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Fábulas de Monteiro Lobato 
A Garça Velha 
Certa garça nascera, crescera e sempre vivera à margem duma lagoa de águas turvas, muito rica em peixes. 
Mas o tempo corria e ela envelhecia. Seus músculos cada vez mais emperrados, os olhos cansados - com que dificuldade ela pescava! 
- Estou mal de sorte, e se não topo com um viveiro de peixes em águas bem límpidas, certamente que morrerei de fome. Já se foi o tempo feliz em que meus olhos penetrantes zombavam do turvo desta lagoa... 
E de pé num pé só, o longo bico pendurado, pôs-se a matutar naquilo até que lhe ocorreu uma ideia. 
- Caranguejo, venha cá! - disse ela a um caranguejo que tomava sol à porta do seu buraco. 
- Às ordens. Que deseja? 
- Avisar a você duma coisa muito séria. A nossa lagoa está condenada. O dono das terras anda a convidar os vizinhos para assistirem ao seu esvaziamento e o ajudarem a apanhar a peixaria toda. Veja que desgraça! Não vai escapar nem um miserável guaru. 
O caranguejo arrepiou-se com a má notícia. Entrou na água e foi contá-la aos peixes. 
Grande rebuliço. Graúdos e pequeninos, todos começaram a pererecar às tontas, sem saberem como agir. E vieram para a beira d'água. 
- Senhora dona do bico longo, dê-nos um conselho, por favor, que nos livre da grande calamidade. 
- Um conselho? 
E a matreira fingiu refletir. Depois respondeu. 
- Só vejo um caminho. É mudarem-se todos para o poço da Pedra Branca. 
- Mudar-se como, se não há ligação entre a lagoa e o poço? 
- Isso é o de menos. Cá estou eu para resolver a dificuldade. Transporto a peixaria inteira no meu bico. 
Não havendo outro remédio, aceitaram os peixes aquele alvitre - e a garça os mudou a todos para o tal poço, que era um tanque de pedra, pequenininho, de águas sempre límpidas e onde ela sossegadamente poderia pescá-los até o fim da vida. 
Moral da Estória: 
Ninguém acredite em conselho de inimigo.
As Duas Cachorras 
Moravam no mesmo bairro. Uma era boa e caridosa; outra, má e ingrata. 
A boa, como fosse diligente, tinha a casa bem arranjadinha; a má, como fosse vagabunda, vivia ao léu, sem eira nem beira. 
Certa vez... a má, em véspera de dar cria, foi pedir agasalho à boa: 
- Fico aqui num cantinho até que meus filhotes possam sair comigo. É por eles que peço... 
A boa cedeu-lhe a casa inteira, generosamente. 
Nasceu à ninhada, e os cachorrinhos já estavam de olhos abertos quando a dona da casa voltou. 
- Podes entregar-me a casa agora? 
A má pôs-se a choramingar. 
- Ainda não, generosa amiga. Como posso viver na rua com filhinhos tão novos? Conceda-me um novo prazo. 
A boa concedeu mais quinze dias, ao termo dos quais voltou. 
- Vai sair agora? 
- Paciência, minha velha, preciso de mais um mês. 
A boa concedeu mais quinze dias; e ao terminar o último prazo voltou. 
Mas desta vez a intrusa, rodeada dos filhos já crescidos, robustos e de dentes arreganhados, recebeu-a com insolência: 
- Quer a casa? Pois venha tomá-la, se é capaz... 
Moral da Estória: 
Para os maus, pau!
As Duas Panelas 
Duas panelas, uma de ferro, orgulhosa, outra de barro, humilde, moravam na mesma cozinha; e como estivessem vazias, a bocejarem de vadiação, disse a graúda: 
- Bela tarde para um giro pela horta! A cozinheira não está e até que venha, teremos tempo de dizer adeus à alface e fazer uma visita aos repolhos. Queres ir? 
- Com todo o prazer! - respondeu a panela de barro lisonjeadíssima de honrosa companhia. 
- Dá-me o braço então, e vamo-nos depressa antes que "ela" venha. 
Assim fizeram, e lá se foram as duas desajeitadas nas gingando os corpos ventrudos, cheias de amabilidade para com as hortaliças. 
- Bom dia, dona Couve! Comendador Repolho, como passas! Coentrinho, adeus! 
No melhor da festa, porém, a panela de ferro falseou o pé e esbarrou na amiga. 
- Ai que me trincas! exclamou esta. 
- Não foi nada, não foi nada... 
Uns passos a mais e novo choque. 
- Ai que desbeiças amiga! 
- Em casa arruma-se, não é nada... 
Minutos depois terceiro esbarrão, esse formidável. 
