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A A R T E E A B í B L I A 1
FRANCIS A. SCHAEFFER
T r a d u ç ã o FERNANDO GUARANY JR.
Prefácio 	 9
1. A arte e a Bíblia 	 13
2. Algumas perspectivas sobre arte	 41
“E com a verdade vem a beleza, e com a
beleza a liberdade diante de Deus.” Em 1812, o doutor
Benjamin Rush, conhecido como o pai da psiquiatria norte-
americana, escreveu uma carta de congratulações ao seu
amigo íntimo John Adams. Ele vinha encorajando Adams
e Thomas Jefferson a restaurarem a amizade há tanto
tempo rompida. Adams respondeu, enviando uma carta de
reconciliação a Jefferson no Dia de Ano-Novo. Jefferson
respondeu logo em seguida. Ao ouvir as boas notícias, Rush
escreveu, radiante, para Adams: “Uns falaram, alguns
escreveram e outros lutaram para promovê-la [a Revolução
Americana], mas os senhores pensaram por todos nós”.
Duzentos anos mais tarde, outra revolução ocorreu —
uma revolução do Espírito. Chamaram-na de “O Movimento
A A R T E E A B í B L I A 10
de Jesus”, e, sem ter participado dele, é difícil perceber
como A Arte e a Bíblia trouxe uma palavra de libertação,
um sopro de ar fresco. Muitas pessoas falaram, escreveram
e até lutaram, mas Francis Schaeffer pensou por nós e, o
mais importante, ensinou-nos a pensar.
Nem bem havia começado, o movimento foi atacado pela
confusão. Enquanto alguns de nós tentavam abraçar os dons
que Deus derramava sobre o Corpo, outros os chamavam de
maldição. Argumentavam que os estilos contemporâneos e
até mesmo certos instrumentos (como a guitarra) não eram
apropriados ou aceitos na igreja.
No meio desta confusão surge um homem excêntrico,
usando uma barbicha e uma lederhosen.1
Ele proferia pa-
lavras de fé e liberdade. Em um mundo onde o belo era
visto com desconfiança, Schaeffer nos lembrou que o Pai
de Jesus é também o Deus da beleza.
Em uma época em que precisávamos de objetivos
concretos e bíblicos, Schaeffer nos deu perspectivas e
estruturas (maiores e menores) ao mesmo tempo em que
insistia continuamente que nossas vidas é que devem ser
obras de arte vivas (poiema). Somos livres. Somos livres
para criar, contanto que não esqueçamos que somos
escravos de Jesus.
Schaeffer transitava livremente pelos pensamentos de
Heidegger a Eliot, de Filippo Lippi a Lutero, esperando
que aqueles entre nós que não estivessem familiarizados
com esses gigantes da criatividade fossem pesquisar sobre
eles. Nesse processo, ele nos expunha a uma variedade de
pensadores que, de outra forma, jamais teríamos conhecido.
1.	Típica bermuda alemã feita de couro e geralmente usada com suspensórios. (N.T.)
A A R T E E A B í B L I A 11
Sua insistência na integração do conteúdo com o meio
de transmissão e com o que ele chamava de “validade”
trouxe-nos uma diretiva que dissipou a confusão causada
por toda a dissensão. Contudo, seu encorajamento não era
uma carta branca; era uma defesa dos artistas perante a
igreja e um desafio aos próprios artistas para permanecer
redentoramente dentro da igreja.
A Arte e a Bíblia, um manual sobre criatividade bíblica,
buscava fixar em nós a ideia de que criamos a partir de
uma cosmovisão e que é nossa responsabilidade alinhar
este ponto de vista com as Escrituras antes de seguirmos
adiante. Ele encoraja os artistas a levarem a sério o senho-
rio de Jesus Cristo em cada aspecto de suas vidas criativas.
Traz esclarecimento bíblico em um momento em que ele
certamente necessário. Alerta-nos que nossa luta criativa
deveria durar — e certamente duraria — a vida inteira.
Minha experiência tem provado que Schaeffer estava cer-
to. Em uma época em que as portas estavam literalmente
sendo batidas em nossa cara, ele procurou abri-las ou, pelo
menos, nos dar a chave. Ele libertou uma geração inteira
de artistas ao mesmo tempo em que nos pôs debaixo do
suave jugo da autoridade das Escrituras — tudo submetido
à Palavra de Deus.
Talvez você esteja pensando: “Mas tudo isso se passou
há mais de uma geração. Que lugar Schaeffer ocupa hoje?”.
Certamente não é o bastante dizer que “este livro pode falar
a uma geração completamente nova”. Hoje, mais de trinta
anos após Schaeffer tê-lo escrito, muitos de nós acreditam
que um novo movimento está surgindo. Esperamos e
confiamos que o lançamento desta nova edição de A Arte e
A A R T E E A B í B L I A 12
a Bíblia harmonize-se com uma nova revolução do Espírito
que logo virá.
