A instalação "Luminescência" explora a relação entre cidades e água através de videomapping e som ambiental imersivo projetados nas paredes de prédios. A obra discute os impactos da urbanização e saneamento em cidades como Santos, que modificaram ecossistemas aquáticos em nome do progresso econômico. O artista Felipe Julián usa a água como inspiração para debater esse tema e conscientizar sobre a importância da pesquisa e preservação desse recurso.
2. LUMINESCÊNCIA
a luz do plancton no movimento das águas
uma ocupação audiovisual
de Felipe Julián
composta por
videomapping interativo!
e
ambiente sonoro imersivo!
para debater a questão
águas x cidades
3. por favor…!
não deixe de assistir a este vídeo;
a imagem em movimento é mais representativa
da instalação LUMINESCÊNCIA
do que as imagens parada deste folder.
https://www.youtube.com/watch?v=bYSFOO9Sgxc
15. Quase desnecessário dizer o quão
importante possa ser o desenvolvimento
continuado de pesquisa e concientização
acerca dessa relação CIDADE X AGUA.
Q u a s e d e s n e c e s s á r i o m a s . . .
lamentavelmente... imprescindível como
nunca.
!
Neste exato momento, após os processos
c o m b i n a d o s d e s a n e a m e n t o e
industrialização que as grandes cidades
brasileiras iniciaram na virada do século XIX
para o XX, presenciamos finalmente à
tragédia anunciada da falta de água. A crise
de abastecimento que as cidades
brasileiras começam a sofrer a partir de
agora inicia-se com o esvaziamento dos
reservatórios da maior metrópole nacional:
São Paulo. Desde junho de 2014, a agua
falta nos bairros periféricos da cidade e já é
consensual que no segundo semestre de
2014, a falta de agua na cidade será
generalizada.
!
Mas seria hipocrisia creditar tal tragédia ao
mau uso desse recurso. Se por um lado isso
é inegável, por outro há que se considerar
todo o histórico de urbanização e
saneamento sofrido pelas principais cidades
brasileiras:
!
16. A cidade de Santos, por exemplo, foi criada sobre as águas pantanosas da
beira mar para servir de porto de escoamento da produção cafeeira e
industrial de São Paulo. Seus muitos quilometros de aterros, que afastaram
cada vez mais esse mar da serra continental, escondem um gigantesco e
custoso sistema de drenagem iniciado em 1892, composto por milhares de
canos, dutos, registros, válvulas e bombas sem as quais a cidade de Santos
estaria, hoje, parcialmente submersa.
!
Até o inicio desse plano sanitário, que secou e cimentou mangues e córregos,
o centro de Santos acumulava lixo e esgoto junto às águas pantanosas que
brotavam do chão. A febre amarela e a bexiga provocaram a migração
massiva dos moradores para outras cidades vizinhas. Na última década do
século XIX, contabilizaram-se as mortes de 23.000 moradores. Quase a
metade da população da cidade. Cumprir a função de maior porto da América
Latina significaria domar, domesticar e sanar as águas; e invadir o mar e o
costão rochoso eliminando boa parte da vida que alí proliferava.
17. LUMINESCÊNCIA
!
Vê-se, pelo exemplo da cidade de Santos, que o
progresso econômico está diretamente ligado à
modificação da vida aquática ou da vida às
margens dos rios, lagos, corretos e mares. A
agua é tratada como essencial à nossa vida mas
esquecemos que ela é, em si, portadora de vida
e de uma biodiversidade substantiva.
!
Mediante a ineficácia da sociedade civil em
superar o rolo compressor do progresso, faz-se
imprescindível que esta pauta venha à debate em
ambientes para além das escolas ou jornais. É
hora de assimilar a agua e sua vida no ambiente
da produção artística. É preciso debatê-la.
!
O artista audiovisual Felipe Julián, há anos utiliza
o movimento da agua como matriz para vídeos oe
instalações que realiza. Seu alter-ego
performatico "Craca" é justamente um
personagem desgarrado desse universo
submarino que, assim como em Morte Vida
Severina, vai da morte à vida... da seca do sertão
à agua das alagações.
!