- Ai! Ai! Ai! Ai! Fizeste-me em pedaços, ingrata! 
E a mísera panela de barro caiu por terra a gemer, reduzida a cacos.
Mal Maior 
- O Sol vai casar-se! - anunciou um bem-te-vi boateiro - viva o Sol! 
- Viva? - exclamaram as rãs, assustadas - não diga isso, pelo amor de Deus... Um Sol apenas já nos dá o que fazer. Seca os brejos e nos deixa às vezes a ponto de morrermos de sede. E é um só... Imaginem agora que se casa e além do senhor Sol também teremos que aturar dona Sol e os sóis filhinhos... Será a maior das calamidades, porque então unicamente as pedras poderão resistir à fúria da família de fogo. 
Moral da Estória: 
1. Assim é. O mundo está bem equilibrado e qualquer coisa que rompa a sua ordem resulta em males para os viventes. Fique solteiro o Sol e não enviúve quem é casado. 
2. Qualquer mudança pode prejudicar alguém.
O Burro Juiz 
Disputava a gralha com o sabiá, afirmando que a sua voz valia a dele. Como as outras aves rissem daquela pretensão, a bulhenta matraca de penas, furiosa, disse: 
- Nada de brincadeiras. Isto é uma questão muito séria, que deve ser decidida por um juiz. Canta o sabiá, canto eu, e a sentença do julgador decidirá quem é o melhor artista. Topam? 
- Topamos! - piaram as aves - mas quem servirá de juiz? 
Estavam a debater este ponto, quando zurrou um burro. 
- Nem de encomenda! - exclamou a gralha - está lá um juiz de primeiríssima para julgamento de música, pois nenhum animal possui maiores orelhas. Convidemo-lo. 
Aceitou o burro o juizado e veio postar-se no centro da roda. 
- Vamos lá, comecem! - ordenou ele. 
O sabiá deu um pulinho, abriu o bico e cantou. Cantou como só cantam sabiás, garganteando os trinos mais melodiosos e límpidos. Uma pura maravilha, que deixou mergulhado em êxtase o auditório em peso. 
- Agora eu! - disse a gralha, dando um passo à frente. 
E abrindo a bicanca matraqueou uma grita de romper os ouvidos aos próprios surdos. 
Terminada a justa, o meritíssimo juiz deu a sentença: 
- Dou ganho de causa a excelentíssima senhora dona Gralha, porque canta muito mais forte que mestre sabiá. (*) 
Moral da Estória: 
Quem burro nasce togado ou não, burro morre.
O Gato Vaidoso 
Moravam na mesma casa dois gatos iguaizinhos no pelo, mas desigual na sorte. Um amimado pela dona dormia em almofadões. Outro, no borralho. Um passava a leite e comia em colo. O outro, por feliz, se dava com as espinhas de peixe do lixo. 
Certa vez, cruzaram-se no telhado e o bichano de luxo arrepiou-se todo, dizendo: 
- Passa ao largo, vagabundo! Não vês que és pobre e eu somos ricos? Que és gato de cozinha e eu sou gato de salão? Respeita-me, pois, e passa ao largo... 
- Alto lá, senhor orgulhoso! Lembra-te de que somos irmãos, criados no mesmo ninho. 
- Sou nobre. Sou mais que tu! 
- Em quê? Não mias como eu? 
- Mio. 
- Não tens rabo como eu? 
- Tenho. 
- Não caças ratos como eu? 
- Caço. 
- Não comes rato como eu? 
- Como. 
- Logo, não passas dum simples gato igual a mim. Abaixa, pois a crista desse orgulho e lembra-te que mais nobreza do que eu não tenho - o que tens é apenas um bocado mais de sorte...
O Jaboti e a Peúva 
Brigaram certa vez o jabuti e a peúva. 
- Deixa estar! - disse esta furiosa - deixa estar que te curo, meu malandro! Prego-te uma peça das boas, verás... 
E ficou de sobreaviso, com os olhos no astucioso bichinho que lá se ria dela sacudindo os ombros. 
O tempo foi correndo... O jabuti esqueceu-se do caso; e um belo dia, distraidamente, passou ao alcance da peúva. A árvore incontinenti torceu-se, estalou e caiu em cima dela. 
- Toma! Quero ver agora como te arrumas. Estás entalado e, como sabes, sou pau que dura para cem anos... 
O jabuti não se deu por vencido. 
Encorujou-se dentro da casca, cerrou os olhos como para dormir e disse filosoficamente: 
- Pois como eu durmo mais de cem, esperarei que apodreças... 
Moral da Estória: 
A PACIÊNCIA DÁ CONTA DOS MAIORES OBSTÁCULOS.
