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Projeto Pedagógico na escola pública: uma prática possível.
Adriana Porto da Silva
Heloisa de Souza
Simone Ferreira Borges de Alcântara
Resumo: O presente trabalho, Projeto Pedagógico na escola pública: uma prática
possível, destaca a importância do uso da metodologia da pedagogia de projetos como
instrumento de ensino-aprendizagem na escola pública. Apresenta experiências da
prática pedagógica da Escola Municipal Jornalista Alberto Torres, localizada na cidade
de Itaboraí, região metropolitana do Rio de Janeiro, durante o ano letivo de
2013. Ressalta que, embora haja muitas dificuldades no uso desta metodologia, sua
prática é de fundamental importância na construção de uma educação pública de
qualidade.
Palavras-Chave: Pedagogia de Projetos; Projeto Pedagógico; Interdisciplinaridade.
2
PROJETO PEDAGÓGICO NA ESCOLA PÚBLICA: UMA PRÁTICA POSSÍVEL
Adriana Porto da Silva
Heloisa de Souza
Simone Ferreira Borges de Alcântara
“A Pedagogia dos Projetos visa à re-significação do espaço escolar, transformando-o em um espaço vivo
de interações aberto ao real e às suas múltiplas dimensões. O trabalho com projetos traz uma nova
perspectiva para entendermos o processo ensino/aprendizagem. Aprender deixa de ser um simples ato de
memorização e ensinar não significa mais repassar conteúdos prontos.”
Dewey
Introdução:
É inegável que toda a ação educativa revela um conjunto de concepções e uma visão de
mundo, tendo sido esta realizada com consciência ou não. Cabe ao educador e a gestão
escolar com sua equipe diretiva, tornar esta ação consciente na prática cotidiana da
escola. Estes atores precisam ter clara a filosofia da instituição de ensino bem como as
suas propostas para concretizá-la. Acredita-se que tanto o Projeto Político Pedagógico
(PPP) da escola quanto o Projeto Pedagógico (PP) em seus desdobramentos na forma de
subprojetos aplicados bimestralmente, sejam a garantia de uma prática consciente,
objetiva e capaz de atingir as metas propostas por toda a comunidade escolar.
Visando a construção de um PP que contribua para a emancipação e autonomia, no
início do ano letivo, durante a semana de planejamento, a comunidade escolar reúne-se
para traçar as metas e estabelecer as ações necessárias para se alcançar a esperada
educação transformadora.
Fundamentação teórica
"A inteligência humana somente se desenvolve no indivíduo em função de interações
sociais que são, em geral, demasiadamente negligenciadas." Jean Piaget
Seguindo as orientações da SEMEC que tem no sóciointeracionismo a concepção
3
pedagógica condutora da prática de ensino do município de Itaboraí, a Escola Municipal
Jornalista Alberto Torres (E.M.J.A.T), vê na metodologia de projetos a interação que a
teoria do pesquisador Vygotsky, (apud, MOREIRA, 1999) propõe como meio para o
desenvolvimento cognitivo, que, segundo ele, se dá através da interação social, em que,
no mínimo, duas pessoas estão envolvidas ativamente trocando experiência e ideias,
gerando novas experiências e conhecimento.
Na proposta de trabalho a partir de um projeto pedagógico, tanto o educador, que
funciona como um mediador, quanto o educando, sujeito ativo, interagem desde a sua
elaboração até a busca em alcançar os objetivos propostos, dando mais autonomia a
ambos e possibilitando ao educando, o desenvolvimento de habilidades e competências
em várias áreas do conhecimento, a tão desejada interdisciplinaridade.
Sobre a interdisciplinaridade, segundo Hernandéz (1998), entende-se por um projeto de
trabalho aquele que gera uma oportunidade para os alunos perceberem que o
conhecimento não é exclusividade de determinada disciplina. Este tipo de metodologia
objetiva fundamentalmente a articulação dos conhecimentos rompendo com a forma
rígida de enquadrar os conteúdos.
Outrossim, a E.M.J.A.T toma como justificativa a orientação metodológica, a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional ( LDB - LEI nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, em seu art.12 exige explicitamente a elaboração de projetos pedagógicos que
definam a identidade, os objetivos e a metodologia a serem desenvolvidos pela escola e
os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN,1998), definem o PP como orientador e
condutor efetivo das ações pedagógicas na escola.
Os Projetos Pedagógicos são vistos como veículos para atualizar conteúdos, tornando-os
mais significativos possibilitando o educando uma atuação mais ativa no processo
ensino/aprendizagem.
4
Concepções de aluno e de escola.
