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Tratamento B – Dezembro de 2004
Autor: Fernando Zornitta *¹
TTOODDOO MMUUNNDDOO SSAABBEE,, TTOODDOO MMUUNNDDOO VVÊÊ,, MMAASS NNIINNGGUUÉÉMM FFAAZZ
NNAADDAA......
O Brasil não tem uma tradição turística, mas certamente tem a histórica
tradição de ser um país colonizado e até parece que já se acostumou bem com
isso. O turismo neste país apresenta um grande potencial e uma forte
propensão para ser desenvolvido, pelos seus privilegiados atrativos
socioculturais e ecológico-ambientais, pela hospitalidade e a cultura do seu
povo e pela vontade política, que têm atraído cada vez mais investimentos e
empreendimentos estrangeiros, os quais sempre chegam bem-vindos, mas
sem uma devida análise do custo-benefício social e ambiental e se instalam
“espontaneamente” e de forma desarticulada, através dos empreendimentos
que trazem juntos fortes reflexos e impactos socioculturais, como o turismo
com motivação sexual e a prostituição infantil.
As políticas públicas fecham os olhos para os aspectos negativos e abrem os
bolsos e os cofres para os “negócios turísticos”, esquecendo-se que é da
“qualidade do seu produto” que vai depender a sustentabilidade dos próprios
negócios e do turismo.
E, a sustentabilidade, depende da manutenção da qualidade do seu “produto”
e dos atrativos.
O Brasil sabe e já constatou vários problemas que envolvem essa atividade –
inclusive o do turismo sexual em várias CPIs (Comissões Parlamentares de
Inquérito), mas continuou incentivando todo o tipo de investimento,
independentemente de onde ou de quem vêm e mesmo que depreciando o seu
patrimônio, causando impactos e pervertendo os costumes locais – como no
turismo sexual e na prostituição infantil, que via de regra andam juntos, que
todos sabem mas que ninguém faz nada de efetivo para impedir dela
estabelecer-se no ambiente do turismo.
O favorecimento a prostituição no Brasil é crime, assim como é a mais grave
de suas manifestações – a prostituição infantil. O turismo sexual envolve estas
duas especificidades criminosas que, por um lado tem na demanda turística,
um canal aberto para acontecer pelo sistema de distribuição convencional do
turismo (operadora, agência, turista), vendendo o “produto” (o pacote
“““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA”””
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Por Fernando Zornitta
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turístico) que chega a um leque de indivíduos - turistas pedófilos e com
desvios de conduta – que, através da motivação pervertida têm a obsessão por
uma prática de turismo que beira a bestialidade.
Já na outra ponta, nos corruptores que criam os pacotes alicerçados nesta
deturpada motivação e, em todo um complexo de agenciadores locais, que
incentivam e favorecem essa gangrena social – em que estão também os
mesmos promotores e empreendedores de uma atividade que todos querem
ver crescer – o turismo – que se manifestam nos empreendimentos da
superestrutura turística e da sua estrutura complementar e de animação,
necessárias para o sistema turístico funcionar (nos meios de hospedagem, nos
bares, restaurantes, casas noturnas, locadoras de veículos, prestadores de
serviços – dentre outros).
Mas a comprovação deste crime, que envolve a indústria da gentileza e da
cordialidade (gentileza e cordialidade que certamente devem ser direcionadas
a todos os visitantes, que trazem e deixam recursos, que investem em
negócios diretos e indiretos ou, que vêm só desfrutar), o que torna difícil de
ser abordado, mexido e barrado, porque aos olhos da ótica progressista, pode
parecer paradoxal e causar perplexidade nos meios políticos, nos setores
produtivos, na sociedade e na própria comunidade, que se beneficia
economicamente e que procura fazer vistas grossa ou, ingenuamente, nem de
perto desconfia desta proximidade entre turismo e prostituição; entre turismo
e depreciação ambiental, entre turismo e subserviência, perda de identidade
cultural, concentração de renda, evasão de divisas – dentre outros efeitos
danosos ao patrimônio turístico, à sociedade, ao país e ao meio onde ele se
desenvolve.
No nordeste do país e no Ceará, proliferam os empreendimentos turístico-
imobiliários encampando as paisagens notáveis e com recursos de procedência
duvidosa (talvez grande parte seja oriunda de lavagem de dinheiro). Não é
difícil de constatar que diversos bairros e praias tradicionais foram
aceleradamente depreciados pela encampação alienígena do território e
minadas também pelo turismo sexual.
Mas “sejam bem vindos”....; assim dizem todos, principalmente os órgãos
públicos representativos da sociedade, mas sem saber o verdadeiro preço que
estará sendo pago nesta política ufanista neoliberal e entreguista.
Fortaleza vive um sono profundo pela chegada de cada vez mais e maiores
investimentos, – ficando entorpecida pelos números e os seus concidadãos
(que se beneficiam economicamente ou aqueles empreendedores, entorpecidos
pela ganância) fazem vistas grossas para as agressões e ninguém se rebela.
O mais triste destes exemplos, onde a prostituição se estabeleceu e criou
raízes profundas nesta privilegiada cidade, que abunda em recursos naturais e
“hospitalidade” (mesclada com interesses), foi na Praia de Iracema; que de um
“““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA”””
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Por Fernando Zornitta
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tradicional recanto de artistas e boêmios, se tornou imprópria para a própria
população local e para o turismo familiar e um antro de prostituição nas ruas e
nas casas noturnas que lá se estabeleceram.
AA ÉÉTTIICCAA IIMMPPOORRTTAADDAA EE AA CCOOMMPPRROOVVAAÇÇÃÃOO
A recente investigação do Governo Italiano, chamada de Meninas de
Fortaleza, que culminou com a prisão da gangue que formava a rede
internacional de exploração do turismo sexual envolvendo crianças, no final de
dezembro de 2004, as quais eram escancaradamente embutidas nos pacotes
que os depravados turistas adquiriam na Itália, trouxe a tona apenas a ponta
do iceberg – algumas empresas e agências de turismo foram fechadas e alguns
componentes da rede e da gangue foram presos.
Foi uma ação louvável, sem sombra de dúvida, mas a investigação teve que
partir do outro lado – do país de onde vem a demanda turística – da Itália, e
não da localidade onde os fatos mais graves ocorrem – em Fortaleza, no
Ceará, no Brasil (cujas suas meninas é que vinham sofrendo as agressões).
Entretanto, não é de se espantar essa inanição, pois aqui todos já estão
cansados de saber, de ver e conviver com esse tipo de atividade, que
contaminou seus espaços e suas cidades mais sagradas, em troca do vil metal
trazido pelo turista, pelo investidor e pelo empreendedor alienígenas, “que não
pode parar de chegar” nessa concepção ufanista.
Em alguns países da Europa o turismo sexual é considerado crime, mesmo que
praticado em países fora do país de origem do turista ou do continente e, foi
na Itália, que já vinha promovendo debates entre as organizações da
sociedade civil e se indignando com esta prática envolvendo os seus próprios
cidadãos, que se constatou o problema no inquérito que foi denominado
MENINAS DE FORTALEZA, tomando-se as medidas enérgicas e imediatas,
culminando com prisões e fechamento de “negócios turísticos” lá e cá.
No Brasil, também se constata o óbvio ululante em longas e caras CPIs que
alardeiam os seus trabalhos aos quatro ventos e, depois, mesmo com os
maiores especialistas em comunicação e propaganda que o país dispõe,
continua-se fazendo campanhas direcionadas ao público alvo errado.
Neste exato momento e pela segunda vez, o Brasil investirá milhões dos seus
parcos recursos para dizer a si mesmo que “turismo sexual no Brasil é crime”,
quando deveria dizer isso nos “efetivos e nos potenciais mercados de
demanda” – o que não faz por medo de perder, de espantar turistas e
investimentos.
E, por isso - principalmente por isso e enquanto nossa postura não mudar – é
que as nossas crianças carentes continuarão fazendo parte do próprio produto
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Por Fernando Zornitta
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turístico, do “turismo sexual” e da “prostituição infantil”, que continuarão a
coexistir conosco, corroendo a nossa sociedade, os nossos espaços mais
sagrados e a nossa alma, numa realidade que todos sabem, todos vêem, mas
ninguém faz absolutamente nada de efetivo para mudar.
E agora, com o desbaratamento desta rede internacional de prostiturismo
infantil, que atuava entre a Itália e Fortaleza e com a ampla divulgação na
mídia nacional e internacional, vamos ver se a hipocrisia cai por terra e se a
parcimônia com que o problema sempre foi tratado pelos administradores da
coisa pública e pelo empresariado ganancioso no Brasil, virão à tona neste
caldo de cultura do turismo que se estabeleceu no país – o da mais valia.
Senão pela ética e pelos direitos humanos, numa realidade que todos
conheciam e conviviam tapando o sol com a peneira, agora será pelo próprio
processo de investigação, intitulado “MENINAS DE FORTALEZA”, que deve
envergonhar pelo próprio nome, para que tomemos uma posição e que
definitivamente – esperamos - faça a máscara da hipocrisia cair por terra, para
que esta frase: “Todo mundo sabe, todo mundo vê, mas ninguém faz nada”
seja pela última vez dita, quando em referência a esta questão do
prostiturismo no Brasil.
A esperança é que essa comprovação de fatos, que veio junto com a
investigação, possa trazer junto um pouco – ou muito – de vergonha na cara,
de ética nas nossas ações, de respeito aos menos favorecidos e inocentes e
aos direitos humanos, mas principalmente de honestidade, para que
direcionemos nossas ações e campanhas corretamente e para que
procedimentos perniciosos não mais ocorram nas nossas localidades turísticas
para beneficiar uns poucos que se locupletam do processo.
NNÃÃOO PPOORR DDEESSCCOONNHHEECCIIMMEENNTTOO DDEE CCAAUUSSAA EE NNEEMM PPOORR FFAALLTTAA
DDEE AAVVIISSOO
Um dos primeiros artigos que relacionava o turismo e prostituição no Brasil,
foi escrito pelo autor *¹ em 1993 e publicado no caderno de turismo do jornal
O POVO de Fortaleza, com o título TURISMO E PROSTITUIÇÃO *², que foi
escrito movido pela indignação deste cidadão brasileiro, que recebeu um
cartão de visitas promocional, com os dizeres em italiano: “LE PIU BELE
RAGAZZE PER I VOSTRI SOGNI”, escrito por oportunistas desqualificados
que já haviam se estabelecido em Fortaleza, vendendo as nossas crianças e
jovens para italianos que faziam turismo e começavam a abrir negócios aqui
em Fortaleza.