O Macaco e o Coelho 
Um macaco e um coelho fizeram a combinação de um matar as borboletas e outro matar as cobras. Logo depois o coelho dormiu. O macaco veio e puxou- lhe as orelhas. 
- O que é isso? - gritou o coelho, acordando num pulo. 
O macaco deu uma risada. 
- Ah, ah! Pensei que fossem duas borboletas... 
Coelho danou com a brincadeira e disse lá consigo: 
“Espere que te cures.” 
Logo depois o macaco se sentou numa pedra para comer uma banana. O coelho veio por trás, com um pau e lept! - pregou-lhe uma grande paulada no rabo. 
O macaco deu um berro, pulando para cima duma árvore, a gemer. 
- Desculpe, amigo - disse lá embaixo o coelho - vi aquele rabo torcidinho em cima da pedra e pensei que fosse cobra. 
Foi desde aí que o coelho, de medo do macaco vingar-se, passou a morar em buracos.
O Rabo do Macaco 
Era um macaco que resolveu sair pelo mundo a fazer negócios. Pensou, pensou e foi colocar-se numa estrada, por aonde vinha vindo, lá longe, um carro de boi. Atravessou a cauda na estrada e ficou esperando. 
Quando o carro chegou e o carreiro viu aquele rabo atravessado, deteve-se e disse: 
- Macaco, tire o rabo da estrada, senão passo por cima! 
- Não tiro! - respondeu o macaco - e o carreiro passou e a roda cortou o rabo do macaco. 
O bichinho fez um barulho medonho. 
- Eu quero o meu rabo, eu quero o meu rabo ou então uma faca! 
Tanto atormentou o carreiro que este sacou da cintura a faca e disse: 
- Tome lá, seu macaco dos quintos, mas pare com esse berreiro, que está me deixando zonzo. 
O macaco lá se foi, muito contente da vida, com a sua faca de ponta na mão. 
- Perdi meu rabo, ganhei uma faca! Tinglin, tinglin, vou agora para Angola! 
Seguiu caminho. 
Logo adiante deu com um tio velho que estava fazendo balaios e cortava o cipó com os dentes. 
- Olá amigo! - berrou o macaco - estou com dó de você, palavra! Tome esta faca de ponta. 
O negro pegou a faca, mas quando foi cortar o primeiro cipó a faca se partiu pelo meio. 
O macaco botou a boca no mundo - eu quero, eu quero minha faca ou então um balaio! 
O nefro, tonto com aquela gritaria, acabou dando um balaio velho para aquela peste de macaco que, muito contente da vida, lá se foi cantarolando: 
- Perdi meu rabo, ganhei uma faca; perdi minha faca, pilhei um balaio! Tinglin, tinglin, vou agora para Angola! 
Seguiu caminho. 
Mais adiante encontrou uma mulher tirando pães do forno, que recolhia na saia. 
- Ora, minha sinhá - disse o macaco, onde já se viu recolher pão no colo? Ponha-os neste balaio. 
A mulher aceitou o balaio, mas quando começou a botar os pães dentro, o balaio furou. 
O macaco pôs a boca no mundo. 
- Eu quero, eu quero o meu balaio ou então me dê um pão. 
Tanto gritou que a mulher, atordoada, deu-lhe um pão. E o macaco saiu a pular, cantarolando: 
- Perdi meu rabo, ganhei uma faca; perdi minha faca, pilhei um balaio; perdi meu balaio, ganhei um pão. Tinglin, tinglin, vou agora para Angola! 
E lá se foi muito contente da vida, comendo o pão.
Os Animais e a Peste 
Em certo ano terrível de peste entre os animais, o leão, mais apreensivo, consultou um macaco de barbas brancas. 
- Esta peste é um castigo do céu - respondeu o macaco - e o remédio é aplacarmos a cólera divina sacrificando aos deuses um de nós. 
- Qual? - perguntou o leão. 
- O mais carregado de crimes. 
O leão fechou os olhos, concentrou-se e, depois duma pausa, disse aos súditos reunidos em redor: 
- Amigos! É fora de dúvida que quem deve sacrificar-se sou eu. Cometi grandes crimes, matei centenas de veados, devorei inúmeras ovelhas e até vários pastores. Ofereço-me, pois, para o sacrifício necessário ao bem comum. 
A raposa adiantou-se e disse: 
- Acho conveniente ouvir a confissão das outras feras. Porque, para mim, nada do que Vossa Majestade alegou constitui crime. São coisas que até que honram o nosso virtuosíssimo rei Leão. 
Grandes aplausos abafaram as últimas palavras da bajuladora e o leão foi posto de lado como impróprio para o sacrifício. 
Apresentou-se em seguida o tigre e repete-se a cena. Acusa-se de mil crimes, mas a raposa mostra que também ele era um anjo de inocência. 
