SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 7
Downloaden Sie, um offline zu lesen
Archaea:
    Pesquisa
                                      Potencial Biotecnológico
                                                                                     Utilização e aplicação de arqueas na biotecnologia


Alexander Machado Cardoso
Departamento de Bioquímica Médica,
Instituto de Ciências Biomédicas, UFRJ.                       1. Introdução                              Os benefícios científicos espera-
amcardoso@bioqmed.ufrj.br                                                                          dos de um conhecimento maior da
                                                         O domínio Archaea é formado               biologia das arqueas incluem, entre
Maysa B. Mandetta Clementino                        principalmente por organismos                  outros, a compreensão das funções
Departamento de Microbiologia, Instituto Nacional
de Controle de Qualidade em Saúde, FIOCRUZ.         extremofílicos, isto é, microrganismos         exercidas por esses organismos nos
maysa@incqs.fiocruz.br                              que não apenas toleram, mas crescem            ambientes aquáticos e terrestres, bem
                                                    otimamente em ambientes normalmen-             como suas interações com outros com-
Orlando Bonifácio Martins                           te considerados inóspitos para a vida,         ponentes da biodiversidade. Os bene-
Departamento de Bioquímica Médica,
Instituto de Ciências Biomédicas, UFRJ.
                                                    como fontes termais, águas extrema-            fícios econômicos e estratégicos estão
omartins@bioqmed.ufrj.br                            mente salgadas, temperaturas baixas e          relacionados com a descoberta de mi-
                                                    condições extremas de pH. Pode-se              crorganismos potencialmente explo-
Ricardo Pilz Vieira                                 dizer que certas espécies de arqueas           ráveis nos processos biotecnológicos
Departamento de Biologia Marinha,                   definem claramente os limites de tole-         para obtenção de agentes terapêuti-
Instituto de Biologia, UFRJ.
pilz@bioqmed.ufrj.br                                rância biológica nos extremos físicos e        cos, probióticos, produtos químicos,
                                                    químicos da vida. O estudo dos micror-         enzimas e polímeros para aplicações
Rodrigo Volcan Almeida                              ganismos provenientes desses ambi-             industriais e tecnológicas, biorremedi-
Programa de Engenharia Química,                     entes extremos pode nos fornecer in-           ação e biolixiviação de poluentes e
COPPE, UFRJ.
volcan@peq.coppe.ufrj.br                            formações valiosas acerca da origem            recuperação de minérios. Outros be-
                                                    da vida na Terra, bem como das estra-          nefícios incluem a otimização da capa-
Sylvia M. Campbell Alqueres                         tégias adaptativas aos ambientes onde          cidade microbiana para processamen-
Departamento de Bioquímica Médica, Instituto de     esta prosperou (Woese, 1998).                  to de alimentos, tratamento e/ou
Ciências Biomédicas, UFRJ.
alqueres@bioqmed.ufrj.br
                                                          A adaptação de organismos a              remediação de resíduos (esgoto do-
                                                    esses ambientes obrigou-os a desen-            méstico e lixo). Embora ainda não
Welington Inácio de Almeida                         volver componentes celulares e estra-          sejam totalmente conhecidas as estra-
Departamento de Bioquímica Médica,                  tégias bioquímicas para sua sobrevi-           tégias moleculares para sua sobrevi-
Instituto de Ciências Biomédicas, UFRJ.             vência. Por outro lado, devido às              vência em tais ambientes inóspitos,
welington@bioqmed.ufrj.br
                                                    características “exóticas” que têm, e          sabe-se que esses organismos possu-
Ilustrações cedidas pelos autores                   às suas propriedades únicas, esses             em enzimas adaptadas a tais ambien-
                                                    microrganismos geram bioprodutos               tes, e isso desperta o interesse tanto
                                                    que podem ser empregados em con-               acadêmico quanto industrial.
                                                    dições drásticas, que freqüentemente
                                                    ocorrem em processos industriais. Os              2. Filogenia e Fisiologia
                                                    componentes moleculares deles reti-
                                                    rados possuem muitas vezes proprie-                 Há cerca de vinte anos, Carl
                                                    dades que os tornam especialmente              Woese e colaboradores sugeriram
                                                    adequados para serem utilizados nes-           que os organismos vivos fossem
                                                    ses processos. Nesse contexto, é hoje          classificados em três grupos princi-
                                                    geralmente aceito que esses micror-            pais: Archaea, Bacteria e Eukarya,
                                                    ganismos constituem um precioso                com base no estudo das seqüências
                                                    repositório de moléculas de interesse          das moléculas do gene 16S do RNA
                                                    industrial e um excelente recurso para         ribossomal (16S rRNA). Esses gru-
                                                    o desenvolvimento de novas aplica-             pos são chamados de domínios e
                                                    ções biotecnológicas.                          acredita-se que surgiram através de


                                                          Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento - Edição nº 30 - janeiro/junho 2003   71
Tab ela 1: Diferen ças fu n d amen tais en tre o s três d o mín io s.
      C aracterísticas                        Bacteria                       A rch aea                            E u carya
      Membrana nuclear                         Ausente                        Ausente                             Presente
      Número de
                                                     1                                      1                        >1
      cromossomos
                                                                                                           Celulose em plantas,
                                                                           Pseudo-peptideoglicano,
      Parede Celular                        Peptideoglicano                                                 quitina em fungos e
                                                                            glicoproteínas e outros
                                                                                                           nenhuma em animais
      Mureína na parede
                                                   Sim                                 Não                          Não
      celular
                                      Glicerídeos ligados a éster,                                       Glicerídeos ligados a éster;
      Lipídeos da membrana                                                Isoprenóide; glicerol diéter
                                      não ramificado; saturado                                              não ramificado; poli-
      celular                                                                ou di-glicerol tetraéter
                                         ou mono-insaturado                                                      insaturado
      Organelas (mitocôndria
                                                 Ausente                             Ausente                      Presente
      e cloroplastos)
      Ribossomo                                     70S                                 70S                          80S
      Síntese de proteínas
      inibida por
                                                   Sim                                 Não                          Não
      cloranfenicol e
      estreptomicina
      Síntese de proteínas
      inibida pela toxina da                       Não                                  Sim                         Sim
      difteria

     vias evolutivas distintas a partir de         são únicos de cada domínio, enquan-               O hábitat das arqueas halofílicas
     um ancestral comum. A noção de                to outros são compartilhados entre           extremas é hipersalino e as espécies
     dicotomia da vida entre eucariontes           dois ou até entre todos os três domí-        em cultivo laboratorial requerem para
     e procariontes, que ainda domina a            nios, como pode ser observado na             o crescimento, entre 1,5 a 4 M de
     biologia e influencia, em particular,         Tabela 1.                                    NaCl, o que significa um ambiente
     a percepção sobre o domínio                                                                com cerca de 10 vezes a salinidade
     Archaea, está sendo lentamente re-                  3. Ambientes extremos                  encontrada na água do mar. As
     vista por grupos atuantes em                                                               metanogênicas são organismos obri-
     microbiologia. A diversidade e a                    Os primeiros organismos identi-        gatoriamente anaeróbios e liberam
     biologia das arqueas representam              ficados pertencentes ao domínio              gás metano (CH4) como resíduo me-
     uma enorme contribuição à compre-             Archaea viviam em ambientes extre-           tabólico. São encontradas em ambi-
     ensão da Ecologia Microbiana                  mos de temperatura, salinidade ou            entes com ausência de oxigênio e
     (Woese et al., 1990).                         acidez, sugerindo que a preferência          abundância de matéria orgânica,
          O domínio Archaea consiste de            por tais hábitats, era um traço carac-       como pântanos, açudes, lagos, sedi-
     três divisões: Crenarchaeota, que             terístico do grupo. Estudos mais re-         mentos marinhos e rúmen de bovi-
     contém as arqueas hipertermofílicas           centes mostraram várias eubactérias          nos. Elas retiram hidrogênio e gás
     redutoras de enxofre; Euryarchaeota,          e organismos eucarióticos que sobre-         carbônico desses ambientes e os uti-
     que compreende uma grande diver-              vivem também em ambientes extre-             lizam em seu metabolismo. Vivem
     sidade de organismos, incluídas as            mos, como observaram igualmente a            como simbiontes de uma grande va-
     espécies metanogênicas, as halofílicas        presença de arqueas em ambientes             riedade de protozoários também
     extremas e algumas espécies                   mais amenos, demonstrando, dessa             anaeróbicos, convertendo produtos
     hipertermofílicas; e Korarchaeota,            forma, a contribuição desse grupo na         finais de fermentação em gás metano.
     uma divisão descrita mais recente-            biomassa global (Forterre, 1997). En-        São de grande importância ao ambi-
     mente, que engloba organismos hi-             tretanto, as arqueas parecem ser os          ente em que vivem pela alta eficiên-
     pertermofílicos pouco conhecidos,             únicos organismos descobertos até o          cia de sua enzima hidrogenase que,
     identificados a partir de seqüências          presente momento que podem so-               mantendo uma baixa pressão parcial
     do gene 16S do rRNA isolados de               breviver a temperaturas acima de             de H2 para que a metanogênese ocor-
     fontes termais terrestres, porém ain-         95ºC, e o fenótipo hipertermofílico          ra, permite que os demais organis-
     da não cultivados em laboratório.             só é encontrado nesse domínio da             mos fermentadores façam reoxida-
          Após serem divididos os três             vida. Uma outra característica exclu-        ção do NADH, o que corresponde a
     grandes domínios a partir do seqüen-          siva de Archaea é o metabolismo              um maior rendimento de ATP e um
     ciamento do 16S rRNA, estudos sub-            metanogênico: não se conhecem                aumento da biomassa (Brock et al.,
     seqüentes mostraram que cada do-              eubactérias nem eucariotos capazes           1994).
     mínio está associado a uma série de           de produzir metano como resíduo de                As arqueas termoacidófilas com-
     fenótipos. Alguns desses fenótipos            seu metabolismo.                             põem um grupo heterogêneo, defini-

72    Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento - Edição nº 30 - janeiro/junho 2003
Tab ela 2: E stratégias d e ad aptação d as arq u eas ao s amb ien tes extremo s.
       A mb ien te          P ro b lemas                       Mecan ismo s d e ad aptação

                                                               Mantém altas concentrações de K+ intracelularmente
                            Lise celular por diferença de
                            pressão osmótica                   A parede celular é composta por glicoproteínas que tem
      Hipersalin o                                             uma maior porcentagem de aminoácidos ácidos que
                                                               atraem os íons Na+ para o redor da célula. A ligação dos
                                                               íons com a parede celular estabiliza esta, impedindo a lise
                                                               Essas proteínas expõem aminoácidos de carga negativa,
                            Desnaturação das proteínas         de maneira que, quando os íons positivos entram em
                                                               contato com a proteína, esta é estabilizada
                            Lise celular                       Maior rigidez da parede celular
                                                               Maior quantidade de histonas
                            Desnaturação do DNA
                                                               Maior empacotamento do DNA
 A ltas temperatu ras
                                                               Aumento do número de pontes de hidrogênio
                            Desnaturação das proteínas         Aumento das interações hidrofóbicas
                                                               Menor porcentagem de aminoácidos termolábeis
                                                               Menor quantidade de pontes de hidrogênio, dissulfeto e
 Baixas temperatu ras Inativação das proteínas                 interações hidrofóbicas, o que aumenta a flexibilidade da
                                                               proteína