Estamos fazendo referência e afirmando que há 11 anos atrás essa prática já
existia em Fortaleza e esses fatos já eram de conhecimento público, pois foram
publicamente denunciados pelo autor naquele artigo e na seqüência por CPIs.
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Por Fernando Zornitta
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Mais, uma das empresas italianas citadas e interditadas pelo Governo Italiano
neste atual inquérito, já naquela época iniciava seus investimentos e seus
negócios turísticos no nordeste brasileiro.
Como citado no artigo escrito então, que fazia referência e alertava que as
presenças registradas de turistas estrangeiros no ano precedente no Ceará
(em 1992) eram em 75% de homens e que eles vinham exatamente buscar o
que era divulgado e promovido lá nos mercados de demanda, o que foi
ilustrado e comprovado com 6 cm de farto material coletado pelo autor na
Europa e que entregue a Casa Civil do Goveno do Estado do Ceará e que,
segundo o oficial militar que solicitou o material de comprovação das
afirmações do artigo (folders, catálogos das operadoras turísticas européias),
se iniciava uma investigação a nível Estadual (este material, estranhamente
consignado não nos foi devolvido, mas fizemos fotocópias dos principais
elementos – as capas dos catálogos).
Nas capas do material de publicidade e promoção do Brasil e do Nordeste
como destinação, as nossas conterrâneas pousavam em fotos explícitas,
convidativas, semi-nuas e, em troca de pagamento se submetiam e faziam
parte destes catálogos “turísticos” que vendiam o turismo no Brasil e na
América do Sul. Alguns destes catálogos tinham também impressos as
logomarcas das companhias aéreas e dos próprios governos.
Tudo isso era de conhecimento dos órgãos públicos brasileiros –
principalmente dos de turismo, que sempre estiveram de olhos, ouvidos e
bocas fechadas para o problema, mas com os cofres e os bolsos bem abertos e
incentivando tudo, pela oportunidade do “negócio” e da entrada de divisas -
que o turismo sempre trás e continua trazendo até hoje.
No mesmo período, em campanha promocional de turismo para o nordeste
brasileiro, promovido por empresa que abria linha aérea de vôo charter, as
“meninas de Fortaleza” em trajes de banho eram levadas para dançar lambada
e distribuir castanhas de caju em shoppings centers do norte da Itália, em
pleno inverno europeu e perguntando se os abordados queriam conhecer o
nordeste do país.
Após este artigo*², algumas matérias em TV começaram a aparecer logo após
em outros veículos de mídia impressa e algumas outras CPIs foram sendo
formadas - no Estado do Ceará, na prefeitura de Fortaleza, no nordeste e pelo
Brasil afora e, depois, uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara
Federal, acabou por “comprovar novamente os fatos”, que culminou com a 1ª
campanha nos veículos de comunicação brasileiros dizendo que "no Brasil a
Prostituição Infantil era crime".
Só que os órgãos públicos que promoveram esta campanha “sob pressão da
opinião pública” e a partir da constatação através da CPI, “esqueceram-se”
de fazê-las no exterior - nos países de origem dos turistas - e junto aos
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Tours Operators, aos Agentes de Viagens e aos potenciais exploradores,
pedófilos e carentes afetivos das sociedades mais desenvolvidas - que sempre
estão entre os turistas, que continuaram a vir.
Ou seja, foi uma campanha um tanto quanto hipócrita e paradoxal - que de
forma nenhuma atingiu os seus objetivos, mas certamente onerou em muito
os cofres públicos brasileiros, enquanto as nossas meninas continuavam a ser
prostituídas e, provavelmente hoje sejam prostitutas de profissão.
Posteriormente, importantes avanços legais foram incorporados com o Estatuto
da Criança e do Adolescente e neste momento (em 2004) em que a Comissão
Parlamentar de Inquérito do Congresso Nacional investigou novamente a
Prostituição Infantil, que está envolvida no Turismo Sexual, fez o seu relatório
para a proposição das NOVAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PROTEÇÃO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE e, novamente levantou essa questão do turismo
sexual.
Para esta Comissão foi encaminhado pelo autor*¹ para a Relatora as sugestões
abaixo, dessa necessidade de fazer-se constar explicitamente no texto final do
relatório o que se segue:
1 - "Desenvolver campanhas com recursos públicos, orientadas ao alerta - não
só de que a exploração sexual é crime no Brasil - mas, principalmente,
para chamar a atenção da extrema pobreza e dos riscos e impactos
que o desnível sócio-econômico podem trazer à criança, ao
adolescente e ao país; de que o Brasil respeita a criança e o
adolescente, impondo severas leis para quem incentivar ou promover
atos contra elas, etc, etc,.......";
Sugeriu*¹ também para a Comissão Parlamentar de Inquérito do Congresso
Nacional:
2 - A proposição de “campanhas inteligentes” - não para espantar
turistas, mas tendo como publico alvo todos os cidadãos, principalmente nos
potenciais mercados de demanda de turismo no exterior - envolvendo os
prestadores de serviços turísticos e a população nestas localidades e através
de veículos diversos, inclusive não convencionais (das manifestações
artísticas - fotografia, pintura e outras); as revistas, os jornais, a
internet, os panfletos - também dentre outras - mostrando a beleza, a
pobreza e a necessidade do amparo e não da exploração - que nasce do
desnível sociocultural, da necessidade econômica, mas principalmente, da
ganância, da hipocresia e da permissividade.
Estes são temas que só um especialista em turismo - e não em economia ou
dos demais segmentos produtivos que se ancoram na atividade turística -
podem trazer semióticamente para compor as campanhas institucionais. Não
adianta veicular - como foi de forma muito clara mas não efetiva, só
dentro do Brasil (os que fizeram isso e oneraram os cofres públicos,
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Por Fernando Zornitta
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infelizmente sabiam da ineficácia, mas não fizeram para atingir os objetivos e
só para justificar a opinião pública e a mídia que foram ludibriados).
O receio de que as inversões econômicas parassem e de que os turistas
estrangeiros deixassem de vir, certamente foram os motivos para não destinar
ao público alvo correto e lá fora.
Por outro lado, também foi sugerido:
3 - "Sanar e requalificar o ambiente do turismo com ações enérgicas,
fechar, lacrar, mudar o uso das casas que se dizem de espetáculos" -
que não combinam com os bairros e nem com os espaços que poderiam ser
democratizados (muitas continuam às vistas grossas do poder público - como
as das famosas casas de forró - que na verdade reúnem oferta e demanda -
consumidores e “consumidas” - principalmente estrangeiros e brasileiras - e
todo mundo sabe que existem. É como o jogo do bicho, espalhado pelo Brasil e
em todas as esquinas da cidade de Fortaleza com banquinhas padronizadas,
funcionários univormizados, propaganda e resultados em jornais e em
televisão e tudo isso, nenhum procurador, político, administrador público vê.
(Há 15 anos com domicílio nesta cidade vejo elas lá no mesmo lugar - e em
muitos outros lugares; os resultados dos jogos saem diariamente na TV local e
“ninguém viu e ninguém vê”, embora essa prática seja considerada como
contravenção penal).
É como essa pastosa união entre turismo e prostituição - todo mundo sabe que
no frigir dos ovos essa ou aquela casa de espetáculos é ponto de encontro para
isso e todo mundo deixa - não porque "gere empregos e renda", mas por pura
hipocrisia, por falta de ética, por falta de vergonha na cara, por incompetência
dos administradores públicos e, as vezes por canalhice mesmo ou por falta de
mobilização comunitária. Estas casas distraem os turistas e o sistema turismo
precisa destes espaços; as vezes a própria população local leva a sua gente
que chega a turismo para conhecer a cidade e para "um forró animado e
famoso" e outras vezes até para fazerem uma fezinha junto e entrarem na
dança e na farra.
Todo o elemento humano que faz parte do sistema do turismo – seja ele do
poder público, da iniciativa privada, das entidades de classe, dos agenciadores
de viagens, dos prestadores de serviços, dos representantes; seja ele o turista
ou o habitante; todos e em todos os níveis e escalões sabem desta tênue
ligação, mas também vão de vez em quando a estes locais acompanhando
pessoas - que chegam (e que os visitam), os quais se acompanha, por
cordialidade ou trabalhando, a lazer ou a negócios - quase que por obrigação
na maioria das vezes – contribuindo para fazer se a alastrar a doença, a
contaminação, a infecção, o tumor, o “câncer”, a praga; colaborando para o
afastamento do cidadão comum e da sua família dos seus principais espaços
de referência dentro da cidade (que também preferem os já tradicionais para
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se estabelecer), como vários que Fortaleza viu se depreciar desta forma, onde
o tumor e o câncer já se estabeleceram.
E o principal germe, que encontramos em algumas destas “casas de
espetáculo” da Praia de Iracema, por exemplo, as quais se travestem do
excelente disfarce como de “interesse à visitação turística”, é justamente onde
o câncer da prostituição que veio com o turismo sexual, encontra o caldo
de cultura próprio que vai depois se alastrar para outros locais da cidade e do
Estado – principalmente na faixa litorânea - alijando os seus concidadãos de
vários dos seus históricos e tradicionais espaços, dos seus bairros e dos seus
mais nobres pontos de referência cultural e paisagísticos e causar a repulsa do
turismo familiar, de qualidade.