E o mesmo aconteceu com todas as outras feras. 
Nisto chega à vez do burro. Adianta-se o pobre animal e diz: 
- A consciência só me acusa de haver comido uma folha de couve da horta do senhor vigário. 
Os animais entreolharam-se. Era muito sério aquilo. A raposa toma a palavra: 
- Eis amigos, o grande criminoso! Tão horrível o que ele nos conta, que é inútil prosseguirmos na investigação. A vítima a sacrificar-se aos deuses não pode ser outra porque não pode haver crime maior do que furtar a sacratíssima couve do senhor vigário. 
Toda a bicharada concordou e o triste burro foi unanimemente eleito para o sacrifício. 
Moral da Estória: 
Aos poderosos, tudo se desculpa... 
Aos miseráveis, nada se perdoa.
Os Dois Burrinhos 
Muito lampeiros dois burrinhos de tropa seguiam trotando pela estrada além. O da frente conduzia bruacas de ouro em pó; e o de trás, simples sacos de farelo. Embora burros da mesma igualha, não queria ser o primeiro que o segundo lhe caminhasse ao lado. 
- Alto lá! - dizia ele - não se emparelhe comigo, que quem carrega ouro não é do mesmo naipe de quem conduz feno. Guarde cinco passos de distância e caminhe respeitoso como se fosse um pajem. 
O burrinho do farelo submetia-se e lá trotava, de orelhas murchas, roendo-se de inveja do fidalgo... 
De repente... 
Osh! Oah! São ladrões da montanha que surgem de trás de um tronco e agarram os burrinhos pelos cabrestos. 
Examinam primeiramente a carga do burro humilde e, - Farelo! - exclamaram desapontados - o demo o leve! Vejamos se há coisa de mais valor no da frente. 
- Ouro, ouro! - gritam, arregalando os olhos. E atiram-se ao saque. 
Mas o burrinho resiste. Desfere coices e dispara pelo campo afora. Os ladrões correm atrás, cercam-no e lhe dão em cima, de pau e pedra. Afinal saqueiam- no. 
Terminada a festa, o burrinho do ouro, mais morto que vivo e tão surrado que nem suster-se em pé podia, reclama o auxílio do outro que muito fresco da vida tosava o capim sossegadamente. 
- Socorro, amigo! Venha acudir-me que estou descadeirado... 
O burrinho do farelo respondeu zombeteiramente: 
- Mas poderei por acaso aproximar-me de Vossa Excelência? 
- Como não? Minha fidalguia estava dentro da bruaca e lá se foi nas mãos daqueles patifes. Sem as brucas de ouro no lombo, sou uma pobre besta igual a você... 
- Bem sei. Você é como certos grandes homens do mundo que só valem pelo cargo que ocupam. No fundo, simples bestas de carga, eu, tu, eles... 
E ajudou-o a regressar para casa, decorando, para uso próprio, a lição que ardia no lombo do vaidoso.
Os Dois Ladrões 
Dois ladrões de animais furtaram certa vez um burro, e como não pudessem reparti-lo em dois pedaços surgiu à briga. 
- O burro é meu! - alegava um - o burro é meu porque eu o vi primeiro... 
- Sim - argumentava o outro - você o viu primeiro; mas quem primeiro o segurou fui eu. Logo, é meu... 
Não havendo acordo possível, engalfinharam-se, rolaram na poeira aos socos e dentadas. 
Enquanto isso um terceiro ladrão surge, monta no burro e foge a galope. 
Finda a luta, quando os ladrões se ergueram, moídos da sova, rasgados, esfolados... 
- Que é do burro? Nem sombra! Riam-se - risadinha amarela - e um deles, que sabia latim, disse: 
- Inter duos litigantes tertius gaudet. 
Que quer dizer: quando dois brigam, lucra um terceiro mais esperto.
Pau de Dois Bicos 
Um morcego estonteado pousou certa vez no ninho da coruja, e ali ficaria de dentro se a coruja ao regressar não investisse contra ele. 
- Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha casa, sabendo que odeio a família dos ratos? 
- Achas então que sou rato? Não tenho asas e não voo como tu? Rato, eu? Essa é boa!... 
A coruja não sabia discutir e, vencida de tais razões, poupou-lhe a pele. 
Dias depois, o finório morcego planta-se no casebre do gato-do-mato. O gato entra, dá com ele e chia de cólera. 
- Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha toca, sabendo que detesto as aves? 
- E quem te disse que sou ave? - retruca o cínico - sou muito bom bicho de pelo, como tu, não vês? 
- Mas voas!... 
- Voo de mentira, por fingimento... 
- Mas tem asas! 
