Dados do PIB gaúcho referentes ao 2.º trim./16, divulgados pela FEE, mostram que alguns segmentos da economia apresentam sinais de melhora, a despeito do cenário recessivo que persiste. O setor de construção civil, por exemplo, cresceu 1,0% em relação ao mesmo trimestre de 2015, interrompendo uma sequência de oito trimestres consecutivos de queda. No entanto, o segmento ainda acumula queda no ano, e as perspectivas de curto e médio prazos não são claras. Nesse contexto, uma avaliação do cenário para os próximos meses requer a análise de um conjunto maior de informações.
Construção Civil no RS: reversão do cenário recessivo?
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Construção Civil no RS:
reversão do cenário
recessivo?
Carta de Conjuntura FEE
Jéfferson Colombo
(Pesquisador em Economia)
Fernando Cruz
(Pesquisador em Economia)
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Motivação
Desempenho recente do setor no RS
• A pergunta que inevitavelmente surge é: quais são as
perspectivas para o setor nos próximos meses?
Trim.Ano(t)/Trim.Ano(t-4) Acumulado no Ano Acumulado em 4 Trimestres
2014.II -1,1 4,5 5,3
2014.III -7,5 0,3 1,5
2014.IV -1,8 -0,2 -0,2
2015.I -8,1 -8,1 -4,7
2015.II -9,9 -9,0 -6,8
2015.III -4,7 -7,6 -6,1
2015.IV -3,4 -6,6 -6,6
2016.I -4,1 -4,1 -5,5
2016.II 1,0 -1,6 -2,8
Taxas (%) de Crescimento do VAB da Construção Civil - RS
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Tipos de variáveis de acordo com sua interação com o ciclo
econômico (seja da atividade agregada ou de um setor):
Antecedentes: variáveis cujos movimentos precedem o ritmo de
atividade econômica;
Coincidentes: variáveis cujos movimentos coincidem com o ritmo
de atividade econômica;
Defasadas: variáveis cujos movimentos são precedidos pelo ritmo
de atividade econômica;
• Traçar cenários para o setor exige a sistematização de um
conjunto de indicadores antecedentes em múltiplas dimensões;
Utilização de variáveis tipicamente
antecedentes
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Agrupamento dos indicadores antecedentes de acordo
com sua justificativa econômica (OCDE, 2012)*
i) Causadores primários;
ii) Sensíveis a expectativas;
iii) Estágios iniciais da produção;
iv) Resposta rápida.
* Adaptado de “OECD System of Composite Leading Indicators”, Abril, 2012. Disponível em
<http://www.oecd.org/std/leading-indicators/41629509.pdf>
Classificação de indicadores antecedentes
potenciais
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Etapas básicas do ciclo de construção de edifícios:
1) Projeto de viabilidade, compra (ou permuta) do terreno,
projeto arquitetônico, planejamento da obra;
2) Serviços preliminares – preparação do canteiro de obras,
terraplanagem, execução de fundações.
3) Estrutura, paredes e vedações, instalações hidrossanitárias,
elétricas, complementares, etc.
4) Acabamentos e revestimentos, pinturas externas, louças e
metais, áreas externas e paisagismo, limpeza final.
Nossa ideia: ao medir o nível de emprego nas etapas iniciais das
obras, estaremos antecipando as demais etapas do ciclo da
construção.
A) Estágios iniciais da produção
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Proposta: Somar o nível de emprego (CAGED ajustado pela
RAIS) nos serviços iniciais necessários à execução da obra.
A) Estágios iniciais da produção
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A) Estágios iniciais da produção
Além disso, dispomos de informações de novos lançamentos
imobiliários em Porto Alegre (Sinduscon/RS), que também pressupõe
atividade econômica em períodos seguintes.
Incluímos também a produção industrial física de bens de capital
destinados à construção civil (PIM-IBGE) e de insumos típicos da
construção civil (PIM-IBGE).
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Índice Imobiliário (IMOB - BM&F Bovespa): Retorno de uma
carteira teórica de ativos pertencentes ao setor imobiliário.
Expectativa do empresário da construção civil (ICEI-
Construção - FIERGS): Mede a expectativa do empresário do setor
para os próximos seis meses (relativa ao seu próprio negócio).
Intenção de Consumo das Famílias (Fecomercio/RS): Mede a
situação da população gaúcha em relação a trabalho, renda e
consumo.