Então, jovem artista, revista-se com a verdade deste
livro. Abra os olhos para a beleza revelada por meio das
Escrituras e do evangelho de Jesus Cristo. E, finalmente,
viva sua singular liberdade de criar para a glória de Deus.
Pense.
Michael Card
Cantor, compositor e autor de Cristo e a Criatividade
A A R T E E A B í B L I A 13
A A R T E E A B í B L I A 15
Qual o lugar da arte na vida cristã? Será que a
arte — especialmente as belas artes da pintura e da música
— é simplesmente uma forma de fazer a mundanalidade
entrar pela porta dos fundos? Sabemos que a poesia pode
ser usada para louvar a Deus nos Salmos e talvez até em
hinos modernos. Mas e a escultura e o teatro? Será que há
espaço para essas formas de arte também na vida cristã?
Não seria melhor o cristão fixar o olhar apenas nas “coisas
religiosas” e esquecer a arte e a cultura?
A A R T E E A B í B L I A 16
O senhorio de Cristo
Como cristãos evangélicos, tendemos a dar pouca
importância à arte. Consideramos os outros aspectos da
vida humana mais importantes. Apesar de nosso discurso
constante sobre o senhorio de Cristo, limitamos sua atuação
a uma pequena área da realidade. Confundimos o conceito
do senhorio de Cristo sobre a totalidade do ser humano e
sobre todo o universo e não nos apropriamos das riquezas
que a Bíblia oferece para nós mesmos, nossa vida e nossa
cultura.
O senhorio de Cristo sobre a vida como um todo
significa que não há áreas platônicas no cristianismo, nem
dicotomia ou hierarquia entre corpo e alma. Deus fez tanto
o corpo como a alma, e a redenção é para o homem todo.
Os evangélicos têm sido criticados, com razão, por estarem
sempre tão interessados em ver almas sendo salvas e indo
para o céu, e não se importam muito com as pessoas de
maneira integral.
No entanto, a Bíblia deixa quatro coisas muito claras:
1.	Deus fez o homem todo;
2.	Em Cristo o homem todo é redimido;
3.	Cristo é Senhor do homem todo agora e Senhor da
vida cristã toda;
4.	No futuro, quando Cristo retornar, o corpo será res-
suscitado dentre os mortos e o homem todo terá uma
redenção completa.
É a partir desse sistema que devemos compreender o
lugar da arte na vida cristã. Portanto, consideremos mais
profundamente o que significa ser uma pessoa plena cuja
vida como um todo está sob o senhorio de Cristo.

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Arte_biblia_leia[1]

  • 1. A A R T E E A B í B L I A 1
  • 2. FRANCIS A. SCHAEFFER T r a d u ç ã o FERNANDO GUARANY JR.
  • 3.
  • 4. Prefácio 9 1. A arte e a Bíblia 13 2. Algumas perspectivas sobre arte 41
  • 5. “E com a verdade vem a beleza, e com a beleza a liberdade diante de Deus.” Em 1812, o doutor Benjamin Rush, conhecido como o pai da psiquiatria norte- americana, escreveu uma carta de congratulações ao seu amigo íntimo John Adams. Ele vinha encorajando Adams e Thomas Jefferson a restaurarem a amizade há tanto tempo rompida. Adams respondeu, enviando uma carta de reconciliação a Jefferson no Dia de Ano-Novo. Jefferson respondeu logo em seguida. Ao ouvir as boas notícias, Rush escreveu, radiante, para Adams: “Uns falaram, alguns escreveram e outros lutaram para promovê-la [a Revolução Americana], mas os senhores pensaram por todos nós”. Duzentos anos mais tarde, outra revolução ocorreu — uma revolução do Espírito. Chamaram-na de “O Movimento
  • 6. A A R T E E A B í B L I A 10 de Jesus”, e, sem ter participado dele, é difícil perceber como A Arte e a Bíblia trouxe uma palavra de libertação, um sopro de ar fresco. Muitas pessoas falaram, escreveram e até lutaram, mas Francis Schaeffer pensou por nós e, o mais importante, ensinou-nos a pensar. Nem bem havia começado, o movimento foi atacado pela confusão. Enquanto alguns de nós tentavam abraçar os dons que Deus derramava sobre o Corpo, outros os chamavam de maldição. Argumentavam que os estilos contemporâneos e até mesmo certos instrumentos (como a guitarra) não eram apropriados ou aceitos na igreja. No meio desta confusão surge um homem excêntrico, usando uma barbicha e uma lederhosen.1 Ele proferia pa- lavras de fé e liberdade. Em um mundo onde o belo era visto com desconfiança, Schaeffer nos lembrou que o Pai de Jesus é também o Deus da beleza. Em uma época em que precisávamos de objetivos concretos e bíblicos, Schaeffer nos deu perspectivas e estruturas (maiores e menores) ao mesmo tempo em que insistia continuamente que nossas vidas é que devem ser obras de arte vivas (poiema). Somos livres. Somos livres para criar, contanto que não esqueçamos que somos escravos de Jesus. Schaeffer transitava livremente pelos pensamentos de Heidegger a Eliot, de Filippo Lippi a Lutero, esperando que aqueles entre nós que não estivessem familiarizados com esses gigantes da criatividade fossem pesquisar sobre eles. Nesse processo, ele nos expunha a uma variedade de pensadores que, de outra forma, jamais teríamos conhecido. 1. Típica bermuda alemã feita de couro e geralmente usada com suspensórios. (N.T.)
