O documento descreve o surgimento e povoamento da região de São Paulo e arredores. Inicialmente, a região foi povoada de forma esparsa no século XVI através da formação de vilas e aldeamentos jesuíticos. Ao longo dos séculos, a região passou a abastecer a vila de São Paulo com produtos agrícolas. No século XIX, a região passou a atrair imigrantes e a se desenvolver com a expansão da lavoura cafeeira e da indústria.
2. São Paulo e os Arredores
A ocupação colonial da região que hoje
representa a Grande São Paulo se deu a partir
de 1560 de forma esparsa e pouco numerosa
através da formação de vilas e aldeamentos
jesuíticos. São exemplos desse período a Vila de
São Paulo de Piratininga, formada a partir do
colégio jesuítico, e os aldeamentos jesuíticos
criados na região de Carapicuíba, Embu, Barueri,
Pinheiros, entre outros. Esses núcleos de
povoamento formaram um cinturão ao redor da
Vila de São Paulo servindo como proteção para a
região. Com o tempo, essa região passou a
abastecer com produtos agrícolas a vila de São
Paulo e outros núcleos populacionais próximos.
Muitos desses núcleos populacionais floresceram
vila de São Paulo ao seu entorno e a outros
territórios da colônia. Por estar numa zona
intermediária, os arredores de São Paulo
também serviram como área de parada e pouso.
Num primeiro momento, para expedições
(bandeirantes) em busca de índios e metais e
pedras preciosas e, posteriormente, para
viajantes e mercadores que chegavam e saíam
da vila de São Paulo. A partir do século XVIII, o
planalto paulista, paulatinamente, deixou de
gerar expedições desbravadoras, em direção ao
interior da colônia, para transformar-se num
ponto de convergência de tropas e tropeiros. O
fluxo de pessoas e mercadorias que passavam
por esses caminhos teve um aumento
significativo. Antigas trilhas indígenas, passagens
em direção ao interior da colônia, e até mesmo
rios e córregos, serviram de base para a
implantação de uma malha intrincada de
caminhos e rotas que convergiam para a zona
central da vila, na região do rio Tamanduateí. No
mapa a seguir podemos ver alguns desses
caminhos como o Caminho para Sorocaba, o
Caminho das Boiadas, o Caminho para Santo
Amaro, a Estrada do Araçá, Caminho para
Santos, entre outros.
Figura 1 - Núcleos de povoamento dos arredores de São
Paulo no século XVI. Disponível em:
https://mapsengine.google.com/map/edit?hl=pt&mid=zrzs1
tax68aE.kQP3IU1EwF_
Figura 2 - São Paulo e Arredores em 1850:
Reconstrução histórica e topográfica aproximada,
1937, Frederico H. Gonçalves. Arquivo Público do
Estado de São Paulo
Av. Horácio Lafer – Itaim Bibi - São
Paulo/SP
São Paulo e os arredores Pág. 1
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3. Com isso, uma série de atividades relacionadas à circulação de
pessoas e mercadorias se desenvolveram na área em questão. Na zona
oeste de São Paulo (atualmente composta pelas subprefeituras da Lapa,
Butantã e Pinheiros), por exemplo, melhor articulada à região de
Sorocaba, Jundiaí, Itu e Campinas, surgiram feiras, pousos de tropas,
hospedagens e estalagens. No final do século XVIII a zona oeste de São
Paulo consolidou-se como região produtora agrícola e zona intermediária
de parada e pouso, convergindo rumo à vila de São Paulo Piratininga.
Durante o século XIX verificamos as primeiras iniciativas de ocupação
organizada da região com a introdução de colônias de imigrantes. Na
região do Jaraguá e entorno foram implantadas algumas fazendas de
café, expandindo-se a lavoura cafeeira para o oeste paulista. Do mesmo
modo, observou-se a introdução de pequenos engenhos e manufaturas
nas localidades ao redor da cidade intensificando-se também, atividades
extrativas referentes a pedreiras, fabrico de cal, caulim, etc.
