O relatório descreve o Programa de Qualificação dos Cafeicultores do Cerrado (PQCC) de 2010-2011 executado pela Fundação Café do Cerrado. O programa ofereceu 10 módulos de capacitação sobre produção, gerenciamento e mercado para cafeicultores de Patrocínio, Araxá e Carmo do Paranaíba em Minas Gerais. Os módulos abordaram tópicos como uso de EPIs, manejo integrado de pragas, mecanização, insumos, tecnologia de produção e pós-colheita.
1. Fundaccer - Fundação Café do Cerrado
Relatório Final – Programa de Qualificação dos Cafeicultores do Cerrado - PQCC
Edição 2010 / 2011
1 - Introdução
A cafeicultura na Região do Cerrado Mineiro é marcada pelo empreendedorismo
de seus produtores, o espírito e a atitude de liderança de seus representantes, além de
compartilhar e acompanhar o desenvolvimento técnico e científico que todo o país gera.
Há, portanto, grande diversidade na formação dos grupos de pessoas que
compõem esta força produtiva. Juntamente à múltipla base étnica (descendentes de
outras regiões do Brasil), diferentes papéis são desenvolvidos até atingir-se o estágio de
conhecimento técnico, da logística e da cultura organizacional.
Tal região, utilizando desta diversidade, constitui a Região do Cerrado Mineiro,
um lugar composto por municípios com produção agrícola avançada e amparo
governamental de parcialidade. Os produtores organizam as fazendas, ordenam o
trabalho que as lavouras exigem. Os técnicos recomendam o uso de produtos e serviços,
sendo que também se amparam nas pesquisas e inovações da indústria de insumos para
oferecer à cafeicultura sempre as melhores e mais viáveis alternativas. Os órgãos
públicos encarregam-se da infra-estrutura de pontes, estradas e rodovias, para escoar a
produção. As organizações da produção (cooperativas e associações) interligam o
produto café com o mercado nacional e mundial, promovem eventos demonstrativos e
auxiliam parcialmente o produtor na gestão rural.
Contudo, o empreendedor que atua com destaque dentro desta cadeia produtiva é
o produtor, responsável por utilizar sempre da melhor forma os recursos de que dispõe
naturalmente (solo, água, clima propício, declividade no relevo), além de buscar as
melhores condições de obter e utilizar os recursos externos (colaboradores, material de
construção, sementes e mudas, máquinas, adubos, defensivos, combustíveis, materiais
de moradia, alimentação).
2. Outro insumo de maior importância é a informação técnica, a qual está em
constante aprimoramento e exige transferência de conhecimento. Mesmo com a
estrutura plural de produtos e serviços, fica limitante para o pequeno produtor ter acesso
frequente e atualizado à esta informação, à medida que as novidades aparecem.
A capacitação de produtores é benéfica para atingir maiores índices de
qualidade dos grãos, um elemento importante no Desenvolvimento Setorial e
reconhecimento de mercado. Difundir os processos necessários para uma produção de
organizada dentro das propriedades e com sustentabilidade também é feito através da
capacitação.
O PQCC 2010/2011 – Programa de Qualificação dos Cafeicultores do Cerrado,
visa oferecer conhecimento gratuito aos produtores, subsidiado pelas instituições
representativas e pelo governo federal, através de recursos que cada um destes dispõe.
2 – Desenvolvimento do Programa
Execução:
Fundaccer – Fundação Café do Cerrado
R. Rio Branco, nº 231 – Bairro Centro – Patrocínio/MG – Brasil
Convênio Apoio:
MAPA – Ministério da Agricultura e Pecuária
Secretaria de Produção e Agroenergia – SPAE – Departamento do Café
Esplanada dos Ministérios, Bloco D – 7º Andar – Brasília/DF – Brasil
Estrutura Física:
1 – Centro de Excelência do Café – Unidade Patrocínio/MG
Faz. Experimental da Epamig – Estrada da Lagoa Seca s/n° - Zona Rural
2 – Cooperativa Agropecuária de Araxá – CAPAL
R. Maria Rita de Aguiar, 172 – Centro – Araxá/MG
3 – Associação dos Cafeicultores da Região de Carmo do Paranaíba – Assocafé
R. Mirandópolis, 1380 – B. Amazonas – Carmo do Paranaíba/MG
3. 3 – Conteúdo dos Módulos
O programa foi dividido em 10 módulos, que abordavam 03 setores principais:
1: Produção – 2: Gerenciamento – 3: Mercado/Comercialização/Certificação
3.1: Produção
3.1.1 - Curso: Utilização de Equipamento de proteção individual (EPI) e
destinação correta de embalagens de agrotóxico.
