Renan Calheiros apresenta sua defesa ao Conselho de Ética sobre acusações de quebrar o decoro parlamentar. Ele conta que conheceu a jornalista Mônica Veloso no aeroporto e, após um atraso de voo, acabaram tendo relações sexuais. Desta união nasceu um filho. Renan passou a dar dinheiro à Mônica por meio de empreiteiras para o sustento da criança.
3. Tudo começou quando eu estava no aeroporto de Cumbica, vindo de Brasília, esperando um vôo para Maceió. Iria à capital das Alagoas para recontar meu gado na fazenda de minha propriedade.
4. Haviam levantado uma dúvida sobre o número do meu rebanho. Meu capataz dizia ser de 1,2 mil cabeças e eu afirmava que seriam 1,7 mil. Imaginei que eles estivessem pulando a cerca. (Por ironia do destino, quem pulou fui eu.)
5. Mas, voltando ao assunto, foi então que encontrei a jornalista Mônica Veloso, obedecendo ao pedido do Lula de que devemos falar só com as coisas boas do Brasil. Contei a minha história e ela se ofereceu a me acompanhar para recontar o rebanho, afirmando ser forte nos números, o que veio provar mais tarde.
6. Quando o nosso vôo completava um atraso de mais de 10 horas, resolvi ligar para a ministra do Turismo, Marta Suplicy, para que a mesma tomasse uma providência. A Martaxa foi taxativa: – Relaxe e goze!
7. Expliquei que estava acompanhado de uma jornalista que iria me ajudar a contar os bois. Quando eu falei em boi, ela entendeu outra coisa. Eu expliquei que não era nada daquilo. Ela então foi enfática: – O que está esperando? Relaxe e goze!
8. Lembrei-a de que era casado, e a ministra ponderou que já que eu iria contar um rebanho, uma guampa a mais ou uma a menos nada mudaria. Tomando as palavras da ministra como uma ordem, convidei a Mônica pra contar cordeirinhos em vez de bois. Ela reagiu instantaneamente: – Nem Marta!!!
9. Como o avião não saía... depois de umas e outras, partimos para o Bumba-Meu-Boi. Ato consumado, seguimos para Murici, cidade onde tenho as minhas fazendas e da qual o Renanzinho, meu maninho menor, é prefeito.
10. Como ilustração, posso dizer que combinamos, eu e a Mônica, que se a criança fosse um menino se chamaria Murici Ramalho, em homenagem à minha cidade e ao São Paulo, meu clube do coração.
11. A criança nasceu e a Mônica, em vez de contar o rebanho, resolveu dar o nome aos bois. Aí entrou a história da pensão. Aconselhado eticamente pelo meu compadre Collor a não pagar diretamente à mãe por estar exercendo a presidência do Senado, ouvi dele a recomendação de fazer uma "ponte". Alguém levaria o dinheiro para a Mônica.
12. Ponte? Ponte, pensei eu, só pode ser com uma empreiteira. Procurei a Mendes Júnior e resolvi o problema. Quanto? A Mônica, ainda com todas aquelas cabeças de gado na sua cabeça, me ligou e disse: – Me manda 12 pau... por mês. Como não tinha aquela grana toda, comecei a vender parte de meu gado para a peixaria do Agenor.
13. Quem conhece Murici sabe onde fica a peixaria do Agenor: quase na esquina da Praça Renan Calheiros com a rua que leva o nome do meu mano Olavo Calheiros. Estão me exigindo as notas. Devo dizer que de 1 a 10 já recebi muitas vezes 9, mas isto é um assunto entre mim e a Mônica e não para a Comissão de Ética
14. Quanto às minhas obrigações como pai, além da pensão, muitas vezes fiz meu filho dormir cantando "Boi da Cara Preta". Obrigado.
15. CRÉDITOS Formatação: Prado Slides E-mail: [email_address] Texto: Marco Aurélio & Cia. E-mail [email_address] Extraído do Jornal Zero Hora de 24 de junho de 2007 - Coluna Humor Música: Boi da cara preta