Em duas batidas policiais (que tiveram repercussão na cidade de Fortaleza)
nas casas noturnas deste depreciado bairro - uma em maio e outra em junho
de 2004, a polícia prendeu na primeira vez 27 e na segunda 32 pessoas ao
mesmo tempo, todos "turistas estrangeiros em situação irregular” nestas casas
noturnas. Em outubro deste mesmo ano foram presos em outra blitz - também
em casas noturnas da Praia de Iracema - 12 estrangeiros e 5 boates foram
fechadas. 11 estrangeiros (alemães e italianos) de outra gangue que
mantinham inclusive página na Internet na Alemanha e promoviam o turismo
sexual em Fortaleza também foram presos neste final de ano e agora em
dezembro, aqui mesmo, acabou o julgamento de pessoas que faziam parte de
uma rede internacional de prostituição com conexões na Espanha.e que
exportavam “há 6 anos” as brasileiras para se prostituírem na Europa. Em
Fortaleza neste mesmo ano de 2004 foram presos ingleses com 3 meninas
numa casa alugada para veraneio numa praia da orla marítima, os quais
mantinham relações sexuais com elas em troca de retribuição financeira, ou
seja “prostituição infantil promovida por turistas estrangeiros”.
No nordeste do Brasil, Recife, Salvador, Natal e Fortaleza se destacam como as
principais capitais e portões de entrada de turistas estrangeiros e, também da
prática do turismo sexual, onde verdadeiras gangs e redes internacionais
encontram o solo propício para se estabelecer: sol, mar, brisa, clima tropical,
belas mulheres, brasileiros subservientes dentro do sistema e dos
empreendimentos turísticos e nenhum impedimento para se estabelecer e
irradiar essa e outras práticas nefastas.
OO CCOONNTTEEXXTTOO DDOO TTUURRIISSMMOO,, OOSS CCOONNTTRRAA--CCEENNSSOOSS EE OOSS
PPAARRAADDOOXXOOSS
Paradoxal é que estes convivam a se proliferem no mesmo ambiente que se
quer e se espera um “turismo de qualidade” mas que, fatalmente pela inanição
ou pela permissividade, acabarão por contaminar e destruir num processo
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autofágico o próprio turismo e as localidades que têm potencial, enquanto
causam a repulsa por parte do visitante que pratica o verdadeiro turismo e da
própria comunidade.
Em Fortaleza, o bairro da Praia de Iracema, por exemplo, continua bom para
os estrangeiros, mas não mais para a população residente, que não mais o
freqüenta. E não é necessário o mínimo de inteligência para constatar o
problema. É só analisar a motivação, o tipo de turista e de público que
encontramos lá; deixar de vez a hipocresia e o mau-caratismo e começarmos a
agir através de ações enérgicas, que contemplem a todos sem exceção e,
principalmente, aquelas casas famosas que se travestem como “de
interesse turístico”, que ocupam áreas nobres no bairro e na verdade não
oferecem nada de bom para a comunidade, mas muito pelo contrário.
Em um ou em mais de um destes tradicionais e famosos espaços, certamente
estará o foco desta infecção, dos tumores, lá estarão as rainhas do cupinzeiro,
desta praga que acometeu o bairro.
Mas tudo – é preciso ter muito claro - é o resultado de governos neoliberais
que incentivaram os investimentos internacionais, que divulgaram as nossas
potencialidades sem conhecimento da matéria (do turismo e seus efeitos), sem
uma política e ações protecionistas e, de outros, que por incompetência e
safadeza mesmo, nunca assumirem a si a responsabilidade sobre os sérios
problemas sociais do confronto de povos tão despreparados e com o
desenvolvimento sócio-econômico e culturas tão diferenciadas, que não tem
como buscar o seu quinhão, a sua fatia, o seu pão nosso de cada dia, nesse
bolo que vêm, mas que sempre fica com uns poucos que se fartam e com
governos que só ouvem, vêm e falam no tilintar das moedas.
O Ceará e o Nordeste brasileiro aceleraram o “negócio turístico” e fecharam os
olhos para os sérios impactos que o desenvolvimento turístico espontâneo trás
e nem prepararam as suas comunidades para os impactos que viriam e que
sempre vêm. E para isso não é tolerável o discurso da ingenuidade, pois há
duas décadas o próprio governo brasileiro têm profissionais sendo formados
nos centros mais especializados do planeta no trato do turismo, só que nesta
especialidade todo mundo mete a colher.
O outro nódulo detectado foi justamente o da “burrice e da incompetência
generalizada dos administradores”, que sem uma ação técnica orientada,
nesta atividade que tem um corpo de conhecimento que se nutre de várias
ciências na sua organização, a tudo permite, desde que traga investimentos e
empreendimentos – o que tecnicamente só faz contribuir para depreciar todo o
sistema turístico local. (vide artigo “Cidade Sem Alma, Praia Sem
Futuro*³”, do mesmo autor*¹).
Para sanar os problemas e amenizar os impactos que o turismo trás, será
necessária uma gestão sistêmica, democrática, participativa e responsável. As
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fórmulas da correta gestão já existem, basta que se estenda a mão e se queira
dar sustentabilidade ao sistema e ao patrimônio turístico local, regional e
nacional, bastando para isso e por primeiro, que governos abram mão da
hegemonia na gestão – que não tem conseguido administrar corretamente o
turismo e o sistema interdisciplinar que lhe é pertinente e nem barrar as
agressões e os impropérios. (vide proposta do SINCATUR – Sistema
Integrado de Câmaras de Turismo*⁴, também do autor *¹, apresentada
em congressos)
Para essa correta gestão ocorra e se estabeleça de fato e definitivamente, é
necessária a participação e a livre expressão por parte do mais amplo espectro
da sociedade; é necessária a circulação da informação através de uma
adequada e honesta comunicação; é preciso dar voz ao cidadão, ao
administrador público, ao político e ao técnico; às instituições e ao conjunto da
sociedade. Mas é preciso também, que a ação parta de princípios éticos, de
justiça social e de valorização da vida (da vida de todos e não só de uma
minoria).
Num país que têm uma recente tradição democrática – ainda em sedimentação
- o processo de organização da estrutura de gestão do turismo será em muito
facilitado, se partir de um governo comprometido com essa vertente
participativa, em que a voz do cidadão que propõe alternativas e portas de
saída para o caos que a humanidade vem construindo na sua evolução, não se
feche às novas e não tradicionais formas de organização.
AASS MMEENNIINNAASS EE OO IICCEEBBEERRGG
A recente investigação do Governo Italiano que foi batizada de MENINAS DE
FORTALEZA e que envolveu as polícias e instituições dos dois países e da
Interpol, é apenas a ponta do Iceberg dos efeitos nefastos de uma política do
permissionismo, temperada pela ignorância e pela incompetência dos nossos
gestores, pelo neoliberalismo ufanista centrado no “empreendedorismo” (que
vem ilustrado pela sua inclusão no cenário e nas estatísticas turísticas
nacionais e internacionais e nas participações do turismo no PIB) além da
corrupção, que historicamente sempre permeou todos os escalões do governo
brasileiro e que são vergonhosamente conhecidas a nível internacional.
O turístico especificamente, pelos seus efeitos positivos poderia – mas não
está – ajudando a reverter esse quadro, pois ainda não é tecnicamente tratado
no seu amplo contexto econômico, sociocultural e ecológico-ambiental.
Os efeitos e indicadores negativos é que crescem e aparecem - os da
criminalidade e dos crimes internacionais como o tráfego humano e de drogas,
os crimes contra o sistema financeiro, nos investimentos com dinheiro que
surge como que por um passe de mágica e que ninguém sabe da sua origem;
com a prisão de fugitivos de outros países – principalmente da Europa, que
“““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA”””
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vêm crescendo no Ceará e no nordeste brasileiro na mesma proporção que os
indicadores de crescimento do turismo.
Do início do processo neoliberal do turismo no Ceará – da década de 90 aos
dias atuais - a economia e a estatística do turismo com seus indicadores em
presenças, em crescimento das UHs e de leitos, em recursos e em
empreendimentos de estrangeiros, são aceleradamente ascendentes,
igualmente aos da criminalidade – com tipologias e escalas de crimes até
então desconhecidas por estas paragens; também pode ser avaliado pelo
número de “empreendimentos de estrangeiros” que vêm acompanhados pela
encampação e depreciação das nossas paisagens privilegiadas e da quase
totalidade dos imóveis nos bairros e recantos mais representativos, tradicionais
e de referência da comunidade local que vão parar em mãos alienígenas; com
a corrosão social, depreciação e descaracterização do patrimônio cultural
material, imaterial e do ser humano que está por detrás das manifestações.
É como a “Broadway” ou a “Babilônia” em que se transformou Canoa
Quebrada, é como a Praia Furada (não Pedra) que se transformou
Jericoacoara, onde se fala todas as línguas, mas o próprio jangadeiro não
pesca mais o seu peixe; é Como o “Oásis das Fontes” que tem uma ilha de
riqueza encravada nas falésias (contrariando a própria legislação ambiental) e
cercada de miséria e abandono por todos os lados.
Um brasileiro no exterior - na Europa, por exemplo - não compra automóvel,
não compra imóveis, não exerce uma profissão especializada concorrendo com
os nativos e não monta negócios sem "fixar residência oficialmente – o que é
uma paradoxal utopia" e é “controlado” - mesmo que lá esteja só como
estudante. Já, um estrangeiro no Brasil vem e compra imóveis, automóveis,
monta negócios, trabalha (ocupando os postos de trabalho mais nobres, dando
assessoria, consultoria e outras perfumarias) e, ainda têm amplos incentivos
de todas as ordens para seus investimentos, desde que venha e "invista".
Deveríamos dar o mesmo tratamento que recebemos no exterior mas, com a
sedimentada cultura da subserviência de uma sociedade em condições
econômicas inferiores e precárias, escancaramos o país, o nosso patrimônio, a
nossa gente que se escraviza a todo alienígena, em troca de salários de fome e
gorjetas.
No Ceará o mercado imobiliário sobrevive com os largos "investimentos" de
desconhecida procedência e origem. E, mesmo que com procedência
comprovada já é uma afronta à cidadania, cuja astronômica diferença de valor
de mercado - com referência a Europa - e do poder de compra deles - "sem
nenhuma barreira legal, institucional e sem a comprovação da origem do
dinheiro".
