O documento discute a relação entre o global e o local no contexto das políticas públicas de saúde e esporte no Brasil. A saúde pública já conta com duas décadas de debates e participação social, enquanto o esporte é mais recente nesse aspecto. Isso explica porque a saúde tem maior integração entre os níveis governamentais, ao contrário do esporte, que dá mais autonomia aos municípios. Para melhorar as políticas de esporte, é necessário ampliar o debate social e reconhecer o esporte como
1. O Global e o Local
O global e o local podem ser compreendidos como esferas que possuem
autonomia e ao mesmo tempo uma relação de interdependência entre si,
variando estes graus de autonomia e interdependência conforme o caráter e a
demanda social que estará sendo analisada. Nesta perspectiva podemos traçar
um paralelo entre as políticas setoriais da Saúde e do Esporte. Em relação à
Saúde pública brasileira percebemos pela sua construção histórica a mesma já
demanda um debate com maior participação da sociedade, tendo em vista que
o SUS (Sistema Único de Saùde) tem pelo menos duas décadas de discussões
e reflexão, o que contribui para uma maior aproximação e legitimidade da área
por parte da população, envolvendo as três esferas governamentais para a
decisão e implementação das políticas públicas, principalmente em relação ao
financiamento público de programas que perpassam pela União, Estados e
municípios. Em relação ao Esporte, a sua trajetória quanto política pública, os
debates e a participação da sociedade tiveram seu início mais tardio, o que de
certa forma justifica ainda que o diálogo entre as três esferas governamentais
não ocorra como no exemplo anterior, demonstrando neste caso maior
autonomia aos municípios em relação ao desenvolvimento das ações locais,
porém esta referida autonomia muitas vezes no caso do esporte não possibilita
discussões como por exemplo, o nível de financiamento para o esporte nos
Estados e Municípios, o cumprimento do artigo 217 da constituição Federal que
prevê um maior investimento do desporto educacional, além de promover uma
reprodução social do esporte de Alto-rendimento políticas públicas municipais.
Portanto esta relação entre o global e o local nas políticas setoriais do
esporte perpassam pela necessidade de pertencimento e reconhecimento da
sociedade, da ampliação dos espaços acadêmicos e sociais de debates, de um
olhar profissional da gestão pública do esporte. Estas ações poderão ser
ampliadas à medida que integramos o esporte como fator que contribua na
formação de um “habitus esportivo”, ou seja, em que os indivíduos se
reconheçam nas diferentes possibilidades e práticas corporais esportivas, o
que favorecerá um aumento da demanda por esta política setorial.