Este documento descreve a agenda de um encontro do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa. A agenda inclui atividades como leituras literárias, apresentações de projetos, debates, leituras teóricas e práticas sobre heterogeneidade, avaliação, planejamento de aulas e registro docente.
2. Agenda da Manhã
Acolhida: Trecho do filme “A menina no país das
maravilhas”
Leitura literária: Trecho da peça “A aurora da minha vida”
– Naum Alves de Souza
Resgate do trabalho pessoal
Apresentação do relato sobre o projeto “Brincadeiras”
Discussão dos textos e do vídeo
Em grupos: Leitura teórica
Vídeo: “Somos todos diferentes” (Como estrelas na Terra
– resumido)
Debate
Em grupos: Leitura do texto “Depoimento da professora
Marly”
Em grupos: Atividade prática: Criar atividades para
atender os diferentes grupos a partir de um mesmo texto
Apresentação dos grupos
Escrita docente
3. Leitura teórica
Ano 1: Heterogeneidade e direitos de
aprendizagem na alfabetização: os diferentes
percursos dos estudantes;
Ano 2: A heterogeneidade no processo de
alfabetização: diferentes conhecimentos,
diferentes atendimentos;
Ano 3: Atendendo à diversidade: o trabalho
com todas as crianças no dia a dia, usando
diferentes recursos didáticos (até a pág.23)
4. Heterogeneidade:
diferentes percursos,
direitos iguais
Importância do diagnóstico como ponto de partida do
planejamento (não só no início, mas em todo o
processo)
Situações de aprendizagem (atividade + intervenções
+ agrupamentos)
Atividades desafiadoras (difíceis, mas possíveis)
Equilibrar os momentos de atividades diversificadas
- Todos realizam a mesma proposta;
- Todos utilizam o mesmo material com adaptações
para cada grupo;
- Propostas diferenciadas para cada grupo.
5. Organização social da
classe
Atividades individuais – desenvolvimento da
autonomia / diagnóstico
Agrupamentos produtivos – duplas e pequenos
grupos:
Plano de atendimento às duplas e grupos, para
que não se abandone as intervenções
- Contraste de pontos de vista moderadamente
divergentes
- Coordenação de papéis
- Regulação mútua do trabalho
- Oferecimento e recepção de ajuda
6. Apoio pedagógico
Essencial no regime de progressão continuada
Atendimento em pequenos grupos (máximo de 12
alunos, sempre trabalhando em duplas)
Precisa ser adequada aos alunos que apresentam
dificuldades de aprendizagem: atividades coletivas
normalmente não são produtivas, eles precisam de
intervenção direta, inclusive que as instruções sejam
transmitidas para cada um
Utilizar de preferência atividades lúdicas. Ex: forca em
equipes/ leitura de parlenda/escrita de lista com
alfabeto móvel (jogo com o alfabeto/atividade de
leitura/atividade de escrita)
Planejamento centrado no Sistema de Escrita
Alfabética
Tempo estimado: 1 h e 30 min a 2 h, no mínimo duas
vezes na semana.
7. Planejamento
Construção de grade semanal fixa, definindo
os focos de cada atividade permanente
Definir para que grupo específico cada
atividade foi planejada
Contemplar os eixos presentes nos direitos de
aprendizagem (leitura / produção de textos /
análise linguística / oralidade)
Não esquecer que uma atividade única pode
mobilizar diferentes conhecimentos nos alunos
8. Atividade prática
Selecionar um gênero textual e criar atividades
diversificadas atendendo os diferentes níveis
utilizando o mesmo texto.
Cada grupo deverá preparar três atividades:
a) Uma atividade que contemple toda a turma.
b) Uma mesma atividade que contemple o
grupo específico (com adaptações) e o
restante da turma.
c) Uma atividade que contemple cada grupo
específico. (diferenciadas)
9. Escrita docente
Como você acompanha os
conhecimentos sobre o SEA que os
seus alunos constroem ao longo do
ano letivo?
Que estratégias você utiliza para
atender aos alunos com defasagem de
aprendizagem na alfabetização?