Aqui no Brasil, o problema tupiniquim básico é mesmo de "falta de vergonha
na cara". Todas as instituições e poderes, por terem uma legislação omissa,
“““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA”””
EEE ooo EEEssstttiiigggmmmaaa dddeee UUUmmm PPPooovvvooo DDDeeesssppprrreeepppaaarrraaadddooo
Por Fernando Zornitta
12
que de outra forma poderia estar barrando no "baile escancarado" as
facilidades com que alienígenas investem (sem nem saber-se de onde vem o
vil metal) e sem uma reciprocidade de tratamento quando um brasileiro tenta
investir no exterior.
Honorifica-se os “investidores” estrangeiros e proclama-se em coro o
ultrapassado, contraproduscente e papagaiado discurso da “geração de
empregos e renda”. Mas nossa inteligência não passa disso, pois não
avaliamos que tipo de emprego e nem que renda; não consideramos todos os
outros fatores e reflexos negativos que vêm junto com eles.
O Iceberg dos problemas ainda não apareceu totalmente e não se conhece
ainda a sua extensão. Mas os seus efeitos há muito já aparecem no “clima”
que pode estar congelando o sistema do turismo e a sociedade bem debaixo
dos nossos narizes; nas paisagens que se descaracterizam e se degeneram, na
economia que cresce e incha, mas também serve à concentração da renda; na
cultura e no seu patrimônio, que se depreciam e desaparecem; na agressão ao
nosso povo sofrido, que incomoda a alma dos cidadãos comuns que não têm
voz, que lutam para sobreviver e para manter as suas famílias dignamente;
que não concordam e que se indignam com as milhares de meninas, que a
essas alturas podem ter virado prostitutas as vistas grossas das autoridades e
de toda a sociedade para continuarem satisfazer os corruptores e os pedófilos;
que elevam os números que ilustram os gráficos e as estatísticas do turismo e
da economia, alegrando aos empreendedores locais e aos de origem
alienígena.
O recente e triste comprovação dos fatos, que culminou com a prisão dos
corruptores no processo intitulado MENINAS DE FORTALEZA, faz parte do
estigma de um povo despreparado para entender, respeitar e dignificar uma
importante e potencial atividade e tratá-la com o zelo, com a técnica e com a
dignidade que merece.
___________________________________________________
*¹ Fernando Zornitta – Doutorando pela Universidade de Barcelona (Planejamento Territorial e
Desenvolvimento – Proposta de Tese TURISMO NA AMÉRICA LATINA E CARIBE – Política de
Desenvolvimento Econômico, Territorial e de Sustentabilidade), diplomado em Arquitetura e
Urbanismo; pós-graduado - Especialização em Lazer e Recreação na UFRGS em Porto Alegre,
Especialização em Turismo (Centro de Treinamento da OMT/ONU Para a Europa - SIST Roma/Itália),
com Estágio de Aperfeiçoamento em Planejamento Turístico (Laboratório de Geografia Econômica da
Universidade de Messina - Messina/Itália). Participou de cursos da OMT em Roma de Sub-especialização
em Marketing Turístico em Sub-especialização em Relações Públicas e Publicidade para o Turismo
e Sub-especialização em Técnica de Organização de Congressos. É Técnico de Realização
Audiovisual, Instituto Dragão do Mar (Fortaleza-CE). Foi professor (Marketing Turístico II e Elementos
de Ciência do Meio Ambiente em Curso Universitário de Turismo e em cursos de extensão). Co-
idealizador, fundador e participante do Movimento GREEN WAVE, da APOLO - Associação de Cinema
e Vídeo e da UNISPORTS - Esportes, Lazer e Cidadania. É consultor de ongs e oscips.
Autor, ministrante e coordenador de cursos, dentre os quais: TURISMO E PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO, GESTÃO MUNICIPAL DO TURISMO, MARKETING TURÍSTICO, TURISMO
SUSTENTÁVEL e ANIMAÇÃO TURÍSTICA..
“““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA”””
EEE ooo EEEssstttiiigggmmmaaa dddeee UUUmmm PPPooovvvooo DDDeeesssppprrreeepppaaarrraaadddooo
Por Fernando Zornitta
13
Autor do SINCATUR – Sistema Integrado de Câmaras do turismo, apresentado no Seminário
Internacional MED AMERICA em Barcelona em abril de 2002 e no PLANEFOR – Cidades que Se Planejam, em
Fortaleza em novembro de 2003 e também aprovado pelo Comitê Científico do MERCOCIDADES 2004 em
Porto Alegre para apresentação. É também autor de vários artigos e trabalhos sobre lazer, recreação e
turismo e está finalizando o livro intitulado TURISMO, PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E
MUNICIPALIZAÇÃO NUMA ABORDAGEM HOLÍSTICA
Apresentou trabalho na Conferência Mundial Sobre Turismo Sustentável em Lanzarote, Ilhas Canárias em
1995, cujo projeto GEOGRAFIA DO TURISMO NA AMÉRICA DO SUL, CENTRAL E CARIBE, contribuiu
com idéias para a CARTA DO TURISMO SUSTENTÁVEL – UNESCO/ONU (18 princípios para a promoção do
turismo sustentável), na qual o trabalho e o autor estão relacionados no documento final.
E-mails: fzornitta@uol.com.br / fzornitta@hotmail.com
Fones: (51) 93250793 / (85) 99480120
______________________________
*² Artigo TURISMO E PROSTITUIÇÃO foi um dos primeiros artigos publicados no
Brasil (em 1993) que relacionou estas duas variáveis: “turismo e prostituição”, de
autoria de Fernando Zornittta. A motivação para o artigo foi a indignação do autor com
um cartão de visitas entregue com os dizeres: LE PIÙ BELLE RAGAZZE PER I
VOSTRI SOGNI (as mais belas garotas para os seus sonhos), por um representante de
empresa que iniciava empreendimentos turísticos-imobiliários no Ceará.
Para comprovar o que foi dito no artigo TURISMO E PROSTITUIÇÃO (em anexo)
cópias das capas de alguns catálogos das operadoras turísticas da Itália e da Espanha
(citados no artigo) - estes formavam uns 6 cm de material que foram entregues para a
Casa Civil do então Governo do Estado - por solicitação da Casa Civil. Infelizmente não
me devolveram o material, embora tivessem se comprometido em fazê-lo e, por isso,
as imagens não são a cores, mas apenas fotocópias deste material citado (tiradas
antes da entrega).
_____________________________________________
*³ CIDADE SEM ALMA, PRAIA SEM FUTURO - Artigo comenta e incentiva uma
ação do Ministério Público na orla marítima de Fortaleza - conhecida como Praia do
Futuro – sugerindo os corretos rumos na inclusão urbanística desta faixa, que se
preocupe prioritariamente com o lazer e recreação; que atenda os interesses coletivos
como prioridade e os turísticos de forma sustentável.
_______________________________________________
*⁴ SINCATUR – Sistema Integrado de Câmaras de Turismo (Administração
Integrada e Sustentável do Turismo)
O SINCATUR é uma proposta de organização do turismo para ser aplicado em países,
regiões, cidades e localidades que têm uma estrutura administrativa federativa;
podendo também ser adaptado em outros países com distintas formas de organização
política e subdivisões.
O sistema proposto visa adequar e atender as prerrogativas e características da
administração desta atividade, destacando-se dentre estas a dificuldade de
coordenação, da organização e da administração dos diversos elementos e dos agentes
envolvidos (e daqueles que ficam a margem do processo), de formas a apontar para as
necessárias correções de rumo na inter-relação dos componentes sócio-econômicos,
socioculturais e ecológico-ambientais - os quais, pela tradicional forma de
administração, só têm contribuído para a depreciação manifestada fisicamente no
“““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA”””
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Por Fernando Zornitta
14
espaço turístico - que sedimenta a infra e a superestrutura necessárias (mas não
sempre adequadas), induzindo a reflexos socioculturais e ambientais, gerando
conflitos, ineficiência e insustentabilidade.
Saindo da esfera pública como única condutora das políticas (que via de regra atende
prioritariamente aos interesses empresariais, que é omissa aos principais problemas;
que é ultrapassada, centralizadora, ineficaz, incompetente e contaminada pela “política
partidária” e se esquece do contexto global do turismo), o SINCATUR propõe uma
estrutura administrativa e organizacional ideal e alinhada tecnicamente com o “sistema
turismo” - co-gestão e ações compartilhadas e participativas entre todos os envolvidos
- na condução e no controle desta potencial atividade a nível local, regional e nacional,
favorecendo a colaboração entre os agentes e interesses envolvidos (que normalmente
atuam centrados na defesa dos seus interesses específicos – mas raramente a partir
de uma visão global e planejada) e, também, em função de atender a premente
necessidade de qualificação do espaço turístico onde as relações turista-visitante
ocorrem e planejar a evolução da atividade.
O SINCATUR, foi apresentado no III Congresso Internacional MED AMÉRICA em
Barcelona em 2002, no Congresso Internacional do PLANEFOR em Fortaleza em 2003
e aprovado para apresentação no VI Congresso Internacional MERCOCIDADES em
Porto Alegre em 2004, mas até o presente momento, por propor uma reformulação na
tradicional forma de administração do turismo, que sai das esferas públicas e abre
espaços para a co-gestão participativa, ainda não foi elegido como uma alternativa
viável e correta de administração do turismo – que sempre fica nas mãos do poder
público coagido pela iniciativa privada em função dos interesses setoriais, que sempre
inviabilizam a correta condução e sustentabilidade do sistema.
_____________________________
Os conceitos aqui apresentados no texto MENINAS DE FORTALEZA são de inteira
responsabilidade do autor. Fica autorizada a reprodução total ou parcial do texto –
para fins didáticos e de publicação em quaisquer veículos, desde que sempre citada a
fonte, feita a referência e citada a autoria do mesmo.