Índice de Expectativa do Mercado Imobiliário de Porto Alegre
(Sinduscon/RS e Alphaplan-RS): Mede a confiança de
incorporadores, corretores de imóveis e consumidores acerca do
mercado atual, além da perspectiva de curto e médio prazos.
B) Variáveis sensíveis à expectativa
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Swap Pré DI – 360 dias (BM&F Bovespa): Taxa referencial
de swaps DI vs Pré para o prazo de 360 dias, que representa
uma proxy para o prêmio de risco do mercado (transmissão para
a demanda agregada via custo de captação de crédito no
mercado).
Concessão de crédito para o setor (Banco Central do
Brasil): inclui crédito para construção, reforma e aquisição de
imóveis no RS.
C) Causadores primários
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Metodologia
Pré-seleção
Universo de variáveis candidatas a
antecedentes
Filtragem
Periodicidade
Ajuste sazonal
Detecção de outliers
Avaliação
Capacidade antecipatória das
variáveis
Agrupamento
Justificativa econômica
Agregação
Taxa de crescimento mensal
Pesos inversamente proporcionais
ao desvio-padrão da série
Média móvel (3 meses)
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Resultados: A) Sensíveis a expectativas
Áreas hachuradas (cinza): períodos recessivos da economia brasileira,
datados pelo The Conference Board / Fundação Getúlio Vargas.
IMOB (BM&F Bovespa): acumula alta
de 36,9% no ano.
ICEI (FIERGS): melhora substancial
desde março de 2016 (30,4%);
IEMI-Porto Alegre (Sinduscon-RS):
melhoras consecutivas na confiança
de incorporadores, corretores de
imóveis e consumidores ao longo de
2016;
ICF (FECOMERCIO-RS): intenção de
consumo ainda em nível baixo, com
fraco crescimento em agosto de 2016
(0,2%);
Sensíveis a expectativas
Número índice (Jan/2004 = 100)
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Resultados: B) Causadores primários
Taxa de juros Swap DI-Pré de 360
dias: reduziu-se de 15,8% para 13,2%
de dez./2015 a ago./2016;
Crédito para o setor no RS:
estabilização da queda, sem reversão
da tendência.
Áreas hachuradas (cinza): períodos recessivos da economia brasileira,
datados pelo The Conference Board / Fundação Getúlio Vargas.
Causadores Primários
Número índice (Jan/2004 = 100)
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Resultados: C) Estágios iniciais
Estágios Iniciais
Número índice (Jan/2004 = 100)
Emprego formal em estágios iniciais:
acumula queda no ano (-3,3%), até
ago./2016
Imóveis lançados em Porto Alegre
(unidades): segue com tendência de
queda (-30% no acumulado até
jul./2016);
Insumos típicos da construção:
atingiu mínima em dez./2015, porém a
recuperação é tímida;
Bens de Capital para construção:
cenário similar à produção de
insumos típicos, porém com
crescimento um pouco mais
acentuado em 2016;
Áreas hachuradas (cinza): períodos recessivos da economia brasileira,
datados pelo The Conference Board / Fundação Getúlio Vargas.
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• Três enfoques analíticos distintos para os movimentos
recentes observados nos indicadores:
• Magnitude: o movimento de reversão é diminuto diante do
tamanho da contração do setor;
• Duração: as reversões, quando ocorridas, ainda são recentes e
moderadas e muitas vezes alternam meses de crescimento e
contração;
• Difusão: cinco das dez variáveis (50%) aqui analisados apontam
para uma melhora no prognóstico do setor no acumulado dos
primeiros sete meses de 2016;
• Nossa análise sugere que a recessão que afeta a
Construção Civil no RS está próxima do fim;
• No entanto, as múltiplas dimensões antecedentes aqui
consideradas indicam um otimismo cauteloso, dado que o
cenário mais provável é de recuperação gradual no setor.
Conclusões
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Fundação de Economia e Estatística
Siegfried Emanuel Heuser
Diretoria
Presidente: Igor Alexandre Clemente de Morais
Diretor Técnico: Martinho Roberto Lazzari
Diretora Administrativa: Nóra Angela Gundlach Kraemer
Rua Duque de Caxias, 1691
Centro Histórico, Porto Alegre
CEP: 90010-283
(51) 3216.9000
Obrigado,
Jéfferson Colombo –
jefferson@fee.tche.br
Fernando Cruz –
fernando.cruz@fee.tche.br
Carta de Conjuntura FEE
carta.fee.tche.br