uma boa república mais até do que boas leis é a virtude dos cidadãos”.
12. Sigmund Freud em 1922 - já dizia que, cedo ou tarde, se encontrariam alterações nos cérebros de indivíduos com doenças “nervosas”.
13. A Commentary on the United Nations Convention on the Rights of the Child, 2006 Está bem documentado que o crescimento fetal será limitado por um ambiente nutricional inadequado no útero que redundará em um recém-nascido que não atingiu o seu potencial de crescimento. Essas crianças estão, portanto, em desvantagem, antes de entrar no mundo. Eide, and W. B. Eide, “Article 24. The Right to Health”, in A. Alen, J. Vande Lanotte; E. Verhellen; F. And; E. Berghmans and M. Verheyde (eds), A Commentary on the United Nations Convention on the Rights of the Child, Leiden, Martinus Nijhoff Publishers, 2006. at 33-34
14. Allen Shawn, "Bem que Eu Queria Ir“.Autobiografia "Eventos ocorridos durante essa época (infância) deixam suas impressões digitais na argila úmida da mente que se organiza“; "Para poder viver de forma razoavelmente plena, primeiro temos de ocupar nossa própria pele; lembrar e reconhecer, tanto quanto possível, o que realmente aconteceu, e nos enfurecer e gritar a respeito, se for o caso. Mas então encaramos uma cadeia infinita de causas, e o perdão se estabelece. Nossos pais foram filhos que cresceram e tiveram seus próprios filhos."
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16. Mente Criminal – Século XXI Novidade: aumento do reconhecimento de que fatôres genéticos e neurobiológicos são igualmente importantes na modelagem do comportamento criminoso. Século XX: Pobreza, desigualdade social e más companias.
22. Pacientes neurológicos com danos córtex pré-frontal exibem: Comportamento desinibido Tipo psicopático Embotamento emocional Embotamento autonômico Tomada de decisão inadequada. Damasio, AR, 1994
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27. Porque investir prioritariamente na primeira infância James Heckman Nobel Economia, 2000. Programa de educação com crianças envolvendo os seus pais. Cada dólar investido no programa deu um retorno de nove dólares para a sociedade.
28. A atividade do cérebro pode ser medida através de impulsos elétricos. Cores "quentes" como o vermelhoou laranja indicam maior atividade, e cada coluna mostra um tipo diferente de atividade cerebral.As crianças institucionalizadas em condições precárias demonstram atividade muito menor do que o esperado.
29. Seminário Internacional Educação na Primeira Infância FGV-RJ, Dezembro, 2009. James Heckman, professor da Universidade de Chicago mais de 40 anos pesquisa afirmou que muita gente ainda hoje acredita que as habilidades de uma pessoa são herdadas ao nascer; Ele desmentiu esse mito exibindo alguns dos resultados de seus estudos iniciados nos anos 60, por meio de um programa de educação com crianças envolvendo também os seus pais; O mais impactante deles é o custo-benefício da iniciativa: cada dólar investido no programa resultou em retorno de nove dólares para a sociedade; Um programa de primeira infância de qualidade para a população carente é uma condição necessária para avançarmos em direção a uma sociedade mais educada, igualitária e, sobretudo, menos violenta.
30. Rates of Return to Human Capital Investment at Different Ages: Return to an Extra Dollar at Various Ages Rate of return to investment in human capital Programs targeted towards the earliest years Preschool programs Schooling James Heckman Nobel Economia, 2000. Job training 0-3 4-5 Post-school School Preschool 0 Age 8/12/2010
31. Dois importantes programas na primeira infância com fatores de eficácia:O Perry Preschool Project e Abecedarians Project, mostram umaa variabilidade de retornos significativos aos participantes e à sociedade para cada dólar investido. Redução da criminalidade, da utilização da assistência social, custos educacionais e de reabilitação.Aumento das receitas fiscais sobre rendimentos mais elevados para os participantesde programas de primeira infância, quando chegaram à idade adulta.