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  • 1. “““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA””” EEE ooo EEEssstttiiigggmmmaaa dddeee UUUmmm PPPooovvvooo DDDeeesssppprrreeepppaaarrraaadddooo Tratamento B – Dezembro de 2004 Autor: Fernando Zornitta *¹ TTOODDOO MMUUNNDDOO SSAABBEE,, TTOODDOO MMUUNNDDOO VVÊÊ,, MMAASS NNIINNGGUUÉÉMM FFAAZZ NNAADDAA...... O Brasil não tem uma tradição turística, mas certamente tem a histórica tradição de ser um país colonizado e até parece que já se acostumou bem com isso. O turismo neste país apresenta um grande potencial e uma forte propensão para ser desenvolvido, pelos seus privilegiados atrativos socioculturais e ecológico-ambientais, pela hospitalidade e a cultura do seu povo e pela vontade política, que têm atraído cada vez mais investimentos e empreendimentos estrangeiros, os quais sempre chegam bem-vindos, mas sem uma devida análise do custo-benefício social e ambiental e se instalam “espontaneamente” e de forma desarticulada, através dos empreendimentos que trazem juntos fortes reflexos e impactos socioculturais, como o turismo com motivação sexual e a prostituição infantil. As políticas públicas fecham os olhos para os aspectos negativos e abrem os bolsos e os cofres para os “negócios turísticos”, esquecendo-se que é da “qualidade do seu produto” que vai depender a sustentabilidade dos próprios negócios e do turismo. E, a sustentabilidade, depende da manutenção da qualidade do seu “produto” e dos atrativos. O Brasil sabe e já constatou vários problemas que envolvem essa atividade – inclusive o do turismo sexual em várias CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), mas continuou incentivando todo o tipo de investimento, independentemente de onde ou de quem vêm e mesmo que depreciando o seu patrimônio, causando impactos e pervertendo os costumes locais – como no turismo sexual e na prostituição infantil, que via de regra andam juntos, que todos sabem mas que ninguém faz nada de efetivo para impedir dela estabelecer-se no ambiente do turismo. O favorecimento a prostituição no Brasil é crime, assim como é a mais grave de suas manifestações – a prostituição infantil. O turismo sexual envolve estas duas especificidades criminosas que, por um lado tem na demanda turística, um canal aberto para acontecer pelo sistema de distribuição convencional do turismo (operadora, agência, turista), vendendo o “produto” (o pacote
  • 2. “““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA””” EEE ooo EEEssstttiiigggmmmaaa dddeee UUUmmm PPPooovvvooo DDDeeesssppprrreeepppaaarrraaadddooo Por Fernando Zornitta 2 turístico) que chega a um leque de indivíduos - turistas pedófilos e com desvios de conduta – que, através da motivação pervertida têm a obsessão por uma prática de turismo que beira a bestialidade. Já na outra ponta, nos corruptores que criam os pacotes alicerçados nesta deturpada motivação e, em todo um complexo de agenciadores locais, que incentivam e favorecem essa gangrena social – em que estão também os mesmos promotores e empreendedores de uma atividade que todos querem ver crescer – o turismo – que se manifestam nos empreendimentos da superestrutura turística e da sua estrutura complementar e de animação, necessárias para o sistema turístico funcionar (nos meios de hospedagem, nos bares, restaurantes, casas noturnas, locadoras de veículos, prestadores de serviços – dentre outros). Mas a comprovação deste crime, que envolve a indústria da gentileza e da cordialidade (gentileza e cordialidade que certamente devem ser direcionadas a todos os visitantes, que trazem e deixam recursos, que investem em negócios diretos e indiretos ou, que vêm só desfrutar), o que torna difícil de ser abordado, mexido e barrado, porque aos olhos da ótica progressista, pode parecer paradoxal e causar perplexidade nos meios políticos, nos setores produtivos, na sociedade e na própria comunidade, que se beneficia economicamente e que procura fazer vistas grossa ou, ingenuamente, nem de perto desconfia desta proximidade entre turismo e prostituição; entre turismo e depreciação ambiental, entre turismo e subserviência, perda de identidade cultural, concentração de renda, evasão de divisas – dentre outros efeitos danosos ao patrimônio turístico, à sociedade, ao país e ao meio onde ele se desenvolve. No nordeste do país e no Ceará, proliferam os empreendimentos turístico- imobiliários encampando as paisagens notáveis e com recursos de procedência duvidosa (talvez grande parte seja oriunda de lavagem de dinheiro). Não é difícil de constatar que diversos bairros e praias tradicionais foram aceleradamente depreciados pela encampação alienígena do território e minadas também pelo turismo sexual. Mas “sejam bem vindos”....; assim dizem todos, principalmente os órgãos públicos representativos da sociedade, mas sem saber o verdadeiro preço que estará sendo pago nesta política ufanista neoliberal e entreguista. Fortaleza vive um sono profundo pela chegada de cada vez mais e maiores investimentos, – ficando entorpecida pelos números e os seus concidadãos (que se beneficiam economicamente ou aqueles empreendedores, entorpecidos pela ganância) fazem vistas grossas para as agressões e ninguém se rebela. O mais triste destes exemplos, onde a prostituição se estabeleceu e criou raízes profundas nesta privilegiada cidade, que abunda em recursos naturais e “hospitalidade” (mesclada com interesses), foi na Praia de Iracema; que de um
  • 3. “““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA””” EEE ooo EEEssstttiiigggmmmaaa dddeee UUUmmm PPPooovvvooo DDDeeesssppprrreeepppaaarrraaadddooo Por Fernando Zornitta 3 tradicional recanto de artistas e boêmios, se tornou imprópria para a própria população local e para o turismo familiar e um antro de prostituição nas ruas e nas casas noturnas que lá se estabeleceram. AA ÉÉTTIICCAA IIMMPPOORRTTAADDAA EE AA CCOOMMPPRROOVVAAÇÇÃÃOO A recente investigação do Governo Italiano, chamada de Meninas de Fortaleza, que culminou com a prisão da gangue que formava a rede internacional de exploração do turismo sexual envolvendo crianças, no final de dezembro de 2004, as quais eram escancaradamente embutidas nos pacotes que os depravados turistas adquiriam na Itália, trouxe a tona apenas a ponta do iceberg – algumas empresas e agências de turismo foram fechadas e alguns componentes da rede e da gangue foram presos. Foi uma ação louvável, sem sombra de dúvida, mas a investigação teve que partir do outro lado – do país de onde vem a demanda turística – da Itália, e não da localidade onde os fatos mais graves ocorrem – em Fortaleza, no Ceará, no Brasil (cujas suas meninas é que vinham sofrendo as agressões). Entretanto, não é de se espantar essa inanição, pois aqui todos já estão cansados de saber, de ver e conviver com esse tipo de atividade, que contaminou seus espaços e suas cidades mais sagradas, em troca do vil metal trazido pelo turista, pelo investidor e pelo empreendedor alienígenas, “que não pode parar de chegar” nessa concepção ufanista. Em alguns países da Europa o turismo sexual é considerado crime, mesmo que praticado em países fora do país de origem do turista ou do continente e, foi na Itália, que já vinha promovendo debates entre as organizações da sociedade civil e se indignando com esta prática envolvendo os seus próprios cidadãos, que se constatou o problema no inquérito que foi denominado MENINAS DE FORTALEZA, tomando-se as medidas enérgicas e imediatas, culminando com prisões e fechamento de “negócios turísticos” lá e cá. No Brasil, também se constata o óbvio ululante em longas e caras CPIs que alardeiam os seus trabalhos aos quatro ventos e, depois, mesmo com os maiores especialistas em comunicação e propaganda que o país dispõe, continua-se fazendo campanhas direcionadas ao público alvo errado. Neste exato momento e pela segunda vez, o Brasil investirá milhões dos seus parcos recursos para dizer a si mesmo que “turismo sexual no Brasil é crime”, quando deveria dizer isso nos “efetivos e nos potenciais mercados de demanda” – o que não faz por medo de perder, de espantar turistas e investimentos. E, por isso - principalmente por isso e enquanto nossa postura não mudar – é que as nossas crianças carentes continuarão fazendo parte do próprio produto
  • 4. “““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA””” EEE ooo EEEssstttiiigggmmmaaa dddeee UUUmmm PPPooovvvooo DDDeeesssppprrreeepppaaarrraaadddooo Por Fernando Zornitta 4 turístico, do “turismo sexual” e da “prostituição infantil”, que continuarão a coexistir conosco, corroendo a nossa sociedade, os nossos espaços mais sagrados e a nossa alma, numa realidade que todos sabem, todos vêem, mas ninguém faz absolutamente nada de efetivo para mudar. E agora, com o desbaratamento desta rede internacional de prostiturismo infantil, que atuava entre a Itália e Fortaleza e com a ampla divulgação na mídia nacional e internacional, vamos ver se a hipocrisia cai por terra e se a parcimônia com que o problema sempre foi tratado pelos administradores da coisa pública e pelo empresariado ganancioso no Brasil, virão à tona neste caldo de cultura do turismo que se estabeleceu no país – o da mais valia. Senão pela ética e pelos direitos humanos, numa realidade que todos conheciam e conviviam tapando o sol com a peneira, agora será pelo próprio processo de investigação, intitulado “MENINAS DE FORTALEZA”, que deve envergonhar pelo próprio nome, para que tomemos uma posição e que definitivamente – esperamos - faça a máscara da hipocrisia cair por terra, para que esta frase: “Todo mundo sabe, todo mundo vê, mas ninguém faz nada” seja pela última vez dita, quando em referência a esta questão do prostiturismo no Brasil. A esperança é que essa comprovação de fatos, que veio junto com a investigação, possa trazer junto um pouco – ou muito – de vergonha na cara, de ética nas nossas ações, de respeito aos menos favorecidos e inocentes e aos direitos humanos, mas principalmente de honestidade, para que direcionemos nossas ações e campanhas corretamente e para que procedimentos perniciosos não mais ocorram nas nossas localidades turísticas para beneficiar uns poucos que se locupletam do processo. NNÃÃOO PPOORR DDEESSCCOONNHHEECCIIMMEENNTTOO DDEE CCAAUUSSAA EE NNEEMM PPOORR FFAALLTTAA DDEE AAVVIISSOO Um dos primeiros artigos que relacionava o turismo e prostituição no Brasil, foi escrito pelo autor *¹ em 1993 e publicado no caderno de turismo do jornal O POVO de Fortaleza, com o título TURISMO E PROSTITUIÇÃO *², que foi escrito movido pela indignação deste cidadão brasileiro, que recebeu um cartão de visitas promocional, com os dizeres em italiano: “LE PIU BELE RAGAZZE PER I VOSTRI SOGNI”, escrito por oportunistas desqualificados que já haviam se estabelecido em Fortaleza, vendendo as nossas crianças e jovens para italianos que faziam turismo e começavam a abrir negócios aqui em Fortaleza. Estamos fazendo referência e afirmando que há 11 anos atrás essa prática já existia em Fortaleza e esses fatos já eram de conhecimento público, pois foram publicamente denunciados pelo autor naquele artigo e na seqüência por CPIs.