Dentro deste contexto de povoamento da cidade de São Paulo e seus
arredores, podemos estabelecer três formas de ocupação da região: 1- A
expansão de núcleos coloniais do século XVI, com ruas de traçado
irregular acomodando-se aos compartimentos topográficos da paisagem,
e formação de uma cultura própria (cultura caipira); 2- O surgimento de
núcleos formados a partir de paradas/pousos de tropas, nos séculos XVII
e XVIII; 3 - O surgimento de núcleos conformados ao redor de estações
de linhas férreas a partir da segunda metade do século XIX como
Osasco e Nova Barueri.¹
A formação da cidade dos barões de café, a partir de meados do
século XIX até o primeiro quartel do século XX, consolida os arredores
paulistanos como zona de abastecimento do núcleo urbano em
crescimento acelerado. Na região Oeste se instalam, por exemplo, os
japoneses (criação da Cooperativa Agrícola de Cotia, por ex.),
portugueses e espanhóis à noroeste e Cantareira, levando à progressiva
dilatação do cinturão caipira. Do mesmo modo, essa região de entorno
passa a oferecer com intensidade cada vez maior de matérias-primas
básicas para a construção, com a exploração de areia e jazidas minerais,
além do fornecimento de lenha, seguido pela implantação de projetos de
reflorestamento (pinus e eucalipto), gerando os “ingredientes”
indispensáveis à manutenção do parque industrial em franco
crescimento. Fábricas de telhas e olarias foram instaladas ao longo de
todas as várzeas e em todos os trechos dos rios da cidade podiam ser
vistas barcaças garimpando e transportando areia para os portos
situados nas margens dos mesmos. Alguns desses portos foram
estabelecidos no Itaim Bibi, sendo um deles próximo à travessa do Porto,
hoje rua Luís Dias e um outro na rua do Porto, hoje Leopoldo Couto de
Magalhães Jr.
A região passa a atender também a outras funções com a transferência
de atividades e/ou acomodação de atividades outrora presentes no
núcleo urbano (hospital psiquiátrico do Juqueri, e o sanatório Bela vista
no Itaim Bibi, por exemplo). Ocorre a destinação de locais favoráveis à
implantação de atividades suporte à manutenção da cidade como
geração de energia (usina Edgard de Sousa), captação de água
(Cantareira), estabelecimento do Matadouro (Vila Mariana), implantação
de malha ferroviária, utilizando as várzeas que conduzem à formação ou
consolidação de núcleos populacionais (Osasco, Barueri, Perus, entre
outros).¹
Figura 3 - Parte de uma planta da cidade
de São Paulo onde podemos ver o
Matadouro e a área do bairro do Itaim
Bibi. 1913. Arquivo Público do Estado de
São Paulo
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Paulo/SP
São Paulo e os arredores Pág. 2
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4. A partir de inícios do século XX São Paulo passa a crescer de forma
acelerada tanto em extensão como em população, dilatando-se
radialmente para além de 15 quilômetros da zona central, onde
permaneceu contida ao longo dos últimos 300 anos. Antigas chácaras ao
redor do núcleo histórico da cidade foram loteadas e a área urbana
expandiu-se continuamente. Se na última década do século XIX, de 1890 a
1900, a população da cidade havia saltado de, aproximadamente, 65 mil
para 240 mil habitantes, em 1940 a cidade atingiu 1,3 milhões de
habitantes. Ao longo da década de 50 São Paulo viu sua população
ultrapassar a marca de 3,5 milhões de habitantes.
História Demográfica do Município de São Paulo. Disponível em:
http://smdu.prefeitura.sp.gov.br/historico_demografico/tabelas/pop_brasil.php
Figura 4 - Expansão territorial de São Paulo, 1922. Arquivo Público do
Estado de São Paulo
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São Paulo e os arredores Pág. 3
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5. Figura 5 - Expansão urbana da cidade de São Paulo. Prefeitura Municipal
de São Paulo. História Demográfica do Município de São Paulo.
Disponível em: http://sempla.prefeitura.sp.gov.br/historico/
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6. Com o contínuo crescimento da cidade foi necessário a remodelação do sistema viário. Em 1937 a cidade
recebeu seu primeiro grande projeto urbanístico, o chamado Plano de Avenidas elaborado por Prestes Maia.
Em sua expansão territorial rumo à periferia os principais rios, outrora importantes meio de circulação,
tornaram-se empecilhos. Muitos foram retificados, como o rio Pinheiros e Tietê, outros canalizados e aterrados
criando assim, novos espaços a serem ocupados.
Figura 7 - Bairro do Itaim Bibi com o Rio Pinheiros retificado. Planta
da Cidade de São Paulo e Municípios Circunvizinhos, 1958. Arquivo
Público do Estado de São Paulo.