32. IBGE – BID - Senado Cada dólar investido em políticas públicas para a primeira infância, se economiza sete dólares que teriam de ser investidos em assistência social, atendimento a doenças mentais, manutenção de sistemas prisionais, repetência e evasão escolar. Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Entretanto, 13 milhões de crianças de zero a seis, pertencentes a famílias carentes, estão fora de qualquer equipamento ou programa primeira infância. Agencia Senado
33. IBGE As crianças e os adolescentes representam 34% da população brasileira, o que, em números absolutos, significa um contingente de 57,1 milhões de pessoas. Cerca da metade das crianças e dos adolescentes do Brasil - 48,8% e 40%, respectivamente - é considerada pobre ou miserável, pois nasce e cresce em domicílios cuja renda per capita não ultrapassa meio salário mínimo; Em 2000, as estimativas do IBGE apontavam que no Brasil em torno de 20% das crianças de até um ano de idade não tinham sequer registro de nascimento, que é considerado o primeiro documento de cidadania Estimativas Celso Simões, IBGE
34. O atendimento em creches Apenas 17,1% das crianças de zero a três anos freqüentavam esta etapa do ensino em 2007. Seu crescimento tem sido pequeno em relação aos anos anteriores, em 2005 o atendimento era de 13%, o que demonstra que com este ritmo ainda tardará muito a sua universalização. Os dados são melhores para a pré-escola: em 2007 o atendimento chegou a 70% das crianças de quatro e cinco anos, mas ainda está bastante distante da sua universalização. Sérgio Haddad - Coordenador geral da Ação Educativa. Foi professor da PUC de São Paulo e presidente da ABONG – Associação Brasileira de ONGs
35. Indicadores – Creches. Nas creches, crescem todos os indicadores de desigualdade entre os anos de 2005 e 2007 - a relação entre o número de crianças negras e pardas freqüentadoras e as crianças brancas, o atendimento na zona rural em relação à zona urbana, o atendimento em regiões mais ricas sobre as mais pobres, e os 20% mais pobres da população sobre os 20% mais ricos; A oferta da educação infantil é uma responsabilidade constitucional do poder municipal. Apesar disso, um quarto dos municípios não oferece creches; Metade das escolas de educação infantil não possui parque infantil para o atendimento das crianças; cerca de 20% dos professores não têm magistério ou licenciatura.
36. DRU e Dioclécio Campos Jr. Acredita-se que, de 1998 a 2008, 80 bilhões de reais tenham sido retirados da Educação através da Desvinculação das Receitas da União; Dioclécio Campos Jr. (SBP) avalia a importância do trabalho com crianças até cinco anos: “É quando o cérebro humano cresce quase que integralmente e sua estrutura se diferencia em funções complexas, que permitem a formação das inteligências, da capacidade de aprendizagem, do perfil da personalidade, do comportamento individual; Deixar de garantir esses cuidados à primeira infância prejudica a criança e reduz os resultados dos investimentos em educação nas etapas de vida seguintes”.
37. Estado Atual. Ainda estamos longe de um atendimento adequado na educação infantil, mas cada vez maior é a consciência da população para a necessidade deste atendimento com qualidade como um direito humano. Isto trás esperança de que no futuro a educação infantil seja ofertada em quantidade suficiente, com efetivo caráter educativo e sem discriminação, pois é forte instrumento de correção de injustiças e de promoção social para os setores mais pobres da população. Sérgio Haddad.
38. UNESCO, “Strong Foundations: Early Childhood Care and Education. EFA Global Monitoring Report 2007”, 2006, Appendix Table 12.
39. Evans D, and K Kosec, “Access to Early Child Education in Brazil”
46. Formação de sinapses e arborizaçao dendrítica Relação com estimulação Córtex pré-frontal Córtex de associação parietal e temporal Córtex sensório motor Proliferação Celular Migração sinaptogênese neurulação mielinização concepção meses meses anos Desenvolvimento do cérebro humano Erasmo Barbante Casella – Neuropediatra – HC-FMUSP Erasmo Barbante Casella – Neuropediatra – HC-FMUSP
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49. Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) Imagens seccionais do cérebro vivo Usa cores para representar diferentes graus de atividade. 1973 - Universidade de Washington em St. Louis, EUA
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51. Imagens PET do cérebro de uma pessoa normal (esquerda), um assassino com história de privação na infância (centro) e um assassino sem história de privação (direita). As áreas em vermelho e amarelo mostram uma atividade metabólica mais alta, e em preto e azul, uma atividade metabólica mais baixa. O cérebro de um sociopata (direita) tem uma atividade muito baixa em muitas áreas. Fonte: Imagens de Adrian Raine, University of Southern California, Los Angeles, USA
58. Homem lamenta destruição após reintegração de posse de um Terreno particular no Capão Redondo (Zona Sul de São Paulo)
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60. Danilo Santos Miranda – SESC-SP ”A cultura, num sentido amplo, engloba criação e transmissão de uma visão de mundo, de conhecimento, de experiência de vida, de emoções; ela estrutura uma relação com a natureza, formas de socialização, relação com os outros, o pensamento simbólico. Tudo isso é cultura e sempre teve um papel central na vida do ser humano”. Cadernos CENPEC nº 7 de 2010:
61. Valores e características da nossa sociedade: A criminalidade e a violência, o descaso com o patrimônio público - bem de todos -, o caos das relações interpessoais de um mundo individualista e simétrico, a competitividade levada ao seu grau mais extremado, a grosseria, o desrespeito às leis que nos protegem, o tráfico de drogas e o consumismo - também de sexo - são algumas das características de nossa sociedade. Rosely Sayão – FSP, 06/06/2010
62. Modelo da Ativação Crônica de Resposta ao Estresse Respostascomportamentais FATOR ESTRESSANTE Respostaseletrofisiológicas Hipocampo Respostasmetabólicas Hipófise CRF ACTH Hiperatividade do Eixo HPA Locus coeruleus Respostas autonômicas Noradrenalina Adrenalina Noradrenalina Glicocorticóides Prof. Kalil Dualibi - Unisa - SP Adaptado de: Arborelius L, et al. J Endocrinol. 1999;160:1-12.