Acredita-se que a Pedagogia de Projetos é uma metodologia que estimula o aluno e o
professor através de trabalhos nos quais são desenvolvidas atividades interdisciplinares
diversificadas gerando situações de aprendizagens que favoreçam os alunos a buscarem
conhecimentos. O ser humano está em processo contínuo de descoberta, sendo um
sistema aberto se reestruturando sucessivamente. Nesse processo em que vai se
modificando, pela influência dos outros e do meio, também vai modificando o meio e os
outros, numa interação e troca constantes.
O ser humano evolui como pessoa nas interações com os outros e no mundo.
Compreender este princípio é relevante para a situação de sala de aula, onde interagem
professor e aluno, assim, as experiências podem servir para transformação de ambos e
poderá significar independência, capacidade de análise, julgamento e criatividade.
Entendemos que o aluno e o professor precisam conhecer a cultura na qual está
inserido para assim poder transcendê-la. Para auxiliar a busca deste conhecimento, mais
uma vez a prática da EMJAT respalda-se na proposição desta Secretaria que sempre
apresenta um tema para o ano letivo no qual estimula o conhecimento sobre a história e
cultura da cidade.
A escola é compreendida a partir da definição de SAVIANI (2008) que a apresenta
como local que deve servir aos interesses populares garantindo a todos um bom ensino e
saberes básicos que se reflitam na vida dos alunos preparando-os para a vida adulta. A
escola é então definida como um instrumento efetivo a serviço da erradicação das
gritantes disparidades de níveis escolares, evasão escolar e marginalização para a
mudança de uma sociedade excludente e injusta em uma sociedade composta por
cidadãos mais conscientes e críticos capazes de contribuir para sua transformação.
5
Realidade x utopia
Falar em uma escola transformadora é falar numa escola em que todos estão
conscientes e engajados neste processo. Falar em maioria, em totalidade colaborando
para um mesmo propósito é sempre difícil em qualquer instituição, quanto mais nas
escolas públicas. Muitos fatores contribuem para isto: descrença na educação por parte
de educandos e educadores, que por sua vez refletem a visão da sociedade; a realidade
social na qual o aluno tem poucas perspectivas em relação à escola, o que provoca nele
um desinteresse, concretizado muitas vezes na forma de indisciplina ou evasão; a
desmotivação do professor em função de diversidades como a falta de infra-estrutura e
apoio pedagógico em muitas escolas públicas; baixos salários o que culmina numa carga
de trabalho muito extensas em variadas escolas, e o posicionamento de alguns
profissionais que, ao ingressarem no serviço público, acreditam que não precisam
prestar contas a ninguém, e nem ter empenho no trabalho. Este tipo de postura acaba
levando a sociedade a mergulhar num círculo vicioso: o conhecimento está diretamente
ligado ao processo de conscientização, numa aproximação crítica da realidade. Quanto
mais conhecimento, maior nossa interação com o mundo, num desvelamento contínuo
da realidade, porém quando este conhecimento é negado, há um mergulho social na
ignorância que repercute em várias gerações, uma educação que reproduz ad aeternum
uma sociedade que marginaliza maior parte de seus integrantes.
A educação sistematizada, ou seja, a educação escolar deve servir para articular a
cultura e o indivíduo, inserindo-o de forma plena nas diversas culturas sociais,
inclusive, e principalmente, nos saberes historicamente instituídos. É importante
conscientizar todos os atores da escola, para que haja o engajamento esperado. Assim, a
prática da equipe diretiva deve ser uma busca em conquistar e envolver os participantes
do processo. Esta busca também é a realidade da EMJAT, porém, até para este fim, usa-
se “projetos” para estimular tanto educandos como os educadores. Esperando que estes
possam ir além do conhecimento específico de cada matéria que são definidos nos
referenciais curriculares, introduzindo o educando no mundo das artes plásticas, na
literatura, na arte cinematográfica, enfim, despertando seu senso estético e crítico.
A prática nesta escola pública, municipal, localizada na região metropolitana do Estado
do Rio de Janeiro, tem mostrado que é possível realmente trabalhar com
projetos, que é possível cumprir o que se planeja, mas que, no entanto, demanda boa
6
vontade, cobrança mútua, incentivo aos colegas e acima de tudo, a crença de que a
educação possa realmente transformar o ser.
A construção do Projeto Pedagógico na Escola Municipal Jornalista Alberto Torres
No ano de 2013, a Secretaria Municipal de Itaboraí propôs o tema "Educação de
Itaboraí: Um Resgate das Memórias por um Futuro Transformador” para que as escolas
pudessem elaborar seus projetos pedagógicos. Esse tema modificou nossa rotina de
trabalho, pois norteou o início do Projeto Pedagógico da escola que em anos anteriores,
não havia a indicação de uma linha condutora. Tomando por base o projeto municipal,
nos primeiros dias letivos, a escola e seus atores elaboram o projeto pedagógico,
definindo objetivos e práticas.
