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18th November 2012
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EU NÃO
BOCA....sair...para dentro deste mundo...este mundo...coisa pequenininha... antes do tempo... em um miseráv...
o quê?... menina?... sim... menina pequenininha...neste... sair para entrar neste... antes de seu tempo... buraco
miserável chamado...chamado...não importa...pais desconhecidos...não se ouviu (falar) deles... ele tendo
desaparecido... evaporou... mal abotoou as calças ... ela do mesmo modo...oito meses depois...quase num
instante... logo sem amor... poupado... sem amor como o expressado normalmente ao... bebê sem fala... no lar...
sem... nem, de fato, por essa razão, qualquer um, de qualquer tipo... sem amor de qualquer tipo... em qualquer
fase subseqüente... um caso tão típico... nada notado até chegar aos sessenta quando — ... o quê?... setenta?...
bom Deus!... chegando aos setenta... vagueando num campo... andando à toa à procura de primaveras... fazer
uma bola... alguns passos e então parar... olhar o espaço... então seguir... um pouco mais... parar e olhar de
novo... e assim por diante... andando sem rumo... quando de repente... gradualmente... tudo se foi... tudo
naquela luz matinal de abril... e ela se viu no — ... o quê?... quem?... não!.. ela!... [Pausa e movimentoI.]...viu-se
no escuro... e se não exatamente...sem vida... sem vida... pois ela ainda podia ouvir o zumbido... assim
chamado... nos ouvidos... e um raio de luz vinha e ia... vinha e ia... como a luz da lua ... oscilando...para dentro e
fora da nuvem... mas tão entorpecida... sentindo... sentindo-se tão entorpecida... ela não sabia... em que posição
estava... imagine!... em que posição ela estava!... se de pé... ou sentada... mas o cérebro—... o quê?...
ajoelhada?... sim... se de pé... ou sentada... ou ajoelhada... mas o cérebro—... o quê?... deitada?... sim... se de pé...
ou sentada... ou ajoelhada... ou deitada... mas o cérebro ainda... ainda... de certa forma... pois seu primeiro
pensamento foi... ah muito depois... lembrança repentina... criada como ela foi para acreditar... com os outros
abandonados... em um Deus... [Risada.]...misericordioso [Gargalhada]... seu primeiro pensamento foi... ah
muito depois... lembrança repentina... ela estava sendo punida... pois seus pecados... vários dos quais... mais
EU NÃO de SAMUEL BECKETT traduzido por Lúcia
Rosa
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prova se fosse necessária prova... passavam rápido por sua mente...um atrás do outro... então descartado por
serem tolos... ah muito depois... esse pensamento descartado... quando de repente ela percebeu... percebeu
gradualmente... ela não estava sofrendo... imagine! ...sem sofrimento!...ela não podia mesmo se lembrar... não
queria... quando tinha sofrido menos... a não ser, é claro, que deveria... estar sofrendo...ah! pensou estar
sofrendo...justo na hora estranha ... na vida dela... quando claramente pretendia estar tendo prazer...de fato ela
não estava tendo...o menor... e nesse caso, é claro... essa noção de punição... por algum pecado ou outro... ou por
todos juntos... ou por nenhuma razão particular... pelo próprio pecado... coisa que ela entendia perfeitamente...
aquela noção de punição...que lhe ocorreu pela primeira vez... criada para acreditar... como os outros
abandonados... em um Deus... [Risada] misericordioso... [Gargalhada]... Deus...lhe ocorreu pela primeira vez...
então descartou...como tolice... talvez não fosse tanta tolice... afinal... e assim ia... tudo aquilo... justificativas
vãs... até que outro pensamento... ah, muito depois... lembrança repentina... muito tola, realmente, mas—... o
quê?..o zumbido?.. sim... o zumbido o tempo todo... assim chamado... nos ouvidos... embora é claro, realmente...
não nos ouvidos de todos... no crânio... barulho monótono no crânio... e o tempo todo esse raio ou clarão... como
o luar...mas provavelmente não... certamente não... sempre o mesmo ponto... agora brilhante... agora
encoberto... mas sempre o mesmo ponto... como lua nenhuma podia... não... lua nenhuma... simplesmente tudo
parte do mesmo desejo de... atormentar... embora realmente, de fato... nem um pouco... nenhuma pontada... até
aqui...ha!... até aqui... esse outro pensamento então... ah muito depois... lembrança repentina... muito tola
realmente mas como ela... de uma forma... que ela poderia fazer bem em... gemer... começar e parar...