63. O Estresse e a Morte Celular ESTRESSE Ramificação dendrítica Glicocorticóides BDNF Sobrevivência normal e crescimento Atrofia/mortedos neurônios BDNF=fator neurotrófico derivado do cérebro.Sapolsky RM. Arch Gen Psychiatry. 2000;57:925-935. Duman RS, et al. Biol Psychiatry. 2000;48:732-739. Prof. Kalil Dualibi - Unisa - SP
64. Proporcionar relações de apoio e ambientes seguros pode melhorar os resultados para todas as crianças, mas especialmente para aquelas mais vulneráveis; Entre 75 e 130 de cada 1.000 crianças americanas menores de 5 anos vivem em lares onde pelo menos um dos três precipitantes comuns do estresse tóxico possa afetar negativamente o seu desenvolvimento
65. A medida que o número de experiências adversas na primeira infância se acumula, o risco de atrasos de desenvolvimento aumenta
66. O relato de adultos de experiências adversas cumulativas na primeira infância correlaciona-se com parâmetros de saúde física e mental – neste caso, doenças cardíacas.
67. Medo persistente e ansiedade crônica podem afetar: a capacidade de aprendizado e o desenvolvimento infantil Garantir que as crianças tenham ambientes seguros para crescer, aprender, e desenvolver cérebros e corpos saudáveis não só é bom para as crianças em si, mas também constrói uma base sólida para uma sociedade próspera; A ciência demonstra que a exposição precoce a situações que produzem medo persistente e ansiedade crônica pode ter conseqüências ao longo da vida por perturbar o desenvolvimento da arquitetura cerebral.
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69. Resposta ao Estresse Tóxico:Os fatos. Aprender a lidar com a adversidade é uma parte importante do desenvolvimento infantil saudável; Adversidades graves, freqüentes ou prolongadas - na ausência de relações adultas de apoio – induzem respostas ao estresse tóxico potencialmente prejudiciais ao corpo e ao cérebro da criança; É importante distinguir os três tipos de respostas ao estresse: Positivo, tolerável e tóxico. Estes três termos se referem aos efeitos dos sistemas de resposta ao estresse sobre o corpo e não para o evento estressante ou a experiência em si.
71. Modelo ‘EFEC’: Event-Feature-Emotion Complex Principais componentes e suas subdivisões Unidade de Neurociência Cognitiva e Comportamental Rede LABS – D’Or Hospitais Moll J, Zahn R, Oliveira-Souza R, Krueger F, Grafman J. Nature Rev Neurosc, 2005
72. Ex., Compaixão Elementos perceptuais (expressão facial de tristeza) Elementos semânticos abstratos (desamparo de uma criança órfã) Estados motivacionais básicos (tristeza, empatia afetiva) Predição do futuro (chances de adoção sao baixas) Criança que pode ou não ser adotada.
