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FARMÁCIA INFORMATIVA
- BOLETIM INFORMATIVO -
2ª Edição, Agosto/ 2013
Automedicação
Por: Thaís Vieira de Souza
O que é automedicação?
A automedicação é a
administração de medicamentos por
conta própria ou por indicação de
pessoas não habilitadas, para tratamento
de doenças onde os sintomas são
“visualizados” pelo usuário, sem
nenhuma avaliação prévia de um
profissional de saúde (ANVISA, 2013).
Para facilitar a obtenção do
alívio recorrente a incômodos que o
afligem, na maioria das vezes, diante de
quaisquer sintomas, principalmente os
mais comuns, como por exemplo,
viroses e infecções, o brasileiro acaba
sendo impulsionado a se automedicar.
Dentre as aplicações mais populares,
destacam-se medicamentos para gripe,
dor de garganta e febre, dentre outros.
Também é elevada a tendência a
procurar inicialmente orientação com
amigos e parentes em busca de uma
solução medicamentosa (CARAMELLI,
2001).
Uma prática extremamente
prejudicial à saúde é o ato de
automedicar-se, pois nenhum
medicamento é considerado inofensivo.
(FERRACINI et al., 2010).
Mesmo parecendo uma prática
aparentemente sem conseqüências, a
automedicação pode promover um
grande risco à saúde. Por exemplo, uma
pessoa ao administrar uma dose do
medicamento acima da indicada ou por
uma via inadequada, pode levar a
efeitos drásticos. Dessa forma, o
paciente deve sempre buscar a
orientação de um profissional de saúde
qualificado (FERRACINI et al., 2010).
Medicamentos utilizados
O uso incorreto de substâncias
mais simples pela população, caso dos
medicamentos de venda livre, como
analgésicos, antiácidos, antitérmicos,
vitaminas, expectorantes, colírios e
alguns produtos dermatológicos pode
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levar a uma série de conseqüências ao
paciente, como por exemplo,
enfermidades iatrogênicas (alterações
patológicas geradas por efeitos
colaterais dos medicamentos), efeitos
indesejáveis e mascaramento de
doenças evolutivas (FERRACINI et al.,
2010).
A prática de automedicar-se não
está relacionada somente a
medicamentos industrializados, mas
também a produtos fitoterápicos, ervas e
chás, principalmente no Brasil. É
comum achar que “por ser natural não
faz mal”, pensamento de fato incorreto.
Assim, a orientação de um profissional
de saúde capacitado torna-se essencial
no sucesso do tratamento. Como
exemplos de plantas empregadas e
comercializadas livremente destacam-se
boldo-do-chile, camomila, cidreira e
erva-doce (FERRACINI et al., 2010).
A Tabela 1 mostra alguns
exemplos de agentes empregados na
automedicação e alguns dos possíveis
efeitos adversos que podem gerar.
Dentre as inúmeras
preocupações frente à automedicação e
ao uso indiscriminado de medicamentos
é o alto risco de intoxicação associado a
essas práticas (ANVISA, 2013).
O ato que ocupa o primeiro lugar
dentre as causas de intoxicação, já
registradas em todo o país, é a
intoxicação por medicamentos, ficando
à frente de intoxicação por produtos de
limpeza, alimentos deteriorados e
agrotóxicos (ANVISA, 2013).
Tabela 1: Exemplos de automedicação
Exemplos de
Automedicação
Efeito
Terapêutico
Efeitos
Adversos
Plantas Medicinais
Babosa
(A. vera)
laxante diarréia
Camomila
(M. recutita)
anti-
inflamatório
reação
alérgica
Boldo-do-chile
(P. boldus)
cólicas e
congestões
irritação
da mucosa
gástrica
Medicamentos Industrializados
Amoxicilina antibiótico náuseas
Azitromicina antibiótico reações
alérgicas
AAS (ácido acetil
salicílico)
analgésico irritação no
estômago
Segundo a ANVISA,
analgésicos, antitérmicos e anti-
inflamatórios fazem parte dos
medicamentos que mais intoxicam no
Brasil e são bastante empregados na
automedicação. Dessa forma, a agência
vem exercendo um maior controle
acerca deste tema (ANVISA, 2013).
Exemplos de medicamentos
bastante utilizados pela população
brasileira na prática da automedicação e
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que necessitam de prescrição são os
antibióticos, anti-hipertensivos, anti-
inflamatórios, antipsicóticos e os
antidepressivos (FERRACINI et al.,
2010).
A receita médica de anti-
inflamatórios não esteróides inibidores
da COX-2 é retida nas farmácias devido
a uma determinação da ANVISA, com
o objetivo de reduzir o uso indevido
desses medicamentos (ANVISA, 2013).
Outro caso de intervenção da
ANVISA são os antibióticos, que
requerem um acompanhamento rigoroso
por parte dos profissionais de saúde
para tratamento eficaz dos pacientes
(FERRACINI et al., 2010).
Devido ao seu uso irracional,
através da automedicação, houve um
aumento da resistência aos antibióticos,
ocasionando um problema de saúde
pública (FERRACINI et al., 2010).
Assim, a ANVISA determinou a
compra dos antibióticos somente com a
retenção da prescrição médica, de forma
a reduzir a automedicação e os efeitos
drásticos relacionados a essa prática
(ANVISA, 2013).
Interações medicamentosas
As interações medicamentosas
consistem em um evento clínico, no
qual os efeitos de um medicamento são
alterados pela presença de outro, usado
concomitantemente (PORTAL SAÚDE,
2013).
Essa interação ocorre quando
dois medicamentos são administrados
em um mesmo período por um paciente,
podendo levar a um aumento ou a uma
diminuição de efeito terapêutico ou
tóxico (PORTAL SAÚDE, 2013).
Dessa forma, o paciente ao
desconhecer a ação de uma determinada
substância e, através da prática da
automedicação, administrar outro
medicamento, e até mesmo um
fitoterápico, concomitantemente, poderá
ter o efeito terapêutico diminuído ou
aumentado, o que poderia levar a um
efeito tóxico (PORTAL SAÚDE, 2013).
O tema interações
medicamentosas será abordado com
mais detalhes em um próximo boletim
informativo.
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Considerações Finais
A automedicação é uma prática
universal, antiga e de grandes
proporções.
A problemática associada à
automedicação deve ser divulgada
através de trabalho informativo
realizado por profissionais e estudantes
da área de saúde.
Importante ressaltar que para
maior segurança, o paciente deve
sempre procurar a ajuda um profissional
de saúde capacitado, que indique o
medicamento mais indicado para cada
caso e o oriente quanto à forma de
administração e demais informações
relevantes ao tratamento.
Referências
FERRACINI, F. T.; et al. Prática
farmacêutica no ambiente hospitalar: do
planejamento à realização. São Paulo:
Atheneu, 2010.
CARAMELLI, B. Automedicação. Rev.
Assoc. Med. Bras., v.47, nº4, São Paulo,
2001.
ANVISA. Uso Indiscriminado de
medicamentos. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/propaganda/f
older/uso_indiscriminado.pdf. Acessado
em 05/07/2013.
PORTAL SAÚDE. Interações
medicamentosas. Disponível em:
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivo
s/multimedia/paginacartilha/docs/intMe
d.pdf. Acessado em 05/07/2013.