- Asas? Que tolice! O que faz a asa são as penas e quem já viu penas em morcego? Sou animal de pelo, dos legítimos, e inimigo das aves como tu. Ave, eu? É boa... 
O gato embasbacou, e o morcego conseguiu retirar-se dali são e salvo. 
Moral da Estória: 
O segredo de certos homens está nesta política do morcego. É vermelho? Tome vermelho. É branco? Viva o branco!
Fábulas de monteiro lobato

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  • 1. Fábulas de Monteiro Lobato A Garça Velha Certa garça nascera, crescera e sempre vivera à margem duma lagoa de águas turvas, muito rica em peixes. Mas o tempo corria e ela envelhecia. Seus músculos cada vez mais emperrados, os olhos cansados - com que dificuldade ela pescava! - Estou mal de sorte, e se não topo com um viveiro de peixes em águas bem límpidas, certamente que morrerei de fome. Já se foi o tempo feliz em que meus olhos penetrantes zombavam do turvo desta lagoa... E de pé num pé só, o longo bico pendurado, pôs-se a matutar naquilo até que lhe ocorreu uma ideia. - Caranguejo, venha cá! - disse ela a um caranguejo que tomava sol à porta do seu buraco. - Às ordens. Que deseja? - Avisar a você duma coisa muito séria. A nossa lagoa está condenada. O dono das terras anda a convidar os vizinhos para assistirem ao seu esvaziamento e o ajudarem a apanhar a peixaria toda. Veja que desgraça! Não vai escapar nem um miserável guaru. O caranguejo arrepiou-se com a má notícia. Entrou na água e foi contá-la aos peixes. Grande rebuliço. Graúdos e pequeninos, todos começaram a pererecar às tontas, sem saberem como agir. E vieram para a beira d'água. - Senhora dona do bico longo, dê-nos um conselho, por favor, que nos livre da grande calamidade. - Um conselho? E a matreira fingiu refletir. Depois respondeu. - Só vejo um caminho. É mudarem-se todos para o poço da Pedra Branca. - Mudar-se como, se não há ligação entre a lagoa e o poço? - Isso é o de menos. Cá estou eu para resolver a dificuldade. Transporto a peixaria inteira no meu bico. Não havendo outro remédio, aceitaram os peixes aquele alvitre - e a garça os mudou a todos para o tal poço, que era um tanque de pedra, pequenininho, de águas sempre límpidas e onde ela sossegadamente poderia pescá-los até o fim da vida. Moral da Estória: Ninguém acredite em conselho de inimigo.
  • 2. As Duas Cachorras Moravam no mesmo bairro. Uma era boa e caridosa; outra, má e ingrata. A boa, como fosse diligente, tinha a casa bem arranjadinha; a má, como fosse vagabunda, vivia ao léu, sem eira nem beira. Certa vez... a má, em véspera de dar cria, foi pedir agasalho à boa: - Fico aqui num cantinho até que meus filhotes possam sair comigo. É por eles que peço... A boa cedeu-lhe a casa inteira, generosamente. Nasceu à ninhada, e os cachorrinhos já estavam de olhos abertos quando a dona da casa voltou. - Podes entregar-me a casa agora? A má pôs-se a choramingar. - Ainda não, generosa amiga. Como posso viver na rua com filhinhos tão novos? Conceda-me um novo prazo. A boa concedeu mais quinze dias, ao termo dos quais voltou. - Vai sair agora? - Paciência, minha velha, preciso de mais um mês. A boa concedeu mais quinze dias; e ao terminar o último prazo voltou. Mas desta vez a intrusa, rodeada dos filhos já crescidos, robustos e de dentes arreganhados, recebeu-a com insolência: - Quer a casa? Pois venha tomá-la, se é capaz... Moral da Estória: Para os maus, pau!
  • 3. As Duas Panelas Duas panelas, uma de ferro, orgulhosa, outra de barro, humilde, moravam na mesma cozinha; e como estivessem vazias, a bocejarem de vadiação, disse a graúda: - Bela tarde para um giro pela horta! A cozinheira não está e até que venha, teremos tempo de dizer adeus à alface e fazer uma visita aos repolhos. Queres ir? - Com todo o prazer! - respondeu a panela de barro lisonjeadíssima de honrosa companhia. - Dá-me o braço então, e vamo-nos depressa antes que "ela" venha. Assim fizeram, e lá se foram as duas desajeitadas nas gingando os corpos ventrudos, cheias de amabilidade para com as hortaliças. - Bom dia, dona Couve! Comendador Repolho, como passas! Coentrinho, adeus! No melhor da festa, porém, a panela de ferro falseou o pé e esbarrou na amiga. - Ai que me trincas! exclamou esta. - Não foi nada, não foi nada... Uns passos a mais e novo choque. - Ai que desbeiças amiga! - Em casa arruma-se, não é nada... Minutos depois terceiro esbarrão, esse formidável. - Ai! Ai! Ai! Ai! Fizeste-me em pedaços, ingrata! E a mísera panela de barro caiu por terra a gemer, reduzida a cacos.