73. Julgamento moral Julgamento moral vs. factual Córtex frontopolar (BA 10) Sulco temporal superior (STS) Córtex temporal anterior Oliveira-Souza and Moll, Neurology (Suppl.), 2000; Moll J, Oliveira-Souza R, Eslinger J, Arq Neuropsiq, 2001
74. aPFC: córtex pré-frontal anterior (frontopolar e órbito-frontal) Event Frequency Modulates the processing of daily life activities in human medial PFC. Krueger F, Moll J, Zahn R, Heinecke A, Grafman J. Cerebral Cortex, 2007 STS (sulco temporal superior) & estruturas límbicas Moll J, Oliveira-Souza R, Eslinger PJ, et al. (2002). The neural correlates of moral sensitivity: a functional magnetic resonance imaging investigation of basic and moral emotions. Journal of Neuroscience, 2002 The self as a moral agent: linking the neural bases ofsocial agency and moral sensitivity. Moll J,de Oliveira-Souza R, Garrido G, Zahn R, et al. Social Neuroscience, 2007 Componentes-chave do cérebro moral: The neural basis of human moral cognition. Moll J, Zahn R, Oliveira-Souza R, Krueger F, Grafman J. Nature Reviews Neuroscience, 2005 R aTC: córtex temporal anterior (superior) Social concepts are represented in the superior anterior temporal cortex. Zahn R, Moll J, Krueger F, Huey ED, Garrido G, Grafman J. Proc Natl Acad Sci, 2007
75. Baseado nacultura: Afiliação à terceiros mediada por valores comuns Aversões culturalmente-mediadas Extended attachment cooperation beyond kin Basic attachment inter-individual bonding Maior estímulo à cooperação (além da reciprocidade) Não familiar Familiar
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81. Estudos anteriores: achados diversos, incluindo redução do volume cortical na região pré-frontal (GM) e no no giro temporal superior direito, redução volumétrica da amígdala, do hipocampo posterior e giro angular, assimetria hipocampal e aumento da subst. branca calosa;
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84. Córtex frontopolar (FPC), órbito-frontal (OFC) medial e sulco temporal superior (STS) correlacionados (r = 0.62 – 0.68, p<0.005) com a Parte 1 do PCL (frieza emocional, falta de empatia)
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86. O adolescente e o adulto resultam: De sua própria natureza; Das figuras parentais; Da família; Dos grupos sociais em que vive; Da escola; Da cultura e sociedade com: valores, crenças, normas e práticas.
87. Ambiente Social Processos psicossociais são essenciais; Influências ambientais no início do desenvolvimento podem alterar diretamente a expressão do gene, por sua vez alterando a estrutura e o funcionamento cerebral e resultando em diferentes comportamentos; Influências ambientais precoces podem alterar a expressão gênica, o que então origina a cascata de eventos de comportamentos cerebrais;
88. Resposta ao Estresse Tóxico: Os fatos. Recursos modernos explicam como experiências precoces penetram o corpo e modificam a expressão genética com conseqüências definitivas em órgãos em desenvolvimento, incluindo o cérebro.
103. Experiências precoces podem alterar a expressão genética e afetar definitivamente o desenvolvimento. Novos estudos científicos mostram que as influências ambientais pode afetar se e como os genes são expressos; Assim, as velhas idéias de que os genes são imutáveis ou que só eles determinam o desenvolvimento humano têm sido contestadas; Na verdade, os cientistas descobriram que as primeiras experiências podem determinar como os genes são ligados e desligados e até mesmo se alguns são expressos; Experiências precoces e os ambientes nos quais elas ocorrem modelam a arquitetura cerebral em desenvolvimento e afetam fortemente se as crianças crescerão saudáveis e serão membros produtivos da sociedade; Evidências científicas crescentes apóiam a necessidade imperativa da sociedade re-examinar a maneira como ela pensa sobre as circunstâncias e experiências que oferece e expõe suas crianças. NationalScientificCouncilontheDeveloping Child (2010). EarlyExperiencesCanAlter Gene ExpressionandAffectLong-Term Development WorkingPaper No. 10. Retrievedfromwww.developingchild.harvard.edu
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105. Nature and Nurture Biologia não é destino; É possível modular os fatores de risco neurobiológicos; Deficiência alimentar nos três primeiros anos de vida tem sido associada a comportamento anti-social a longo prazo durante a infância e final da adolescência; Alimentação deficiente funcionamento cerebral deficiente disfunções neurocognitivas predispõem ao comportamento anti-social Liu, J. Am J Psychiatry. 2004;161:2005-13.
106. RNM em Transtornos de Personalidade Redução 11% substância cinzenta pré-frontal (estrutura); Redução atividade resposta a estressores sociais (função); Redução “emoções secundárias”: Vergonha Constrangimento Culpa Redução da resposta autonômica ao estresse Raine, Cuchsbaum, LaCasse, Biol. Psychiatry. 1997; 42:495-508
107. Estudos Funcionais – PetScan Assassinos e infratores impulsivos violentos mostram redução do metabolismo da glicose no córtex pré-frontal; Sugere que esta região age como um “freio de emergência” para emoções desenfreadas geradas por estruturas límbicas; Corroboram estudos neuropsicológicos, neurológicos e psicofisiológicos, indicando robustez dos achados. Raine, Buchsbaum, LaCasse, Biol. Psychiatry, 1997;42:495-508.