contorcer-se ela não podia... como se em real agonia... mas não podia... não podia trazer para si... uma falha em
sua montagem... incapaz de enganar.. ou a máquina... mais provavelmente a máquina...tão
desconectada...nunca recebeu a mensagem... ou sem energia para responder... tão amortecida... não podia fazer
o som... qualquer som... nenhum som de qualquer tipo...nenhum grito de ajuda por exemplo... se ela se sentisse
tão inclinada... gritar... [Gritos]... então ouvir... [Silêncio]... gritar de novo... [Gritos de novo]... então ouvir de
novo... [Silêncio]... não... dispensou aquilo... tudo silencioso como o túmulo... nenhuma parte—... o quê?.. o
zumbido? sim... tudo silencioso, apenas o zumbido... assim chamado... nenhuma parte dela se movendo... que
ela pudesse sentir... só as pálpebras... presumivelmente... abrindo e fechando... apagam a luz... reflexo, eles
chamam a isso... sem sentimentos de qualquer tipo... mas as pálpebras... mesmo nos melhores dias... quem as
sente?... abrindo...fechando... toda aquela umidade...mas o cérebro ainda...ainda suficientemente... ah
muito!...neste estágio... em controle... sob controle... para questionar mesmo isso... pois naquela manhã de
abril... assim ele raciocinou... naquela manhã de abril... ela estava fixando seu olho... um sino distante...
enquanto ela apressou-se até ele... fixando o olho nele... com medo que ele a enganasse... nem tudo tinha
desaparecido ... toda aquela luz... de si... sem qualquer...qualquer... por parte dela... e assim ia... e assim ia,
raciocinava... questionamentos vãos... e todos mortos imóveis... docemente silentes como o túmulo... quando de
repente... gradualmente... ela perceb—... o quê?... o zumbido? sim... tudo imóvel, morto; apenas o zumbido...
quando de repente ela percebeu... as palavras eram—... o quê?... quem?... não!... ela!.. [Pausa e movimento 2.]...
percebeu... as palavras estavam vindo...imagine!... palavras vinham... uma voz que ela não reconheceu no início,
desde que tinha soado... então finalmente teve de admitir... não poderia ser outra... senão ela própria... certos
sons de vogais... ela nunca os tinha ouvido... em outro lugar... então as pessoas olhariam... as raras ocasiões...
uma ou duas vezes por ano...sempre inverno uma estranha razão... olhar para sua incompreensível... e agora este
fluxo... fluxo contínuo... ela que nunca tinha... pelo contrário... praticamente emudecida... todos os seus dias...
como ela sobreviveu!... mesmo compras... sair para as compras... centro de compras movimentado...
supermerc...a mão na lista... com a sacola... a velha sacola preta de compras... então ficar lá esperando... por um
tempo... meio da multidão... imóvel... olhando para o espaço... a boca semi-aberta como de costume...até que ela
estava de volta em sua mão... a sacola de volta em sua mão...então pagar e ir... não muito mais que até logo...
como ela sobreviveu!... e agora este fluxo... sem captar a metade dele... nem um quarto... nenhuma idéia... o que
ela estava dizendo... imagine! nenhuma idéia que ela estivesse dizendo!... até que ela começou a tentar...
enganar-se... não era dela... não era a voz dela... e sem dúvida teria... vital ela devesse... estava a ponto de...
depois de longos esforços... quando de repente ela sentiu... gradualmente ela sentiu...seus lábios se mexendo...
imagine!... seus lábios se mexendo!...como é claro até então ela não tinha... e não só os lábios... as bochechas... as
mandíbulas... a face toda... todas aquelas—... o quê?... a língua?... sim... a língua na boca... todas aquelas
contorções sem as quais... nenhuma fala é possível... e no entanto da maneira comum... não sentidas... então a
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primeira intenção é... sobre o que se está dizendo... o ser todo... pendurando-se em suas palavras... de modo que
não só ela tinha... se ela tivesse... não só ela tinha... desistir... admitir a dela sozinha... sua voz só... mas esse outro
pensamento estranho... ah muito depois... lembrança repentina...ainda mais estranho se possível... aquele
sentimento estava voltando... imagine! sentimento voltando!... começando em cima... então descendo... a
máquina toda... mas não... desperdício... a boca só... até aqui... ah! até aqui... então pensando... ah muito
depois... lembrança repentina... não pode continuar... tudo isto... tudo aquilo... fluxo contínuo... esforçando-se
para ouvir... fazendo alguma coisa disso... e os próprios pensamentos dela... fazendo alguma coisa deles...