  • 7. A A R T E E A B í B L I A 11 Sua insistência na integração do conteúdo com o meio de transmissão e com o que ele chamava de “validade” trouxe-nos uma diretiva que dissipou a confusão causada por toda a dissensão. Contudo, seu encorajamento não era uma carta branca; era uma defesa dos artistas perante a igreja e um desafio aos próprios artistas para permanecer redentoramente dentro da igreja. A Arte e a Bíblia, um manual sobre criatividade bíblica, buscava fixar em nós a ideia de que criamos a partir de uma cosmovisão e que é nossa responsabilidade alinhar este ponto de vista com as Escrituras antes de seguirmos adiante. Ele encoraja os artistas a levarem a sério o senho- rio de Jesus Cristo em cada aspecto de suas vidas criativas. Traz esclarecimento bíblico em um momento em que ele certamente necessário. Alerta-nos que nossa luta criativa deveria durar — e certamente duraria — a vida inteira. Minha experiência tem provado que Schaeffer estava cer- to. Em uma época em que as portas estavam literalmente sendo batidas em nossa cara, ele procurou abri-las ou, pelo menos, nos dar a chave. Ele libertou uma geração inteira de artistas ao mesmo tempo em que nos pôs debaixo do suave jugo da autoridade das Escrituras — tudo submetido à Palavra de Deus. Talvez você esteja pensando: “Mas tudo isso se passou há mais de uma geração. Que lugar Schaeffer ocupa hoje?”. Certamente não é o bastante dizer que “este livro pode falar a uma geração completamente nova”. Hoje, mais de trinta anos após Schaeffer tê-lo escrito, muitos de nós acreditam que um novo movimento está surgindo. Esperamos e confiamos que o lançamento desta nova edição de A Arte e
  • 8. A A R T E E A B í B L I A 12 a Bíblia harmonize-se com uma nova revolução do Espírito que logo virá. Então, jovem artista, revista-se com a verdade deste livro. Abra os olhos para a beleza revelada por meio das Escrituras e do evangelho de Jesus Cristo. E, finalmente, viva sua singular liberdade de criar para a glória de Deus. Pense. Michael Card Cantor, compositor e autor de Cristo e a Criatividade
  • 9. A A R T E E A B í B L I A 13
  • 10. A A R T E E A B í B L I A 15 Qual o lugar da arte na vida cristã? Será que a arte — especialmente as belas artes da pintura e da música — é simplesmente uma forma de fazer a mundanalidade entrar pela porta dos fundos? Sabemos que a poesia pode ser usada para louvar a Deus nos Salmos e talvez até em hinos modernos. Mas e a escultura e o teatro? Será que há espaço para essas formas de arte também na vida cristã? Não seria melhor o cristão fixar o olhar apenas nas “coisas religiosas” e esquecer a arte e a cultura?
  • 11. A A R T E E A B í B L I A 16 O senhorio de Cristo Como cristãos evangélicos, tendemos a dar pouca importância à arte. Consideramos os outros aspectos da vida humana mais importantes. Apesar de nosso discurso constante sobre o senhorio de Cristo, limitamos sua atuação a uma pequena área da realidade. Confundimos o conceito do senhorio de Cristo sobre a totalidade do ser humano e sobre todo o universo e não nos apropriamos das riquezas que a Bíblia oferece para nós mesmos, nossa vida e nossa cultura. O senhorio de Cristo sobre a vida como um todo significa que não há áreas platônicas no cristianismo, nem dicotomia ou hierarquia entre corpo e alma. Deus fez tanto o corpo como a alma, e a redenção é para o homem todo. Os evangélicos têm sido criticados, com razão, por estarem sempre tão interessados em ver almas sendo salvas e indo para o céu, e não se importam muito com as pessoas de maneira integral. No entanto, a Bíblia deixa quatro coisas muito claras: 1. Deus fez o homem todo; 2. Em Cristo o homem todo é redimido; 3. Cristo é Senhor do homem todo agora e Senhor da vida cristã toda; 4. No futuro, quando Cristo retornar, o corpo será res- suscitado dentre os mortos e o homem todo terá uma redenção completa. É a partir desse sistema que devemos compreender o lugar da arte na vida cristã. Portanto, consideremos mais profundamente o que significa ser uma pessoa plena cuja vida como um todo está sob o senhorio de Cristo.