do pela capacidade dos organismos                                                          diversidade microbiana, a potencial
de crescerem em altas temperaturas                                                         faixa de processos para utilização de
que vão de 55ºC a 85oC, com pH que                                                         enzimas também se ampliou, princi-
varia de 1,0 até 6,0. O gênero Sulfolobus                                                  palmente porque as extremozimas
apresenta parede celular composta                                                          (enzimas provenientes de microrga-
principalmente por lipoproteína e                                                          nismos extremófilos) sendo natural-
carboidratos; oxidam H2S, mas o prin-                                                      mente estáveis em ambientes extre-
cípio para essa oxidação ainda não foi                                                     mos, vieram suprir a demanda industri-
esclarecido. Os principais substratos                                                      al, para a qual, de certa forma, sempre
de crescimento parecem ser fontes                                                          estiveram em desvantagem as enzimas
quentes e também solos quentes que          Meios de Cultivo para Arqueas Termofílicas     tradicionais. Um problema inerente às
contenham enxofre, e que, então,                                                           extremozimas é a dificuldade de pro-
oxidam tal elemento em ácido sulfú-              A pesquisa envolvendo esses or-           duzi-las utilizando microrganismos sel-
rico, responsável pela acidez desses        ganismos tem sido intensificada nas            vagens, já que estes, em geral, neces-
hábitats. O grupo dos termoplasmas é        duas últimas décadas por duas razões           sitam de condições especiais para se
caracterizado pela ausência de pare-        principais: pelo conhecimento das con-         reproduzirem, como ambientes
de celular e é encontrado em minas de       dições sob as quais a vida pode existir        anaeróbios estritos, altas temperatu-
carvão, com quantidades substanciais        através do estudo de muitos hábitats           ras, meios definidos, etc. Contudo esse
de sulfeto ferroso.                         nunca antes explorados e pelo atual            problema pode ser contornado ex-
     Uma das perguntas que mais             reconhecimento do potencial biotec-            pressando essas enzimas em outros
intrigam os pesquisadores é como            nológico desses organismos, bem                organismos de mais fácil manipulação,
esses incríveis organismos conse-           como de seus produtos.                         já que existem vários exemplos em
guem viver em tais ambientes? Dei-                                                         que essas enzimas, quando expressas
xam constantemente uma interroga-                     4. Aplicações                        em microrganismos heterólogos, man-
ção sobre qual será o limite para o                  Biotecnológicas                       têm suas características originais
desenvolvimento da vida. Embora                                                            (Eichler, 2001).
muitas dúvidas ainda pairem sobre                 A tecnologia enzimática experi-               Dentre as enzimas de arqueas de
os mecanismos de adaptação a tais           mentou um grande avanço quando as              grande potencial para a aplicação
ambientes hostis, muitos fatores já         enzimas microbianas passaram a ser             biotecnológica, destacam-se as
são apontados como os responsá-             utilizadas, principalmente por causa           hipertermofílicas, psicrofílicas,
veis pela resistência desses organis-       da grande variedade de reações que             alcalofílicas, halofílicas e barofílicas.
mos. A Tabela 2 reúne os principais         essas enzimas são capazes de catalisar.                Entre as enzimas de arqueas
mecanismos de adaptação aos pro-            Com o descobrimento dos microrga-              que têm recebido maior atenção, estão
blemas causados pelos ambientes             nismos extremofílicos (em sua maioria          as termozimas, sendo que os princi-
extremos.                                   arqueas), o que ampliou ainda mais a           pais processos de potencial utilização


                                                  Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento - Edição nº 30 - janeiro/junho 2003   73
dessas enzimas são o beneficiamento            vertido a sacarídeos de baixo peso          ácidos (processo Sulfite) ou bases (pro-
     do amido, a manufatura e o branquea-           molecular e, posteriormente, em             cesso Kraft) em altas temperaturas. Os
     mento da polpa para produção de                glicose, utilizando-se pululanase e         processos de polpeamento, por envol-
     papel e a bem estabelecida prática             glicoamilase, e em maltose, utilizan-       verem condições muito drásticas
     laboratorial da reação em cadeia da            do-se pululanase e β-amilase.               (160ºC-190oC em concentrações eleva-
     polimerase (PCR), entre outras.                      Nesse processo, potencialmente        das de álcalis ou ácidos), são potenci-
                                                    poderiam ser feitas duas melhorias          almente próprios para utilização de
         4.1. Processamento do                      com a utilização de extremozimas: a         enzimas extremofílicas. Embora as
                 Amido                              primeira seria a utilização de a-amilases   celulases sejam bem distribuídas entre
                                                    hipertermofílicas com maior tempo           os domínios Eukarya e Bacteria, so-
           O amido é um dos polímeros mais          de resistência, de forma que não se         mente uma celulase de Archaea é
     abundantes na natureza, estando pre-           necessitasse gastar energia com o           relatada, a endoglicanase de Pyrococcus
     sente principalmente nos vegetais, onde        resfriamento de 105ºC para 95oC, da         furiosus, que é capaz de hidrolisar
     ele é utilizado para o armazenamento           gelatinização para a liquefação. A se-      ligações b,1-4 com uma atividade óti-
     de energia na forma de grânulos inso-          gunda seria a em que o pH natural de        ma ocorrendo em 100oC e pH 6,0
     lúveis, compostos basicamente de               soluções de amidos gelatinizados, que       (Bauer e Kelly, 1998). Contudo, segun-
     amilose e amilopectina, que são dife-          é de, aproximadamente, 4,5 e que            do Eichler (2001), várias arqueas termo
     rentes polímeros de glicose. Além de           força o ajuste para 5,8 na liquefação,      e hipertermofílicas possuem enzimas
     servir diretamente como alimento na            e, posteriormente, redução para 4,2;        β-glicosídicas.
     dieta animal, o amido presente nos             na sacarificação, de maneira que uma              A polpa resultante de um dos
     vegetais pode ser hidrolisado, gerando         a-amilase apta a trabalhar em pHs           processos acima é levada ao branque-
     glicose, maltose e xarope de oligossa-         mais baixos reduziria, em muito, os         amento, que ocorrerá em menor ou
     carídeos, que, por sua vez, são utiliza-       custos do processo.                         maior grau dependendo da utilização
     dos para produção de outros químicos                 A Tabela 3 mostra algumas             do papel. Nesse processo, a quantida-
     ou como substratos em fermentações             enzimas isoladas de arqueas com gran-       de remanescente de lignina do
     (Bentley e Willians, 1996; Vieille e           de potencial de aplicação na indústria      polpeamento é retirada com a utiliza-
     Zeikus, 2001).                                 de processamento de amido. Embora           ção, dependendo do processo, de:
           De uma forma geral, o processo           nenhuma dessas reúna todas as carac-        cloro, dióxido de cloro, ozônio,
     de hidrólise do amido envolve a                terísticas necessárias apontadas aci-       peróxido de hidrogênio e altas tempe-
     liquefação e a sacarificação, as quais         ma, elas indicam, no entanto, que           raturas. A utilização desses agentes
     ocorrem em altas temperaturas. Du-             com técnicas de engenharia de prote-        oxidantes acaba gerando uma quanti-
     rante a liquefação, os grãos de amido          ínas, esses catalisadores poderiam ser      dade muito grande de poluentes, e,
     são gelatinizados em soluções aquo-            aperfeiçoados.                              por isso, vem sofrendo sanções das
     sas entre 105ºC e 110°C, num pH                                                            agências ambientais. Uma das alterna-
     entre 5,8 a 6,5 , quando então, são               4.2. Manufatura do Papel                 tivas pesquisadas para reduzir esses
     utilizadas a-amilases termoestáveis a                                                      compostos, principalmente os deriva-
     95°C, que hidrolisam parcialmente                    O processo de manufatura do           dos de cloro, é a utilização de enzimas.
     as ligações a-1,4. Nesse processo, o           papel envolve, de uma maneira geral,        Entre as enzimas pesquisadas, as xila-
     controle de temperatura e pH é mui-            dois estágios: o polpeamento e o bran-      nases, segundo Tolan (1996), são as
     to importante pois, se a temperatura           queamento. O polpeamento é o está-          que possuem uma boa aceitação in-
     estiver abaixo de 105°C, a gelatiniza-         gio no qual a estrutura macroscópica        dustrial e têm sido utilizadas em indús-
     ção ocorre parcialmente, e se aumen-           da fibra da madeira é quebrada, remo-       trias onde está havendo um decrésci-
     tar muito, há a inativação das a-              vendo-se dela a lignina, gerando daí        mo na utilização dos oxidantes, da
     amilases; se o pH estiver mais ácido           uma fibra mais maleável e com carac-        ordem de 10% a 15%. Ainda segundo
     que 5,5 também ocorre a inativação             terísticas próprias para a produção do      esse autor, as características ótimas
     dessas enzimas, mas, se vai acima de           papel (Tolan, 1996; Vieille e Zeikus,       para uma xilanase seriam sua ação em
     6,5 são gerados muitos subprodutos.            2001). Esse processo é conduzido me-        temperaturas por volta de 70°C e pH
     Após a liquefação, o produto é con-            cânica ou quimicamente por adição de        entre 10-12, o que abre uma excelente

              Tabela 3. Enzimas com potencial de aplicação na indústria de processamento do amido.
      Enzima                     Origem           Temperatura                pH             Referência
                           Pyrococcus furiosus         100°C               5,5-6,0       Dong et al., 1997
       -amilase             Pyrococcus woesei          100°C                 5,5          Koch et al., 1997
                            Pyrodictium abyssi         100°C                 5,0        Niehaus et al., 1999
      Pululanase           Thermus caldophilus         75°C                  5,5          Kim et al., 1996
                         Thermoan aerobacterium                                          Ganghofner et al.,
      Glicoamilase                                   50 a 60°C             4,0-5,5
                         thermosaccharolycticum                                                1998
      Amilopululanases     Pyrococcus furiosus         105°C                 6,0         Dong et al., 1997


74     Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento - Edição nº 30 - janeiro/junho 2003
oportunidade para a exploração de                                                         de vacinas, proporciona captação 3 a
xilanases de arqueas extremofílicas                                                       50 vezes maior pelas células fagocíticas
como as de Pyrococcus furiosus,                                                           do sistema imune quando compara-
Thermococcus sp. e Thermococcus                                                           das com formulações de lipossomos
zilligii (Eichler, 2001).                                                                 convencionais, além de geração de
      Um outro problema na fabricação                                                     resposta imune prolongada (Tolson et
de papel, principalmente pelo                                                             al., 1996; Sprott et al., 1997; Krishnan
polpeamento mecânico, é a deposição                                                       et al., 2000). Todos os estudos realiza-
do “pitch”, denominação atribuída ao                                                      dos in vitro e in vivo indicam que os
conjunto de substâncias hidrofóbicas                                                      arqueossomos são moléculas seguras
da madeira, principalmente triglicerí-                                                    e não invocam nenhuma toxicidade
deos e graxas, que causam muitos                                                          em ratos. Em geral, os arqueossomos
problemas na manufatura da polpa e                                                        demonstram alta estabilidade ao
do papel (Jaeger e Reetz, 1998). As                                                       estresse oxidativo, à alta temperatura,
lipases já vêm sendo utilizadas na                                                        ao pH alcalino, à ação de fosfolipases,
remoção dessas substâncias. Gutierrez                                                     de sais biliares e de proteínas do soro.
et al. (2001) comentam que muitos                                                         Algumas formulações podem ser es-
estudos estão sendo realizados, por                                                       terilizadas em autoclave, sem proble-
meio de técnicas de engenharia de                                                         mas como fusão ou agregação das
proteínas, no intuito de aumentar a                                                       vesículas (Patel e Sprott, 1999).
amplitude de substratos hidrolisáveis,
atividade e estabilidade em pH e tem-                                                                 5. Genômica
peratura elevados, sendo importante
que a enzima esteja ativa a altas tempe-                                                        Uma nova era sobre o conheci-
raturas, uma vez que para um desem-                                                       mento das arqueas começou em 1996
penho ótimo, a lipase deveria ser adi-                                                    em decorrência do seqüenciamento
cionada à polpa a uma temperatura de,                                                     completo do primeiro genoma de
aproximadamente, 85oC. Nosso labo-                                                        arquea (Bult et al., 1996). Com o sub-
ratório vem trabalhando no isolamen-                                                      seqüente desenvolvimento de novos
to, clonagem, expressão e caracteriza-               Pyrodictium abyssi                   projetos de seqüenciamento de outros
ção de uma enzima lipolítica de arquea                                                    organismos pertencentes ao domínio
cuja atividade já foi testada a 80oC       uma maior capacidade de correção               Archaea, foi produzida uma rica
(manuscrito em preparação).                de pareamentos errôneos, diminuin-             amostragem de genomas desse grupo
                                           do a freqüência de erros na replicação         taxonomicamente bastante diversos.
       4.3. Utilização de                  in vitro (Lundberg et al., 1991).              Esse repertório de genomas completa-
         Polimerases                            Não somente as enzimas adapta-            mente seqüenciados inclui múltiplos
                                           das às altas temperaturas têm potencia-        representantes das duas maiores divi-
      A reação em cadeia da polimera-      lidades biotecnológicas. As enzimas de         sões de arqueas estabelecidas pela
se (PCR) revolucionou a prática da         organismos que crescem entre 5ºC e             análise filogenética dos genes de rRNA:
biologia molecular, ou seja, a surpre-     25oC (Psicrofílicos) podem ser empre-          a Euryarchaeota e Crenarchaeota, bem
endente replicação in vitro de se-         gadas em vários processos e produtos,          como as principais variantes ecológi-
qüências específicas de DNA possi-         como proteases, lipases, amilases, b-          cas de arquea: os hipertermofílicos,
bilitou que o isolamento de genes,         glicanases em detergentes, pectinases          termofílicos moderados e mesofílicos,
seu seqüenciamento e mutações es-          em sucos de frutas, b-galactosidases           assim como halofílicos e metanogêni-
pecíficas, antes uma prática laborio-      para produção de leite deslactosado,           cos, formas autotróficas e heterotrófi-
sa, se tornasse uma atividade cotidi-      lipases para maturação de queijos              cas, e múltiplas espécies que represen-
ana de qualquer laboratório de enge-       (Herbert, 1992; Eichler, 2001).                tam organismos anaeróbios e aeróbios.
nharia genética. O método da reação                                                       Infelizmente os bancos de dados ainda
em cadeia da polimerase, por sua                 4.4. Arqueossomos                        não contam com seqüências genômi-
vez, foi extremamente simplificado                                                        cas de alguns organismos pertencen-
com a utilização de enzimas                     As aplicações biotecnológicas das         tes a ramos de arquea potencialmente
hipertermofílicas. Embora a princi-        arqueas não se restringem a produ-             importantes, como as misteriosas
pal DNA polimerase termofílica utili-      ção, expressão heteróloga e purifica-          Korarchaeota, que devem ter divergi-
zada seja a de uma bactéria (Thermus       ção de extremozimas. Pelo menos                do das demais arqueas nos primórdios
aquaticus), as DNA polimerases de          uma outra potencialidade biotecnoló-           da evolução, e a igualmente intrigante
arqueas, como as de Pyrococcus             gica deve ser ressaltada. A utilização         nanoarchaea, que parece ter o menor
furiosus, Pyrococcus woesei e outras,      dos arqueossomos (preparação de                genoma entre todos os organismos de
apresentam uma vantagem sobre a            lipídeos de membrana arqueana),                vida livre já descritos (Huber et al.,
Taq polimerase, pois elas possuem          como coadjuvantes em formulações               2002)