Projeto “Semana da Conscientização”
Em 2013, o tema da SEMEC para o projeto pedagógico foi “Educação de Itaboraí: um
resgate das memórias por um futuro transformador”. A partir deste tema, no início deste
ano letivo ( retirar, está muito repetitivo) pensou-se no aluno e nos passos para se chegar
à transformação, que foi compreendida como uma mudança de postura de vida não só
em benefício próprio, como também de toda a sociedade. Assim no primeiro bimestre
centramos as atividades na individualidade, por isto, foi escolhido como subtema "Eu
faço parte da história e tenho história para contar", no segundo bimestre, pensou-se
neste indivíduo como aluno, por esta razão o subtema do bimestre foi "Escola meu
ambiente, minhas memórias". No terceiro, como cidadão de Itaboraí que precisa
conhecer e valorizar sua origem, o subtema escolhido para nortear os trabalhos
foi "Itaboraí, semeando para o futuro". Para o quarto, foi pensado num subtema que
o integrasse ao mundo e as novas culturas, visando uma transformação a partir do
conhecimento de sua própria história. O subtema foi "De Itaboraí para o mundo:
nossa cultura, nossa gente." O conjunto desses projetos, gerou uma discussão maior
que culminou com o “Projeto Semana da Conscientização” visando desdobramentos
para o dia 20 de novembro. Este mês foi dedicado à leitura, atividades práticas, debates,
7
entre os outros recursos metodológicos que provocassem o educando a pensar sobre sua
origem étnica e cultural, a fim de valorizar sua história e condição. Cada disciplina
propôs diferentes atividades que nos respondesse as seguintes questões: Como o corpo
discente se autodeclara? O que ele conhece sobre a cultura indígena e africana? O que
fazer para sensibilizar o aluno para que ele possa se reconhecer como indivíduo plural e
valorizar as suas origens étnicas?
As disciplinas de Matemática e Geografia, junto com os estudantes do 9º ano, fizeram
um levantamento nas demais turmas do 2°segmento trabalhando com a auto declaração
de acordo com a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE),
buscando respostas à questão: você se considera preto, pardo, branco, amarelo ou
indígena? Esta pergunta trouxe inquietação e iniciou um debate em torno das
nomenclaturas. Alguns alunos e professores perguntavam se o questionário não estaria
incorreto. Não seria negro ao invés de preto? Outros tiveram dificuldade em se definir.
A dificuldade ou preconceito em aceitar a origem negra, foi percebido pelos alunos,
quando as questões da cor da pele foram levantadas: ”_Se eu tenho a pele morena, eu
sou pardo ou branco?”
As disciplinas de Língua Portuguesa e História trabalharam a temática “Desfazendo
estereótipos e conhecendo mais as culturas indígenas e africanas.” Para iniciar a
conversa sobre cultura e estereótipos, foi realizada uma dinâmica na qual uma
sequência de imagens de cidades, trens de metrô, praias, e a apenas uma apresentava
uma imagem de animais na Savana foi exibida aos alunos. A série de fotos era
especificamente da África do Sul, mas esta informação não foi dada a eles. Foi
perguntado à turma que local achavam que era cada foto, apenas na última, citaram a
África, mas não o país, e sim o continente. Isto rendeu material para o primeiro tema:
África é um continente rico, composto por vários países, que por sua vez apresenta
várias culturas. Depois foram apresentados dados e informações sobre a cultura africana
atual.