10. Agenda da tarde
Leitura literária: mais um trecho da peça “A
aurora da minha vida” – Naum Alves de Souza
Texto: “ Depois do Esquecimento” de Rubem
Alves
Discussão: Qual é o papel da avaliação
atualmente em contraponto com o ideal?
Em grupos: Leitura teórica
Debate
Abertura da cápsula do tempo
Avaliação do curso: criação de esquetes ( o que
mudou na sua sala de aula?)
Confraternização
11.
Depois do esquecimento
Rubem Alves
Quando um professor tenta ensinar alguma coisa tem de pressupor que aquilo
é importante e vai fazer uma diferença na vida do seu aluno. Caso contrário,
seu trabalho não terá sentido. Assim, deve ter a curiosidade de saber sobre o
destino das informações e habilidades que tentou ensinar. O que aconteceu
com elas?
Quero sugerir um método, valendo-me para isso de uma metáfora. Imagine
que você resolveu se dedicar ao negócio de fabricação de salsichas. Para
transformar carne em salsichas há uma máquina. Numa das extremidades da
máquina coloca-se a carne. Aperta-se um botão. A máquina se põe a
funcionar. Na outra extremidade, saem as salsichas, prontinhas. Para avaliar
se a máquina é comercialmente vantajosa basta comparar o peso da carne que
foi colocada no funil de entrada com o peso das salsichas produzidas. Se 100
quilos de carne foram colocados na entrada e saíram 95 quilos de salsicha, a
máquina é ótima. Mas se só saírem 10 quilos de salsicha, a máquina não
presta.
Imaginei que se poderia avaliar o desempenho das escolas - uma alternativa
ao Enem - por meio de um exame elaborado segundo o modelo da máquina de
salsichas. O objetivo seria comparar o que entrou com o que ficou. Frequentei
escolas por 17 anos: quatro anos no curso primário, um no curso de admissão,
quatro no ginásio, três no curso científico e cinco no curso superior. Multipliquei
o número de meses, pelo número de dias, pelo número de horas, pelo número
de anos: cheguei ao número 16.320 - o número de horas que passei sentado
em carteiras ouvindo as coisas que os professores tentavam me ensinar. É
claro que esse número deve estar errado. Seja. De qualquer forma, é muito
tempo de vida nos bancos escolares. O que sobrou? O exame seria assim:
12.
Primeiro: o programa seria constituído de tudo, absolutamente tudo que se
pretendeu ensinar nesses 17 anos, do primeiro ao último ano.
Segundo: aqueles que farão o exame não assinarão os seus nomes porque o
que se procura não é o desempenho individual, mas o desempenho da
máquina escolar.
Terceiro: será proibido haver cursos preparatórios para tais exames. Será
proibido também recordar a matéria. O propósito do exame seria abortado
porque o aprendido é aquilo que fica depois que o esquecimento fez o seu
trabalho. O exame que proponho quer saber o que sobrou depois do
esquecimento.
Eu me sairia muito mal. Não me lembro das classificações das rochas.
Lembro-me dos nomes "dolomitas" e "piroclásticas", mas não sei o que
significam. Esqueci-me do "crivo de Erastóstenes". Não sei fazer raiz
quadrada. Não sei onde se encontra a serra da Mata da Corda. Também me
esqueci das dinastias dos faraós e dos nomes dos imperadores romanos.
Lembro-me do princípio de Arquimedes, mas não sei a lei de Avogadro. Não
aprendi latim. E tudo isso era matéria de classe... Acho que dos 100% de
saberes que as escolas tentaram enfiar dentro de mim só sobrariam uns 10%.
Você depositaria suas economias mensalmente, num fundo de investimento,
por dezessete anos, se você soubesse que depois desses 17 anos receberia
só 10% do que você depositou?
Alguns concluirão que a culpa é dos professores. Outros que é dos alunos.
Não creio que a culpa seja dos professores ou dos alunos. Acho mesmo é
que a culpa é da carne que se põe na máquina: ela está estragada. As
salsichas cheiram mal. O nariz as reprova. Concluo: a performance das
escolas melhorará se a carne estragada for substituída por uma carne que
produza salsichas apetitosas...