                                                 Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento - Edição nº 30 - janeiro/junho 2003   75
seqüenciadas corrobora a identifica-        6. Considerações Finais
                                                   ção destas como um grupo de orga-
                                                   nismos que têm uma base sólida e               Estudos que envolvem o domí-
                                                   estável de genes, os quais, primaria-    nio Archaea vêm confirmando as duas
                                                   mente, codificam proteínas envolvi-      hipóteses iniciais de Woese e Fox
                                                   das na replicação e expressão do         (1977), isto é, que as arqueas exibem
                                                   genoma. Além desses, existe um se-       uma diversidade fenotípica no míni-
                                                   gundo grupo de genes que é compar-       mo comparavél àquela apresentada
                                                   tilhado pelas arqueas e eucariotos,      pelo domínio Bacteria e que os orga-
      Métodos de Preservação de Arqueas            genes que são claramente associados      nismos do domínio Archaea serão
                                                   ao processamento da informação. O        caracterizados por aspectos únicos
          A comparação dos genomas já              fato da afinidade arquea-eucariótica     em âmbito molecular. Outrossim, o
     seqüenciados de arqueas e bactérias           ser quantitativamente pequena, de-       fato de Archaea exibir um mosaico
     permite concluir que a diferença              monstra, no entanto, que o processo      contendo características dos dois ou-
     mais marcante entre os domínios               de evolução tem sido mais comple-        tros domínios continua a estimular
     Archaea e Bacteria está na organi-            xo que a simples herança vertical, e     discussões entre os evolucionistas
     zação de seus sistemas de processa-           tem envolvido uma extensiva trans-       (Forterre et al, 2002).
     mento de informações. A estrutura             ferência lateral de genes entre                No contexto de extremofilia, a
     dos ribossomas e da cromatina, a              Archaea e Bacteria. Após a diver-        descoberta contemporânea mais sur-
     presença de histonas, assim como a            gência evolutiva entre as linhagens      preendente foi, sem dúvida, a dos
     similaridade entre seqüências das             de arqueas e bactérias, vem ocor-        organismos hipertermófilos, que
     proteínas envolvidas na tradução,             rendo uma grande mistura de genes        extendeu a sobrevivência desse or-
     transcrição, replicação e reparo do           codificantes para enzimas metabóli-      ganismo para cerca de 121ºC de tem-
     DNA; todos esses pontos apontam               cas, componentes estruturais da cé-      peratura em que células vivas proli-
     para uma maior proximidade entre              lula e outras proteínas que não par-     feram eficientemente. Essa caracte-
     arqueas e eucariotos. Por outro lado,         ticipam da maquinaria central de         rística notável implica na estabiliza-
     alguns componentes chaves da ma-              processamento da informação (Nel-        ção de todos os componentes celula-
     quinaria de replicação de DNA não             son et al., 1999).                       res, de modo que a sua funcionalida-
     são homólogos nos eucariotos nem                   Além dos estudos funcionais, a      de seja mantida em condições de
     nas bactérias. Essa observação per-           genômica de Archaea é fundamen-          temperatura que seriam danosas para
     mite sugerir a hipótese de que a              tal para o conhecimento que temos        a maioria das biomoléculas dos orga-
     replicação da dupla fita de DNA               de duas transições cruciais na evolu-    nismos mesófilos. A elucidação das
     como principal forma de replicação            ção da vida: a primeira é a divergên-    estratégias usadas na estabilização
     do material genético dos seres vivos          cia entre as linhagens de bactérias e    de componentes celulares e, em es-
     pode ter, na sua evolução, surgido,           as de arquea-eucarióticas, que pode      pecial, de proteínas, representa um
     independentemente, duas vezes:                ter envolvido a origem da maquina-       desafio fascinante para a biologia
     uma nas bactérias e uma outra no              ria de replicação de DNA. A segunda      atual (Kashe e Lovley, 2003).
     ancestral de arqueas e eucariotos.            é a origem dos eucariotos. Em rela-            Os microrganismos apresentam
     No entanto, muitas, mas não todas             ção a esse ponto, a arquea é uma         uma imensa diversidade genética e
     as rotas metabólicas de Archaea,              fonte fantástica de informação, par-     desempenham funções únicas e deci-
     são mais parecidas com as de bacté-           ticularmente porque, em muitas si-       sivas na manutenção de ecossistemas,
     rias que as de eucariotos. Esses              tuações, ela tem retido as caracterís-   como componentes fundamentais de
     estudos são concordes quanto ao               ticas primitivas, enquanto os            cadeias alimentares e ciclos biogeo-
     posicionamento das arqueas como               eucariotos têm sofrido modificações      químicos. É importante ressaltar que
     um domínio distinto da vida, com              muito maiores. Um exemplo carac-         grande parte dos avanços da biotec-
     conecções específicas com os                  terístico é a subunidade menor da        nologia moderna e da agricultura é
     eucariotos, e enfatizam a natureza            DNA polimerase, que possui todas         derivada das descobertas recentes nas
     misteriosa e única dos genomas das            as marcas de uma fosfatase ativa em      áreas de genética, fisiologia e metabo-
     arqueas (Gaasterland, 1999).                  arqueas, mas não em eucariotos,          lismo de microrganismos.
          Quando analisamos os 18 geno-            onde a atividade fosfatásica está              Considerando que o Brasil pos-
     mas de arqueas seqüenciados total-            provavelmente inativada. Sem som-        sui uma grande extensão territorial
     mente até hoje, podemos concluir              bra de dúvidas, arquea representa        com inúmeros e variados ambientes
     que 16 proteínas são exclusivas de            um ancestral comum das linhagens         extremos, como: águas termais, sali-
     arqueas, enquanto 61 são exclusivas           arquea-eucarióticas descendentes.        nas, inúmeras estações de tratamento
     de arquea-eucariotos. Interessante-           Portanto, a genômica de arquea é a       de esgoto, rejeitos industriais, entre
     mente, desses 61 genes, apenas 2              nossa melhor oportunidade de re-         outros. A biodiversidade microbiana
     não pertencem à maquinaria do pro-            construir essa fase intermediária crí-   brasileira, ainda não explorada, pode-
     cessamento de informação. Portanto,           tica da evolução da vida (Makarova       se tornar uma fonte para o desenvol-
     a análise genômica das arqueas já             e Koonin, 2003) .                        vimento biotecnológico do país.

76    Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento - Edição nº 30 - janeiro/junho 2003
Estamos em plena era biotecnoló-             K. (1998). Purification and properties         years, and what´s next? Gen. Biol.
gica, quando os processos bioquími-               of an amylopullulanase, a                      4:115-128.
cos são cada vez mais utilizados para a           glucoamylase, and an a-glucosidase         Nelson, K. E., Clayton, R. A., Gill, S. R.,
produção de agentes terapêuticos, pro-            in the amylolytic enzyme system of             Gwinn, M. L., Dodson, R. J. et al.
dutos químicos e biocatalisadores. O              Thermoanaerobacterium                          (1999). Evidence for lateral gene
grande desafio será incorporar a infor-           thermosaccharolyticum. Biosci.                 transfer between Archaea and
mação decorrente do estudo desses                 Biotechnol. Biochem. 62:302-308.               Bacteria from genome sequence of
organismos extremofílicos em novas            Gutierrez, A., Del Rio, J., Martinez, M. J.        Thermotoga maritime. Nature.
tecnologias, utilizando o enorme po-              (2001). The Biotechnology Control              399:323-329.
tencial de suas enzimas e biomoléculas.           of Pitch in Paper Pulp Manufacturing.      Niehaus, F., Bertoldo, C., Kahler,
                                                  Trends Biotechnol. 19:340-348.                 M., Antranikian, G. (1999).
          7. Referências                      Herbert, R. A. (1992). A perspective on            Extremophiles as a source of
          Bibliográficas                          the biotechnological potential of              novel enzymes for industrial
                                                  extremophiles. Trends Biotechnol.              application. Appl. Microbiol.
Bauer, M. W., Kelly, R. M. (1998). The            10:395-402.                                    Biotechnol. 51:711-729.
    family b-glucosidases from                Huber, H., Hohn, M. J., Rachel, R.,            Patel, G. B, Sprott, G. D. (1999).
    Pyrococcus          furiosus       and        Fuchs, T., Wimmer, V. C., Stetter, K.          Archaeobacterial ether lipid
    Agrobacterium faecalis share a                O. (2002). A new phylum of Archaea             liposomes (archaeosomes) as novel
    common catalytic mechanism.                   represented by a nanosized                     vaccine and drug delivery systems.
    Biochem. 37:17170-17178.                      hyperthermophilic symbiont.                    Crit. Rev. Biotechnol. 19:317-57.
Bentley, I. S., Williams, E. C. (1996).           Nature. 417:63-67.                         Santos, H., Lamosa, P., da Costa, M. S.
    Starch conversion. Ind. Enzymol.          Jaeger, K. E., Reetz, M. T. (1998).                (2001). Extremófilos: microrganis-
    2:339-357.                                    Microbial Lipases from Verstile                mos à prova de agressões
Björkling, F., Godtfredsen, S. E., Kirk, O.       Tools for Biotechnology. Trends                ambientais extremas. Bol. Biotec.
    (1991). The Future Impact of Indus-           Biotechnol. 16:396-402.                        69:2-10.
    trial Lipases. Trends Biotechnol.         Kashe, K., Lovley, D. R. (2003). Extending     Schiraldi, C., De Rosa, M. (2002). The
    9:360-363.                                    the Upper Temperature Limit for                production of biocatalysts and
Brock, T. D., Madigan, M. T., Martinko,           Life. Science. 301:934                         biomolecules from extremophiles.
    J. M., Parker, J. (1994). Biology of      Kim, C.-H., Nashiru, O., Ko, J. H. (1996).         Trends Biotechnol. 20:515-521.
    Microorganisms. 7ed. Prentice Hall:           Purification and biochemical               Sprott, G. D., Tolson, D. L., Patel, G. B.
    New Jersey, 909p.                             characterization of pullulanase type           (1997). Archaeosomes as novel
Bult, C. J., White, O., Olsen, G. J., Zhou,       I from Thermus caldophilus. FEMS               antigen delivery systems. FEMS
    L., Fleischmann, R. D. et al. (1996).         Microbiol. Lett. 138:147-152.                  Microb. Lett. 154: 17-22.
    Complete genome sequence of               Koch, R., Canganella, F., Hippe, H.,           Tolan, J. S. (1996). Pulp and Paper. Ind.
    the methanogenic archaeon,                    Jahnke, K. D., Antranikian, G.                 Enzymol. 2:327-338.
    Methanococcus jannaschii. Science.            (1997). Purification and properties        Tolson, D. L., Latta, R. K., Patel, G. B.
    273:1058–1073.                                of a thermostable pullulanase                  and Sprott, G. D. (1996) Uptake of
Dong, G., Vieille, C., Savchenko, A.,             from a newly isolated                          archaeobacterial and conventional
    Zeikus, J. G. (1997). Cloning,                thermophilic anaerobic bacterium               liposomes by phagocytic cells. J.
    sequencing, and expression of the             Fervidobacterium pennavorans                   Liposome Res. 6, 755-776.
    gene encoding extracellular a-                ven5. Appl. Microbiol. 63:1088-            Vieille, C., Zeikus, G. J. (2001).
    amylase from Pyrococcus furiosus              1094.                                          Hyperthermophilic Enzymes:
    and biochemical characterization          Krishnan, L., Dicaire, C. J., Patel, G. B.,        Sources, Uses, and Molecular
    of the recombinant enzyme. Appl.              Sprott, G. D. (2000). Archaesome               Mechanisms for Thermostability.
    Environ. Microbiol. 63:3569-3576.             vaccine adjuvants induce strong                Microbiol. Mol. Biol. Rev. 65:1-43.
Eichler, J. (2001). Biotechnological              humoral, cell-mediated, and                Woese, C. R. (1998). The universal
    uses of archaeal extremozymes.                memory responses: comparison to                ancestror. Proc. Natl. Acad. Sci. USA.
    Biotechnol. Adv. 19:261-278.                  conventional liposomes and alum.               95:6854-6859.
Forterre, P. (1997). Archaea: what can            Infect Imun. 68: 54-63.                    Woese, C. R., Fox, G. E. (1977).
    we learn from their sequences? Curr.      Lundberg, K. S., Shoemaker, D. D.,                 Phylogenetic structure of the
    Opin. Gen. Devel. 7:764-770.                  Adams, M. W., Short, J. M., Sorge,             prokaryotic domain: the primary
Forterre, P, Brochier C., Philippe, H.            J. A., Mathur, E. J. (1991) High-              kingdoms. Proc Natl Acad Sci USA.
    (2002). Evolution of the Archaea.             fidelity amplification using a                 74:5088-5090.
    Theor. Popul. Biol. 4:409-422.                thermostable DNA polymerase                Woese, C. R., Kandler, O., Wheelis, M.
Gaasterland, T. (1999). Archaeal                  isolated from Pyrococcus furiosus.             L. (1990). Towards a natural system
    genomics. Curr. Opin. Microbiol.              Gene. 108:1-6.                                 of organisms: proposal for the
    2:542-547.                                Makarova, K. S., Koonin, E. V. (2003).             domains Archaea, Bacteria, and
Ganghofner, D., Kellermann, J.,                   Comparative genomics of archaea:               Eucarya. Proc. Natl. Acad. Sci. USA.
    Staudenbauer, W. L., Bronnenmeier,            how much have we learned in six                87:4576-4579.