Sobre esta dinâmica pedimos, este ano, via rede social, depoimentos de alguns alunos. A
aluna da turma 902 do ano 2013, Victória Maria Klopper e atualmente aluna do 1ºano
do Colégio Pedro II:
_”Fessora, eu n lembro mt bem .. mas pelo o que me lembro na hora eu fiquei muito surpresa ao saber q
8
aquelas fotos eram da África, depois disso acho que passei a analisar melhor as coisas, eu nunca imaginei
ver esse tipo de paisagem na África .. eu tinha uma imagem completamente diferente quando pensava em
"África" da que me foi mostrada naquele dia .. ir mas à fundo nas coisas .. e não ver só o superficial ..a
maior lição, que eu tirei desse dia .. não tirar conclusões precipitadas, não enxergar as coisas de maneira
superficial, a gente pensa q conhece alguma coisa, mas na verdade, não sabe nada ... questionar mais,
procurar saber, antes de falar besteira .. é mais ou menos isso .. eu não sei explicar muito bem .. mas
espero q tenha entendido .. kk ' ^^ o meu conceito sobre África mudou um pouco naquele dia ... e eu acho
q é isso, que essas atividades fazem .. mudam nossa maneira de pensar ... que geralmente é baseado
em coisas completamente superficiais ..principalmente pq ainda somos muito jovens, então não tivemos
muitas experiências ..para falar a verdade nem conhecemos direito todas as " faces" do nosso próprio
país imagina a de outros .. por isso é melhor não julgar ..sem antes conhecer direito .. ^^ espero ter
ajudado em algo .. kk”
Após a dinâmica das fotos, foi exibido o filme Chimamanda Adichie: o perigo da
história única, seguida de debates sobre o lugar do negro e do índio ainda hoje na
cultura e na mídia. Além da discussão sobre os estereótipos sobre a cultura africana e
sobre o Continente africano. Da mesma forma, colhemos outros depoimentos:
-“Aquele vídeo me ajudou a desenvolver em mim a pergunta: " É só isso?" e a pesquisar melhor antes de
dizer o que meus olhos viram. Me ajudou a não ser preconceituoso sobre certo assunto.”- Alan
Guilherme, aluno da turma902/2013 e atualmente aluno do 1ºano do colégio NATA
“_Acredito q estas atividades são muito importantes pois precisamos conhecer sempre um pouco mais a
respeito da cultura dos outros, aprender a respeitar as diferentes etnias e o mais importante, entender
essas culturas, pois só assim conseguiremos valorizar as suas diferenças.’ Emanuelly Alves, aluno
da turma902/2013 atualmente aluna do 1º ano do colégio NATA
“_E importante, porque ninguém é igual a ninguém, seja por etnia, personalidade seja como for, é
importante ensinar que de devemos respeitar as pessoas seja como elas são.” Mayara Rocha aluna
da turma 802/2013 atualmente aluna da turma 902
Autores africanos e indígenas foram apresentados através de atividades com seus
textos, foram explorados textos de Mia Couto e Daniel Mundukuru (algumas atividades
estão no blog da escola) http://jornalista-albertotorres.blogspot.com.br/.
A disciplina de Inglês trabalhou a temática Verificando conceitos. A metodologia
utilizada para abordagem foi discutir a discriminação a partir da música “Ebony and
ivory” de Paul MacCartney. Como produtos foram produzidas histórias em quadrinhos,
nas quais as personagens pertenciam a grupos distintos, ressaltando a necessidade de
respeito e compreensão para que os grupos sociais possam conviver bem.
A culminância do projeto se deu no dia 22 de novembro. Os alunos compartilharam os
9
conhecimentos adquiridos uns para os outros, terminando com uma apresentação de
samba de roda.
Conclusão
A apresentação deste trabalho não tem nenhuma pretensão, fazendo uma metáfora
conhecida, não há nele a” invenção da roda”, posto que a pedagogia que defende o uso
de projetos pedagógicos como meio de tornar mais significativo o processo
ensino/aprendizagem é literalmente do milênio passado. Mas acredita-se que realmente
funcione. Mas para funcionar é preciso, de acordo com as leis da física, alguma força,
nem que seja para ao menos colocá-la na posição e dar o primeiro empurrão. Este
trabalho é de todos na escola. Não é preciso inventar nada, apenas colocar em prática o
que já se sabe para se obter os resultados desejados e ter a educação e sociedade que se
espera e necessita. Como seres em eterno movimento, em processo, precisamos unir
nossas forças. Boas práticas são possíveis. É necessário vencer algumas barreiras.
Persistir. Ter a equipe diretiva apoiando e dando as condições para que aconteça.
Acreditamos que o uso da metodologia de projetos seja um meio para atingirmos este
fim: uma educação de qualidade na escola pública.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANTUNES, C. Novas maneiras de ensinar. Novas formas de aprender. São Paulo,
editora: Artmed. 2002
BRASIL. Lei 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 9ª ed. Brasília:
MEC/SEF, 2002.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Temas Transversais. 3ª ed. Brasília:
MEC/SEF, 1998.
DUARTE, A . L. A. A Escola Nova. AMAE Educando. n.32, 1971. p. 12-15
GADOTTI, M. & ROMÃO, J. E. (orgs.). Autonomia da escola: princípios e propostas.
4. ed. São Paulo: Cortez, 2001, p. 33-41:
HERNÁNDEZ, F. & VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de
trabalho:o conhecimento é um caleidoscópio. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
10
LARAIA, R. de B. Cultura:um conceito antropológico. Rio de Janeiro.Zaar,2001.