13. Leitura teórica
Ano 1: Avaliação e organização do trabalho docente: a
importância dos registros;
Ano 2: Reflexão sobre a prática do professor
alfabetizador: o registro das experiências docentes na
dimensão formativa e organizativa dos saberes;
Ano 3: Progressão escolar no ciclo de alfabetização:
avaliação e continuidade das aprendizagens na
escolarização
Focar a leitura nas seguintes questões:
Como garantir a progressão das aprendizagens das crianças ao
longo do ciclo de alfabetização?
Que maneiras de avaliar podem ser utilizadas por você visando
dar subsídios para um melhor acompanhamento do processo de
aprendizagem dos alunos?
14. Regime de ciclos:
possibilita a elaboração de uma estrutura curricular
que favorece a continuidade, a interdisciplinaridade e a
participação;
pode colaborar para a negação de uma lógica
excludente e competitiva (quem vai chegar primeiro?),
rumo a uma lógica da inclusão e da solidariedade
(partilha de saberes e de pensares);
possibilita-nos negar a perspectiva conteudista de
“quanto já se sabe sobre” para uma perspectiva
multicultural da diversidade de saberes, práticas e
valores construídos pelo grupo;
pode promover a negação de uma busca de
homogeneização para uma prática de reconhecimento
da heterogeneidade e da diversidade cultural e de
percursos individuais de vida.
15. Ciclos ≠ Aprovação
automática
PROGRESSÃO AUTOMÁTICA - geralmente há
supressão da avaliação ao longo do processo e, no
final, visa-se a não retenção de um ano ao outro; não
há ações efetivas por meio de estudos de promoção
de aprendizagem para alunos de baixo rendimento a
cada ano e o aluno passa de um ano ao outro, sem
necessariamente ter efetuado aprendizagens.
CICLOS - não se defende a aprovação automática
dos alunos, mas o compromisso com as
aprendizagens e a construção de conhecimentos dos
educando de modo a garantir que, ao longo do ano
escolar e do ciclo, eles progridam em seus
conhecimentos.
16. Progressão...
...ESCOLAR - é o avanço formal no processo de
escolarização, havendo reconhecimento de que o
indivíduo passou de uma etapa de escolarização a
outra.
... DO ENSINO - implica no planejamento de situações
que sejam gradativamente mais complexas quanto aos
conhecimentos e capacidades exigidos.
... DAS APRENDIZAGENS - diz respeito ao fato de
que os estudantes agregam conhecimentos e
desenvolvem capacidades durante a escolarização.
17. A importância do
registro
O registro das experiências docentes, nesse sentido,
pode contribuir para a formação do professor
alfabetizador. Para que o registro da atividade docente
sirva como alternativa para reflexão sobre o fazer
didático e pedagógico, em uma perspectiva formativa e
organizativa, estes precisam retratar as discussões
críticas da turma, apresentar observações sobre o
processo de ensino e aprendizagem, reproduzir frases
e reunir exemplos da produção das crianças,
possibilitando o planejamento, a realização, a
documentação, a análise e o replanejamento pelo
docente
18. Registro como
instrumento de
autoanálise
Faz-se necessário, portanto, registrar também sua
própria atividade e, com base na autoanálise,
desenvolver parâmetros para um maior controle da
situação de ensino, tais como: o tempo necessário
para o ensino de cada conhecimento, especificidades
sobre o conhecimento a ser ensinado, tarefas
necessárias ao ensino, possibilidades de regulação
das atividades e da atenção dos alunos na
aprendizagem, dentre outros. O uso desses
parâmetros pode aumentar a competência profissional
do professor de controlar sua própria atividade ao lidar
com os alunos em situações novas ou imprevistas na
sala de aula.
19. Abertura da Cápsula
do Tempo
Leitura das expectativas em grupos,
refletindo se foram contempladas ou não.
Registro individual:
Que expectativas foram alcançadas?
O que espera do curso para o próximo
ano?