                                                    Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento - Edição nº 30 - janeiro/junho 2003    77

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Interação genica
Interação genicaInteração genica
Interação genicaAdila Trubat
 
Plano de aula prática sobre misturas homogêneas e heterogêneas e separação de...
Plano de aula prática sobre misturas homogêneas e heterogêneas e separação de...Plano de aula prática sobre misturas homogêneas e heterogêneas e separação de...
Plano de aula prática sobre misturas homogêneas e heterogêneas e separação de...spereirasantos
 
Genética e evolução: mecanismos de especiação
Genética e evolução: mecanismos de especiaçãoGenética e evolução: mecanismos de especiação
Genética e evolução: mecanismos de especiaçãoRoulber Carvalho
 
Introdução à bioquímica
Introdução à bioquímicaIntrodução à bioquímica
Introdução à bioquímicaAlessandra Fraga
 
Introducao à Biotecnologia I
Introducao à Biotecnologia IIntroducao à Biotecnologia I
Introducao à Biotecnologia IKelton Silva Sena
 
Reino monera
Reino moneraReino monera
Reino moneraBantim27
 
A biologia da conservação
A biologia da conservaçãoA biologia da conservação
A biologia da conservaçãoGabriela de Lima
 
REINO MONERA - ASSUNTO DO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO
REINO MONERA - ASSUNTO DO 3º ANO DO ENSINO MÉDIOREINO MONERA - ASSUNTO DO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO
REINO MONERA - ASSUNTO DO 3º ANO DO ENSINO MÉDIOgbast3
 
Biologia: Nutrição das bactérias
Biologia: Nutrição das bactériasBiologia: Nutrição das bactérias
Biologia: Nutrição das bactériasletosgirl
 
Atividade construindo cladogramas
Atividade   construindo cladogramasAtividade   construindo cladogramas
Atividade construindo cladogramasnetoalvirubro
 
Herança dos cromossomos sexuais
Herança dos cromossomos sexuaisHerança dos cromossomos sexuais
Herança dos cromossomos sexuaisCésar Milani
 
Genetica
GeneticaGenetica
Geneticaemanuel
 
II. 1 Água, sais minerais e vitaminas
II. 1 Água, sais minerais e vitaminasII. 1 Água, sais minerais e vitaminas
II. 1 Água, sais minerais e vitaminasRebeca Vale
 
Slides da aula de Biologia (Renato) sobre Reino Monera
Slides da aula de Biologia (Renato) sobre Reino MoneraSlides da aula de Biologia (Renato) sobre Reino Monera
Slides da aula de Biologia (Renato) sobre Reino MoneraTurma Olímpica
 
Junqueira & Carneiro - Biologia celular e molecular - 9 Ed.pdf
Junqueira & Carneiro - Biologia celular e molecular - 9 Ed.pdfJunqueira & Carneiro - Biologia celular e molecular - 9 Ed.pdf
Junqueira & Carneiro - Biologia celular e molecular - 9 Ed.pdfJaqueline Silveira
 
Introdução a genetica
Introdução a geneticaIntrodução a genetica
Introdução a geneticaUERGS
 

Was ist angesagt? (20)

Interação genica
Interação genicaInteração genica
Interação genica
 
Plano de aula prática sobre misturas homogêneas e heterogêneas e separação de...
Plano de aula prática sobre misturas homogêneas e heterogêneas e separação de...Plano de aula prática sobre misturas homogêneas e heterogêneas e separação de...
Plano de aula prática sobre misturas homogêneas e heterogêneas e separação de...
 
Genética e evolução: mecanismos de especiação
Genética e evolução: mecanismos de especiaçãoGenética e evolução: mecanismos de especiação
Genética e evolução: mecanismos de especiação
 
Reino Monera
Reino MoneraReino Monera
Reino Monera
 
Introdução à bioquímica
Introdução à bioquímicaIntrodução à bioquímica
Introdução à bioquímica
 
Introducao à Biotecnologia I
Introducao à Biotecnologia IIntroducao à Biotecnologia I
Introducao à Biotecnologia I
 
Reino monera
Reino moneraReino monera
Reino monera
 
A biologia da conservação
A biologia da conservaçãoA biologia da conservação
A biologia da conservação
 
REINO MONERA - ASSUNTO DO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO
REINO MONERA - ASSUNTO DO 3º ANO DO ENSINO MÉDIOREINO MONERA - ASSUNTO DO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO
REINO MONERA - ASSUNTO DO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO
 
Biologia: Nutrição das bactérias
Biologia: Nutrição das bactériasBiologia: Nutrição das bactérias
Biologia: Nutrição das bactérias
 
Atividade construindo cladogramas
Atividade   construindo cladogramasAtividade   construindo cladogramas
Atividade construindo cladogramas
 
Herança dos cromossomos sexuais
Herança dos cromossomos sexuaisHerança dos cromossomos sexuais
Herança dos cromossomos sexuais
 
Genetica
GeneticaGenetica
Genetica
 
II. 1 Água, sais minerais e vitaminas
II. 1 Água, sais minerais e vitaminasII. 1 Água, sais minerais e vitaminas
II. 1 Água, sais minerais e vitaminas
 
Slides da aula de Biologia (Renato) sobre Reino Monera
Slides da aula de Biologia (Renato) sobre Reino MoneraSlides da aula de Biologia (Renato) sobre Reino Monera
Slides da aula de Biologia (Renato) sobre Reino Monera
 
Junqueira & Carneiro - Biologia celular e molecular - 9 Ed.pdf
Junqueira & Carneiro - Biologia celular e molecular - 9 Ed.pdfJunqueira & Carneiro - Biologia celular e molecular - 9 Ed.pdf
Junqueira & Carneiro - Biologia celular e molecular - 9 Ed.pdf
 
Proteinas
ProteinasProteinas
Proteinas
 
1 introdução ao Estudo da Biologia 1º ano
1   introdução ao Estudo da Biologia 1º ano1   introdução ao Estudo da Biologia 1º ano
1 introdução ao Estudo da Biologia 1º ano
 
Avanços da biotecnologia
Avanços da biotecnologiaAvanços da biotecnologia
Avanços da biotecnologia
 
Introdução a genetica
Introdução a geneticaIntrodução a genetica
Introdução a genetica
 

Andere mochten auch

Reino monera: Bactérias e Arqueas
Reino monera: Bactérias e ArqueasReino monera: Bactérias e Arqueas
Reino monera: Bactérias e ArqueasSimone Miranda
 
Tabla propiedad funcion agua
Tabla propiedad funcion aguaTabla propiedad funcion agua
Tabla propiedad funcion aguaCarolTapia
 
Características de los dominios y reinos... biologia general
Características de los dominios y reinos... biologia generalCaracterísticas de los dominios y reinos... biologia general
Características de los dominios y reinos... biologia generalwfcr
 
Glucidos o carbohidratos
Glucidos o carbohidratosGlucidos o carbohidratos
Glucidos o carbohidratosScarleth Bermeo
 
Biologia 2º ano frente 2 - procariontes
Biologia 2º ano   frente 2 - procariontesBiologia 2º ano   frente 2 - procariontes
Biologia 2º ano frente 2 - procariontesPéricles Penuel
 
Dominio Bacteria
Dominio BacteriaDominio Bacteria
Dominio BacteriaKaren Alex
 
Unidad 4 arqueobacterias
Unidad 4 arqueobacteriasUnidad 4 arqueobacterias
Unidad 4 arqueobacteriasali2014
 
Arqueobacterias mapas conceptuales
Arqueobacterias mapas conceptualesArqueobacterias mapas conceptuales
Arqueobacterias mapas conceptualesSEJ
 
04. clasificacion de los seres vivos
04. clasificacion de los seres vivos04. clasificacion de los seres vivos
04. clasificacion de los seres vivosvgnunez
 
Aula completa reino protista
Aula completa reino protistaAula completa reino protista
Aula completa reino protistaNelson Costa
 

Andere mochten auch (20)

Reino monera: Bactérias e Arqueas
Reino monera: Bactérias e ArqueasReino monera: Bactérias e Arqueas
Reino monera: Bactérias e Arqueas
 
2.1 2.2 arqueas
2.1 2.2 arqueas2.1 2.2 arqueas
2.1 2.2 arqueas
 
Arqueobacteria
ArqueobacteriaArqueobacteria
Arqueobacteria
 
Enlace quimico
Enlace quimicoEnlace quimico
Enlace quimico
 
Tabla propiedad funcion agua
Tabla propiedad funcion aguaTabla propiedad funcion agua
Tabla propiedad funcion agua
 
Características de los dominios y reinos... biologia general
Características de los dominios y reinos... biologia generalCaracterísticas de los dominios y reinos... biologia general
Características de los dominios y reinos... biologia general
 
Glucidos o carbohidratos
Glucidos o carbohidratosGlucidos o carbohidratos
Glucidos o carbohidratos
 
Generalidades de los carbohidratos
Generalidades de los carbohidratosGeneralidades de los carbohidratos
Generalidades de los carbohidratos
 
archea
archea archea
archea
 
Cyanophyta
CyanophytaCyanophyta
Cyanophyta
 
Biologia 2º ano frente 2 - procariontes
Biologia 2º ano   frente 2 - procariontesBiologia 2º ano   frente 2 - procariontes
Biologia 2º ano frente 2 - procariontes
 
Dominio Bacteria
Dominio BacteriaDominio Bacteria
Dominio Bacteria
 
Reino monera
Reino moneraReino monera
Reino monera
 
Unidad 4 arqueobacterias
Unidad 4 arqueobacteriasUnidad 4 arqueobacterias
Unidad 4 arqueobacterias
 
Arqueobacterias mapas conceptuales
Arqueobacterias mapas conceptualesArqueobacterias mapas conceptuales
Arqueobacterias mapas conceptuales
 
Grupos funcionales
Grupos funcionalesGrupos funcionales
Grupos funcionales
 
04. clasificacion de los seres vivos
04. clasificacion de los seres vivos04. clasificacion de los seres vivos
04. clasificacion de los seres vivos
 
Aula completa reino protista
Aula completa reino protistaAula completa reino protista
Aula completa reino protista
 
O que são Glicoproteínas?
O que são Glicoproteínas?O que são Glicoproteínas?
O que são Glicoproteínas?
 