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Figura 6 - Bairro do Itaim Bibi com o Rio Pinheiros antes da
retificação, 1930. Sara Brasil
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7. Figura 8 - Detalhe da planta de São Paulo com o Rio Tietê e o projeto de retificação em tracejado. Planta da cidade de São Paulo. Repartição de Águas e
Esgotos de São Paulo, Gilberto Nogueira, 1928. Arquivo Público do Estado de São Paulo
Figura 9 - Mapa com parte do Rio Tietê já retificado. Cidade de São Paulo, 1930. Arquivo Público do Estado de São Paulo.
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Paulo/SP
Surgimento do Bairro Pág. 7
Surgimento do bairro do Itaim
O bairro do Itaim Bibi, cujos
limites atuais são demarcados pela
Marginal do Rio Pinheiros (oeste) e
pelas Avenidas Cidade Jardim e
Nove de Julho (norte), São Gabriel
e Santo Amaro (leste), e
Presidente Juscelino Kubitschek
(sul), mantêm aproximadamente os
limites de quando surgiu, entre as
décadas de 1910 e 1920. A
extensa área onde hoje se
encontra o bairro era passagem
obrigatória para aqueles que se
dirigiam para Santo Amaro, vindos
do Centro e de Pinheiros. Muitos
anos antes das grandes avenidas
cortarem a região, já existiam
estradas que passavam por ali
como a Estrada das Boiadas e a
Estrada para Santo Amaro.
O núcleo central de povoamento
da região se deu a partir da região
conhecida como Sítio do Itaim, no
século XVIII. O local era uma
propriedade rural voltada à
pecuária e à plantação de produtos
agrícolas. A Casa bandeirista do
Itaim Bibi, atualmente, situada
entre a rua Iguatemi e avenida
Faria Lima foi a sede desse sítio.
Apesar de extensa, grande parte
dessa região era formada por
várzeas que ficavam
frequentemente inundadas com as
cheias dos rios que passavam por
ali. Entre eles podemos citar o
Ribeirão Uberaba e o Uberabinha,
Córrego Sapateiro, Córrego do
Curtume, o Córrego das Pedras e
o Córrego Verde. Todos eles
desembocando no Rio Pinheiros.
Na figura 11, um mapa de 1907,
podemos visualizá-los. Como a
região era alagadiça, o
estabelecimento de moradias se
deu na parte mais alta das terras.
Figura 10 - Distrito
do Itaim Bibi,
composto pelos
bairros do Itaim Bibi,
Vila Olímpia,
Brooklin, Vila
Cordeiro, Vila
Olímpia e Vila
Gertrudes.
Figura 11 – Detalhe de
planta da cidade de São
Paulo onde podemos
visualizar rios e
córregos presentes na
região do Itaim Bibi: Rio
Verde (tracejado em
vermelho), Rio das
Pedras (no centro),
Ribeirão Uberaba e Rio
Uberabinha. Planta da
cidade de São Paulo,
Graccho da Gama, 1907.
Arquivo Público do
Estado de São Paulo
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Surgimento do Bairro Pág. 8
Referências mais precisas do Sítio Itaim remontam a meados do
século XIX, em 1846, quando pertenceu a Anna Joaquina Duarte
Ferraz. Após sucessivos proprietários, em 1896, o sítio foi adquirido
pelo general José Vieira de Couto de Magalhães compreendendo a
área demarcada pelos Córregos Verde (nas proximidades do
Shopping Iguatemi, a norte), a Estrada de Santo Amaro até o Córrego
Uberabinha (próximo à atual Rua das Fiandeiras), e nos fundos o Rio
Pinheiros. No mapa abaixo podemos visualizar a área do sítio e a
indicação do seu proprietário.
Em 1907, Leopoldo Couto de Magalhães, irmão do general, comprou
as terras e fixou residência no local. Com sua morte, a área foi loteada
em pequenas chácaras e divididas entre seus herdeiros, ao longo da
década de 1910. Entre eles temos: Galileu Galilei Couto de
Magalhães, Leopoldo Couto de Magalhães Jr, conhecido como Bibi,
Zulmira Machado, José Salvador e Adolfo Rodriguesa, Maria Amália
de Magalhães Fleury, Antônio Carlos Couto De Magalhães. Na Planta
do levantamento e divisão judicial do Sítio do Itaim, da década de
1910, podemos ver a indicação dos lotes pertencentes a cada um dos
herdeiros e o nome atual das ruas. O terreno referente à casa
bandeirista ficou com Leopoldo Couto de Magalhães Jr.