tudo—... o quê? o zumbido?... sim... o zumbido o tempo todo... assim chamado... tudo aquilo junto... imagine! o
corpo todo como se (tivesse) ido... só a boca... lábios... bochechas... mandíbulas... nunca—... o quê?... língua?
sim... lábios... bochechas... mandíbulas... língua... nunca parados um segundo... a boca em chama... fluxo de
palavras... em seu ouvido... praticamente em seu ouvido... sem captar a metade... nem um quarto... nenhuma
idéia do que ela está dizendo... imagine!... nenhuma idéia do que ela está dizendo!... e não pode parar... sem
parar... ela que um momento antes... só um momento! não podia fazer um som... nenhum som de qualquer
tipo... agora não pode parar... imagine!... não pode parar o fluxo... e o cérebro todo implorando... alguma coisa
implorando no cérebro... implorando à boca para parar... pausa por um momento... apenas por um momento...
e nenhuma resposta... como se ele não tivesse ouvido... ou não podia... não podia parar por um segundo... como
se enlouquecido... tudo aquilo junto... esforçando-se para ouvir... juntando pedaços... e o cérebro... falando
incoerentemente por si... tentando fazer sentido disso... ou fazê-lo parar... ou no passado... arrastando o passado.
lembranças de toda parte... mais de passeios... andando todos os dias dela... dia após dia... alguns passos e então
parar... olhar pelo espaço.. então seguir... um pouco mais... parar e olhar de novo... e assim ia... vagueando... dia
após dia... ou naquele momento ela chorou... aquele momento de que ela podia se lembrar... desde que era
bebê... deve ter chorado quando bebê... talvez não... não essencial para a vida... apenas o choro de nascimento
para fazê-la ... respirar... então nada mais até esta... já uma bruxa velha... sentada olhando para sua mão... onde
foi isso? Croker’s Acres... uma noite a caminho de casa... casa! ...uma pequena colina em Croker’s Acres...
anoitecer... sentada olhando para sua mão... ali em seu colo... palma para cima... de repente viu-a molhada... a
palma... lágrimas, presumivelmente...dela presumivelmente... ninguém mais por milhas... nenhum som... só as
lágrimas... sentada e olhando-as secarem... tudo num segundo... ou tentando uma saída... o cérebro...
tremulando por si só...e seguir... nada lá... até a próxima... fraco como a voz... pior... como pouco sentido... tudo
aquilo junto... não pode—... o quê?... o zumbido?... sim... o zumbido o tempo todo... barulho monótono como
queda d’água... e os raios... piscando... começando a se mover à volta... como o luar mas não... tudo parte do
mesmo... olho fixado naquilo também... o canto do olho... tudo aquilo junto ... não posso continuar...Deus é
amor... ela será purgada... de volta ao campo... manhã de sol... abril... afundar a face na grama... nada, apenas
as cotovias... e coisa e tal... tentando salvar-se.. esforçando-se para ouvir... a palavra estranha...fazer algum
sentido dela... o corpo todo como ido... apenas a boca... como enlouquecida... e não pode parar... nada a faz
parar... algo que ela—... algo que ela tinha que...—... o quê?... quem?... não!... ela!...[Pausa e movimento 3.]...
algo que ela tinha que—... o quê?... o zumbido?... sim... o tempo todo o zumbido... barulho monótono... no
crânio... e os raios... pondo às claras... indolor... até aqui... ah! até aqui... então pensando... ah muito tempo...
lembrança repentina... talvez alguma coisa que ela tivesse que... tivesse que ... dizer... podia ser isso?... alguma
coisa que ela tinha que... dizer... coisa pequenininha... antes do tempo... buraco miserável... sem amor...