Tema 1. agua y sales minerales
Tema 1. agua y sales mineralesTema 1. agua y sales minerales
Tema 1. agua y sales minerales
 

Ähnlich wie Archaea

Recursos biologicos
Recursos biologicosRecursos biologicos
Recursos biologicosee
 
aaa OOOOaula 1 e 2 microb. geral 2019.ppt
aaa OOOOaula 1 e 2 microb. geral 2019.pptaaa OOOOaula 1 e 2 microb. geral 2019.ppt
aaa OOOOaula 1 e 2 microb. geral 2019.pptpamelacastro71
 
AULAS DE MICROBIOLOGIA APLICADA A TECNICOS DE ENFERMAGEM
AULAS DE MICROBIOLOGIA APLICADA A TECNICOS DE ENFERMAGEMAULAS DE MICROBIOLOGIA APLICADA A TECNICOS DE ENFERMAGEM
AULAS DE MICROBIOLOGIA APLICADA A TECNICOS DE ENFERMAGEMMarceloCorrea844135
 
Aula citologia 2011 1
Aula citologia 2011 1Aula citologia 2011 1
Aula citologia 2011 1Odonto ufrj
 
BIO UNO 550 páginas.pdf
BIO UNO 550 páginas.pdfBIO UNO 550 páginas.pdf
BIO UNO 550 páginas.pdfZeineSoares
 
Silvia Puc Salvador Microoganismos
Silvia Puc Salvador MicrooganismosSilvia Puc Salvador Microoganismos
Silvia Puc Salvador Microoganismos PEDRO PACHECO
 
Versão preliminar do currículo referencia da rede estadual ensino médio
Versão preliminar do currículo referencia da rede estadual   ensino médioVersão preliminar do currículo referencia da rede estadual   ensino médio
Versão preliminar do currículo referencia da rede estadual ensino médioheliane
 
Cartilha transgenicos
Cartilha transgenicosCartilha transgenicos
Cartilha transgenicosfabio silva
 
Teste de Biologia 11 (3º Teste) - Global - correcção
Teste de Biologia 11 (3º Teste) - Global - correcçãoTeste de Biologia 11 (3º Teste) - Global - correcção
Teste de Biologia 11 (3º Teste) - Global - correcçãoIsaura Mourão
 
Teste de Biologia (3º Teste) - Global - correcção
Teste de Biologia (3º Teste) - Global - correcçãoTeste de Biologia (3º Teste) - Global - correcção
Teste de Biologia (3º Teste) - Global - correcçãoIsaura Mourão
 
Bioquimicacarboidratoslipdeoseprotenas 100320060818-phpapp01
Bioquimicacarboidratoslipdeoseprotenas 100320060818-phpapp01Bioquimicacarboidratoslipdeoseprotenas 100320060818-phpapp01
Bioquimicacarboidratoslipdeoseprotenas 100320060818-phpapp01Bru Resende
 
@bionicolaj Bio enem esquema assuntos
@bionicolaj Bio enem esquema assuntos@bionicolaj Bio enem esquema assuntos
@bionicolaj Bio enem esquema assuntosBionicolaj
 
Teste de Biologia 11 (3º Teste) - Global
Teste de Biologia 11 (3º Teste) - GlobalTeste de Biologia 11 (3º Teste) - Global
Teste de Biologia 11 (3º Teste) - GlobalIsaura Mourão
 
Teste de Biologia (3º Teste) - Global
Teste de Biologia (3º Teste) - GlobalTeste de Biologia (3º Teste) - Global
Teste de Biologia (3º Teste) - GlobalIsaura Mourão
 
Chaperoninas
ChaperoninasChaperoninas
Chaperoninasemanuel
 

Ähnlich wie Archaea (20)

Micro apostila1
Micro apostila1Micro apostila1
Micro apostila1
 
Recursos biologicos
Recursos biologicosRecursos biologicos
Recursos biologicos
 
aaa OOOOaula 1 e 2 microb. geral 2019.ppt
aaa OOOOaula 1 e 2 microb. geral 2019.pptaaa OOOOaula 1 e 2 microb. geral 2019.ppt
aaa OOOOaula 1 e 2 microb. geral 2019.ppt
 
AULAS DE MICROBIOLOGIA APLICADA A TECNICOS DE ENFERMAGEM
AULAS DE MICROBIOLOGIA APLICADA A TECNICOS DE ENFERMAGEMAULAS DE MICROBIOLOGIA APLICADA A TECNICOS DE ENFERMAGEM
AULAS DE MICROBIOLOGIA APLICADA A TECNICOS DE ENFERMAGEM
 
Aula citologia 2011 1
Aula citologia 2011 1Aula citologia 2011 1
Aula citologia 2011 1
 
BIO UNO 550 páginas.pdf
BIO UNO 550 páginas.pdfBIO UNO 550 páginas.pdf
BIO UNO 550 páginas.pdf
 
Biotecnologia agricola
Biotecnologia agricolaBiotecnologia agricola
Biotecnologia agricola
 
Silvia Puc Salvador Microoganismos
Silvia Puc Salvador MicrooganismosSilvia Puc Salvador Microoganismos
Silvia Puc Salvador Microoganismos
 
Apostila
ApostilaApostila
Apostila
 
Biologia celular-4
Biologia celular-4Biologia celular-4
Biologia celular-4
 
Laboratorio de Genética Molecular Bacteriana - UFRJ
Laboratorio de Genética Molecular Bacteriana  - UFRJLaboratorio de Genética Molecular Bacteriana  - UFRJ
Laboratorio de Genética Molecular Bacteriana - UFRJ
 
Versão preliminar do currículo referencia da rede estadual ensino médio
Versão preliminar do currículo referencia da rede estadual   ensino médioVersão preliminar do currículo referencia da rede estadual   ensino médio
Versão preliminar do currículo referencia da rede estadual ensino médio
 
Cartilha transgenicos
Cartilha transgenicosCartilha transgenicos
Cartilha transgenicos
 
Teste de Biologia 11 (3º Teste) - Global - correcção
Teste de Biologia 11 (3º Teste) - Global - correcçãoTeste de Biologia 11 (3º Teste) - Global - correcção
Teste de Biologia 11 (3º Teste) - Global - correcção
 
Teste de Biologia (3º Teste) - Global - correcção
Teste de Biologia (3º Teste) - Global - correcçãoTeste de Biologia (3º Teste) - Global - correcção
Teste de Biologia (3º Teste) - Global - correcção
 
Bioquimicacarboidratoslipdeoseprotenas 100320060818-phpapp01
Bioquimicacarboidratoslipdeoseprotenas 100320060818-phpapp01Bioquimicacarboidratoslipdeoseprotenas 100320060818-phpapp01
Bioquimicacarboidratoslipdeoseprotenas 100320060818-phpapp01
 
@bionicolaj Bio enem esquema assuntos
@bionicolaj Bio enem esquema assuntos@bionicolaj Bio enem esquema assuntos
@bionicolaj Bio enem esquema assuntos
 
Teste de Biologia 11 (3º Teste) - Global
Teste de Biologia 11 (3º Teste) - GlobalTeste de Biologia 11 (3º Teste) - Global
Teste de Biologia 11 (3º Teste) - Global
 
Teste de Biologia (3º Teste) - Global
Teste de Biologia (3º Teste) - GlobalTeste de Biologia (3º Teste) - Global
Teste de Biologia (3º Teste) - Global
 
Chaperoninas
ChaperoninasChaperoninas
Chaperoninas
 

Mehr von emanuel

Revisão bahiana 2ª etapa
Revisão bahiana 2ª etapaRevisão bahiana 2ª etapa
Revisão bahiana 2ª etapaemanuel
 
Revisão ENEM EVOLUÇÃO
Revisão ENEM EVOLUÇÃORevisão ENEM EVOLUÇÃO
Revisão ENEM EVOLUÇÃOemanuel
 
Revisão de Ecologia
Revisão de Ecologia   Revisão de Ecologia
Revisão de Ecologia emanuel
 
3° simulado ENEM - matematica e linguagens
3° simulado ENEM -  matematica e linguagens3° simulado ENEM -  matematica e linguagens
3° simulado ENEM - matematica e linguagensemanuel
 
3º simulado enem - ciencias humanas e naturais
3º simulado enem -  ciencias humanas e naturais3º simulado enem -  ciencias humanas e naturais
3º simulado enem - ciencias humanas e naturaisemanuel
 
Noções de Biotecnologia
Noções de BiotecnologiaNoções de Biotecnologia
Noções de Biotecnologiaemanuel
 
Noções de Cladistica
Noções de CladisticaNoções de Cladistica
Noções de Cladisticaemanuel
 
Sistema digestório e circulatório
Sistema digestório e circulatórioSistema digestório e circulatório
Sistema digestório e circulatórioemanuel
 
2º simulado Enem - Matematica e Linguagens
2º simulado Enem - Matematica e Linguagens2º simulado Enem - Matematica e Linguagens
2º simulado Enem - Matematica e Linguagensemanuel
 
2º simulado Enem- Ciências Humanas e Naturais
2º simulado Enem- Ciências Humanas e Naturais2º simulado Enem- Ciências Humanas e Naturais
2º simulado Enem- Ciências Humanas e Naturaisemanuel
 
1º simulado Enem Compacto
1º simulado   Enem Compacto 1º simulado   Enem Compacto
1º simulado Enem Compacto emanuel
 
Simulado Bahiana 2015.1
Simulado Bahiana 2015.1Simulado Bahiana 2015.1
Simulado Bahiana 2015.1emanuel
 
1º simulado ENEM - Matematica e Linguagens
1º simulado ENEM - Matematica e Linguagens1º simulado ENEM - Matematica e Linguagens
1º simulado ENEM - Matematica e Linguagensemanuel
 
1º simulado ENEM - Humanas e Naturais
1º simulado ENEM - Humanas e Naturais1º simulado ENEM - Humanas e Naturais
1º simulado ENEM - Humanas e Naturaisemanuel
 
Ecologia - Níveis de organização
Ecologia - Níveis de organizaçãoEcologia - Níveis de organização
Ecologia - Níveis de organizaçãoemanuel
 
Câncer ( arquivo atualizado)
Câncer ( arquivo atualizado)Câncer ( arquivo atualizado)
Câncer ( arquivo atualizado)emanuel
 
Lista de Histologia Animal
Lista de Histologia AnimalLista de Histologia Animal
Lista de Histologia Animalemanuel
 
Reino Monera 2015
Reino Monera 2015Reino Monera 2015
Reino Monera 2015emanuel
 
Aula dica 2014
Aula dica 2014Aula dica 2014
Aula dica 2014emanuel
 
Aula Dica 2014 - Lâminas
Aula Dica 2014 - Lâminas Aula Dica 2014 - Lâminas
Aula Dica 2014 - Lâminas emanuel
 

Mehr von emanuel (20)

Revisão bahiana 2ª etapa
Revisão bahiana 2ª etapaRevisão bahiana 2ª etapa
Revisão bahiana 2ª etapa
 
Revisão ENEM EVOLUÇÃO
Revisão ENEM EVOLUÇÃORevisão ENEM EVOLUÇÃO
Revisão ENEM EVOLUÇÃO
 
Revisão de Ecologia
Revisão de Ecologia   Revisão de Ecologia
Revisão de Ecologia
 
3° simulado ENEM - matematica e linguagens
3° simulado ENEM -  matematica e linguagens3° simulado ENEM -  matematica e linguagens
3° simulado ENEM - matematica e linguagens
 
3º simulado enem - ciencias humanas e naturais
3º simulado enem -  ciencias humanas e naturais3º simulado enem -  ciencias humanas e naturais
3º simulado enem - ciencias humanas e naturais
 
Noções de Biotecnologia
Noções de BiotecnologiaNoções de Biotecnologia
Noções de Biotecnologia
 
