1. Eucaristia
I - Introdução
A Eucaristia é “Fonte de toda a vida cristã”.
A palavra Eucaristia vem do grego Eucharistein que quer dizer “Dar Graças a Deus”, c.f. LUC
22,19: “E tomou um pão, deu graças, partiu e distribuiu-o a eles, dizendo: ‘Isto é o meu corpo...”. Este
texto lembra as bênçãos judaicas que proclamam, sobretudo durante a refeição, as obras de Deus: a
Criação, a Redenção e a Santificação.
É o sacrifício e Scramento da nova lei, instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, no qual sob as
espécies de “pão e vinho”, está presente e vivo, e o fruto é recebido. Enquanto Sacrifício a Eucaristia é
chamada “Missa”, enquanto Sacramento é chamada “Sagrada Comunhão” ou “Santíssimo Sacramento”.
A Eucaristia, quer como Sacrifício quer como Sacramento, é o centro de toda a vida e de todo o
culto cristão, porque leva o homem a Deus e traz Deus ao homem.
II – Anúncios da Páscoa
A Ceia Pascal no Antigo Testamento
No Antigo Testamento, a Ceia Pascal era um memorial que pelos gestos e alimentos (Cordeiro
Pascal, Pão sem fermento ou pães ázimos e Ervas amargas) lembrava a libertação milagrosa do povo de
Israel da escravidão do Egito e sua partida para a Terra Prometida. Em Êxo 12,5-6 lê-se: “O cordeiro será
macho, sem defeito e de um ano. Vós o escolhereis entre os cordeiros ou entre os cabritos, e o guardareis
até o décimo quarto dia desse mês; e toda a assembléia da comunidade de Israel o imolará ao crepúsculo”.
(c.f. Lev 23, 4-14; Num 28, 16-25).
Comentário: “A Páscoa Judaica preparava assim a Páscoa Cristã: Cristo, Cordeiro de Deus, é
imolado (cruz) e comido (ceia) no quadro da Páscoa Judaica (Semana Santa). Ele traz a salvação ao
mundo, e a renovação mística deste ato de redenção torna-se o centro da Liturgia Cristã que se organiza
tendo por centro a Missa, Sacrifício e Redenção” (c.f. nota ‘q’ - bíblia de Jerusalém, pág. 121).
III - A Eucaristia na Igreja hoje (enquanto Sacrifício)
O Sacrifício foi instituído por Cristo para que, segundo suas palavras, fosse perpetuado pelos
séculos, até a sua volta (c.f. I Cor 11, 23-26). “Os sacerdotes reapresentam e aplicam no sacrifício da
Missa, o Sacrifício de Cristo, que como hóstia imaculada se ofereceu ao Pai.” (c.f. Lumen Gentium).
É necessário portanto que estejamos puros de alma para que, como visto acima, sirvamos ao Deus
Vivo e festejemos a festa da vida eterna. Para finalizar este tópico, atentemos a Eucaristia como
celebração. É impressionante que todas as orações se dirijam não a Cristo mas, através dele, ao Pai. Se
tivermos que destacar um ponto culminante na Celebração enquanto tal, sem dúvida esse ponto seria na
Doxologia: “Por cristo, Com Cristo e em Cristo”. E a história humana poderá encerrar-se quando o cristo
da páscoa houver reunido em si todos os homens. “Deus será tudo em todos”.(c.f. I Cor 15, 28).
IV - A Eucaristia na Igreja hoje (enquanto Sacramento)
O que a Igreja vive ao nível da sua compreensão do mistério, ela o atualiza em sua vida litúrgica
e sacramental, particularmente na Celebração da Eucaristia. Esta celebração está no centro da vida da
Igreja, e não é um momento isolado de sua existência, mas é tudo na vida da Igreja e da qual procede toda
a força do anúncio evangélico. Vejamos em Joa 3, 16: “Pois deus amou tanto o mundo , que entregou o
seu Filho único, para que todo aquele que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna”.