Ao contrário do que ocorreu na Aclimação e nos Jardins América e
Europa onde o loteamento foi feito por companhias estrangeiras, no
ltaim ele foi realizado pelos próprios proprietários que dividiram suas
propriedades sem nenhum plano urbanístico. Os primeiros moradores
a se instalarem na região, após seu loteamento, foram imigrantes
italianos e portugueses, recém-chegados ao Brasil ou vindos de outros
bairros como o Bexiga. As primeiras áreas a serem ocupadas foram as
mais elevadas. As áreas próximas ao rio Pinheiros só ganharam
importância após a retificação do rio. Antes disso, a ocupação dessas
áreas alagadiças se prendiam às atividades exercidas por barqueiros
que retiravam a areia do rio, pelos portos de areia e olarias, instaladas
nas margens do rio Pinheiros, e que forneciam areia, tijolos e telhas
para as construções.
Na planta de 1922 podemos perceber os arruamentos do bairro e
suas primeiras edificações mais distantes do rio Pinheiros. O sítio do
Itaim, com sua sede no centro, ocupa grande parte das terras do
bairro. Destacamos que os primeiros lotes se caracterizavam por
serem retangulares, com a frente do terreno mais estreita do que seu
comprimento.
Figura 12 – Detalhe de uma planta de São Paulo, de 1921, em que aparece o
nome do proprietário do Sítio do Itaim, J. Couto de Magalhães. 1921. Arquivo
Público do Estado de São Paulo
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10. Av. Horácio Lafer – Itaim Bibi - São
Paulo/SP
Surgimento do Bairro Pág. 9
Figura 13 - Planta do Levantamento e Divisão Judicial do Sítio Itahim.
LOPES, Helena de Q. F. & TOLEDO, Vera L. V. Itaim-Bibi. São Paulo:
Departamento do Patrimônio Histórico, 1988.
Figura 14 – Detalhe da planta de São Paulo em que aparece o arruamento inicial do
sítio do Itaim. 1922. Arquivo Público do Estado de São Paulo
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11. A origem do nome, Itaim Bibi, se deu após o loteamento do bairro
com finalidade de diferenciar a região do já existente Itaim-Paulista.
Itaim revela ainda o passado indígena da região, significando “pedra
pequena”. Bibi é uma referência ao apelido do filho do antigo
proprietário da região, Leopoldo Couto de Magalhães. Vale destacar
que antes do bairro ter um dos preços por metro quadrado mais
caros de São Paulo ele foi ocupado por pequenos comerciantes,
homens de ofício, empregados do comércio e trabalhadores braçais
procurando terras baratas e um trabalho honesto.
Figura 15 - Planta da cidade de São Paulo, Graccho da Gama, 1907. Arquivo Público do
Estado de São Paulo
Nos últimos anos, o bairro passou por um forte
processo de verticalização. Isso se deu após a
canalização do Córrego do Sapateiro na década de 70,
e o surgimento da então Avenida Presidente Juscelino
Kubitschek. Hoje o gabarito do bairro é formado por
algumas edificações remanescentes de um ou dois
pavimentos e por edifícios altos, tanto residenciais
como de escritórios. Abaixo, montamos uma série de
mapas que evidenciam a ocupação do bairro do Itaim
Bibi.
Figura 16- 1926. Arquivo Público do Estado de São Paulo
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Surgimento do Bairro Pág. 10
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12. Av. Horácio Lafer – Itaim Bibi - São
Paulo/SP
Surgimento do Bairro Pág. 11
Figura 17 - Plantas da cidade de São Paulo mostrando seu
desenvolvimento, 1922. Arquivo Público do Estado de São Paulo
Figura 18 - Detalhe
da planta de São
Paulo com o Rio
Tietê e o projeto de
retificação em
tracejado. Planta da
cidade de São
Paulo. Repartição
de Águas e Esgotos
de São Paulo,
Gilberto Nogueira,
1928. Arquivo
Público do Estado
de São Paulo
Figura 19 – Bairro do
Itaim Bibi com o
Sanatório Bela Vista
(Casa Bandeirista) em
destaque. Mapa
topográfico do
Município de São Paulo,
1930. Sara Brasil.
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13. Figura 20 - Planta da Cidade de São Paulo e Municípios Circunvizinhos, 1958. Arquivo Público do Estado de São Paulo
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Surgimento do Bairro Pág. 12
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14. Av. Horácio Lafer – Itaim Bibi - São
Paulo/SP
A casa Bandeirista Pág. 13
A casa Bandeirista
Datada de meados do século XVIII, a
casa bandeirista foi sede do Sítio do
Itaim, como descrevemos acima. Até a
década de 1910 serviu como moradia e
sede da propriedade. Entre 1918 e 1921
o local abrigou o Abrigo Santa Maria.