108. Causas da violência: Genética Constitucional: Metabólicas (Leash Nyham), Químicas Enzimáticas. Tóxicas Doenças Físicas e mentais Psicológicas – vítimas de violência, afetivas; Sociais – pobreza e miséria + humilhação + consumo + incapacidades + impotência; Instrumentais Culturais – culturas belicosas e culturas pacíficas Religiosas
109. Prevenção da Violência 80% da violência é transgeracional; É possível prevenir esta violência e o apego seguro é a “vacina”, o desenvolvimento da empatia dentro da subjetividade do sujeito depende de uma base segura, da sensibilidade e da resiliência; Oxitocina, vasopressina e outros neurotransmissores estão envolvidos no desenvolvimento da estabilidade emocional e da empatia A privação social dificulta o desenvolvimento da sintonia afetiva.
110. Richard Rhodes/ Dorothy Lewis - EUA Richard Rhodes - Estudou criminosos e observou que todos falavam sobre sua primeira infância na qual passaram dificuldades, algumas até caóticas, como violência física, sexual e negligência.Dorothy Lewis - Estudou jovens criminosos e chegou à conclusão similar; todos tinham tido uma primeira infância muito carente e problemática.
111. Ruther (Inglaterra), Werner (E.U.), Cyrulnik (França) Muitos seres humanos conseguem se adaptar à vida apesar de todos os fatores estressantes. Essa capacidade não é inata, nem mágica e se convencionou chamar de resiliência. E pode ser adquirida pelas ações de políticas integradas e com significativa participação da comunidade, suas lideranças, organizações culturais e políticas.
112. 1970 British Cohort Study (BCS70) O 1970 British Cohort Study (BCS70) é um estudo longitudinal multidisciplinar contínuo que tem como sujeitos todos os nascidos na Inglaterra, Escócia e Gales em uma determinada semana de Abril de 1970. Informações sobre o British Cohort Study em: http://www.cls.ioe.ac.uk/studies.asp?section=000100020002
113. Evidências: Há um número crescente de evidências de anormalidades cerebrais em grupos anti-sociais; Fortes evidências para o envolvimento do córtex pré-frontal; Desequilíbrio anatômico e funcional entre diferentes áreas cerebrais; Prejuízos anatômicos correspondem a prejuízos funcionais; Raine, Yang, Soc. Affect Neurosc. 2006;1:203-13
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115. O período que vai da gestação até o sexto ano de vida, e particularmente de 0 a 3 anos incluindo o gestacional, são os mais importantes na preparação dos alicerces das competências, habilidades sociais, emocionais e cognitivas futuras;
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117. Evidências de Convergência:nature + nurture O homem é um animal imaturo, prematuro e totalmente dependente ao nascer que, através dos mecanismos de apego, epigenética e neuroplasticidade irá promover a construção e constituição do sujeito e seu ingresso normal ou patológico na cultura; Ressalta-se neste processo o fundamental papel parental, de seus substitutos e da sociedade na apresentação do mundo, o papel das identificações e do aprendizado no controle e atenuação dos impulsos.
118. Inclinações Construídas O temperamento de uma pessoa e a forma desta conduzir-se na sociedade não é mais um “destino” inexorável resultante de “traços inatos”, mas dependente de inclinações construídas em um meio ecológico e histórico socialmente determinados principalmente pelo entorno afetivo e valores que cada um de nós encontra em seu meio social.
119. Conclusão Diferentes paradigmas clínicos da neurociência estão começando a convergir para a mesma conclusão: Há uma significativa base cerebral no comportamento anti-social, violento, criminoso, transgressor, agressivo; Estes processos neurocomportamentais são relevantes para entender a violência cotidiana na sociedade contemporânea. Raine, A. Rev. Psiquiatr RS. 2008;30(1):5-8.
120. Contribuições da Ciência Informações oriundas de fontes científicas de conhecimento e suas implicações no comportamento do futuro indivíduo, não podem mais ser desprezadas na elaboração de qualquer política pública que vise à redução da violência e à construção da cidadania e de uma cultura de paz sustentada pelo diálogo e na resolução pacífica de conflitos.
121. Prevenção da violência com foco na Primeira Infância Há muito por ser feito; Se semearmos, colheremos...
130. Talvez seja hora dos políticos, governantes, indivíduos e a sociedade como um todo incluírem a ‘compaixão social’ nas suas pautas e agendas de trabalho. “Lugar de Criança é no orçamento”
132. O ponto-chave: É impossível hoje falar em desenvolvimento de uma nação como o Brasil, sem considerar a importância do cumprimento de políticas públicas voltadas para a promoção de uma infância saudável.