dispensou-o... emudecida todos os seus dias... praticamente emudecida... como ela sobreviveu!... aquele tempo
no tribunal... o que ela tinha a dizer por si mesma... culpada ou não culpada... levanta mulher... fala mulher...
levantou-se lá olhando o espaço... a boca meio aberta como de costume... esperando para ser levada... contente
da mão em seu braço... agora isto... alguma coisa ela tinha que dizer... poderia ser isso?... alguma coisa diria...
como foi... como ela—... o quê?... tinha sido?... sim... alguma coisa que diria como tinha sido... como ela tinha
vivido... vivido repetidamente... culpada ou não... e assim foi... ter sessenta... alguma coisa ela—... o quê?...
setenta?... bom Deus!... continuou até ter setenta... alguma coisa que ela mesma não sabia... não saberia se
ouvisse... então perdoada... Deus é amor... piedade generosa... nova toda manhã... de volta ao campo...manhã de
abril... face na grama... nada, apenas as cotovias... retomar lá... seguir em frente a partir de lá...outros
poucos—... o quê?... não é isso?... nada a ver com isso?...nada que ela pudesse dizer?... tudo bem...nada que ela
pudesse dizer... tentar outra coisa... pensar em outra coisa... ah muito depois...lembrança repentina... também
não era aquilo... tudo bem... alguma coisa mais... e assim ia... no final... pensar que tudo continua por tempo
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suficiente... então perdoada... de volta no—... o quê?... também não é isso?...nada a ver com isso também?...
nada que ela pudesse pensar?... tudo bem... nada que ela pudesse dizer... nada que ela pudesse pensar... nada
que ela—... o quê?... quem?... não!... ela!...[Pausa e movimento 4.]... coisa pequenininha... saída antes de seu
tempo... buraco miserável... sem amor... poupado... emudecida todos os seus dias... praticamente emudecida...
mesmo para ela mesma... nunca em voz alta... mas não completamente... às vezes um impulso repentino...uma
ou duas vezes ao ano... sempre inverno por alguma razão estranha... as noites longas... horas de escuridão...
impulso repentino de... dizer... então apressar-se para parar a primeira vez que viu... o lavatório mais próximo...
começar a transbordar... fluxo contínuo... coisa louca... metade das vogais erradas... ninguém conseguia
acompanhar... até que ela viu o olhar que estava recebendo... então morrer de vergonha... afastar-se de
mansinho... uma ou duas vezes por ano... sempre inverno por alguma razão estranha... longas horas de
escuridão... agora isto... isto... mais e mais rápido... as palavras... o cérebro... tremulando como louco... agarrar
rápido e .. nada lá... em algum outro lugar... experimentar outro lugar... o tempo todo alguma coisa
implorando...alguma coisa nela implorando... implorando a tudo para parar... não atendida ... oração não
atendida...ou não ouvida... fraca demais... e vai... continua... tentando... sem saber o quê... o que ela estava
tentando... o que tentar... o corpo todo como se (tivera) ido... apenas a boca... como que enlouquecida... e vai...
continua—...o quê?... o zumbido?... sim... o tempo todo o zumbido... barulho monótono como queda d’água... no
crânio... e os raios... vasculhando algo... indolor... até aqui... ha!... tudo isto... continua... sem saber o quê?... o
que ela estava—... o quê?... quem?... não!... ela!... ELA!... [Pausa.]... o que ela estava tentando... o que tentar...
não importa... continua... [As cortinas começam a descer]... encontrar uma solução no final... então voltar...
Deus é amor... piedades generosas... novas, todas as manhãs... de volta ao campo... manhã de abril... face na
grama... nada, só as cotovias... retomar—
[Desce a cortina. Casa escura. Voz continua por trás da cortina, ininteligível, 10 segundos, cessa quando as luzes
se acendem.]