Após ser adquirida pelo médico Brasílio
Marcondes Machado, em 19222, o local
abrigou no Sanatório Bela Vista. Com o
fim das atividades do sanatório, no início
da década de 1980, a propriedade foi
vendida.
Ao longo de sua trajetória, a edificação
sofreu diversas modificações em seu
interior e exterior para atender as
necessidades que surgiram com o
tempo. Algumas paredes, portas e
janelas foram suprimidas, assim como
novas edificações foram adicionadas ao
corpo da casa. Tal foram as mudanças
que na década de 1980 o aspecto da
Casa bandeirista do Itaim Bibi, como a
conhecemos hoje, era totalmente
diferente. Mas mesmo assim, faz-se
necessário destacar a importância do
local como núcleo central do
povoamento do bairro do Itaim Bibi
desde o século XVIII. Assim como, da
própria edificação que abrigou a sede do
sítio até inícios do século XX e,
posteriormente, o Abrigo e Sanatório e
fez parte do cotidiano das pessoas que
chegavam para morar na região.
Devido a importância que o local
assumiu, o Condephaat¹ e o Conpresp²
(órgãos de defesa do patrimônio cultural
do Estado de São Paulo e da cidade de
São Paulo, respectivamente) decidiram
pelo tombamento da casa. Anos depois
de seu tombamento a edificação passou
por um restauro. Após estudos
criteriosos, os restauradores optaram
por devolver ao prédio as supostas
feições que tinha quando foi construída,
no século XVIII. Por isso, suprimiram
todas as modificações feitas na
edificação ao longo dos anos. Na
imagem abaixo podemos ver a área total
do Sanatório Bela Vista. A parte
destacada em preto representa a área
da antiga Casa Bandeirista.
Figura 21 - Acréscimos feitos na casa bandeirista - SAIA, Helena. Casa
Bandeirista do Itaim: proposta de restauro. Março de 1999
CONDEPHAAT. Processo de Tombamento 20640-78 - Volumes 1 e 2: Sítio do Itaim. Disponível em:
http://www.arquicultura.fau.usp.br/index.php/encontre-o-bem-tombado/uso-original/arqueologico/sede-do-sitio-
itaim
Condephaat: processo 20640-78, homologado em 1982, Livro de Tombo
Histórico n. 225: 62; Conpresp, década de 1990, Resolução 05/1991.
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15. Figura 23 - Casas bandeiristas na cidade de São Paulo MAYUMI, Lia. Taipa, canela preta e
concreto: um estudo sobre a restauração de casas bandeiristas em São Paulo. São Paulo:
Tese de Doutorado, FAU-USP, 2005
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Paulo/SP
A casa Bandeirista Pág. 14
Cômodos, paredes e portas foram derrubadas ou
reconstruídas para que fosse possível reconstituir
as antigas feições iniciais da casa. Destacamos que
tudo isso aconteceu porque acredita-se que a casa
do Itaim, juntamente com outras edificações, são os
últimos exemplares de casas rurais paulistas
construídas no período colonial. Denominadas de
Casas bandeiristas, essas edificações apresentam
características construtivas semelhantes como:
planta baixa retangular; existência de alpendres na
parte frontal da casa; uso da taipa de pilão para
construção do corpo principal, e do de pau-a-pique
nas divisórias internas; entre outros. Em São Paulo,
além da casa do Itaim, podemos encontrar outros
representantes das casas bandeiristas como: a
Casa do Butantã, Casa do Tatuapé, Casa do
Caxingui, Sítio do Capão, Sítio da Ressaca, entre
outros.
Figura 22 - Casas Bandeiristas no Estado de São Paulo
MAYUMI, Lia. Taipa, canela preta e concreto: um estudo
sobre a restauração de casas bandeiristas em São Paulo.
São Paulo: Tese de Doutorado, FAU-USP, 2005
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17. Figura 24 - Fotos da Casa Bandeirista Fotos de Nelson Kon. Disponível em:
http://fotos.noticias.bol.uol.com.br/entretenimento/2013/04/06/conheca-o-projeto-de-restauro-
da-casa-bandeirista-do-itaim-em-sao-paulo.htm#fotoNav=1
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A casa Bandeirista Pág. 16
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18. Figura 25 - Plantas e
croquis da Casa
Bandeirista SAIA,
Helena. Casa
Bandeirista do Itaim:
proposta de restauro.