  • 4. Mal Maior - O Sol vai casar-se! - anunciou um bem-te-vi boateiro - viva o Sol! - Viva? - exclamaram as rãs, assustadas - não diga isso, pelo amor de Deus... Um Sol apenas já nos dá o que fazer. Seca os brejos e nos deixa às vezes a ponto de morrermos de sede. E é um só... Imaginem agora que se casa e além do senhor Sol também teremos que aturar dona Sol e os sóis filhinhos... Será a maior das calamidades, porque então unicamente as pedras poderão resistir à fúria da família de fogo. Moral da Estória: 1. Assim é. O mundo está bem equilibrado e qualquer coisa que rompa a sua ordem resulta em males para os viventes. Fique solteiro o Sol e não enviúve quem é casado. 2. Qualquer mudança pode prejudicar alguém.
  • 5. O Burro Juiz Disputava a gralha com o sabiá, afirmando que a sua voz valia a dele. Como as outras aves rissem daquela pretensão, a bulhenta matraca de penas, furiosa, disse: - Nada de brincadeiras. Isto é uma questão muito séria, que deve ser decidida por um juiz. Canta o sabiá, canto eu, e a sentença do julgador decidirá quem é o melhor artista. Topam? - Topamos! - piaram as aves - mas quem servirá de juiz? Estavam a debater este ponto, quando zurrou um burro. - Nem de encomenda! - exclamou a gralha - está lá um juiz de primeiríssima para julgamento de música, pois nenhum animal possui maiores orelhas. Convidemo-lo. Aceitou o burro o juizado e veio postar-se no centro da roda. - Vamos lá, comecem! - ordenou ele. O sabiá deu um pulinho, abriu o bico e cantou. Cantou como só cantam sabiás, garganteando os trinos mais melodiosos e límpidos. Uma pura maravilha, que deixou mergulhado em êxtase o auditório em peso. - Agora eu! - disse a gralha, dando um passo à frente. E abrindo a bicanca matraqueou uma grita de romper os ouvidos aos próprios surdos. Terminada a justa, o meritíssimo juiz deu a sentença: - Dou ganho de causa a excelentíssima senhora dona Gralha, porque canta muito mais forte que mestre sabiá. (*) Moral da Estória: Quem burro nasce togado ou não, burro morre.
  • 6. O Gato Vaidoso Moravam na mesma casa dois gatos iguaizinhos no pelo, mas desigual na sorte. Um amimado pela dona dormia em almofadões. Outro, no borralho. Um passava a leite e comia em colo. O outro, por feliz, se dava com as espinhas de peixe do lixo. Certa vez, cruzaram-se no telhado e o bichano de luxo arrepiou-se todo, dizendo: - Passa ao largo, vagabundo! Não vês que és pobre e eu somos ricos? Que és gato de cozinha e eu sou gato de salão? Respeita-me, pois, e passa ao largo... - Alto lá, senhor orgulhoso! Lembra-te de que somos irmãos, criados no mesmo ninho. - Sou nobre. Sou mais que tu! - Em quê? Não mias como eu? - Mio. - Não tens rabo como eu? - Tenho. - Não caças ratos como eu? - Caço. - Não comes rato como eu? - Como. - Logo, não passas dum simples gato igual a mim. Abaixa, pois a crista desse orgulho e lembra-te que mais nobreza do que eu não tenho - o que tens é apenas um bocado mais de sorte...
  • 7. O Jaboti e a Peúva Brigaram certa vez o jabuti e a peúva. - Deixa estar! - disse esta furiosa - deixa estar que te curo, meu malandro! Prego-te uma peça das boas, verás... E ficou de sobreaviso, com os olhos no astucioso bichinho que lá se ria dela sacudindo os ombros. O tempo foi correndo... O jabuti esqueceu-se do caso; e um belo dia, distraidamente, passou ao alcance da peúva. A árvore incontinenti torceu-se, estalou e caiu em cima dela. - Toma! Quero ver agora como te arrumas. Estás entalado e, como sabes, sou pau que dura para cem anos... O jabuti não se deu por vencido. Encorujou-se dentro da casca, cerrou os olhos como para dormir e disse filosoficamente: - Pois como eu durmo mais de cem, esperarei que apodreças... Moral da Estória: A PACIÊNCIA DÁ CONTA DOS MAIORES OBSTÁCULOS.