MOREIRA, M. A. Teorias de Aprendizagem. São Paulo: Editora Pedagógica e
Universitária, 1999
PALANGANA, I. C. Desenvolvimento e Aprendizagem em Piaget e Vygotsky. A
Relevância do Social. São Paulo: Editora Plexus, 1994
RIOS, T. A. Série Idéias n. 15. São Paulo: FDE, 1992
SAVIANI, D. Escola e Democracia. Edição Comemorativa. Campinas: Autores
Associados, 2008

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  • 1. 1 Projeto Pedagógico na escola pública: uma prática possível. Adriana Porto da Silva Heloisa de Souza Simone Ferreira Borges de Alcântara Resumo: O presente trabalho, Projeto Pedagógico na escola pública: uma prática possível, destaca a importância do uso da metodologia da pedagogia de projetos como instrumento de ensino-aprendizagem na escola pública. Apresenta experiências da prática pedagógica da Escola Municipal Jornalista Alberto Torres, localizada na cidade de Itaboraí, região metropolitana do Rio de Janeiro, durante o ano letivo de 2013. Ressalta que, embora haja muitas dificuldades no uso desta metodologia, sua prática é de fundamental importância na construção de uma educação pública de qualidade. Palavras-Chave: Pedagogia de Projetos; Projeto Pedagógico; Interdisciplinaridade.
  • 2. 2 PROJETO PEDAGÓGICO NA ESCOLA PÚBLICA: UMA PRÁTICA POSSÍVEL Adriana Porto da Silva Heloisa de Souza Simone Ferreira Borges de Alcântara “A Pedagogia dos Projetos visa à re-significação do espaço escolar, transformando-o em um espaço vivo de interações aberto ao real e às suas múltiplas dimensões. O trabalho com projetos traz uma nova perspectiva para entendermos o processo ensino/aprendizagem. Aprender deixa de ser um simples ato de memorização e ensinar não significa mais repassar conteúdos prontos.” Dewey Introdução: É inegável que toda a ação educativa revela um conjunto de concepções e uma visão de mundo, tendo sido esta realizada com consciência ou não. Cabe ao educador e a gestão escolar com sua equipe diretiva, tornar esta ação consciente na prática cotidiana da escola. Estes atores precisam ter clara a filosofia da instituição de ensino bem como as suas propostas para concretizá-la. Acredita-se que tanto o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola quanto o Projeto Pedagógico (PP) em seus desdobramentos na forma de subprojetos aplicados bimestralmente, sejam a garantia de uma prática consciente, objetiva e capaz de atingir as metas propostas por toda a comunidade escolar. Visando a construção de um PP que contribua para a emancipação e autonomia, no início do ano letivo, durante a semana de planejamento, a comunidade escolar reúne-se para traçar as metas e estabelecer as ações necessárias para se alcançar a esperada educação transformadora. Fundamentação teórica "A inteligência humana somente se desenvolve no indivíduo em função de interações sociais que são, em geral, demasiadamente negligenciadas." Jean Piaget Seguindo as orientações da SEMEC que tem no sóciointeracionismo a concepção
  • 3. 3 pedagógica condutora da prática de ensino do município de Itaboraí, a Escola Municipal Jornalista Alberto Torres (E.M.J.A.T), vê na metodologia de projetos a interação que a teoria do pesquisador Vygotsky, (apud, MOREIRA, 1999) propõe como meio para o desenvolvimento cognitivo, que, segundo ele, se dá através da interação social, em que, no mínimo, duas pessoas estão envolvidas ativamente trocando experiência e ideias, gerando novas experiências e conhecimento. Na proposta de trabalho a partir de um projeto pedagógico, tanto o educador, que funciona como um mediador, quanto o educando, sujeito ativo, interagem desde a sua elaboração até a busca em alcançar os objetivos propostos, dando mais autonomia a ambos e possibilitando ao educando, o desenvolvimento de habilidades e competências em várias áreas do conhecimento, a tão desejada interdisciplinaridade. Sobre a interdisciplinaridade, segundo Hernandéz (1998), entende-se por um projeto de trabalho aquele que gera uma oportunidade para os alunos perceberem que o conhecimento não é exclusividade de determinada disciplina. Este tipo de metodologia objetiva fundamentalmente a articulação dos conhecimentos rompendo com a forma rígida de enquadrar os conteúdos. Outrossim, a E.M.J.A.T toma como justificativa a orientação metodológica, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ( LDB - LEI nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, em seu art.12 exige explicitamente a elaboração de projetos pedagógicos que definam a identidade, os objetivos e a metodologia a serem desenvolvidos pela escola e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN,1998), definem o PP como orientador e condutor efetivo das ações pedagógicas na escola. Os Projetos Pedagógicos são vistos como veículos para atualizar conteúdos, tornando-os mais significativos possibilitando o educando uma atuação mais ativa no processo ensino/aprendizagem.