Março de 1999
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A casa Bandeirista Pág. 17
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19. Figura 25 - Plantas e croquis
da Casa Bandeirista SAIA,
Helena. Casa Bandeirista do
Itaim: proposta de restauro.
Março de 1999
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A casa Bandeirista Pág. 18
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A casa Bandeirista Pág. 19
A taipa de pilão é uma
técnica construtiva que
consiste na utilização de
barro prensado na
construção dos edifícios. O
barro é colocado em formas
de madeira, chamados
taipais, e, posteriormente, é
prensado com um pilão,
como pode ser observado
nas imagens abaixo. Após a
secagem, o taipal é
desmontado e deslocado
para a posição vizinha e
assim sucessivamente. Os
taipais são estruturados por
tábuas e montantes de
madeira que são fixados por
meio de cunhas, em baixo, e
um torniquete em cima. Suas
dimensões são de
aproximadamente 1,0 m de
altura por 3,0 a 4,0 m
lateralmente, e têm a
espessura final da parede,
0,6 m a 1 m.
Os taipais são dispostos de
modo a formar fiadas
horizontais de blocos de
taipa e têm as juntas
verticais normalmente
desencontradas. Na primeira
fiada o taipal é apoiado
diretamente no solo. Sobre
as fundações e para as
fiadas subseqüentes eram
colocadas transversalmente
à espessura madeiras roliças
a dois terços da altura, de
modo que quando da
execução da próxima fiada,
as agulhas ou cangalhas de
baixo eram enfiadas no
orifício (denominado de
codo) deixado após a
retirada dessa madeira que
tinha permanecido dentro do
bloco de taipa anterior. Nas
taipas remanescentes desse
período as marcas da
execução são facilmente
detectáveis, tanto das
camadas de terra apiloadas,
como dos tipos de junções
dos blocos de taipa e
também dos orifícios
ocupados para a elevação
do maciço de taipa. Esses
orifícios recebem uma
argamassa de terra após a
retirada do taipal e antes do
revestimento.
Figura 26 - Taipal e Pilão COLIN, Sílvio. Técnicas construtivas do período colonial. Imphic –
Instituto Hhistórico. Disponível em: http://coisasdaarquitetura.wordpress.com/
Figura 27 - Demonstração da construção do alicerce e das paredes utilizando Taipa de Pilão
COLIN, Sílvio. Técnicas construtivas do período colonial. Imphic – Instituto Hhistórico.
Disponível em: http://coisasdaarquitetura.wordpress.com/
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21. Figura 28 - Demonstração da Taipa de Pilão
http://www.arq.ufsc.br/arq5661/trabalhos_2005-1/taipa/taipa1.htm
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22. Av. Horácio Lafer – Itaim Bibi - São
Paulo/SP
A casa Bandeirista Pág. 21
O pau a pique, também conhecido como taipa de mão,
taipa de sopapo ou taipa de sebe, é outra técnica
construtiva que consiste no entrelaçamento de madeiras
verticais fixadas no solo, com vigas horizontais,
geralmente de bambu amarradas entre si por cipós,
dando origem a um grande painel perfurado. Depois de
pronto, esse painel é preenchido com barro.
Figura 29 - Demonstração de construções
realizadas com Taipa de Mão também chamada de
Pau a Pique
http://www.arq.ufsc.br/arq5661/trabalhos_2003-
1/ecovilas/pau_a_pique.htm
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23. Bibliografia
CAMARGO, Paulo Fernando Bava. O Itaim Bibi já foi um porto. HISTÓRIA e-HISTÓRIA, 03 de maio de 2004, ISSN 1807-1783. Disponível
em: http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=reportagens&ID=2#_ftn2
COLIN, Sílvio. Técnicas construtivas do período colonial. Imphic – Instituto Hhistórico. Disponível em:
http://coisasdaarquitetura.wordpress.com/
CONDEPHAAT. Processo de Tombamento 20640-78 - Volumes 1 e 2: Sítio do Itaim. Disponível em:
http://www.arquicultura.fau.usp.br/index.php/encontre-o-bem-tombado/uso-original/arqueologico/sede-do-sitio-itaim
Fotos da Casa Bandeirista do Itaim: http://fotos.noticias.bol.uol.com.br/entretenimento/2013/04/06/conheca-o-projeto-de-restauro-da-casa-bandeirista-
do-itaim-em-sao-paulo.htm#fotoNav=1
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