3.1.2 – Curso: Manejo integrado de pragas e doenças
3.1.3 – Curso: Mecanização na pequena propriedade
3.1.4 – Curso: Utilização de insumos
3.1.5 – Curso: Tecnologia de produção
3.1.6 – Curso: Tecnologia em pós-colheita
3.2: Gerenciamento
3.2.1 – Curso: Básico em gestão administrativa e financeira
3.3: Mercado/ Comercialização / Certificação
3.3.1 – Curso: Acesso a mercados
3.3.2 – Curso: Adequação e princípios para Certificação da Propriedade
3.3.3 – Curso: Marketing no Agronegócio Café
Estes cursos foram ministrados na seguinte ordem:
Patrocínio Patrocínio Carmo
Módulo Horas Instrutor Araxá
A B Paranaíba
Utilização de
1 EPI 8 Joel Borges 04/nov 08/nov 09/nov 10/nov
Utilização de 22 e 23 / 24 e 25 /
2 insumos 12 Luis Américo Paseto nov nov 29 e 30/ nov 01 e 02/ dez
3 Certificação 8 Fernando Machado 13/dez 14/dez/10 15/dez 16/dez
Gestão
4 Administrativa 16 Marcos Ramos 10 e 11/ jan 12 e 13/ jan 19 e 20 / jan 17 e 18 / jan
5 MIP/MID 16 Marcos Menezes 10 e 11 / fev 10 e 11 / fev 14 e 15 / fev 16 e 17 / fev
Tecnologia 28/ fev e 02 e 03/
6 produção 12 Petrônio Júnior 21 e 22/ fev 23 e 24/ fev 01/mar mar
7 Marketing 8 Juliano Tarabal 14/mar 16/mar 21/mar 23/mar
Acesso a
8 Mercados 12 João Júnior / Wellis 04 e 05/ abr 06 e 07/abr 13 e 14/abr 08 e 11/abr
25 e 26 / 27 e 28 / 02 e 03 / 04 e 05 /
9 Mecanização 12 Donizete G. Lima abr abr mai mai
09 e 10 / 11 e 12 / 13 e 14 / 18 e 19 /
10 Pós-colheita 16 Wellis / Rodrigo T. mai mai mai mai
Tabela 01: Ordem Cronológica de realização do PQCC 2010/2011, com todas as 04 turmas.
4. 3.1: Produção
3.1.1 - Curso: Utilização de Equipamento de proteção individual (EPI) e
destinação correta de embalagens de agrotóxico.
Foto 1: Instrutor Curso de EPI’s /Devolução Emb. Foto 2: Estacionamento do CEC recebe participantes.
Neste primeiro curso, as 04 turmas tiveram um reforço do funcionamento de
todo o programa, antes do início das aulas. A necessidade de trabalhar com maior
segurança na aplicação de defensivos e a preocupação com resíduos no meio ambiente
foram abordadas em 08 horas de curso. Ao final de cada turma, foi sorteado um EPI –
Equipamento de proteção individual completo.
3.1.2 – Curso: Manejo integrado de pragas e doenças
Foto 3: Identificação de doenças e planilha com GPS Foto 4: Parte teórica das pragas e doenças do café
Neste curso, foram abordadas quais pragas e doenças podem ser identificadas, a
fim de se promover um controle racional e georreferenciado (uso de GPS) das
infestações nas lavouras. Com duração de 16 horas, os participantes puderam conhecer
uma metodologia moderna e abrangente para gestão dos cafezais. Foram cedidas
listagem de defensivos registrados para cada praga e doença estudadas.
5. 3.1.3 – Curso: Mecanização na pequena propriedade
Foto 5: Aula no CEC estendida até o fim da tarde. Foto 6: Alunos durante o café com instrutor.
Neste curso, os participantes trataram de procedimentos indispensáveis para
manejo de plantas infestantes, arruação para colheita, plantio mecanizado, podas
mecanizadas, maquinários de beneficiamento, entre outros. Como ilustrado na foto 6, os
participantes dispunham de alimentação durante todos os cursos, sendo almoço, café da
manhã e café da tarde. Para aqueles que se deslocavam de municípios próximos, o local
contava com disponibilidade de alojamento em 04 suítes e capacidade para 40 pessoas.
3.1.4 – Curso: Utilização de insumos
Foto 7: Alunos acompanham como conferir análise. Foto 8: Material didático apostilado concedido.
Para o curso de Utilização de Insumos, a abordagem dada compreendeu desde os
princípios de nutrição vegetal (lei do mínimo, equilíbrio nutricional) até a metodologia
de coleta de amostras e aplicação de corretivos e adubos com taxa variável (agricultura
de precisão). Na foto 7, o instrutor transfere sua experiência como consultor em
cafeicultura sobre níveis de nutrientes ideais a partir das análises de solo e folha e, na
foto 8, participante acompanha com material didático, além de anotações pessoais.
6. 3.1.5 – Curso: Tecnologia de produção
Foto 9: Instrutor com a turma de Araxá na CAPAL. Foto 10: Na CAPAL, produtores da comunidade.