  • 4. 4 Concepções de aluno e de escola. Acredita-se que a Pedagogia de Projetos é uma metodologia que estimula o aluno e o professor através de trabalhos nos quais são desenvolvidas atividades interdisciplinares diversificadas gerando situações de aprendizagens que favoreçam os alunos a buscarem conhecimentos. O ser humano está em processo contínuo de descoberta, sendo um sistema aberto se reestruturando sucessivamente. Nesse processo em que vai se modificando, pela influência dos outros e do meio, também vai modificando o meio e os outros, numa interação e troca constantes. O ser humano evolui como pessoa nas interações com os outros e no mundo. Compreender este princípio é relevante para a situação de sala de aula, onde interagem professor e aluno, assim, as experiências podem servir para transformação de ambos e poderá significar independência, capacidade de análise, julgamento e criatividade. Entendemos que o aluno e o professor precisam conhecer a cultura na qual está inserido para assim poder transcendê-la. Para auxiliar a busca deste conhecimento, mais uma vez a prática da EMJAT respalda-se na proposição desta Secretaria que sempre apresenta um tema para o ano letivo no qual estimula o conhecimento sobre a história e cultura da cidade. A escola é compreendida a partir da definição de SAVIANI (2008) que a apresenta como local que deve servir aos interesses populares garantindo a todos um bom ensino e saberes básicos que se reflitam na vida dos alunos preparando-os para a vida adulta. A escola é então definida como um instrumento efetivo a serviço da erradicação das gritantes disparidades de níveis escolares, evasão escolar e marginalização para a mudança de uma sociedade excludente e injusta em uma sociedade composta por cidadãos mais conscientes e críticos capazes de contribuir para sua transformação.
  • 5. 5 Realidade x utopia Falar em uma escola transformadora é falar numa escola em que todos estão conscientes e engajados neste processo. Falar em maioria, em totalidade colaborando para um mesmo propósito é sempre difícil em qualquer instituição, quanto mais nas escolas públicas. Muitos fatores contribuem para isto: descrença na educação por parte de educandos e educadores, que por sua vez refletem a visão da sociedade; a realidade social na qual o aluno tem poucas perspectivas em relação à escola, o que provoca nele um desinteresse, concretizado muitas vezes na forma de indisciplina ou evasão; a desmotivação do professor em função de diversidades como a falta de infra-estrutura e apoio pedagógico em muitas escolas públicas; baixos salários o que culmina numa carga de trabalho muito extensas em variadas escolas, e o posicionamento de alguns profissionais que, ao ingressarem no serviço público, acreditam que não precisam prestar contas a ninguém, e nem ter empenho no trabalho. Este tipo de postura acaba levando a sociedade a mergulhar num círculo vicioso: o conhecimento está diretamente ligado ao processo de conscientização, numa aproximação crítica da realidade. Quanto mais conhecimento, maior nossa interação com o mundo, num desvelamento contínuo da realidade, porém quando este conhecimento é negado, há um mergulho social na ignorância que repercute em várias gerações, uma educação que reproduz ad aeternum uma sociedade que marginaliza maior parte de seus integrantes. A educação sistematizada, ou seja, a educação escolar deve servir para articular a cultura e o indivíduo, inserindo-o de forma plena nas diversas culturas sociais, inclusive, e principalmente, nos saberes historicamente instituídos. É importante conscientizar todos os atores da escola, para que haja o engajamento esperado. Assim, a prática da equipe diretiva deve ser uma busca em conquistar e envolver os participantes do processo. Esta busca também é a realidade da EMJAT, porém, até para este fim, usa- se “projetos” para estimular tanto educandos como os educadores. Esperando que estes possam ir além do conhecimento específico de cada matéria que são definidos nos referenciais curriculares, introduzindo o educando no mundo das artes plásticas, na literatura, na arte cinematográfica, enfim, despertando seu senso estético e crítico. A prática nesta escola pública, municipal, localizada na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, tem mostrado que é possível realmente trabalhar com projetos, que é possível cumprir o que se planeja, mas que, no entanto, demanda boa