  • 8. O Macaco e o Coelho Um macaco e um coelho fizeram a combinação de um matar as borboletas e outro matar as cobras. Logo depois o coelho dormiu. O macaco veio e puxou- lhe as orelhas. - O que é isso? - gritou o coelho, acordando num pulo. O macaco deu uma risada. - Ah, ah! Pensei que fossem duas borboletas... Coelho danou com a brincadeira e disse lá consigo: “Espere que te cures.” Logo depois o macaco se sentou numa pedra para comer uma banana. O coelho veio por trás, com um pau e lept! - pregou-lhe uma grande paulada no rabo. O macaco deu um berro, pulando para cima duma árvore, a gemer. - Desculpe, amigo - disse lá embaixo o coelho - vi aquele rabo torcidinho em cima da pedra e pensei que fosse cobra. Foi desde aí que o coelho, de medo do macaco vingar-se, passou a morar em buracos.
  • 9. O Rabo do Macaco Era um macaco que resolveu sair pelo mundo a fazer negócios. Pensou, pensou e foi colocar-se numa estrada, por aonde vinha vindo, lá longe, um carro de boi. Atravessou a cauda na estrada e ficou esperando. Quando o carro chegou e o carreiro viu aquele rabo atravessado, deteve-se e disse: - Macaco, tire o rabo da estrada, senão passo por cima! - Não tiro! - respondeu o macaco - e o carreiro passou e a roda cortou o rabo do macaco. O bichinho fez um barulho medonho. - Eu quero o meu rabo, eu quero o meu rabo ou então uma faca! Tanto atormentou o carreiro que este sacou da cintura a faca e disse: - Tome lá, seu macaco dos quintos, mas pare com esse berreiro, que está me deixando zonzo. O macaco lá se foi, muito contente da vida, com a sua faca de ponta na mão. - Perdi meu rabo, ganhei uma faca! Tinglin, tinglin, vou agora para Angola! Seguiu caminho. Logo adiante deu com um tio velho que estava fazendo balaios e cortava o cipó com os dentes. - Olá amigo! - berrou o macaco - estou com dó de você, palavra! Tome esta faca de ponta. O negro pegou a faca, mas quando foi cortar o primeiro cipó a faca se partiu pelo meio. O macaco botou a boca no mundo - eu quero, eu quero minha faca ou então um balaio! O nefro, tonto com aquela gritaria, acabou dando um balaio velho para aquela peste de macaco que, muito contente da vida, lá se foi cantarolando: - Perdi meu rabo, ganhei uma faca; perdi minha faca, pilhei um balaio! Tinglin, tinglin, vou agora para Angola! Seguiu caminho. Mais adiante encontrou uma mulher tirando pães do forno, que recolhia na saia. - Ora, minha sinhá - disse o macaco, onde já se viu recolher pão no colo? Ponha-os neste balaio. A mulher aceitou o balaio, mas quando começou a botar os pães dentro, o balaio furou. O macaco pôs a boca no mundo. - Eu quero, eu quero o meu balaio ou então me dê um pão. Tanto gritou que a mulher, atordoada, deu-lhe um pão. E o macaco saiu a pular, cantarolando: - Perdi meu rabo, ganhei uma faca; perdi minha faca, pilhei um balaio; perdi meu balaio, ganhei um pão. Tinglin, tinglin, vou agora para Angola! E lá se foi muito contente da vida, comendo o pão.
  • 10. Os Animais e a Peste Em certo ano terrível de peste entre os animais, o leão, mais apreensivo, consultou um macaco de barbas brancas. - Esta peste é um castigo do céu - respondeu o macaco - e o remédio é aplacarmos a cólera divina sacrificando aos deuses um de nós. - Qual? - perguntou o leão. - O mais carregado de crimes. O leão fechou os olhos, concentrou-se e, depois duma pausa, disse aos súditos reunidos em redor: - Amigos! É fora de dúvida que quem deve sacrificar-se sou eu. Cometi grandes crimes, matei centenas de veados, devorei inúmeras ovelhas e até vários pastores. Ofereço-me, pois, para o sacrifício necessário ao bem comum. A raposa adiantou-se e disse: - Acho conveniente ouvir a confissão das outras feras. Porque, para mim, nada do que Vossa Majestade alegou constitui crime. São coisas que até que honram o nosso virtuosíssimo rei Leão. Grandes aplausos abafaram as últimas palavras da bajuladora e o leão foi posto de lado como impróprio para o sacrifício. Apresentou-se em seguida o tigre e repete-se a cena. Acusa-se de mil crimes, mas a raposa mostra que também ele era um anjo de inocência. E o mesmo aconteceu com todas as outras feras. Nisto chega à vez do burro. Adianta-se o pobre animal e diz: - A consciência só me acusa de haver comido uma folha de couve da horta do senhor vigário. Os animais entreolharam-se. Era muito sério aquilo. A raposa toma a palavra: - Eis amigos, o grande criminoso! Tão horrível o que ele nos conta, que é inútil prosseguirmos na investigação. A vítima a sacrificar-se aos deuses não pode ser outra porque não pode haver crime maior do que furtar a sacratíssima couve do senhor vigário. Toda a bicharada concordou e o triste burro foi unanimemente eleito para o sacrifício. Moral da Estória: Aos poderosos, tudo se desculpa... Aos miseráveis, nada se perdoa.