  • 5. “““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA””” EEE ooo EEEssstttiiigggmmmaaa dddeee UUUmmm PPPooovvvooo DDDeeesssppprrreeepppaaarrraaadddooo Por Fernando Zornitta 5 Mais, uma das empresas italianas citadas e interditadas pelo Governo Italiano neste atual inquérito, já naquela época iniciava seus investimentos e seus negócios turísticos no nordeste brasileiro. Como citado no artigo escrito então, que fazia referência e alertava que as presenças registradas de turistas estrangeiros no ano precedente no Ceará (em 1992) eram em 75% de homens e que eles vinham exatamente buscar o que era divulgado e promovido lá nos mercados de demanda, o que foi ilustrado e comprovado com 6 cm de farto material coletado pelo autor na Europa e que entregue a Casa Civil do Goveno do Estado do Ceará e que, segundo o oficial militar que solicitou o material de comprovação das afirmações do artigo (folders, catálogos das operadoras turísticas européias), se iniciava uma investigação a nível Estadual (este material, estranhamente consignado não nos foi devolvido, mas fizemos fotocópias dos principais elementos – as capas dos catálogos). Nas capas do material de publicidade e promoção do Brasil e do Nordeste como destinação, as nossas conterrâneas pousavam em fotos explícitas, convidativas, semi-nuas e, em troca de pagamento se submetiam e faziam parte destes catálogos “turísticos” que vendiam o turismo no Brasil e na América do Sul. Alguns destes catálogos tinham também impressos as logomarcas das companhias aéreas e dos próprios governos. Tudo isso era de conhecimento dos órgãos públicos brasileiros – principalmente dos de turismo, que sempre estiveram de olhos, ouvidos e bocas fechadas para o problema, mas com os cofres e os bolsos bem abertos e incentivando tudo, pela oportunidade do “negócio” e da entrada de divisas - que o turismo sempre trás e continua trazendo até hoje. No mesmo período, em campanha promocional de turismo para o nordeste brasileiro, promovido por empresa que abria linha aérea de vôo charter, as “meninas de Fortaleza” em trajes de banho eram levadas para dançar lambada e distribuir castanhas de caju em shoppings centers do norte da Itália, em pleno inverno europeu e perguntando se os abordados queriam conhecer o nordeste do país. Após este artigo*², algumas matérias em TV começaram a aparecer logo após em outros veículos de mídia impressa e algumas outras CPIs foram sendo formadas - no Estado do Ceará, na prefeitura de Fortaleza, no nordeste e pelo Brasil afora e, depois, uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Federal, acabou por “comprovar novamente os fatos”, que culminou com a 1ª campanha nos veículos de comunicação brasileiros dizendo que "no Brasil a Prostituição Infantil era crime". Só que os órgãos públicos que promoveram esta campanha “sob pressão da opinião pública” e a partir da constatação através da CPI, “esqueceram-se” de fazê-las no exterior - nos países de origem dos turistas - e junto aos
  • 6. “““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA””” EEE ooo EEEssstttiiigggmmmaaa dddeee UUUmmm PPPooovvvooo DDDeeesssppprrreeepppaaarrraaadddooo Por Fernando Zornitta 6 Tours Operators, aos Agentes de Viagens e aos potenciais exploradores, pedófilos e carentes afetivos das sociedades mais desenvolvidas - que sempre estão entre os turistas, que continuaram a vir. Ou seja, foi uma campanha um tanto quanto hipócrita e paradoxal - que de forma nenhuma atingiu os seus objetivos, mas certamente onerou em muito os cofres públicos brasileiros, enquanto as nossas meninas continuavam a ser prostituídas e, provavelmente hoje sejam prostitutas de profissão. Posteriormente, importantes avanços legais foram incorporados com o Estatuto da Criança e do Adolescente e neste momento (em 2004) em que a Comissão Parlamentar de Inquérito do Congresso Nacional investigou novamente a Prostituição Infantil, que está envolvida no Turismo Sexual, fez o seu relatório para a proposição das NOVAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PROTEÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE e, novamente levantou essa questão do turismo sexual. Para esta Comissão foi encaminhado pelo autor*¹ para a Relatora as sugestões abaixo, dessa necessidade de fazer-se constar explicitamente no texto final do relatório o que se segue: 1 - "Desenvolver campanhas com recursos públicos, orientadas ao alerta - não só de que a exploração sexual é crime no Brasil - mas, principalmente, para chamar a atenção da extrema pobreza e dos riscos e impactos que o desnível sócio-econômico podem trazer à criança, ao adolescente e ao país; de que o Brasil respeita a criança e o adolescente, impondo severas leis para quem incentivar ou promover atos contra elas, etc, etc,......."; Sugeriu*¹ também para a Comissão Parlamentar de Inquérito do Congresso Nacional: 2 - A proposição de “campanhas inteligentes” - não para espantar turistas, mas tendo como publico alvo todos os cidadãos, principalmente nos potenciais mercados de demanda de turismo no exterior - envolvendo os prestadores de serviços turísticos e a população nestas localidades e através de veículos diversos, inclusive não convencionais (das manifestações artísticas - fotografia, pintura e outras); as revistas, os jornais, a internet, os panfletos - também dentre outras - mostrando a beleza, a pobreza e a necessidade do amparo e não da exploração - que nasce do desnível sociocultural, da necessidade econômica, mas principalmente, da ganância, da hipocresia e da permissividade. Estes são temas que só um especialista em turismo - e não em economia ou dos demais segmentos produtivos que se ancoram na atividade turística - podem trazer semióticamente para compor as campanhas institucionais. Não adianta veicular - como foi de forma muito clara mas não efetiva, só dentro do Brasil (os que fizeram isso e oneraram os cofres públicos,
  • 7. “““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA””” EEE ooo EEEssstttiiigggmmmaaa dddeee UUUmmm PPPooovvvooo DDDeeesssppprrreeepppaaarrraaadddooo Por Fernando Zornitta 7 infelizmente sabiam da ineficácia, mas não fizeram para atingir os objetivos e só para justificar a opinião pública e a mídia que foram ludibriados). O receio de que as inversões econômicas parassem e de que os turistas estrangeiros deixassem de vir, certamente foram os motivos para não destinar ao público alvo correto e lá fora. Por outro lado, também foi sugerido: 3 - "Sanar e requalificar o ambiente do turismo com ações enérgicas, fechar, lacrar, mudar o uso das casas que se dizem de espetáculos" - que não combinam com os bairros e nem com os espaços que poderiam ser democratizados (muitas continuam às vistas grossas do poder público - como as das famosas casas de forró - que na verdade reúnem oferta e demanda - consumidores e “consumidas” - principalmente estrangeiros e brasileiras - e todo mundo sabe que existem. É como o jogo do bicho, espalhado pelo Brasil e em todas as esquinas da cidade de Fortaleza com banquinhas padronizadas, funcionários univormizados, propaganda e resultados em jornais e em televisão e tudo isso, nenhum procurador, político, administrador público vê. (Há 15 anos com domicílio nesta cidade vejo elas lá no mesmo lugar - e em muitos outros lugares; os resultados dos jogos saem diariamente na TV local e “ninguém viu e ninguém vê”, embora essa prática seja considerada como contravenção penal). É como essa pastosa união entre turismo e prostituição - todo mundo sabe que no frigir dos ovos essa ou aquela casa de espetáculos é ponto de encontro para isso e todo mundo deixa - não porque "gere empregos e renda", mas por pura hipocrisia, por falta de ética, por falta de vergonha na cara, por incompetência dos administradores públicos e, as vezes por canalhice mesmo ou por falta de mobilização comunitária. Estas casas distraem os turistas e o sistema turismo precisa destes espaços; as vezes a própria população local leva a sua gente que chega a turismo para conhecer a cidade e para "um forró animado e famoso" e outras vezes até para fazerem uma fezinha junto e entrarem na dança e na farra. Todo o elemento humano que faz parte do sistema do turismo – seja ele do poder público, da iniciativa privada, das entidades de classe, dos agenciadores de viagens, dos prestadores de serviços, dos representantes; seja ele o turista ou o habitante; todos e em todos os níveis e escalões sabem desta tênue ligação, mas também vão de vez em quando a estes locais acompanhando pessoas - que chegam (e que os visitam), os quais se acompanha, por cordialidade ou trabalhando, a lazer ou a negócios - quase que por obrigação na maioria das vezes – contribuindo para fazer se a alastrar a doença, a contaminação, a infecção, o tumor, o “câncer”, a praga; colaborando para o afastamento do cidadão comum e da sua família dos seus principais espaços de referência dentro da cidade (que também preferem os já tradicionais para
