O documento discute o conceito de fundamentalismo e sua aplicação à política brasileira através do "lulopetismo", que defende de forma cega o governo do PT. O autor argumenta que a intolerância política entre apoiadores e opositores do governo pode levar o Brasil a uma guerra civil, assim como aconteceu na República Romana. Uma saída seria a renúncia de Dilma e Temer para dar lugar a um governo provisório até novas eleições.
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
O RISCO DE RETROCESSO POLÍTICO NO BRASIL
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O FUNDAMENTALISMO LULOPETISTA E O RISCO DE RETROCESSO
POLÍTICO NO BRASIL
Fernando Alcoforado*
Fundamentalismo é o termo usado, originalmente, para se referir à crença na
interpretação literal dos livros sagrados como, por exemplo, a Bíblia na Igreja Católica e
o Corão no Islamismo. Fundamentalistas são, entre os religiosos, aqueles que pregam
que os dogmas de seus livros sagrados sejam seguidos à risca. O fundamentalismo
religioso é um movimento que objetiva também a volta aos que são considerados
princípios fundamentais da religião. O Fundamentalista acredita em seus
dogmas como verdade absoluta, indiscutível, sem abrir-se, portanto, ao diálogo.
Fundamentalismo, portanto, é um movimento que objetiva voltar ao que são
considerados princípios fundamentais na fundação de determinado grupo.
O termo "fundamentalismo" não se aplica apenas à religião. Ele é aplicado à
economia como ocorreu com o "fundamentalismo de livre mercado" que defende
fanaticamente a abertura e a desregulamentação dos mercados, bem como a não
ingerência do Estado na atividade econômica. O "fundamentalismo de livre mercado"
passou a existir principalmente a partir da década de 1990 com a introdução do modelo
neoliberal na maior parte das economias do mundo capitalista. Por sua vez, o
"fundamentalismo" aplicado à política significa a adoção de forma irracional e
exagerada de uma crença, uma posição dogmática ou fanática em relação a
determinadas opiniões como, por exemplo, a crença de que o marxismo, o leninismo ou
o maoismo são os verdadeiros caminhos de construção de uma sociedade socialista.
Outro exemplo de fundamentalismo foi o que prevaleceu durante o regime nazista na
Alemanha hitlerista na qual os fundamentos do nazismo foram considerados verdades
incontestáveis. Tanto os fundamentalistas adeptos do socialismo como do nazismo são
reativos ao diálogo com aqueles que não pensam como eles. Outra característica de
fundamentalismo que domina hoje a vida política brasileira é o lulopetismo que agrega
hoje alguns intelectuais, proletários urbanos e rurais e o lumpenproletariado muitos dos
quais exercem cargos comissionados no governo Dilma Rousseff. O lulopetismo tem
Lula como líder maior, seus adeptos estão ligados ao PT e partidos aliados e integram
entidades sindicais dos trabalhadores e organizações da sociedade civil. Os lulopetistas
são fundamentalistas porque são cegos à corrupção, às graves irregularidades
administrativas e financeiras e aos erros políticos praticados pelos governos do PT de
Lula a Dilma Rousseff e por muitos de seus integrantes.
Uma característica comum aos fundamentalistas é a de que eles são intolerantes ao
extremo. Intolerância é um termo que descreve a atitude mental caracterizada pela falta
de vontade em reconhecer e respeitar diferenças ou crenças religiosas, políticas ou de
qualquer natureza de terceiros por parte de fundamentalistas. A intolerância pode ser
religiosa, ideológica ou política, sendo que as três têm sido comuns ao longo da história.
Um exemplo de intolerância religiosa na Antiguidade é a perseguição dos primeiros
cristãos pelos judeus e pagãos. Os judeus tornaram-se alvo preferencial de perseguição
religiosa ainda antes do fim do Império Romano, mas esta perseguição recrudesceu
durante a Idade Média. Na Idade Média, a Igreja Católica levou à fogueira da Inquisição
aqueles que não professavam a verdade por ela imposta. A perseguição política atingiu
níveis nunca vistos antes na história da humanidade durante o século XX, quando os
nazistas perseguiram com o uso da violência milhões de judeus, comunistas e ciganos e
outras etnias indesejadas pelo regime e os regimes fascistas e socialistas perseguiram
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todos aqueles que se opunham a seus interesses. O Estado policial tem sido estruturado
em vários países totalitários movidos pelo fundamentalismo político e ideológico para
com o uso da violência silenciar, prender e, até mesmo, assassinar seus oponentes.