  • 6. 6 vontade, cobrança mútua, incentivo aos colegas e acima de tudo, a crença de que a educação possa realmente transformar o ser. A construção do Projeto Pedagógico na Escola Municipal Jornalista Alberto Torres No ano de 2013, a Secretaria Municipal de Itaboraí propôs o tema "Educação de Itaboraí: Um Resgate das Memórias por um Futuro Transformador” para que as escolas pudessem elaborar seus projetos pedagógicos. Esse tema modificou nossa rotina de trabalho, pois norteou o início do Projeto Pedagógico da escola que em anos anteriores, não havia a indicação de uma linha condutora. Tomando por base o projeto municipal, nos primeiros dias letivos, a escola e seus atores elaboram o projeto pedagógico, definindo objetivos e práticas. Projeto “Semana da Conscientização” Em 2013, o tema da SEMEC para o projeto pedagógico foi “Educação de Itaboraí: um resgate das memórias por um futuro transformador”. A partir deste tema, no início deste ano letivo ( retirar, está muito repetitivo) pensou-se no aluno e nos passos para se chegar à transformação, que foi compreendida como uma mudança de postura de vida não só em benefício próprio, como também de toda a sociedade. Assim no primeiro bimestre centramos as atividades na individualidade, por isto, foi escolhido como subtema "Eu faço parte da história e tenho história para contar", no segundo bimestre, pensou-se neste indivíduo como aluno, por esta razão o subtema do bimestre foi "Escola meu ambiente, minhas memórias". No terceiro, como cidadão de Itaboraí que precisa conhecer e valorizar sua origem, o subtema escolhido para nortear os trabalhos foi "Itaboraí, semeando para o futuro". Para o quarto, foi pensado num subtema que o integrasse ao mundo e as novas culturas, visando uma transformação a partir do conhecimento de sua própria história. O subtema foi "De Itaboraí para o mundo: nossa cultura, nossa gente." O conjunto desses projetos, gerou uma discussão maior que culminou com o “Projeto Semana da Conscientização” visando desdobramentos para o dia 20 de novembro. Este mês foi dedicado à leitura, atividades práticas, debates,
  • 7. 7 entre os outros recursos metodológicos que provocassem o educando a pensar sobre sua origem étnica e cultural, a fim de valorizar sua história e condição. Cada disciplina propôs diferentes atividades que nos respondesse as seguintes questões: Como o corpo discente se autodeclara? O que ele conhece sobre a cultura indígena e africana? O que fazer para sensibilizar o aluno para que ele possa se reconhecer como indivíduo plural e valorizar as suas origens étnicas? As disciplinas de Matemática e Geografia, junto com os estudantes do 9º ano, fizeram um levantamento nas demais turmas do 2°segmento trabalhando com a auto declaração de acordo com a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), buscando respostas à questão: você se considera preto, pardo, branco, amarelo ou indígena? Esta pergunta trouxe inquietação e iniciou um debate em torno das nomenclaturas. Alguns alunos e professores perguntavam se o questionário não estaria incorreto. Não seria negro ao invés de preto? Outros tiveram dificuldade em se definir. A dificuldade ou preconceito em aceitar a origem negra, foi percebido pelos alunos, quando as questões da cor da pele foram levantadas: ”_Se eu tenho a pele morena, eu sou pardo ou branco?” As disciplinas de Língua Portuguesa e História trabalharam a temática “Desfazendo estereótipos e conhecendo mais as culturas indígenas e africanas.” Para iniciar a conversa sobre cultura e estereótipos, foi realizada uma dinâmica na qual uma sequência de imagens de cidades, trens de metrô, praias, e a apenas uma apresentava uma imagem de animais na Savana foi exibida aos alunos. A série de fotos era especificamente da África do Sul, mas esta informação não foi dada a eles. Foi perguntado à turma que local achavam que era cada foto, apenas na última, citaram a África, mas não o país, e sim o continente. Isto rendeu material para o primeiro tema: África é um continente rico, composto por vários países, que por sua vez apresenta várias culturas. Depois foram apresentados dados e informações sobre a cultura africana atual. Sobre esta dinâmica pedimos, este ano, via rede social, depoimentos de alguns alunos. A aluna da turma 902 do ano 2013, Victória Maria Klopper e atualmente aluna do 1ºano do Colégio Pedro II: _”Fessora, eu n lembro mt bem .. mas pelo o que me lembro na hora eu fiquei muito surpresa ao saber q
