SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
Como construir um governo mundial
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COMO CONSTRUIR UM MUNDO DE PAZ ENTRE AS NAÇÕES E DE
PROGRESSO HUMANO
Fernando Alcoforado*
O Iluminismo é o nome que se dá à ideologia que foi sendo desenvolvida e incorporada
pela burguesia na Europa a partir das lutas revolucionárias do final do século XVIII
cujos temas giravam em torno da Liberdade, do Progresso e do Homem. O Iluminismo
tinha como propósito corrigir as desigualdades da sociedade e garantir os direitos
naturais do indivíduo, como a liberdade e a livre posse de bens. As origens do
Iluminismo, já se encontravam no século XVII, nos trabalhos de René Descartes, que
lançou as bases do racionalismo, como a única fonte de conhecimento.
O Iluminismo forneceu o lema da Revolução Francesa (Liberdade, Igualdade e
Fraternidade) e fecundou-a na medida em que seus seguidores opunham-se às injustiças,
à intolerância religiosa e aos privilégios do absolutismo. Na economia, o Iluminismo
manifesta-se completamente contrário a qualquer intervenção do Estado na vida
econômica e na defesa intransigente do trabalho livre como fonte de riqueza e da
economia dirigida pelo mercado, isto é, pela lei da oferta e da procura.
Desde a Revolução Francesa até o presente momento, as promessas do Iluminismo
foram abandonadas em todo o mundo com a adoção de práticas imperialistas pelas
burguesias e pelos governos das grandes potências capitalistas a elas associados, o
desencadeamento de 3 guerras mundiais (1ª Guerra Mundial, 2ª Guerra Mundial e a
Guerra Fria), o advento do fascismo e do nazismo, a realização de intervenções
militares e o apoio a golpes de estado em vários países da periferia capitalista. O
objetivo dos pensadores iluministas, como Voltaire, Montesquieu e Rousseau, que era o
da busca da felicidade humana, a rejeição das injustiças e dos privilégios foi substituído
pela barbárie que caracteriza a evolução do capitalismo do século XVIII à era atual.
O capitalismo fracassou rotundamente na realização das teses iluministas desde a
Revolução Francesa, a Revolução Inglesa e a Revolução Americana. Este fracasso abriu
caminho para o advento da ideologia socialista em todo o mundo que, através das
revoluções socialistas, na Rússia em 1917, na China em 1949, em Cuba em 1959 e em
outros países se propunham a dar um passo à frente em relação ao capitalismo e ao
Iluminismo buscando o fim da exploração do homem pelo homem com o controle dos
meios de produção pelo Estado e a realização do progresso da humanidade. Ressalte-se
que o Socialismo é a denominação genérica de teorias socioeconômicas, ideologias e
práticas políticas que postulam a redução das desigualdades econômicas entre as classes
sociais e, no futuro, sua completa abolição.
As múltiplas variantes de socialismo, como o socialismo utópico, a socialdemocracia e
o socialismo científico (socialismo marxista) e o anarquismo, partilham uma base
comum que é a transformação do sistema econômico capitalista, baseado na propriedade
privada dos meios de produção, em uma nova e diferente ordem social. Para caracterizar
uma sociedade socialista, é necessário que estejam presentes a propriedade social dos
meios de produção, o monopólio do comércio exterior e a planificação econômica. Uma
consequência dessa transformação no longo prazo seria o fim do trabalho assalariado e a
substituição do mercado por uma gestão socializada ou planejada da economia, com o
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objetivo de adequar a produção econômica às necessidades da população, assim
chegando ao comunismo.
No entanto, o velho projeto socialista como foi construido na União Soviética e em
outros países se transformou em capitalismo de estado, com o poder político exercido
de forma despótica e corrupta por uma burguesia de tipo novo (burguesia de estado ou
Nomenclatura). O proletariado, em nome do qual foi realizada a revolução socialista
não exerceu o poder e a população não participava das decisões dos governos. A contra-
revolução mundial antisocialista que levou ao fim da União Soviética e do sistema
socialista do leste europeu abriu caminho para a expansão do capitalismo para todos os
quadrantes do mundo, inclusive na China que aderiu ao capitalismo para não ter o
mesmo destino da ex- União Soviética.
O fatos da história demonstram que as teses iluministas que nortearam as revoluções
burguesas no século XVIII e as teses socialistas com base nas quais foram realizadas as
revoluções socialistas no século XX fracassaram porque não cumpriram suas promessas
históricas de conquista da felicidade humana. Com o fracasso do capitalismo em levar
avante as promessas do Iluminismo e do socialismo real na conquista do progresso
humano, a humanidade se defronta na atualidade com o desafio de construir um novo
projeto de sociedade para orientar sua caminhada rumo ao futuro.
É chegada a hora da humanidade se dotar o mais urgentemente possível de instrumentos
necessários a ter o controle de seu destino. Para ter o controle de seu destino a
humanidade precisa construir uma sociedade sustentável em cada país e em escala
mundial que é aquela que satisfaz as necessidades da geração atual sem diminuir as
possibilidades das gerações futuras de satisfazer as delas, bem como implantar um
governo mundial que tenha capacidade de regular a economia mundial e racionalizar o
uso dos recursos naturais do planeta em processo de exaustão e, desta forma, contribuir
para a construção da paz mundial. Este é o único meio de sobrevivência da espécie
humana.
O governo mundial teria por objetivo a defesa dos interesses gerais do planeta. Ele
trabalharia no sentido de cada Estado respeitar os direitos de cada cidadão do mundo
buscando impedir a propagação dos riscos sistêmicos mundiais de natureza econômica e
ambiental. Ele evitaria o império de um só país e a anarquia de todos os países. As
crises econômica, financeira, ecológica, social, política e o desenvolvimento de
atividades ilegais e criminosas de hoje mostram a urgência de um governo mundial. É
preciso entender que o mercado mundial não pode funcionar adequadamente sem o
Estado de Direito Internacional que não pode ser aplicado e respeitado sem a presença
de um governo mundial que seja aceito por todos os países. Um governo mundial só
terá legitimidade e será sustentável se for verdadeiramente democrático.
A humanidade tem de entender que tem tudo a ganhar se unindo em torno de um
governo democrático mundial acima dos interesses de cada nação, incluindo o mais
poderoso, controlando o mundo em sua totalidade, no tempo e no espaço. A nova ordem
mundial a ser edificada deve organizar não apenas as relações entre os homens na face
da Terra, mas também suas relações com a natureza. É preciso, portanto, que seja
celebrado um contrato social planetário que possibilite o desenvolvimento econômico e
social e o uso racional dos recursos da natureza em benefício de toda a humanidade. A
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edificação de uma nova ordem mundial baseada nesses princípios é urgente. É urgente
pensar nisso, antes que seja tarde demais.
*Fernando Alcoforado, 73, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional
pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico,
planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos
livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem
Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000),
Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the
Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e
combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e
Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre
outros.S