Ministério de Música Ieshua – ministerioieshua@hotmail.com 1
2. Comentário: a Igreja em nome de toda a humanidade, rende graças ao Pai, por seu incrível amor.
Deus respondeu ao egoísmo dos homens com a caridade do dom de seu Filho, e enviou-lhe cheio dos
dons do espírito. A Igreja sabe disso e dá graças.
Graças ao Concílio Vaticano II. nós nos demos conta, com vigor renovado, desta verdade: assim
como a igreja “faz a Eucaristia, a Eucaristia constrói a Igreja”. A Igreja foi fundada como comunidade
nova do povo de Deus, na comunidade apostólica daqueles doze que durante a “Última Ceia”, se
tornaram participantes do Corpo e do Sangue do Senhor “sob as espécies do pão e do vinho”. Vejamos
em 1 Cor 11, 23-26: “Com efeito, eu mesmo recebi do Senhor o que vos transmiti: na noite em que foi
entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu Corpo que é
para vós; fazei isto em memória de mim’. Do mesmo modo, após a Ceia, também tomou o cálice,
dizendo: ‘Este cálice é a Nova Aliança em meu Sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em
memória de mim’. Todas as vezes, pois, que comeis deste pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do
Senhor até que ele venha.”
Comentário: Os Doze, cumprindo sua ordem, entram pela primeira vez em comunhão
Sacramental com o filho de Deus, que é penhor de vida eterna. E a partir daquele momento, até o fim dos
séculos, a Igreja se constrói, mediante a mesma comunhão com o “Filho de Deus” que é penhor da
Páscoa Eterna. (c.f. Mat 26, 26-29; Mar 14, 22-24; Luc 22, 19-20).
Para finalizar esta quinta parte do nosso estudo, vejamos a principal mensagem que a Igreja passa
para os seus fiéis em relação à seriedade deste Sacramento: “Eis porque todo aquele que comer do pão e
beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Por conseguinte, que
cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber deste cálice, pois aquele que come e bebe
sem discernir o corpo, come e bebe a própria condenação”. (1 Cor 11, 29). Vejamos também em Joa 6,
53-56: “Então Jesus lhes respondeu: ‘Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do
Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e
bebe o meu sangue tem vida eterna. e Eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é
verdadeiramente uma comida e o meu sangue é verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne
e bebe o meu sangue permanece em Mim, e Eu nele.”
Comentário: a intenção da Igreja não é fazer com que os cristãos tenham receio de comungar,
mas que cada um compreenda melhor que a comunhão obriga a imitar aquele que morreu perdoando, e a
interiorizar plenamente uma conversão Pascal e Batismal. Aquele que recebe o pão aceita tornar-se ele
mesmo pão, entendendo assim que deve doar-se aos irmãos como Cristo se doou para nós.
V - Presença real de Jesus na Eucaristia
Vimos anteriormente, o quanto Cristo é claro no que se refere a importância de seu corpo e
sangue. Para crermos na presença real de Jesus na Eucaristia, vejamos algumas questões importantes:
1- Os Evangelhos foram escritos na língua Grega, de alta cultura, na qual existem muitas
expressões para os verbos simbolizar, significar (=em grego “Semanei”), representar, lembrar, etc. no
entanto, os três evangelistas (Mat 26, 26-28; Mar 14, 22-24; Luc 22, 19-20) e São Paulo (1 Cor 11,23-
26) no descreverem a última Ceia de Jesus, usam exclusivamente a forma grega “Esti”, que somente
significa “É”. Desta maneira transmitiram-nos, unanimemente a interpretação autêntica das palavras de
Jesus: “ Isto é o meu corpo...; este é o cálice do meu sangue...”.
2- Na língua de Jesus, o aramaico, também escreveu-se, isto é o meu corpo e não, isto
representa (simboliza, relembra) o meu corpo.
3- Se não houvesse a presença real de Jesus na Eucaristia, São Paulo não escreveria em 1
Cor 11, 27-29: “Eis porque todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente
será réu do corpo e sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer
desse pão e beber desse cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe a própria
condenação”.
4- O evangelista São João em seu evangelho no capítulo 6, versículo 22 ao 71, nos fala do
discurso de Jesus aos judeus e aos seus discípulos ( que eram centenas deles) na Sinagoga de Cafarnaum.