Tradução: Lúcia Rosa
Postado há 18th November 2012 por Marcelo Ariel
Marcadores: Manifestos, poesia e existência.delírio e sonho. consciência do replicante., Vida do corpo dentro
da alma
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  • 1. 18th November 2012 [https://www.facebook.com/editnote.php?draft&note_id=487024644662669&id=844379719] [http://3.bp.blogspot.com/-UVudNSziuwc/UKjn_4CSduI/AAAAAAAACyI /XnByzuD3aAg/s1600/gracq-dark-stranger.jpg] EU NÃO BOCA....sair...para dentro deste mundo...este mundo...coisa pequenininha... antes do tempo... em um miseráv... o quê?... menina?... sim... menina pequenininha...neste... sair para entrar neste... antes de seu tempo... buraco miserável chamado...chamado...não importa...pais desconhecidos...não se ouviu (falar) deles... ele tendo desaparecido... evaporou... mal abotoou as calças ... ela do mesmo modo...oito meses depois...quase num instante... logo sem amor... poupado... sem amor como o expressado normalmente ao... bebê sem fala... no lar... sem... nem, de fato, por essa razão, qualquer um, de qualquer tipo... sem amor de qualquer tipo... em qualquer fase subseqüente... um caso tão típico... nada notado até chegar aos sessenta quando — ... o quê?... setenta?... bom Deus!... chegando aos setenta... vagueando num campo... andando à toa à procura de primaveras... fazer uma bola... alguns passos e então parar... olhar o espaço... então seguir... um pouco mais... parar e olhar de novo... e assim por diante... andando sem rumo... quando de repente... gradualmente... tudo se foi... tudo naquela luz matinal de abril... e ela se viu no — ... o quê?... quem?... não!.. ela!... [Pausa e movimentoI.]...viu-se no escuro... e se não exatamente...sem vida... sem vida... pois ela ainda podia ouvir o zumbido... assim chamado... nos ouvidos... e um raio de luz vinha e ia... vinha e ia... como a luz da lua ... oscilando...para dentro e fora da nuvem... mas tão entorpecida... sentindo... sentindo-se tão entorpecida... ela não sabia... em que posição estava... imagine!... em que posição ela estava!... se de pé... ou sentada... mas o cérebro—... o quê?... ajoelhada?... sim... se de pé... ou sentada... ou ajoelhada... mas o cérebro—... o quê?... deitada?... sim... se de pé... ou sentada... ou ajoelhada... ou deitada... mas o cérebro ainda... ainda... de certa forma... pois seu primeiro pensamento foi... ah muito depois... lembrança repentina... criada como ela foi para acreditar... com os outros abandonados... em um Deus... [Risada.]...misericordioso [Gargalhada]... seu primeiro pensamento foi... ah muito depois... lembrança repentina... ela estava sendo punida... pois seus pecados... vários dos quais... mais EU NÃO de SAMUEL BECKETT traduzido por Lúcia Rosa EU NÃO de SAMUEL BECKETT traduzido por Lúcia Rosa http://teatrofantasma.blogspot.com.br/2012/11/eu-nao-de-samuel-beckett... 1 de 4 11/12/2013 21:30
  • 2. prova se fosse necessária prova... passavam rápido por sua mente...um atrás do outro... então descartado por serem tolos... ah muito depois... esse pensamento descartado... quando de repente ela percebeu... percebeu gradualmente... ela não estava sofrendo... imagine! ...sem sofrimento!...ela não podia mesmo se lembrar... não queria... quando tinha sofrido menos... a não ser, é claro, que deveria... estar sofrendo...ah! pensou estar sofrendo...justo na hora estranha ... na vida dela... quando claramente pretendia estar tendo prazer...de fato ela não estava tendo...o menor... e nesse caso, é claro... essa noção de punição... por algum pecado ou outro... ou por todos juntos... ou por nenhuma razão particular... pelo próprio pecado... coisa que ela entendia perfeitamente... aquela noção de punição...que lhe ocorreu pela primeira vez... criada para acreditar... como os outros abandonados... em um Deus... [Risada] misericordioso... [Gargalhada]... Deus...lhe ocorreu pela primeira vez... então descartou...como tolice... talvez não fosse tanta tolice... afinal... e assim ia... tudo aquilo... justificativas vãs... até que outro pensamento... ah, muito depois... lembrança repentina... muito tola, realmente, mas—... o quê?..o zumbido?.. sim... o zumbido o tempo todo... assim chamado... nos ouvidos... embora é claro, realmente... não nos ouvidos de todos... no crânio... barulho monótono no crânio... e