  • 8. “““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA””” EEE ooo EEEssstttiiigggmmmaaa dddeee UUUmmm PPPooovvvooo DDDeeesssppprrreeepppaaarrraaadddooo Por Fernando Zornitta 8 se estabelecer), como vários que Fortaleza viu se depreciar desta forma, onde o tumor e o câncer já se estabeleceram. E o principal germe, que encontramos em algumas destas “casas de espetáculo” da Praia de Iracema, por exemplo, as quais se travestem do excelente disfarce como de “interesse à visitação turística”, é justamente onde o câncer da prostituição que veio com o turismo sexual, encontra o caldo de cultura próprio que vai depois se alastrar para outros locais da cidade e do Estado – principalmente na faixa litorânea - alijando os seus concidadãos de vários dos seus históricos e tradicionais espaços, dos seus bairros e dos seus mais nobres pontos de referência cultural e paisagísticos e causar a repulsa do turismo familiar, de qualidade. Em duas batidas policiais (que tiveram repercussão na cidade de Fortaleza) nas casas noturnas deste depreciado bairro - uma em maio e outra em junho de 2004, a polícia prendeu na primeira vez 27 e na segunda 32 pessoas ao mesmo tempo, todos "turistas estrangeiros em situação irregular” nestas casas noturnas. Em outubro deste mesmo ano foram presos em outra blitz - também em casas noturnas da Praia de Iracema - 12 estrangeiros e 5 boates foram fechadas. 11 estrangeiros (alemães e italianos) de outra gangue que mantinham inclusive página na Internet na Alemanha e promoviam o turismo sexual em Fortaleza também foram presos neste final de ano e agora em dezembro, aqui mesmo, acabou o julgamento de pessoas que faziam parte de uma rede internacional de prostituição com conexões na Espanha.e que exportavam “há 6 anos” as brasileiras para se prostituírem na Europa. Em Fortaleza neste mesmo ano de 2004 foram presos ingleses com 3 meninas numa casa alugada para veraneio numa praia da orla marítima, os quais mantinham relações sexuais com elas em troca de retribuição financeira, ou seja “prostituição infantil promovida por turistas estrangeiros”. No nordeste do Brasil, Recife, Salvador, Natal e Fortaleza se destacam como as principais capitais e portões de entrada de turistas estrangeiros e, também da prática do turismo sexual, onde verdadeiras gangs e redes internacionais encontram o solo propício para se estabelecer: sol, mar, brisa, clima tropical, belas mulheres, brasileiros subservientes dentro do sistema e dos empreendimentos turísticos e nenhum impedimento para se estabelecer e irradiar essa e outras práticas nefastas. OO CCOONNTTEEXXTTOO DDOO TTUURRIISSMMOO,, OOSS CCOONNTTRRAA--CCEENNSSOOSS EE OOSS PPAARRAADDOOXXOOSS Paradoxal é que estes convivam a se proliferem no mesmo ambiente que se quer e se espera um “turismo de qualidade” mas que, fatalmente pela inanição ou pela permissividade, acabarão por contaminar e destruir num processo
  • 9. “““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA””” EEE ooo EEEssstttiiigggmmmaaa dddeee UUUmmm PPPooovvvooo DDDeeesssppprrreeepppaaarrraaadddooo Por Fernando Zornitta 9 autofágico o próprio turismo e as localidades que têm potencial, enquanto causam a repulsa por parte do visitante que pratica o verdadeiro turismo e da própria comunidade. Em Fortaleza, o bairro da Praia de Iracema, por exemplo, continua bom para os estrangeiros, mas não mais para a população residente, que não mais o freqüenta. E não é necessário o mínimo de inteligência para constatar o problema. É só analisar a motivação, o tipo de turista e de público que encontramos lá; deixar de vez a hipocresia e o mau-caratismo e começarmos a agir através de ações enérgicas, que contemplem a todos sem exceção e, principalmente, aquelas casas famosas que se travestem como “de interesse turístico”, que ocupam áreas nobres no bairro e na verdade não oferecem nada de bom para a comunidade, mas muito pelo contrário. Em um ou em mais de um destes tradicionais e famosos espaços, certamente estará o foco desta infecção, dos tumores, lá estarão as rainhas do cupinzeiro, desta praga que acometeu o bairro. Mas tudo – é preciso ter muito claro - é o resultado de governos neoliberais que incentivaram os investimentos internacionais, que divulgaram as nossas potencialidades sem conhecimento da matéria (do turismo e seus efeitos), sem uma política e ações protecionistas e, de outros, que por incompetência e safadeza mesmo, nunca assumirem a si a responsabilidade sobre os sérios problemas sociais do confronto de povos tão despreparados e com o desenvolvimento sócio-econômico e culturas tão diferenciadas, que não tem como buscar o seu quinhão, a sua fatia, o seu pão nosso de cada dia, nesse bolo que vêm, mas que sempre fica com uns poucos que se fartam e com governos que só ouvem, vêm e falam no tilintar das moedas. O Ceará e o Nordeste brasileiro aceleraram o “negócio turístico” e fecharam os olhos para os sérios impactos que o desenvolvimento turístico espontâneo trás e nem prepararam as suas comunidades para os impactos que viriam e que sempre vêm. E para isso não é tolerável o discurso da ingenuidade, pois há duas décadas o próprio governo brasileiro têm profissionais sendo formados nos centros mais especializados do planeta no trato do turismo, só que nesta especialidade todo mundo mete a colher. O outro nódulo detectado foi justamente o da “burrice e da incompetência generalizada dos administradores”, que sem uma ação técnica orientada, nesta atividade que tem um corpo de conhecimento que se nutre de várias ciências na sua organização, a tudo permite, desde que traga investimentos e empreendimentos – o que tecnicamente só faz contribuir para depreciar todo o sistema turístico local. (vide artigo “Cidade Sem Alma, Praia Sem Futuro*³”, do mesmo autor*¹). Para sanar os problemas e amenizar os impactos que o turismo trás, será necessária uma gestão sistêmica, democrática, participativa e responsável. As
  • 10. “““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA””” EEE ooo EEEssstttiiigggmmmaaa dddeee UUUmmm PPPooovvvooo DDDeeesssppprrreeepppaaarrraaadddooo Por Fernando Zornitta 10 fórmulas da correta gestão já existem, basta que se estenda a mão e se queira dar sustentabilidade ao sistema e ao patrimônio turístico local, regional e nacional, bastando para isso e por primeiro, que governos abram mão da hegemonia na gestão – que não tem conseguido administrar corretamente o turismo e o sistema interdisciplinar que lhe é pertinente e nem barrar as agressões e os impropérios. (vide proposta do SINCATUR – Sistema Integrado de Câmaras de Turismo*⁴, também do autor *¹, apresentada em congressos) Para essa correta gestão ocorra e se estabeleça de fato e definitivamente, é necessária a participação e a livre expressão por parte do mais amplo espectro da sociedade; é necessária a circulação da informação através de uma adequada e honesta comunicação; é preciso dar voz ao cidadão, ao administrador público, ao político e ao técnico; às instituições e ao conjunto da sociedade. Mas é preciso também, que a ação parta de princípios éticos, de justiça social e de valorização da vida (da vida de todos e não só de uma minoria). Num país que têm uma recente tradição democrática – ainda em sedimentação - o processo de organização da estrutura de gestão do turismo será em muito facilitado, se partir de um governo comprometido com essa vertente participativa, em que a voz do cidadão que propõe alternativas e portas de saída para o caos que a humanidade vem construindo na sua evolução, não se feche às novas e não tradicionais formas de organização. AASS MMEENNIINNAASS EE OO IICCEEBBEERRGG A recente investigação do Governo Italiano que foi batizada de MENINAS DE FORTALEZA e que envolveu as polícias e instituições dos dois países e da Interpol, é apenas a ponta do Iceberg dos efeitos nefastos de uma política do permissionismo, temperada pela ignorância e pela incompetência dos nossos gestores, pelo neoliberalismo ufanista centrado no “empreendedorismo” (que vem ilustrado pela sua inclusão no cenário e nas estatísticas turísticas nacionais e internacionais e nas participações do turismo no PIB) além da corrupção, que historicamente sempre permeou todos os escalões do governo brasileiro e que são vergonhosamente conhecidas a nível internacional. O turístico especificamente, pelos seus efeitos positivos poderia – mas não está – ajudando a reverter esse quadro, pois ainda não é tecnicamente tratado no seu amplo contexto econômico, sociocultural e ecológico-ambiental. Os efeitos e indicadores negativos é que crescem e aparecem - os da criminalidade e dos crimes internacionais como o tráfego humano e de drogas, os crimes contra o sistema financeiro, nos investimentos com dinheiro que surge como que por um passe de mágica e que ninguém sabe da sua origem; com a prisão de fugitivos de outros países – principalmente da Europa, que
  • 11. “““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA””” EEE ooo EEEssstttiiigggmmmaaa dddeee UUUmmm PPPooovvvooo DDDeeesssppprrreeepppaaarrraaadddooo Por Fernando Zornitta 11 vêm crescendo no Ceará e no nordeste brasileiro na mesma proporção que os indicadores de crescimento do turismo. Do início do processo neoliberal do turismo no Ceará – da década de 90 aos dias atuais - a economia e a estatística do turismo com seus indicadores em presenças, em crescimento das UHs e de leitos, em recursos e em empreendimentos de estrangeiros, são aceleradamente ascendentes, igualmente aos da criminalidade – com tipologias e escalas de crimes até então desconhecidas por estas paragens; também pode ser avaliado pelo número de “empreendimentos de estrangeiros” que vêm acompanhados pela encampação e depreciação das nossas paisagens privilegiadas e da quase totalidade dos imóveis nos bairros e recantos mais representativos, tradicionais e de referência da comunidade local que vão parar em mãos alienígenas; com a corrosão social, depreciação e descaracterização do patrimônio cultural material, imaterial e do ser humano que está por detrás das manifestações. É como a “Broadway” ou a “Babilônia” em que se transformou Canoa Quebrada, é como a Praia Furada (não Pedra) que se transformou Jericoacoara, onde se fala todas as línguas, mas o próprio jangadeiro não pesca mais o seu peixe; é Como o “Oásis das Fontes” que tem uma ilha de riqueza encravada nas falésias (contrariando a própria legislação ambiental) e cercada de miséria e abandono por todos os lados. Um brasileiro no exterior - na Europa, por exemplo - não compra automóvel, não compra imóveis, não exerce uma profissão especializada concorrendo com os nativos e não monta negócios sem "fixar residência oficialmente – o que é uma paradoxal utopia" e é “controlado” - mesmo que lá esteja só como estudante. Já, um estrangeiro no Brasil vem e compra imóveis, automóveis, monta negócios, trabalha (ocupando os postos de trabalho mais nobres, dando assessoria, consultoria e outras perfumarias) e, ainda têm amplos incentivos de todas as ordens para seus investimentos, desde que venha e "invista". Deveríamos dar o mesmo tratamento que recebemos no exterior mas, com a sedimentada cultura da subserviência de uma sociedade em condições econômicas inferiores e precárias, escancaramos o país, o nosso patrimônio, a nossa gente que se escraviza a todo alienígena, em troca de salários de fome e gorjetas. No Ceará o mercado imobiliário sobrevive com os largos "investimentos" de desconhecida procedência e origem. E, mesmo que com procedência comprovada já é uma afronta à cidadania, cuja astronômica diferença de valor de mercado - com referência a Europa - e do poder de compra deles - "sem nenhuma barreira legal, institucional e sem a comprovação da origem do dinheiro". Aqui no Brasil, o problema tupiniquim básico é mesmo de "falta de vergonha na cara". Todas as instituições e poderes, por terem uma legislação omissa,