  • 11. Os Dois Burrinhos Muito lampeiros dois burrinhos de tropa seguiam trotando pela estrada além. O da frente conduzia bruacas de ouro em pó; e o de trás, simples sacos de farelo. Embora burros da mesma igualha, não queria ser o primeiro que o segundo lhe caminhasse ao lado. - Alto lá! - dizia ele - não se emparelhe comigo, que quem carrega ouro não é do mesmo naipe de quem conduz feno. Guarde cinco passos de distância e caminhe respeitoso como se fosse um pajem. O burrinho do farelo submetia-se e lá trotava, de orelhas murchas, roendo-se de inveja do fidalgo... De repente... Osh! Oah! São ladrões da montanha que surgem de trás de um tronco e agarram os burrinhos pelos cabrestos. Examinam primeiramente a carga do burro humilde e, - Farelo! - exclamaram desapontados - o demo o leve! Vejamos se há coisa de mais valor no da frente. - Ouro, ouro! - gritam, arregalando os olhos. E atiram-se ao saque. Mas o burrinho resiste. Desfere coices e dispara pelo campo afora. Os ladrões correm atrás, cercam-no e lhe dão em cima, de pau e pedra. Afinal saqueiam- no. Terminada a festa, o burrinho do ouro, mais morto que vivo e tão surrado que nem suster-se em pé podia, reclama o auxílio do outro que muito fresco da vida tosava o capim sossegadamente. - Socorro, amigo! Venha acudir-me que estou descadeirado... O burrinho do farelo respondeu zombeteiramente: - Mas poderei por acaso aproximar-me de Vossa Excelência? - Como não? Minha fidalguia estava dentro da bruaca e lá se foi nas mãos daqueles patifes. Sem as brucas de ouro no lombo, sou uma pobre besta igual a você... - Bem sei. Você é como certos grandes homens do mundo que só valem pelo cargo que ocupam. No fundo, simples bestas de carga, eu, tu, eles... E ajudou-o a regressar para casa, decorando, para uso próprio, a lição que ardia no lombo do vaidoso.
  • 12. Os Dois Ladrões Dois ladrões de animais furtaram certa vez um burro, e como não pudessem reparti-lo em dois pedaços surgiu à briga. - O burro é meu! - alegava um - o burro é meu porque eu o vi primeiro... - Sim - argumentava o outro - você o viu primeiro; mas quem primeiro o segurou fui eu. Logo, é meu... Não havendo acordo possível, engalfinharam-se, rolaram na poeira aos socos e dentadas. Enquanto isso um terceiro ladrão surge, monta no burro e foge a galope. Finda a luta, quando os ladrões se ergueram, moídos da sova, rasgados, esfolados... - Que é do burro? Nem sombra! Riam-se - risadinha amarela - e um deles, que sabia latim, disse: - Inter duos litigantes tertius gaudet. Que quer dizer: quando dois brigam, lucra um terceiro mais esperto.
  • 13. Pau de Dois Bicos Um morcego estonteado pousou certa vez no ninho da coruja, e ali ficaria de dentro se a coruja ao regressar não investisse contra ele. - Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha casa, sabendo que odeio a família dos ratos? - Achas então que sou rato? Não tenho asas e não voo como tu? Rato, eu? Essa é boa!... A coruja não sabia discutir e, vencida de tais razões, poupou-lhe a pele. Dias depois, o finório morcego planta-se no casebre do gato-do-mato. O gato entra, dá com ele e chia de cólera. - Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha toca, sabendo que detesto as aves? - E quem te disse que sou ave? - retruca o cínico - sou muito bom bicho de pelo, como tu, não vês? - Mas voas!... - Voo de mentira, por fingimento... - Mas tem asas! - Asas? Que tolice! O que faz a asa são as penas e quem já viu penas em morcego? Sou animal de pelo, dos legítimos, e inimigo das aves como tu. Ave, eu? É boa... O gato embasbacou, e o morcego conseguiu retirar-se dali são e salvo. Moral da Estória: O segredo de certos homens está nesta política do morcego. É vermelho? Tome vermelho. É branco? Viva o branco!