o tempo todo esse raio ou clarão... como o luar...mas provavelmente não... certamente não... sempre o mesmo ponto... agora brilhante... agora encoberto... mas sempre o mesmo ponto... como lua nenhuma podia... não... lua nenhuma... simplesmente tudo parte do mesmo desejo de... atormentar... embora realmente, de fato... nem um pouco... nenhuma pontada... até aqui...ha!... até aqui... esse outro pensamento então... ah muito depois... lembrança repentina... muito tola realmente mas como ela... de uma forma... que ela poderia fazer bem em... gemer... começar e parar... contorcer-se ela não podia... como se em real agonia... mas não podia... não podia trazer para si... uma falha em sua montagem... incapaz de enganar.. ou a máquina... mais provavelmente a máquina...tão desconectada...nunca recebeu a mensagem... ou sem energia para responder... tão amortecida... não podia fazer o som... qualquer som... nenhum som de qualquer tipo...nenhum grito de ajuda por exemplo... se ela se sentisse tão inclinada... gritar... 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[Silêncio]... não... dispensou aquilo... tudo silencioso como o túmulo... nenhuma parte—... o quê?.. o zumbido? sim... tudo silencioso, apenas o zumbido... assim chamado... nenhuma parte dela se movendo... que ela pudesse sentir... só as pálpebras... presumivelmente... abrindo e fechando... apagam a luz... reflexo, eles chamam a isso... sem sentimentos de qualquer tipo... mas as pálpebras... mesmo nos melhores dias... quem as sente?... abrindo...fechando... toda aquela umidade...mas o cérebro ainda...ainda suficientemente... ah muito!...neste estágio... em controle... sob controle... para questionar mesmo isso... pois naquela manhã de abril... assim ele raciocinou... naquela manhã de abril... ela estava fixando seu olho... um sino distante... enquanto ela apressou-se até ele... fixando o olho nele... com medo que ele a enganasse... nem tudo tinha desaparecido ... toda aquela luz... de si... sem qualquer...qualquer... por parte dela... e assim ia... e assim ia, raciocinava... questionamentos vãos... e todos mortos imóveis... docemente silentes como o túmulo... quando de repente... gradualmente... ela perceb—... o quê?... o zumbido? sim... tudo imóvel, morto; apenas o zumbido... quando de repente ela percebeu... as palavras eram—... o quê?... quem?... não!... ela!.. [Pausa e movimento 2.]... percebeu... as palavras estavam vindo...imagine!... palavras vinham... uma voz que ela não reconheceu no início, desde que tinha soado... então finalmente teve de admitir... não poderia ser outra... senão ela própria... certos sons de vogais... ela nunca os tinha ouvido... em outro lugar... então as pessoas olhariam... as raras ocasiões... uma ou duas vezes por ano...sempre inverno uma estranha razão... olhar para sua incompreensível... e agora este fluxo... fluxo contínuo... ela que nunca tinha... pelo contrário... praticamente emudecida... todos os seus dias... como ela sobreviveu!... mesmo compras... sair para as compras... centro de compras movimentado... supermerc...a mão na lista... com a sacola... a velha sacola preta de compras... então ficar lá esperando... por um tempo... meio da multidão... imóvel... olhando para o espaço... a boca semi-aberta como de costume...até que ela estava de volta em sua mão... a sacola de volta em sua mão...então pagar e ir... não muito mais que até logo... como ela sobreviveu!... e agora este fluxo... sem captar a metade dele... nem um quarto... nenhuma idéia... o que ela estava dizendo... imagine! nenhuma idéia que ela estivesse dizendo!... até que ela começou a tentar... enganar-se... não era dela... não era a voz dela... e sem dúvida teria... vital ela devesse... estava a ponto de... depois de longos esforços... quando de repente ela sentiu... gradualmente ela sentiu...seus lábios se mexendo... imagine!... seus lábios se mexendo!...como é claro até então ela não tinha... e não só os lábios... as bochechas... as mandíbulas... a face toda... todas aquelas—... o quê?... a língua?... sim... a língua na boca... todas aquelas contorções sem as quais... nenhuma fala é possível... e no entanto da maneira comum... não sentidas... então a EU NÃO de SAMUEL BECKETT traduzido por Lúcia Rosa http://teatrofantasma.blogspot.com.br/2012/11/eu-nao-de-samuel-beckett... 2 de 4 11/12/2013 21:30