Para Marco Túlio Cícero, o grande orador e político romano, a violência significava a
morte da política e a derrocada de qualquer possibilidade de espírito público. Não
apenas nas instâncias políticas centrais, mas na sociedade como um todo (CÍCERO,
Marco Túlio. As Catilinárias. São Paulo: Editora Martin Claret, 2006). No Brasil,
constata-se um ambiente de uma violência anunciada por vários segmentos que apoiam
o PT e o governo Dilma Rousseff que estão ameaçados de serem apeados do poder
como foi o caso de Lula quando fez referência à utilização do “exército de trabalhadores
sem terra” de Stédile do MST, o do presidente da CUT, Wagner Freitas, que falou em
pegar em armas para defender o governo, o de Stédile do MST que ameaçou parar o
País e o do presidente da CONTAG, Alberto Broch, que ameaçou invadir propriedades
rurais se houver o impeachment de Dilma Rousseff. A violência anunciada pelos
partidários do governo Dilma Rousseff já está se materializando nas ruas nas inúmeras
manifestações contrárias ao impeachment de Dilma Rousseff. Como diz Cícero, a
violência que tende a recrudescer no Brasil pode significar a morte da política graças à
intolerância e ao fundamentalismo político por parte do lulopetismo que dá sustentação
ao governo Dilma Rousseff.
Em 42 a.C., a República de Roma esfacelou-se em guerras civis. Se a intolerância
política prevalecer entre os partidários e os oponentes do PT e do governo Dilma
Rousseff, o Brasil caminhará celeremente para um estado de guerra civil. Este cenário
poderá ocorrer seja com o impeachment ou a permanência de Dilma Rousseff no poder.
Se ocorrer o impeachment de Dilma Rousseff, os lulopetistas tentarão inviabilizar o
governo de seu substituto, vice-presidente Michel Temer. seja com a realização de greve
geral, interdição de rodovias e ocupação de propriedades rurais e, se Dilma Rousseff
permanecer no poder ela não terá condições de governar contando com a rejeição de
70% da Câmara dos Deputados e de 80% da população do País cuja economia será
levada ao inevitável colapso. No Império Romano, o domínio da força foi a solução
final e a morte da política, nas palavras de Cícero. O Brasil da atualidade se assemelha a
uma Roma em ebulição. Em Roma, o império da lei deu lugar ao império da força e a
política morreu com esta luta fratricida pelo poder. No Brasil, nos vemos agora diante
do desafio de evitar que prevaleçam as conspirações e o infortúnio em curso.
Diante da inviabilização da permanência de Dilma Rousseff e de Michel Temer como
seu substituto no poder, ambos prestariam grande serviço à nação se renunciassem,
respectivamente, à Presidência e Vice-presidência da República. 60% da população
brasileira defende a renúncia de ambos, segundo pesquisa Data Folha realizada no dia
10/04/2016. Esta renúncia deveria ser consequência de um pacto político, econômico e
social entre todas as forças políticas interessadas na construção da paz social no Brasil.
Sem a construção de um pacto político, econômico e social entre todas as forças
políticas interessadas na paz social no Brasil, o cenário que se descortina para o futuro é
o de acirramento dos conflitos entre os partidários e os oponentes do PT e do atual
governo alimentando o dissenso entre as forças políticas que se opõem entre si.
Após a renúncia de Dilma Rousseff e Michel Temer, é preciso que as forças políticas
interessadas na paz social no Brasil constituam um governo provisório composto de
personalidades do mais alto gabarito com duração determinada para reordenar a vida
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nacional, buscar o consenso do País na solução da crise econômica e social, evitar a
escalada da violência no Brasil e realizar novas eleições gerais no País. Antes de
convocar novas eleições presidenciais, é preciso que haja um esforço de reordenamento
político-institucional do País que é absolutamente necessário para reverter o colapso em
curso do sistema político do Brasil que estaria a exigir a adoção das medidas seguintes:
1) Convocação de uma nova Assembleia Constituinte Exclusiva para promover as
reformas Política, do Estado e da Administração Pública em novas bases; 2) Banimento
de partidos políticos e parlamentares comprometidos com a corrupção; 3) Formação de
novos partidos políticos após a nova Constituinte; e, 4) Convocação de novas eleições
gerais no País. A convocação de uma Assembleia Constituinte Exclusiva é
absolutamente necessária porque o Brasil se defronta com uma flagrante desmoralização
de suas instituições políticas, haja vista termos um presidencialismo de coalizão movido
pela corrupção que passou a existir a partir da Assembleia Constituinte de 1988 e
demonstra ser incapaz de solucionar a grave crise política em que vive o País no
momento.
*Fernando Alcoforado, 76, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em
Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor
universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São
Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo,
1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do
desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic
and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft &
Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e
Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento
global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes
do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012) e Energia no Mundo e no Brasil-
Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015). Possui blog na
Internet (http://fernando.alcoforado.zip.net). E-mail: falcoforado@uol.com.br.