  • 12. “““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA””” EEE ooo EEEssstttiiigggmmmaaa dddeee UUUmmm PPPooovvvooo DDDeeesssppprrreeepppaaarrraaadddooo Por Fernando Zornitta 12 que de outra forma poderia estar barrando no "baile escancarado" as facilidades com que alienígenas investem (sem nem saber-se de onde vem o vil metal) e sem uma reciprocidade de tratamento quando um brasileiro tenta investir no exterior. Honorifica-se os “investidores” estrangeiros e proclama-se em coro o ultrapassado, contraproduscente e papagaiado discurso da “geração de empregos e renda”. Mas nossa inteligência não passa disso, pois não avaliamos que tipo de emprego e nem que renda; não consideramos todos os outros fatores e reflexos negativos que vêm junto com eles. O Iceberg dos problemas ainda não apareceu totalmente e não se conhece ainda a sua extensão. Mas os seus efeitos há muito já aparecem no “clima” que pode estar congelando o sistema do turismo e a sociedade bem debaixo dos nossos narizes; nas paisagens que se descaracterizam e se degeneram, na economia que cresce e incha, mas também serve à concentração da renda; na cultura e no seu patrimônio, que se depreciam e desaparecem; na agressão ao nosso povo sofrido, que incomoda a alma dos cidadãos comuns que não têm voz, que lutam para sobreviver e para manter as suas famílias dignamente; que não concordam e que se indignam com as milhares de meninas, que a essas alturas podem ter virado prostitutas as vistas grossas das autoridades e de toda a sociedade para continuarem satisfazer os corruptores e os pedófilos; que elevam os números que ilustram os gráficos e as estatísticas do turismo e da economia, alegrando aos empreendedores locais e aos de origem alienígena. O recente e triste comprovação dos fatos, que culminou com a prisão dos corruptores no processo intitulado MENINAS DE FORTALEZA, faz parte do estigma de um povo despreparado para entender, respeitar e dignificar uma importante e potencial atividade e tratá-la com o zelo, com a técnica e com a dignidade que merece. ___________________________________________________ *¹ Fernando Zornitta – Doutorando pela Universidade de Barcelona (Planejamento Territorial e Desenvolvimento – Proposta de Tese TURISMO NA AMÉRICA LATINA E CARIBE – Política de Desenvolvimento Econômico, Territorial e de Sustentabilidade), diplomado em Arquitetura e Urbanismo; pós-graduado - Especialização em Lazer e Recreação na UFRGS em Porto Alegre, Especialização em Turismo (Centro de Treinamento da OMT/ONU Para a Europa - SIST Roma/Itália), com Estágio de Aperfeiçoamento em Planejamento Turístico (Laboratório de Geografia Econômica da Universidade de Messina - Messina/Itália). Participou de cursos da OMT em Roma de Sub-especialização em Marketing Turístico em Sub-especialização em Relações Públicas e Publicidade para o Turismo e Sub-especialização em Técnica de Organização de Congressos. É Técnico de Realização Audiovisual, Instituto Dragão do Mar (Fortaleza-CE). Foi professor (Marketing Turístico II e Elementos de Ciência do Meio Ambiente em Curso Universitário de Turismo e em cursos de extensão). Co- idealizador, fundador e participante do Movimento GREEN WAVE, da APOLO - Associação de Cinema e Vídeo e da UNISPORTS - Esportes, Lazer e Cidadania. É consultor de ongs e oscips. Autor, ministrante e coordenador de cursos, dentre os quais: TURISMO E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, GESTÃO MUNICIPAL DO TURISMO, MARKETING TURÍSTICO, TURISMO SUSTENTÁVEL e ANIMAÇÃO TURÍSTICA..
  • 13. “““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA””” EEE ooo EEEssstttiiigggmmmaaa dddeee UUUmmm PPPooovvvooo DDDeeesssppprrreeepppaaarrraaadddooo Por Fernando Zornitta 13 Autor do SINCATUR – Sistema Integrado de Câmaras do turismo, apresentado no Seminário Internacional MED AMERICA em Barcelona em abril de 2002 e no PLANEFOR – Cidades que Se Planejam, em Fortaleza em novembro de 2003 e também aprovado pelo Comitê Científico do MERCOCIDADES 2004 em Porto Alegre para apresentação. É também autor de vários artigos e trabalhos sobre lazer, recreação e turismo e está finalizando o livro intitulado TURISMO, PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E MUNICIPALIZAÇÃO NUMA ABORDAGEM HOLÍSTICA Apresentou trabalho na Conferência Mundial Sobre Turismo Sustentável em Lanzarote, Ilhas Canárias em 1995, cujo projeto GEOGRAFIA DO TURISMO NA AMÉRICA DO SUL, CENTRAL E CARIBE, contribuiu com idéias para a CARTA DO TURISMO SUSTENTÁVEL – UNESCO/ONU (18 princípios para a promoção do turismo sustentável), na qual o trabalho e o autor estão relacionados no documento final. E-mails: fzornitta@uol.com.br / fzornitta@hotmail.com Fones: (51) 93250793 / (85) 99480120 ______________________________ *² Artigo TURISMO E PROSTITUIÇÃO foi um dos primeiros artigos publicados no Brasil (em 1993) que relacionou estas duas variáveis: “turismo e prostituição”, de autoria de Fernando Zornittta. A motivação para o artigo foi a indignação do autor com um cartão de visitas entregue com os dizeres: LE PIÙ BELLE RAGAZZE PER I VOSTRI SOGNI (as mais belas garotas para os seus sonhos), por um representante de empresa que iniciava empreendimentos turísticos-imobiliários no Ceará. Para comprovar o que foi dito no artigo TURISMO E PROSTITUIÇÃO (em anexo) cópias das capas de alguns catálogos das operadoras turísticas da Itália e da Espanha (citados no artigo) - estes formavam uns 6 cm de material que foram entregues para a Casa Civil do então Governo do Estado - por solicitação da Casa Civil. Infelizmente não me devolveram o material, embora tivessem se comprometido em fazê-lo e, por isso, as imagens não são a cores, mas apenas fotocópias deste material citado (tiradas antes da entrega). _____________________________________________ *³ CIDADE SEM ALMA, PRAIA SEM FUTURO - Artigo comenta e incentiva uma ação do Ministério Público na orla marítima de Fortaleza - conhecida como Praia do Futuro – sugerindo os corretos rumos na inclusão urbanística desta faixa, que se preocupe prioritariamente com o lazer e recreação; que atenda os interesses coletivos como prioridade e os turísticos de forma sustentável. _______________________________________________ *⁴ SINCATUR – Sistema Integrado de Câmaras de Turismo (Administração Integrada e Sustentável do Turismo) O SINCATUR é uma proposta de organização do turismo para ser aplicado em países, regiões, cidades e localidades que têm uma estrutura administrativa federativa; podendo também ser adaptado em outros países com distintas formas de organização política e subdivisões. O sistema proposto visa adequar e atender as prerrogativas e características da administração desta atividade, destacando-se dentre estas a dificuldade de coordenação, da organização e da administração dos diversos elementos e dos agentes envolvidos (e daqueles que ficam a margem do processo), de formas a apontar para as necessárias correções de rumo na inter-relação dos componentes sócio-econômicos, socioculturais e ecológico-ambientais - os quais, pela tradicional forma de administração, só têm contribuído para a depreciação manifestada fisicamente no
  • 14. “““MMMEEENNNIIINNNAAASSS DDDEEE FFFOOORRRTTTAAALLLEEEZZZAAA””” EEE ooo EEEssstttiiigggmmmaaa dddeee UUUmmm PPPooovvvooo DDDeeesssppprrreeepppaaarrraaadddooo Por Fernando Zornitta 14 espaço turístico - que sedimenta a infra e a superestrutura necessárias (mas não sempre adequadas), induzindo a reflexos socioculturais e ambientais, gerando conflitos, ineficiência e insustentabilidade. Saindo da esfera pública como única condutora das políticas (que via de regra atende prioritariamente aos interesses empresariais, que é omissa aos principais problemas; que é ultrapassada, centralizadora, ineficaz, incompetente e contaminada pela “política partidária” e se esquece do contexto global do turismo), o SINCATUR propõe uma estrutura administrativa e organizacional ideal e alinhada tecnicamente com o “sistema turismo” - co-gestão e ações compartilhadas e participativas entre todos os envolvidos - na condução e no controle desta potencial atividade a nível local, regional e nacional, favorecendo a colaboração entre os agentes e interesses envolvidos (que normalmente atuam centrados na defesa dos seus interesses específicos – mas raramente a partir de uma visão global e planejada) e, também, em função de atender a premente necessidade de qualificação do espaço turístico onde as relações turista-visitante ocorrem e planejar a evolução da atividade. O SINCATUR, foi apresentado no III Congresso Internacional MED AMÉRICA em Barcelona em 2002, no Congresso Internacional do PLANEFOR em Fortaleza em 2003 e aprovado para apresentação no VI Congresso Internacional MERCOCIDADES em Porto Alegre em 2004, mas até o presente momento, por propor uma reformulação na tradicional forma de administração do turismo, que sai das esferas públicas e abre espaços para a co-gestão participativa, ainda não foi elegido como uma alternativa viável e correta de administração do turismo – que sempre fica nas mãos do poder público coagido pela iniciativa privada em função dos interesses setoriais, que sempre inviabilizam a correta condução e sustentabilidade do sistema. _____________________________ Os conceitos aqui apresentados no texto MENINAS DE FORTALEZA são de inteira responsabilidade do autor. Fica autorizada a reprodução total ou parcial do texto – para fins didáticos e de publicação em quaisquer veículos, desde que sempre citada a fonte, feita a referência e citada a autoria do mesmo.