Noções de Cladistica
Noções de CladisticaNoções de Cladistica
Noções de Cladistica
 
Sistema digestório e circulatório
Sistema digestório e circulatórioSistema digestório e circulatório
Sistema digestório e circulatório
 
2º simulado Enem - Matematica e Linguagens
2º simulado Enem - Matematica e Linguagens2º simulado Enem - Matematica e Linguagens
2º simulado Enem - Matematica e Linguagens
 
2º simulado Enem- Ciências Humanas e Naturais
2º simulado Enem- Ciências Humanas e Naturais2º simulado Enem- Ciências Humanas e Naturais
2º simulado Enem- Ciências Humanas e Naturais
 
1º simulado Enem Compacto
1º simulado   Enem Compacto 1º simulado   Enem Compacto
1º simulado Enem Compacto
 
Simulado Bahiana 2015.1
Simulado Bahiana 2015.1Simulado Bahiana 2015.1
Simulado Bahiana 2015.1
 
1º simulado ENEM - Matematica e Linguagens
1º simulado ENEM - Matematica e Linguagens1º simulado ENEM - Matematica e Linguagens
1º simulado ENEM - Matematica e Linguagens
 
1º simulado ENEM - Humanas e Naturais
1º simulado ENEM - Humanas e Naturais1º simulado ENEM - Humanas e Naturais
1º simulado ENEM - Humanas e Naturais
 
Ecologia - Níveis de organização
Ecologia - Níveis de organizaçãoEcologia - Níveis de organização
Ecologia - Níveis de organização
 
Câncer ( arquivo atualizado)
Câncer ( arquivo atualizado)Câncer ( arquivo atualizado)
Câncer ( arquivo atualizado)
 
Lista de Histologia Animal
Lista de Histologia AnimalLista de Histologia Animal
Lista de Histologia Animal
 
Reino Monera 2015
Reino Monera 2015Reino Monera 2015
Reino Monera 2015
 
Aula dica 2014
Aula dica 2014Aula dica 2014
Aula dica 2014
 
Aula Dica 2014 - Lâminas
Aula Dica 2014 - Lâminas Aula Dica 2014 - Lâminas
Aula Dica 2014 - Lâminas
 