Ministério de Música Ieshua – ministerioieshua@hotmail.com 2
3. Nesta Sinagoga Jesus diz com palavras claras e compreensíveis a todos: “Eu sou o Pão da vida”,
“Eu desci do céu”, “Quem comer deste pão viverá eternamente”, “O Pão que eu darei é a minha carne
para a vida do mundo; se não comerdes a carne do filho do homem e não beberdes o seu sangue, não
tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna”.
Os judeus e os seus discípulos entenderam, perfeitamente, que Jesus dissera comer a sua
carne e beber o seu sangue, como diz o versículo 52: “os Judeus discutiam entre si dizendo: ’Como esse
homem pode dar-nos a sua carne a comer ? ‘. Ora se Jesus tivesse falado algo que tivesse sido
interpretado erroneamente, ele esclareceria o verdadeiro sentido das suas palavras, pois ele é o caminho, a
verdade e a vida.
Mas não esclareceu. Diz o versículo 60: “Muitos de seus discípulos, ouvindo-o disseram:
‘Essa palavra é dura! quem pode escutá-la ? ‘ ; e Jesus fala no versículo 61: “... Isto vos escandaliza?”.
Porém como nos narra no versículo 66: ”A partir daí, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e não
andavam mais com ele”. Parece até que os versículos 64 e 65 foram escritos para aqueles que negam a
presença real de Jesus na Eucaristia, quando Jesus disse: “Alguns de vós , porém não crêem” .
Jesus sabia , com efeito , desde o princípio , quais os que não criam e dizia : ”Por isso vos
afirmei que ninguém pode vir a Mim , se isso não lhe for concedido pelo Pai”.
Importante: A clareza e a insistência destas palavras, exigem que sejam entendidas em seu pleno
realismo. No versículo 52 é usado o verbo grego “Phagein” (comer), já no versículo 54 [“Quem come a
minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”], o verbo usado é
“Trogo” (dilacerar, mastigar).
Assim compreendemos que Jesus não desfaz nenhum mal entendido, porque simplesmente não
há mal entendido! A respeito desta questão, o humorista , crítico irônico, Erasmo de Rotterdam, que
escrevia sobre as reformas Eucarísticas de Lutero e Zwínglio (fundadores do Protestantismo) disse em
torno de 1529 o seguinte texto: “Jamais me pude persuadir de que Jesus, a verdade e a bondade mesmas,
tenha permitido que por tantos séculos a sua Esposa, a Igreja, tenha prestado adoração a um pedaço de
pão em lugar de adorar a Jesus mesmo.”.
Há alguns casos de milagres Eucarísticos que parecem ter por finalidade pôr em evidência o
realismo e a eficácia da presença de Cristo sob os sinais do pão e do vinho, é o que chamamos de milagre
da Transubstanciação – muda-se a matéria sem mudar os acidentes. Podemos citar 130 milagres, dentre os
quais os dois mais famosos são os de Lanciano e Turim.
VI – Os Milagres Eucarísticos
Uma antiga tradição, que vai desde a origem do Cristianismo até os nossos dias, atesta a
existência de milagres Eucarísticos. De modo geral, revelam a presença de Cristo no Sacramento e
manifestam a natureza e os efeitos da mesma. Há tempos, foi traçado um “Mapa Eucarístico”, que registra
o local e a data de mais de 130 milagres, metade dos quais ocorridos na Itália.
Escolhemos dentre estes dois milagres verificados entre 700 e 1700. Selecionamo-los dentre os
mais bem documentados e os mais eloqüentes, visto que não há para todos, como se compreende, um
abono de provas históricas e científicas igualmente rigoroso e persuasivo.