  • 8. 8 aquelas fotos eram da África, depois disso acho que passei a analisar melhor as coisas, eu nunca imaginei ver esse tipo de paisagem na África .. eu tinha uma imagem completamente diferente quando pensava em "África" da que me foi mostrada naquele dia .. ir mas à fundo nas coisas .. e não ver só o superficial ..a maior lição, que eu tirei desse dia .. não tirar conclusões precipitadas, não enxergar as coisas de maneira superficial, a gente pensa q conhece alguma coisa, mas na verdade, não sabe nada ... questionar mais, procurar saber, antes de falar besteira .. é mais ou menos isso .. eu não sei explicar muito bem .. mas espero q tenha entendido .. kk ' ^^ o meu conceito sobre África mudou um pouco naquele dia ... e eu acho q é isso, que essas atividades fazem .. mudam nossa maneira de pensar ... que geralmente é baseado em coisas completamente superficiais ..principalmente pq ainda somos muito jovens, então não tivemos muitas experiências ..para falar a verdade nem conhecemos direito todas as " faces" do nosso próprio país imagina a de outros .. por isso é melhor não julgar ..sem antes conhecer direito .. ^^ espero ter ajudado em algo .. kk” Após a dinâmica das fotos, foi exibido o filme Chimamanda Adichie: o perigo da história única, seguida de debates sobre o lugar do negro e do índio ainda hoje na cultura e na mídia. Além da discussão sobre os estereótipos sobre a cultura africana e sobre o Continente africano. Da mesma forma, colhemos outros depoimentos: -“Aquele vídeo me ajudou a desenvolver em mim a pergunta: " É só isso?" e a pesquisar melhor antes de dizer o que meus olhos viram. Me ajudou a não ser preconceituoso sobre certo assunto.”- Alan Guilherme, aluno da turma902/2013 e atualmente aluno do 1ºano do colégio NATA “_Acredito q estas atividades são muito importantes pois precisamos conhecer sempre um pouco mais a respeito da cultura dos outros, aprender a respeitar as diferentes etnias e o mais importante, entender essas culturas, pois só assim conseguiremos valorizar as suas diferenças.’ Emanuelly Alves, aluno da turma902/2013 atualmente aluna do 1º ano do colégio NATA “_E importante, porque ninguém é igual a ninguém, seja por etnia, personalidade seja como for, é importante ensinar que de devemos respeitar as pessoas seja como elas são.” Mayara Rocha aluna da turma 802/2013 atualmente aluna da turma 902 Autores africanos e indígenas foram apresentados através de atividades com seus textos, foram explorados textos de Mia Couto e Daniel Mundukuru (algumas atividades estão no blog da escola) http://jornalista-albertotorres.blogspot.com.br/. A disciplina de Inglês trabalhou a temática Verificando conceitos. A metodologia utilizada para abordagem foi discutir a discriminação a partir da música “Ebony and ivory” de Paul MacCartney. Como produtos foram produzidas histórias em quadrinhos, nas quais as personagens pertenciam a grupos distintos, ressaltando a necessidade de respeito e compreensão para que os grupos sociais possam conviver bem. A culminância do projeto se deu no dia 22 de novembro. Os alunos compartilharam os
  • 9. 9 conhecimentos adquiridos uns para os outros, terminando com uma apresentação de samba de roda. Conclusão A apresentação deste trabalho não tem nenhuma pretensão, fazendo uma metáfora conhecida, não há nele a” invenção da roda”, posto que a pedagogia que defende o uso de projetos pedagógicos como meio de tornar mais significativo o processo ensino/aprendizagem é literalmente do milênio passado. Mas acredita-se que realmente funcione. Mas para funcionar é preciso, de acordo com as leis da física, alguma força, nem que seja para ao menos colocá-la na posição e dar o primeiro empurrão. Este trabalho é de todos na escola. Não é preciso inventar nada, apenas colocar em prática o que já se sabe para se obter os resultados desejados e ter a educação e sociedade que se espera e necessita. Como seres em eterno movimento, em processo, precisamos unir nossas forças. Boas práticas são possíveis. É necessário vencer algumas barreiras. Persistir. Ter a equipe diretiva apoiando e dando as condições para que aconteça. Acreditamos que o uso da metodologia de projetos seja um meio para atingirmos este fim: uma educação de qualidade na escola pública. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ANTUNES, C. Novas maneiras de ensinar. Novas formas de aprender. São Paulo, editora: Artmed. 2002 BRASIL. Lei 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 9ª ed. Brasília: MEC/SEF, 2002. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Temas Transversais. 3ª ed. Brasília: MEC/SEF, 1998. DUARTE, A . L. A. A Escola Nova. AMAE Educando. n.32, 1971. p. 12-15 GADOTTI, M. & ROMÃO, J. E. (orgs.). Autonomia da escola: princípios e propostas. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2001, p. 33-41: HERNÁNDEZ, F. & VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de trabalho:o conhecimento é um caleidoscópio. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
  • 10. 10 LARAIA, R. de B. Cultura:um conceito antropológico. Rio de Janeiro.Zaar,2001. MOREIRA, M. A. Teorias de Aprendizagem. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1999 PALANGANA, I. C. Desenvolvimento e Aprendizagem em Piaget e Vygotsky. A Relevância do Social. São Paulo: Editora Plexus, 1994 RIOS, T. A. Série Idéias n. 15. São Paulo: FDE, 1992 SAVIANI, D. Escola e Democracia. Edição Comemorativa. Campinas: Autores Associados, 2008