  • 3. primeira intenção é... sobre o que se está dizendo... o ser todo... pendurando-se em suas palavras... de modo que não só ela tinha... se ela tivesse... não só ela tinha... desistir... admitir a dela sozinha... sua voz só... mas esse outro pensamento estranho... ah muito depois... lembrança repentina...ainda mais estranho se possível... aquele sentimento estava voltando... imagine! sentimento voltando!... começando em cima... então descendo... a máquina toda... mas não... desperdício... a boca só... até aqui... ah! até aqui... então pensando... ah muito depois... lembrança repentina... não pode continuar... tudo isto... tudo aquilo... fluxo contínuo... esforçando-se para ouvir... fazendo alguma coisa disso... e os próprios pensamentos dela... fazendo alguma coisa deles... tudo—... o quê? o zumbido?... sim... o zumbido o tempo todo... assim chamado... tudo aquilo junto... imagine! o corpo todo como se (tivesse) ido... só a boca... lábios... bochechas... mandíbulas... nunca—... o quê?... língua? sim... lábios... bochechas... mandíbulas... língua... nunca parados um segundo... a boca em chama... fluxo de palavras... em seu ouvido... praticamente em seu ouvido... sem captar a metade... nem um quarto... nenhuma idéia do que ela está dizendo... imagine!... nenhuma idéia do que ela está dizendo!... e não pode parar... sem parar... ela que um momento antes... só um momento! não podia fazer um som... nenhum som de qualquer tipo... agora não pode parar... imagine!... não pode parar o fluxo... e o cérebro todo implorando... alguma coisa implorando no cérebro... implorando à boca para parar... pausa por um momento... apenas por um momento... e nenhuma resposta... como se ele não tivesse ouvido... ou não podia... não podia parar por um segundo... como se enlouquecido... tudo aquilo junto... esforçando-se para ouvir... juntando pedaços... e o cérebro... falando incoerentemente por si... tentando fazer sentido disso... ou fazê-lo parar... ou no passado... arrastando o passado. lembranças de toda parte... mais de passeios... andando todos os dias dela... dia após dia... alguns passos e então parar... olhar pelo espaço.. então seguir... um pouco mais... parar e olhar de novo... e assim ia... vagueando... dia após dia... ou naquele momento ela chorou... aquele momento de que ela podia se lembrar... desde que era bebê... deve ter chorado quando bebê... talvez não... não essencial para a vida... apenas o choro de nascimento para fazê-la ... respirar... então nada mais até esta... já uma bruxa velha... sentada olhando para sua mão... onde foi isso? Croker’s Acres... uma noite a caminho de casa... casa! ...uma pequena colina em Croker’s Acres... anoitecer... sentada olhando para sua mão... ali em seu colo... palma para cima... de repente viu-a molhada... a palma... lágrimas, presumivelmente...dela presumivelmente... ninguém mais por milhas... nenhum som... só as lágrimas... sentada e olhando-as secarem... tudo num segundo... ou tentando uma saída... o cérebro... tremulando por si só...e seguir... nada lá... até a próxima... fraco como a voz... pior... como pouco sentido... tudo aquilo junto... não pode—... o quê?... o zumbido?... sim... o zumbido o tempo todo... barulho monótono como queda d’água... e os raios... piscando... começando a se mover à volta... como o luar mas não... tudo parte do mesmo... olho fixado naquilo também... o canto do olho... tudo aquilo junto ... não posso continuar...Deus é amor... ela será purgada... de volta ao campo... manhã de sol... abril... afundar a face na grama... nada, apenas as cotovias... e coisa e tal... tentando salvar-se.. esforçando-se para ouvir... a palavra estranha...fazer algum sentido dela... o corpo todo como ido... apenas a boca... como enlouquecida... e não pode parar... nada a faz parar... algo que ela—... algo que ela tinha que...—... o quê?... quem?... não!... ela!...[Pausa e movimento 3.]