I– em Turim - em 1453, houve a queda do Império Romano do Oriente. Renato (Duque de Anjou
e de Lorena – Itália) foi vencido em batalha muito sangrenta após a qual os Piemonteses saquearam todas
as residências da cidade; ao chegarem a Igreja, forçaram o Tabernáculo. Tiraram o ostensório de prata, no
qual se guardava o corpo de cristo ocultando-no dentro de uma carruagem juntamente com os outros
objetos roubados, e dirigiram-se para Turim. Crônicas antigas relatam que, na altura da Igreja de São
Silvestre, o cavalo parou bruscamente a carruagem – o que ocasionou a queda, por terra, do ostensório –
dizem que então o ostensório se levantou nos ares “com grande esplendor e com raios que pareciam os do
sol”. Os espectadores chamaram o Bispo da cidade, Ludovico Romagnano, que foi prontamente ao local
do prodígio. Quando chegou, “O ostensório caiu por terra, ficando o corpo de Cristo nos ares a emitir
raios refulgentes”. O Bispo, diante dos fatos, pediu que lhe levassem um cálice. Dentro do cálice, desceu
Ministério de Música Ieshua – ministerioieshua@hotmail.com 3
4. a hóstia, que foi levada para a catedral com grande solenidade. Era o dia 9 de junho de 1453. Existem
testemunhos contemporâneos do acontecimento (Atti Capitolari de 1454 a 1456). No século seguinte, a
Câmara Municipal mandou construir uma Capela ou Oratório sobre o lugar do milagre. O oratório foi
destruído para ceder à construção da Igreja de “Corpus Domini” (1609), que até hoje atesta o prodígio.
II – Em Lanciano – Estamos em data não claramente definida do séc. VIII. Um monge da ordem
de São Basílio estava celebrando na Iigreja dos santos Degonciano e Domiciano. Terminada a
Consagração, que ele realizara provavelmente em estado de dúvidas interiores, senão de incredulidade, a
hóstia transformou-se em carne e o vinho em sangue depositado dentro do cálice. Ao ver isto, o monge,
perturbado e atônito, procurou ocultar o fato; mas depois, reagindo à emoção, manifestou-o aos fiéis, que,
feitos testemunhas do milagre, espalharam a notícia pela cidade. – O exame das relíquias, segundo
critérios rigorosamente científicos, ocorrido pela última vez em 1970, levou aos seguintes resultados
muito significativos:
A) A hóstia, que a tradição diz ter-se transformado em carne, é realmente constituída por
fibras musculares estriadas, pertencentes ao miocárdio. Acrescente-se que a massa sutil de carne humana
que foi retirada dos bordos, deixando amplo vazio no centro é totalmente homogênea. Com outras
palavras: não apresenta lesões, como os apresentaria se se tratasse de um pedaço de carne cortada com
uma lâmina.
B) Quanto ao sangue, trata-se de genuíno sangue humano. Mais: o grupo sangüíneo ‘A’ que
pertencem os vestígios de sangue, o sangue contido na carne e o sangue do cálice revelam tratar-se
sempre do mesmo sangue grupo ‘AB’ (sangue comum aos Judeus). Este é também o grupo que o
professor Pierluigi Baima Bollone, da universidade de Turim, identificou na Sagrada Mortalha (Santo
Sudário).
C) Apesar da sua antigüidade, a carne e o sangue se apresentam com uma estrutura de base
intata e sem sinais de alterações substanciais; este fenômeno se dá sem que tenham sido utilizadas
substâncias ou outros fatores aptos a conservar a matéria humana, mas, ao contrário, apesar da ação dos
mais variados agentes físicos, atmosféricos, ambientais e biológicos. A linguagem das relíquias de
Lanciano é clara e fascinante: verdadeira carne e verdadeiro sangue humano, na sua inalterada
composição que desafia os tempos; trata-se mesmo da carne do coração, daquele coração do qual,
conforme a fé, jorrou o sangue que dá a vida.
VII – Conclusão
A Eucaristia é a maneira que Jesus escolheu para permanecer conosco e nos alimentar de sua
própria vida. Deus quer que todos os homens tenham alimento para o sustento do corpo e busquem a
Eucaristia para alimento espiritual. Alimento este para reforçar a vida daquele que participa deste
banquete, a fim de poder realizar em nós, aqui na terra, as boas obras e um testemunho vivo da presença
de nosso Senhor Jesus Cristo na Santa Eucaristia.
Ministério de Música Ieshua – ministerioieshua@hotmail.com 4