Archaea

  • 1. Archaea: Pesquisa Potencial Biotecnológico Utilização e aplicação de arqueas na biotecnologia Alexander Machado Cardoso Departamento de Bioquímica Médica, Instituto de Ciências Biomédicas, UFRJ. 1. Introdução Os benefícios científicos espera- amcardoso@bioqmed.ufrj.br dos de um conhecimento maior da O domínio Archaea é formado biologia das arqueas incluem, entre Maysa B. Mandetta Clementino principalmente por organismos outros, a compreensão das funções Departamento de Microbiologia, Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, FIOCRUZ. extremofílicos, isto é, microrganismos exercidas por esses organismos nos maysa@incqs.fiocruz.br que não apenas toleram, mas crescem ambientes aquáticos e terrestres, bem otimamente em ambientes normalmen- como suas interações com outros com- Orlando Bonifácio Martins te considerados inóspitos para a vida, ponentes da biodiversidade. Os bene- Departamento de Bioquímica Médica, Instituto de Ciências Biomédicas, UFRJ. como fontes termais, águas extrema- fícios econômicos e estratégicos estão omartins@bioqmed.ufrj.br mente salgadas, temperaturas baixas e relacionados com a descoberta de mi- condições extremas de pH. Pode-se crorganismos potencialmente explo- Ricardo Pilz Vieira dizer que certas espécies de arqueas ráveis nos processos biotecnológicos Departamento de Biologia Marinha, definem claramente os limites de tole- para obtenção de agentes terapêuti- Instituto de Biologia, UFRJ. pilz@bioqmed.ufrj.br rância biológica nos extremos físicos e cos, probióticos, produtos químicos, químicos da vida. O estudo dos micror- enzimas e polímeros para aplicações Rodrigo Volcan Almeida ganismos provenientes desses ambi- industriais e tecnológicas, biorremedi- Programa de Engenharia Química, entes extremos pode nos fornecer in- ação e biolixiviação de poluentes e COPPE, UFRJ. volcan@peq.coppe.ufrj.br formações valiosas acerca da origem recuperação de minérios. Outros be- da vida na Terra, bem como das estra- nefícios incluem a otimização da capa- Sylvia M. Campbell Alqueres tégias adaptativas aos ambientes onde cidade microbiana para processamen- Departamento de Bioquímica Médica, Instituto de esta prosperou (Woese, 1998). to de alimentos, tratamento e/ou Ciências Biomédicas, UFRJ. alqueres@bioqmed.ufrj.br A adaptação de organismos a remediação de resíduos (esgoto do- esses ambientes obrigou-os a desen- méstico e lixo). Embora ainda não Welington Inácio de Almeida volver componentes celulares e estra- sejam totalmente conhecidas as estra- Departamento de Bioquímica Médica, tégias bioquímicas para sua sobrevi- tégias moleculares para sua sobrevi- Instituto de Ciências Biomédicas, UFRJ. vência. Por outro lado, devido às vência em tais ambientes inóspitos, welington@bioqmed.ufrj.br características “exóticas” que têm, e sabe-se que esses organismos possu- Ilustrações cedidas pelos autores às suas propriedades únicas, esses em enzimas adaptadas a tais ambien- microrganismos geram bioprodutos tes, e isso desperta o interesse tanto que podem ser empregados em con- acadêmico quanto industrial. dições drásticas, que freqüentemente ocorrem em processos industriais. Os 2. Filogenia e Fisiologia componentes moleculares deles reti- rados possuem muitas vezes proprie- Há cerca de vinte anos, Carl dades que os tornam especialmente Woese e colaboradores sugeriram adequados para serem utilizados nes- que os organismos vivos fossem ses processos. Nesse contexto, é hoje classificados em três grupos princi- geralmente aceito que esses micror- pais: Archaea, Bacteria e Eukarya, ganismos constituem um precioso com base no estudo das seqüências repositório de moléculas de interesse das moléculas do gene 16S do RNA industrial e um excelente recurso para ribossomal (16S rRNA). Esses gru- o desenvolvimento de novas aplica- pos são chamados de domínios e ções biotecnológicas. acredita-se que surgiram através de Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento - Edição nº 30 - janeiro/junho 2003 71
  • 2. Tab ela 1: Diferen ças fu n d amen tais en tre o s três d o mín io s. C aracterísticas Bacteria A rch aea E u carya Membrana nuclear Ausente Ausente Presente Número de 1 1 >1 cromossomos Celulose em plantas, Pseudo-peptideoglicano, Parede Celular Peptideoglicano quitina em fungos e glicoproteínas e outros nenhuma em animais Mureína na parede Sim Não Não celular Glicerídeos ligados a éster, Glicerídeos ligados a éster; Lipídeos da membrana Isoprenóide; glicerol diéter não ramificado; saturado não ramificado; poli- celular ou di-glicerol tetraéter ou mono-insaturado insaturado Organelas (mitocôndria Ausente Ausente Presente e cloroplastos) Ribossomo 70S 70S 80S Síntese de proteínas inibida por Sim Não Não cloranfenicol e estreptomicina Síntese de proteínas inibida pela toxina da Não Sim Sim difteria vias evolutivas distintas a partir de são únicos de cada domínio, enquan- O hábitat das arqueas halofílicas um ancestral comum. A noção de to outros são compartilhados entre extremas é hipersalino e as espécies dicotomia da vida entre eucariontes dois ou até entre todos os três domí- em cultivo laboratorial requerem para e procariontes, que ainda domina a nios, como pode ser observado na o crescimento, entre 1,5 a 4 M de biologia e influencia, em particular, Tabela 1. NaCl, o que significa um ambiente a percepção sobre o domínio com cerca de 10 vezes a salinidade Archaea, está sendo lentamente re- 3. Ambientes extremos encontrada na água do mar. As vista por grupos atuantes em metanogênicas são organismos obri- microbiologia. A diversidade e a Os primeiros organismos identi- gatoriamente anaeróbios e liberam biologia das arqueas representam ficados pertencentes ao domínio gás metano (CH4) como resíduo me- uma enorme contribuição à compre- Archaea viviam em ambientes extre- tabólico. São encontradas em ambi- ensão da Ecologia Microbiana mos de temperatura, salinidade ou entes com ausência de oxigênio e (Woese et al., 1990). acidez, sugerindo que a preferência abundância de matéria orgânica, O domínio Archaea consiste de por tais hábitats, era um traço carac- como pântanos, açudes, lagos, sedi- três divisões: Crenarchaeota, que terístico do grupo. Estudos mais re- mentos marinhos e rúmen de bovi- contém as arqueas hipertermofílicas centes mostraram várias eubactérias nos. Elas retiram hidrogênio e gás redutoras de enxofre; Euryarchaeota, e organismos eucarióticos que sobre- carbônico desses ambientes e os uti- que compreende uma grande diver- vivem também em ambientes extre- lizam em seu metabolismo. Vivem sidade de organismos, incluídas as mos, como observaram igualmente a como simbiontes de uma grande va- espécies metanogênicas, as halofílicas presença de arqueas em ambientes riedade de protozoários também extremas e algumas espécies mais amenos, demonstrando, dessa anaeróbicos, convertendo produtos hipertermofílicas; e Korarchaeota, forma, a contribuição desse grupo na finais de fermentação em gás metano. uma divisão descrita mais recente- biomassa global (Forterre, 1997). En- São de grande importância ao ambi- mente, que engloba organismos hi- tretanto, as arqueas parecem ser os ente em que vivem pela alta eficiên- pertermofílicos pouco conhecidos, únicos organismos descobertos até o cia de sua enzima hidrogenase que, identificados a partir de seqüências presente momento que podem so- mantendo uma baixa pressão parcial do gene 16S do rRNA isolados de breviver a temperaturas acima de de H2 para que a metanogênese ocor- fontes termais terrestres, porém ain- 95ºC, e o fenótipo hipertermofílico ra, permite que os demais organis- da não cultivados em laboratório. só é encontrado nesse domínio da mos fermentadores façam reoxida- Após serem divididos os três vida. Uma outra característica exclu- ção do NADH, o que corresponde a grandes domínios a partir do seqüen- siva de Archaea é o metabolismo um maior rendimento de ATP e um ciamento do 16S rRNA, estudos sub- metanogênico: não se conhecem aumento da biomassa (Brock et al., seqüentes mostraram que cada do- eubactérias nem eucariotos capazes 1994). mínio está associado a uma série de de produzir metano como resíduo de As arqueas termoacidófilas com- fenótipos. Alguns desses fenótipos seu metabolismo. põem um grupo heterogêneo, defini- 72 Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento - Edição nº 30 - janeiro/junho 2003
  • 3. Tab ela 2: E stratégias d e ad aptação d as arq u eas ao s amb ien tes extremo s. A mb ien te P ro b lemas Mecan ismo s d e ad aptação Mantém altas concentrações de K+ intracelularmente Lise celular por diferença de pressão osmótica A parede celular é composta por glicoproteínas que tem Hipersalin o uma maior porcentagem de aminoácidos ácidos que atraem os íons Na+ para o redor da célula. A ligação dos íons com a parede celular estabiliza esta, impedindo a lise Essas proteínas expõem aminoácidos de carga negativa, Desnaturação das proteínas de maneira que, quando os íons positivos entram em contato com a proteína, esta é estabilizada Lise celular Maior rigidez da parede celular Maior quantidade de histonas Desnaturação do DNA Maior empacotamento do DNA A ltas temperatu ras Aumento do número de pontes de hidrogênio Desnaturação das proteínas Aumento das interações hidrofóbicas Menor porcentagem de aminoácidos termolábeis Menor quantidade de pontes de hidrogênio, dissulfeto e Baixas temperatu ras Inativação das proteínas interações hidrofóbicas, o que aumenta a flexibilidade da proteína do pela capacidade dos organismos diversidade microbiana, a potencial de crescerem em altas temperaturas faixa de processos para utilização de que vão de 55ºC a 85oC, com pH que enzimas também se ampliou, princi- varia de 1,0 até 6,0. O gênero Sulfolobus palmente porque as extremozimas apresenta parede celular composta (enzimas provenientes de microrga- principalmente por lipoproteína e nismos extremófilos) sendo natural- carboidratos; oxidam H2S, mas o prin- mente estáveis em ambientes extre- cípio para essa oxidação ainda não foi mos, vieram suprir a demanda industri- esclarecido. Os principais substratos al, para a qual, de certa forma, sempre de crescimento parecem ser fontes estiveram em desvantagem as enzimas quentes e também solos quentes que Meios de Cultivo para Arqueas Termofílicas tradicionais. Um problema inerente às contenham enxofre, e que, então, extremozimas é a dificuldade de pro- oxidam tal elemento em ácido sulfú- A pesquisa envolvendo esses or- duzi-las utilizando microrganismos sel- rico, responsável pela acidez desses ganismos tem sido intensificada nas vagens, já que estes, em geral, neces- hábitats. O grupo dos termoplasmas é duas últimas décadas por duas razões sitam de condições especiais para se caracterizado pela ausência de pare- principais: pelo conhecimento das con- reproduzirem, como ambientes de celular e é encontrado em minas de dições sob as quais a vida pode existir anaeróbios estritos, altas temperatu- carvão, com quantidades substanciais através do estudo de muitos hábitats ras, meios definidos, etc. Contudo esse de sulfeto ferroso. nunca antes explorados e pelo atual problema pode ser contornado ex- Uma das perguntas que mais reconhecimento do potencial biotec- pressando essas enzimas em outros intrigam os pesquisadores é como nológico desses organismos, bem organismos de mais fácil manipulação, esses incríveis organismos conse- como de seus produtos. já que existem vários exemplos em guem viver em tais ambientes? Dei- que essas enzimas, quando expressas xam constantemente uma interroga- 4. Aplicações em microrganismos heterólogos, man- ção sobre qual será o limite para o Biotecnológicas têm suas características originais desenvolvimento da vida. Embora (Eichler, 2001). muitas dúvidas ainda pairem sobre A tecnologia enzimática experi- Dentre as enzimas de arqueas de os mecanismos de adaptação a tais mentou um grande avanço quando as grande potencial para a aplicação ambientes hostis, muitos fatores já enzimas microbianas passaram a ser biotecnológica, destacam-se as são apontados como os responsá- utilizadas, principalmente por causa hipertermofílicas, psicrofílicas, veis pela resistência desses organis- da grande variedade de reações que alcalofílicas, halofílicas e barofílicas. mos. A Tabela 2 reúne os principais essas enzimas são capazes de catalisar. Entre as enzimas de arqueas mecanismos de adaptação aos pro- Com o descobrimento dos microrga- que têm recebido maior atenção, estão blemas causados pelos ambientes nismos extremofílicos (em sua maioria as termozimas, sendo que os princi- extremos. arqueas), o que ampliou ainda mais a pais processos de potencial utilização Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento - Edição nº 30 - janeiro/junho 2003 73
  • 4. dessas enzimas são o beneficiamento vertido a sacarídeos de baixo peso ácidos (processo Sulfite) ou bases (pro- do amido, a manufatura e o branquea- molecular e, posteriormente, em cesso Kraft) em altas temperaturas. Os mento da polpa para produção de glicose, utilizando-se pululanase e processos de polpeamento, por envol- papel e a bem estabelecida prática glicoamilase, e em maltose, utilizan- verem condições muito drásticas laboratorial da reação em cadeia da do-se pululanase e β-amilase. (160ºC-190oC em concentrações eleva- polimerase (PCR), entre outras. Nesse processo, potencialmente das de álcalis ou ácidos), são potenci- poderiam ser feitas duas melhorias almente próprios para utilização de 4.1. Processamento do com a utilização de extremozimas: a enzimas extremofílicas. Embora as Amido primeira seria a utilização de a-amilases celulases sejam bem distribuídas entre hipertermofílicas com maior tempo os domínios Eukarya e Bacteria, so- O amido é um dos polímeros mais de resistência, de forma que não se mente uma celulase de Archaea é abundantes na natureza, estando pre- necessitasse gastar energia com o relatada, a endoglicanase de Pyrococcus sente principalmente nos vegetais, onde resfriamento de 105ºC para 95oC, da furiosus, que é capaz de hidrolisar ele é utilizado para o armazenamento gelatinização para a liquefação. A se- ligações b,1-4 com uma atividade óti- de energia na forma de grânulos inso- gunda seria a em que o pH natural de ma ocorrendo em 100oC e pH 6,0 lúveis, compostos basicamente de soluções de amidos gelatinizados, que (Bauer e Kelly, 1998). Contudo, segun- amilose e amilopectina, que são dife- é de, aproximadamente, 4,5 e que do Eichler (2001), várias arqueas termo rentes polímeros de glicose. Além de força o ajuste para 5,8 na liquefação, e hipertermofílicas possuem enzimas servir diretamente como alimento na e, posteriormente, redução para 4,2; β-glicosídicas. dieta animal, o amido presente nos na sacarificação, de maneira que uma A polpa resultante de um dos vegetais pode ser hidrolisado, gerando a-amilase apta a trabalhar em pHs processos acima é levada ao branque- glicose, maltose e xarope de oligossa- mais baixos reduziria, em muito, os amento, que ocorrerá em menor ou carídeos, que, por sua vez, são utiliza- custos do processo. maior grau dependendo da utilização dos para produção de outros químicos A Tabela 3 mostra algumas do papel. Nesse processo, a quantida- ou como substratos em fermentações enzimas isoladas de arqueas com gran- de remanescente de lignina do (Bentley e Willians, 1996; Vieille e de potencial de aplicação na indústria polpeamento é retirada com a utiliza- Zeikus, 2001). de processamento de amido. Embora ção, dependendo do processo, de: De uma forma geral, o processo nenhuma dessas reúna todas as carac- cloro, dióxido de cloro, ozônio, de hidrólise do amido envolve a terísticas necessárias apontadas aci- peróxido de hidrogênio e altas tempe- liquefação e a sacarificação, as quais ma, elas indicam, no entanto, que raturas. A utilização desses agentes ocorrem em altas temperaturas. Du- com técnicas de engenharia de prote- oxidantes acaba gerando uma quanti- rante a liquefação, os grãos de amido ínas, esses catalisadores poderiam ser dade muito grande de poluentes, e, são gelatinizados em soluções aquo- aperfeiçoados. por isso, vem sofrendo sanções das sas entre 105ºC e 110°C, num pH agências ambientais. Uma das alterna- entre 5,8 a 6,5 , quando então, são 4.2. Manufatura do Papel tivas pesquisadas para reduzir esses utilizadas a-amilases termoestáveis a compostos, principalmente os deriva- 95°C, que hidrolisam parcialmente O processo de manufatura do dos de cloro, é a utilização de enzimas. as ligações a-1,4. Nesse processo, o papel envolve, de uma maneira geral, Entre as enzimas pesquisadas, as xila- controle de temperatura e pH é mui- dois estágios: o polpeamento e o bran- nases, segundo Tolan (1996), são as to importante pois, se a temperatura queamento. O polpeamento é o está- que possuem uma boa aceitação in- estiver abaixo de 105°C, a gelatiniza- gio no qual a estrutura macroscópica dustrial e têm sido utilizadas em indús- ção ocorre parcialmente, e se aumen- da fibra da madeira é quebrada, remo- trias onde está havendo um decrésci- tar muito, há a inativação das a- vendo-se dela a lignina, gerando daí mo na utilização dos oxidantes, da amilases; se o pH estiver mais ácido uma fibra mais maleável e com carac- ordem de 10% a 15%. Ainda segundo que 5,5 também ocorre a inativação terísticas próprias para a produção do esse autor, as características ótimas dessas enzimas, mas, se vai acima de papel (Tolan, 1996; Vieille e Zeikus, para uma xilanase seriam sua ação em 6,5 são gerados muitos subprodutos. 2001). Esse processo é conduzido me- temperaturas por volta de 70°C e pH Após a liquefação, o produto é con- cânica ou quimicamente por adição de entre 10-12, o que abre uma excelente Tabela 3. Enzimas com potencial de aplicação na indústria de processamento do amido. Enzima Origem Temperatura pH Referência Pyrococcus furiosus 100°C 5,5-6,0 Dong et al., 1997 -amilase Pyrococcus woesei 100°C 5,5 Koch et al., 1997 Pyrodictium abyssi 100°C 5,0 Niehaus et al., 1999 Pululanase Thermus caldophilus 75°C 5,5 Kim et al., 1996 Thermoan aerobacterium Ganghofner et al., Glicoamilase 50 a 60°C 4,0-5,5 thermosaccharolycticum 1998 Amilopululanases Pyrococcus furiosus 105°C 6,0 Dong et al., 1997 74 Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento - Edição nº 30 - janeiro/junho 2003