... algo que ela tinha que—... o quê?... o zumbido?... sim... o tempo todo o zumbido... barulho monótono... no crânio... e os raios... pondo às claras... indolor... até aqui... ah! até aqui... então pensando... ah muito tempo... lembrança repentina... talvez alguma coisa que ela tivesse que... tivesse que ... dizer... podia ser isso?... alguma coisa que ela tinha que... dizer... coisa pequenininha... antes do tempo... buraco miserável... sem amor... dispensou-o... emudecida todos os seus dias... praticamente emudecida... como ela sobreviveu!... aquele tempo no tribunal... o que ela tinha a dizer por si mesma... culpada ou não culpada... levanta mulher... fala mulher... levantou-se lá olhando o espaço... a boca meio aberta como de costume... esperando para ser levada... contente da mão em seu braço... agora isto... alguma coisa ela tinha que dizer... poderia ser isso?... alguma coisa diria... como foi... como ela—... o quê?... tinha sido?... sim... alguma coisa que diria como tinha sido... como ela tinha vivido... vivido repetidamente... culpada ou não... e assim foi... ter sessenta... alguma coisa ela—... o quê?... setenta?... bom Deus!... continuou até ter setenta... alguma coisa que ela mesma não sabia... não saberia se ouvisse... então perdoada... Deus é amor... piedade generosa... nova toda manhã... de volta ao campo...manhã de abril... face na grama... nada, apenas as cotovias... retomar lá... seguir em frente a partir de lá...outros poucos—... o quê?... não é isso?... nada a ver com isso?...nada que ela pudesse dizer?... tudo bem...nada que ela pudesse dizer... tentar outra coisa... pensar em outra coisa... ah muito depois...lembrança repentina... também não era aquilo... tudo bem... alguma coisa mais... e assim ia... no final... pensar que tudo continua por tempo EU NÃO de SAMUEL BECKETT traduzido por Lúcia Rosa http://teatrofantasma.blogspot.com.br/2012/11/eu-nao-de-samuel-beckett... 3 de 4 11/12/2013 21:30
  • 4. suficiente... então perdoada... de volta no—... o quê?... também não é isso?...nada a ver com isso também?... nada que ela pudesse pensar?... tudo bem... nada que ela pudesse dizer... nada que ela pudesse pensar... nada que ela—... o quê?... quem?... não!... ela!...[Pausa e movimento 4.]... coisa pequenininha... saída antes de seu tempo... buraco miserável... sem amor... poupado... emudecida todos os seus dias... praticamente emudecida... mesmo para ela mesma... nunca em voz alta... mas não completamente... às vezes um impulso repentino...uma ou duas vezes ao ano... sempre inverno por alguma razão estranha... as noites longas... horas de escuridão... impulso repentino de... dizer... então apressar-se para parar a primeira vez que viu... o lavatório mais próximo... começar a transbordar... fluxo contínuo... coisa louca... metade das vogais erradas... ninguém conseguia acompanhar... até que ela viu o olhar que estava recebendo... então morrer de vergonha... afastar-se de mansinho... uma ou duas vezes por ano... sempre inverno por alguma razão estranha... longas horas de escuridão... agora isto... isto... mais e mais rápido... as palavras... o cérebro... tremulando como louco... agarrar rápido e .. nada lá... em algum outro lugar... experimentar outro lugar... o tempo todo alguma coisa implorando...alguma coisa nela implorando... implorando a tudo para parar... não atendida ... oração não atendida...ou não ouvida... fraca demais... e vai... continua... tentando... sem saber o quê... o que ela estava tentando... o que tentar... o corpo todo como se (tivera) ido... apenas a boca... como que enlouquecida... e vai... continua—...o quê?... o zumbido?... sim... o tempo todo o zumbido... barulho monótono como queda d’água... no crânio... e os raios... vasculhando algo... indolor... até aqui... ha!... tudo isto... continua... sem saber o quê?... o que ela estava—... o quê?... quem?... não!... ela!... ELA!... [Pausa.]... o que ela estava tentando... o que tentar... não importa... continua... [As cortinas começam a descer]... encontrar uma solução no final... então voltar... Deus é amor... piedades generosas... novas, todas as manhãs... de volta ao campo... manhã de abril... face na grama... nada, só as cotovias... retomar— [Desce a cortina. Casa escura. Voz continua por trás da cortina, ininteligível, 10 segundos, cessa quando as luzes se acendem.] Tradução: Lúcia Rosa Postado há 18th November 2012 por Marcelo Ariel Marcadores: Manifestos, poesia e existência.delírio e sonho. consciência do replicante., Vida do corpo dentro da alma EU NÃO de SAMUEL BECKETT traduzido por Lúcia Rosa http://teatrofantasma.blogspot.com.br/2012/11/eu-nao-de-samuel-beckett... 4 de 4 11/12/2013 21:30