O curso de Tecnologia de Produção abordou com foco agronômico em suas 12
horas de duração a importância e influências da seleção de cultivares, as fases da cultura
e a bienalidade, bem como: Panorama da Cafeicultura Brasileira; Exigências do
Cafeeiro; Produção de Sementes; Produção de Mudas; Preparo do Solo e Instalação da
Lavoura; Controle de Plantas Infestantes. As fotos agora ilustram a turma 03
(Araxá/MG), onde a Cooperativa Agropecuária de Araxá/CAPAL participou do
programa.
3.1.6 – Curso: Tecnologia em pós-colheita
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Foto 11: Parte do material didático adotado. Foto 12: Degustação desde cafés riados até os finos.
A parte de pós-colheita do café foi programada para o último curso, pela
proximidade com a época de safra. A ementa (programa de aula) abordou técnicas de
secagem, manejo de terreiros, secadores e tulhas. Além disto, alunos foram instruídos
7. sobre o rebeneficiamento de café e como classificar e degustar o café. Foram montadas
três mesas de prova para praticarem e compreenderem sobre a diferenciação do café.
3.2: Gerenciamento
3.2.1 – Curso: Básico em gestão administrativa e financeira
Foto 13: Instrutor usa didática para gerenciamento. Foto 14: Alunos discursam em dupla sobre gestão.
A Gestão Administrativa de propriedades rurais para muitos constitui-se como
uma evolução a ser atingida, ou seja, adotar uma rotina de divisão das despesas e das
receitas, organizar os centros de custo e conseguir gerir o fluxo de caixa. O instrutor
abordou em 16 horas de curso todos os fatores que influenciam na produção rural, desde
os agentes externos como a economia mundial e a sociedade até agentes internos como
cálculos financeiros ou motivação pessoal do empreendedor rural.
3.3: Mercado/ Comercialização / Certificação
3.3.1 – Curso: Acesso a mercados
Foto 15: Alunos participam com perguntas na aula Foto 16:O mercado de café aquecido atrai discussões
8. Neste módulo, as relações entre oferta e demanda no mercado de café, as opções
de comercialização (CPR’s, Físico, Mercado Futuro). Exportação e planejamento de
vendas, além de interpretação de gráficos de índices das bolsas de valores mundiais.
3.3.2 – Curso: Adequação e princípios para Certificação da Propriedade
Foto 17: Instrutor dá importância à certificação Foto 18: Turma sob a placa da CAPAL – Araxá/MG
Para este curso, houve a abordagem sobre o que significa a certificação, além da
importância para as propriedades, independente de porte e volume produzido. A
regularização ambiental foi enfatizada, utilizando os parâmetros adotados pela
legislação vigente e pelas certificadoras independentes. Foram detalhados os
procedimentos para Certificação de Produto e de Propriedades, após detalhados os
protocolos existentes.
3.3.3 – Curso: Marketing no Agronegócio Café
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Foto 19: Aula montada com bases do marketing. Foto 20: Material com conceitos de MKT para café
Visando dar abrangência ao conteúdo e fortalecer a importância de produzir com
qualidade os cafés desde a matéria-prima, o curso de Marketing no Agronegócio Café
mostrou como funcionam as marcas, os segmentos de consumo e tendências. Com 08
horas de duração, um tema que surgiu como novidade para alguns participantes agradou
bastante, pois foi compreendida a importância dos fatores do marketing para o negócio.
4 – Considerações conclusivas
4.1 – Referente aos executores: Fundação Café do Cerrado
9. O programa delineado pela instituição teve como objetivos propiciar
conhecimento aos produtores de forma abrangente, objetiva e atual; aumentar a
capacidade de gestão da produção de café com qualidade e promover a sustentabilidade.
A receptividade demonstrada pelos participantes surpreendeu os organizadores,
pois muitos se identificaram com o trabalho, não só por estarem inseridos de alguma
forma com a cultura do café, mas por demonstrarem vontade para continuar recebendo
treinamentos e cursos com este perfil teórico-prático. O aproveitamento foi grandioso.
4.2 – Referente aos apoiadores: Convênio MAPA – Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento / Departamento de Café (DECAF) /
SPAE – Secretaria de Produção e Agroenergia.
O recurso disponibilizado para custear o programa foi de suma importância, pois
com ele a contratação de consultores (instrutores), o fornecimento de alimentação e
material didático compuseram a condição ideal de realização dos cursos.
4.3 – Referente aos instrutores: Contratados para os cursos
Toda a experiência de mercado, a disponibilidade em ensinar e o empenho para
demonstrar de forma didática e proveitosa todos os pontos de vista enxergados
profissionalmente foram determinantes para a alta relevância dos cursos para os
produtores.
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Juliano Tarabal – Superintendente Fundaccer Fernando Machado – Gestor de Qualificação
Junho de 2011.
Patrocínio, Minas Gerais.