  • 5. oportunidade para a exploração de de vacinas, proporciona captação 3 a xilanases de arqueas extremofílicas 50 vezes maior pelas células fagocíticas como as de Pyrococcus furiosus, do sistema imune quando compara- Thermococcus sp. e Thermococcus das com formulações de lipossomos zilligii (Eichler, 2001). convencionais, além de geração de Um outro problema na fabricação resposta imune prolongada (Tolson et de papel, principalmente pelo al., 1996; Sprott et al., 1997; Krishnan polpeamento mecânico, é a deposição et al., 2000). Todos os estudos realiza- do “pitch”, denominação atribuída ao dos in vitro e in vivo indicam que os conjunto de substâncias hidrofóbicas arqueossomos são moléculas seguras da madeira, principalmente triglicerí- e não invocam nenhuma toxicidade deos e graxas, que causam muitos em ratos. Em geral, os arqueossomos problemas na manufatura da polpa e demonstram alta estabilidade ao do papel (Jaeger e Reetz, 1998). As estresse oxidativo, à alta temperatura, lipases já vêm sendo utilizadas na ao pH alcalino, à ação de fosfolipases, remoção dessas substâncias. Gutierrez de sais biliares e de proteínas do soro. et al. (2001) comentam que muitos Algumas formulações podem ser es- estudos estão sendo realizados, por terilizadas em autoclave, sem proble- meio de técnicas de engenharia de mas como fusão ou agregação das proteínas, no intuito de aumentar a vesículas (Patel e Sprott, 1999). amplitude de substratos hidrolisáveis, atividade e estabilidade em pH e tem- 5. Genômica peratura elevados, sendo importante que a enzima esteja ativa a altas tempe- Uma nova era sobre o conheci- raturas, uma vez que para um desem- mento das arqueas começou em 1996 penho ótimo, a lipase deveria ser adi- em decorrência do seqüenciamento cionada à polpa a uma temperatura de, completo do primeiro genoma de aproximadamente, 85oC. Nosso labo- arquea (Bult et al., 1996). Com o sub- ratório vem trabalhando no isolamen- seqüente desenvolvimento de novos to, clonagem, expressão e caracteriza- Pyrodictium abyssi projetos de seqüenciamento de outros ção de uma enzima lipolítica de arquea organismos pertencentes ao domínio cuja atividade já foi testada a 80oC uma maior capacidade de correção Archaea, foi produzida uma rica (manuscrito em preparação). de pareamentos errôneos, diminuin- amostragem de genomas desse grupo do a freqüência de erros na replicação taxonomicamente bastante diversos. 4.3. Utilização de in vitro (Lundberg et al., 1991). Esse repertório de genomas completa- Polimerases Não somente as enzimas adapta- mente seqüenciados inclui múltiplos das às altas temperaturas têm potencia- representantes das duas maiores divi- A reação em cadeia da polimera- lidades biotecnológicas. As enzimas de sões de arqueas estabelecidas pela se (PCR) revolucionou a prática da organismos que crescem entre 5ºC e análise filogenética dos genes de rRNA: biologia molecular, ou seja, a surpre- 25oC (Psicrofílicos) podem ser empre- a Euryarchaeota e Crenarchaeota, bem endente replicação in vitro de se- gadas em vários processos e produtos, como as principais variantes ecológi- qüências específicas de DNA possi- como proteases, lipases, amilases, b- cas de arquea: os hipertermofílicos, bilitou que o isolamento de genes, glicanases em detergentes, pectinases termofílicos moderados e mesofílicos, seu seqüenciamento e mutações es- em sucos de frutas, b-galactosidases assim como halofílicos e metanogêni- pecíficas, antes uma prática laborio- para produção de leite deslactosado, cos, formas autotróficas e heterotrófi- sa, se tornasse uma atividade cotidi- lipases para maturação de queijos cas, e múltiplas espécies que represen- ana de qualquer laboratório de enge- (Herbert, 1992; Eichler, 2001). tam organismos anaeróbios e aeróbios. nharia genética. O método da reação Infelizmente os bancos de dados ainda em cadeia da polimerase, por sua 4.4. Arqueossomos não contam com seqüências genômi- vez, foi extremamente simplificado cas de alguns organismos pertencen- com a utilização de enzimas As aplicações biotecnológicas das tes a ramos de arquea potencialmente hipertermofílicas. Embora a princi- arqueas não se restringem a produ- importantes, como as misteriosas pal DNA polimerase termofílica utili- ção, expressão heteróloga e purifica- Korarchaeota, que devem ter divergi- zada seja a de uma bactéria (Thermus ção de extremozimas. Pelo menos do das demais arqueas nos primórdios aquaticus), as DNA polimerases de uma outra potencialidade biotecnoló- da evolução, e a igualmente intrigante arqueas, como as de Pyrococcus gica deve ser ressaltada. A utilização nanoarchaea, que parece ter o menor furiosus, Pyrococcus woesei e outras, dos arqueossomos (preparação de genoma entre todos os organismos de apresentam uma vantagem sobre a lipídeos de membrana arqueana), vida livre já descritos (Huber et al., Taq polimerase, pois elas possuem como coadjuvantes em formulações 2002) Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento - Edição nº 30 - janeiro/junho 2003 75
  • 6. seqüenciadas corrobora a identifica- 6. Considerações Finais ção destas como um grupo de orga- nismos que têm uma base sólida e Estudos que envolvem o domí- estável de genes, os quais, primaria- nio Archaea vêm confirmando as duas mente, codificam proteínas envolvi- hipóteses iniciais de Woese e Fox das na replicação e expressão do (1977), isto é, que as arqueas exibem genoma. Além desses, existe um se- uma diversidade fenotípica no míni- gundo grupo de genes que é compar- mo comparavél àquela apresentada tilhado pelas arqueas e eucariotos, pelo domínio Bacteria e que os orga- Métodos de Preservação de Arqueas genes que são claramente associados nismos do domínio Archaea serão ao processamento da informação. O caracterizados por aspectos únicos A comparação dos genomas já fato da afinidade arquea-eucariótica em âmbito molecular. Outrossim, o seqüenciados de arqueas e bactérias ser quantitativamente pequena, de- fato de Archaea exibir um mosaico permite concluir que a diferença monstra, no entanto, que o processo contendo características dos dois ou- mais marcante entre os domínios de evolução tem sido mais comple- tros domínios continua a estimular Archaea e Bacteria está na organi- xo que a simples herança vertical, e discussões entre os evolucionistas zação de seus sistemas de processa- tem envolvido uma extensiva trans- (Forterre et al, 2002). mento de informações. A estrutura ferência lateral de genes entre No contexto de extremofilia, a dos ribossomas e da cromatina, a Archaea e Bacteria. Após a diver- descoberta contemporânea mais sur- presença de histonas, assim como a gência evolutiva entre as linhagens preendente foi, sem dúvida, a dos similaridade entre seqüências das de arqueas e bactérias, vem ocor- organismos hipertermófilos, que proteínas envolvidas na tradução, rendo uma grande mistura de genes extendeu a sobrevivência desse or- transcrição, replicação e reparo do codificantes para enzimas metabóli- ganismo para cerca de 121ºC de tem- DNA; todos esses pontos apontam cas, componentes estruturais da cé- peratura em que células vivas proli- para uma maior proximidade entre lula e outras proteínas que não par- feram eficientemente. Essa caracte- arqueas e eucariotos. Por outro lado, ticipam da maquinaria central de rística notável implica na estabiliza- alguns componentes chaves da ma- processamento da informação (Nel- ção de todos os componentes celula- quinaria de replicação de DNA não son et al., 1999). res, de modo que a sua funcionalida- são homólogos nos eucariotos nem Além dos estudos funcionais, a de seja mantida em condições de nas bactérias. Essa observação per- genômica de Archaea é fundamen- temperatura que seriam danosas para mite sugerir a hipótese de que a tal para o conhecimento que temos a maioria das biomoléculas dos orga- replicação da dupla fita de DNA de duas transições cruciais na evolu- nismos mesófilos. A elucidação das como principal forma de replicação ção da vida: a primeira é a divergên- estratégias usadas na estabilização do material genético dos seres vivos cia entre as linhagens de bactérias e de componentes celulares e, em es- pode ter, na sua evolução, surgido, as de arquea-eucarióticas, que pode pecial, de proteínas, representa um independentemente, duas vezes: ter envolvido a origem da maquina- desafio fascinante para a biologia uma nas bactérias e uma outra no ria de replicação de DNA. A segunda atual (Kashe e Lovley, 2003). ancestral de arqueas e eucariotos. é a origem dos eucariotos. Em rela- Os microrganismos apresentam No entanto, muitas, mas não todas ção a esse ponto, a arquea é uma uma imensa diversidade genética e as rotas metabólicas de Archaea, fonte fantástica de informação, par- desempenham funções únicas e deci- são mais parecidas com as de bacté- ticularmente porque, em muitas si- sivas na manutenção de ecossistemas, rias que as de eucariotos. Esses tuações, ela tem retido as caracterís- como componentes fundamentais de estudos são concordes quanto ao ticas primitivas, enquanto os cadeias alimentares e ciclos biogeo- posicionamento das arqueas como eucariotos têm sofrido modificações químicos. É importante ressaltar que um domínio distinto da vida, com muito maiores. Um exemplo carac- grande parte dos avanços da biotec- conecções específicas com os terístico é a subunidade menor da nologia moderna e da agricultura é eucariotos, e enfatizam a natureza DNA polimerase, que possui todas derivada das descobertas recentes nas misteriosa e única dos genomas das as marcas de uma fosfatase ativa em áreas de genética, fisiologia e metabo- arqueas (Gaasterland, 1999). arqueas, mas não em eucariotos, lismo de microrganismos. Quando analisamos os 18 geno- onde a atividade fosfatásica está Considerando que o Brasil pos- mas de arqueas seqüenciados total- provavelmente inativada. Sem som- sui uma grande extensão territorial mente até hoje, podemos concluir bra de dúvidas, arquea representa com inúmeros e variados ambientes que 16 proteínas são exclusivas de um ancestral comum das linhagens extremos, como: águas termais, sali- arqueas, enquanto 61 são exclusivas arquea-eucarióticas descendentes. nas, inúmeras estações de tratamento de arquea-eucariotos. Interessante- Portanto, a genômica de arquea é a de esgoto, rejeitos industriais, entre mente, desses 61 genes, apenas 2 nossa melhor oportunidade de re- outros. A biodiversidade microbiana não pertencem à maquinaria do pro- construir essa fase intermediária crí- brasileira, ainda não explorada, pode- cessamento de informação. Portanto, tica da evolução da vida (Makarova se tornar uma fonte para o desenvol- a análise genômica das arqueas já e Koonin, 2003) . vimento biotecnológico do país. 76 Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento - Edição nº 30 - janeiro/junho 2003
  • 7. Estamos em plena era biotecnoló- K. (1998). Purification and properties years, and what´s next? Gen. Biol. gica, quando os processos bioquími- of an amylopullulanase, a 4:115-128. cos são cada vez mais utilizados para a glucoamylase, and an a-glucosidase Nelson, K. E., Clayton, R. A., Gill, S. R., produção de agentes terapêuticos, pro- in the amylolytic enzyme system of Gwinn, M. L., Dodson, R. J. et al. dutos químicos e biocatalisadores. O Thermoanaerobacterium (1999). Evidence for lateral gene grande desafio será incorporar a infor- thermosaccharolyticum. Biosci. transfer between Archaea and mação decorrente do estudo desses Biotechnol. Biochem. 62:302-308. Bacteria from genome sequence of organismos extremofílicos em novas Gutierrez, A., Del Rio, J., Martinez, M. J. Thermotoga maritime. Nature. tecnologias, utilizando o enorme po- (2001). The Biotechnology Control 399:323-329. tencial de suas enzimas e biomoléculas. of Pitch in Paper Pulp Manufacturing. Niehaus, F., Bertoldo, C., Kahler, Trends Biotechnol. 19:340-348. M., Antranikian, G. (1999). 7. Referências Herbert, R. A. (1992). A perspective on Extremophiles as a source of Bibliográficas the biotechnological potential of novel enzymes for industrial extremophiles. Trends Biotechnol. application. Appl. Microbiol. Bauer, M. W., Kelly, R. M. (1998). The 10:395-402. Biotechnol. 51:711-729. family b-glucosidases from Huber, H., Hohn, M. J., Rachel, R., Patel, G. B, Sprott, G. D. (1999). Pyrococcus furiosus and Fuchs, T., Wimmer, V. C., Stetter, K. Archaeobacterial ether lipid Agrobacterium faecalis share a O. (2002). A new phylum of Archaea liposomes (archaeosomes) as novel common catalytic mechanism. represented by a nanosized vaccine and drug delivery systems. Biochem. 37:17170-17178. hyperthermophilic symbiont. Crit. Rev. Biotechnol. 19:317-57. Bentley, I. S., Williams, E. C. (1996). Nature. 417:63-67. Santos, H., Lamosa, P., da Costa, M. S. Starch conversion. Ind. Enzymol. Jaeger, K. E., Reetz, M. T. (1998). (2001). Extremófilos: microrganis- 2:339-357. Microbial Lipases from Verstile mos à prova de agressões Björkling, F., Godtfredsen, S. E., Kirk, O. Tools for Biotechnology. Trends ambientais extremas. Bol. Biotec. (1991). The Future Impact of Indus- Biotechnol. 16:396-402. 69:2-10. trial Lipases. Trends Biotechnol. Kashe, K., Lovley, D. R. (2003). Extending Schiraldi, C., De Rosa, M. (2002). The 9:360-363. the Upper Temperature Limit for production of biocatalysts and Brock, T. D., Madigan, M. T., Martinko, Life. Science. 301:934 biomolecules from extremophiles. J. M., Parker, J. (1994). Biology of Kim, C.-H., Nashiru, O., Ko, J. H. (1996). Trends Biotechnol. 20:515-521. Microorganisms. 7ed. Prentice Hall: Purification and biochemical Sprott, G. D., Tolson, D. L., Patel, G. B. New Jersey, 909p. characterization of pullulanase type (1997). Archaeosomes as novel Bult, C. J., White, O., Olsen, G. J., Zhou, I from Thermus caldophilus. FEMS antigen delivery systems. FEMS L., Fleischmann, R. D. et al. (1996). Microbiol. Lett. 138:147-152. Microb. Lett. 154: 17-22. Complete genome sequence of Koch, R., Canganella, F., Hippe, H., Tolan, J. S. (1996). Pulp and Paper. Ind. the methanogenic archaeon, Jahnke, K. D., Antranikian, G. Enzymol. 2:327-338. Methanococcus jannaschii. Science. (1997). Purification and properties Tolson, D. L., Latta, R. K., Patel, G. B. 273:1058–1073. of a thermostable pullulanase and Sprott, G. D. (1996) Uptake of Dong, G., Vieille, C., Savchenko, A., from a newly isolated archaeobacterial and conventional Zeikus, J. G. (1997). Cloning, thermophilic anaerobic bacterium liposomes by phagocytic cells. J. sequencing, and expression of the Fervidobacterium pennavorans Liposome Res. 6, 755-776. gene encoding extracellular a- ven5. Appl. Microbiol. 63:1088- Vieille, C., Zeikus, G. J. (2001). amylase from Pyrococcus furiosus 1094. Hyperthermophilic Enzymes: and biochemical characterization Krishnan, L., Dicaire, C. J., Patel, G. B., Sources, Uses, and Molecular of the recombinant enzyme. Appl. Sprott, G. D. (2000). Archaesome Mechanisms for Thermostability. Environ. Microbiol. 63:3569-3576. vaccine adjuvants induce strong Microbiol. Mol. Biol. Rev. 65:1-43. Eichler, J. (2001). Biotechnological humoral, cell-mediated, and Woese, C. R. (1998). The universal uses of archaeal extremozymes. memory responses: comparison to ancestror. Proc. Natl. Acad. Sci. USA. Biotechnol. Adv. 19:261-278. conventional liposomes and alum. 95:6854-6859. Forterre, P. (1997). Archaea: what can Infect Imun. 68: 54-63. Woese, C. R., Fox, G. E. (1977). we learn from their sequences? Curr. Lundberg, K. S., Shoemaker, D. D., Phylogenetic structure of the Opin. Gen. Devel. 7:764-770. Adams, M. W., Short, J. M., Sorge, prokaryotic domain: the primary Forterre, P, Brochier C., Philippe, H. J. A., Mathur, E. J. (1991) High- kingdoms. Proc Natl Acad Sci USA. (2002). Evolution of the Archaea. fidelity amplification using a 74:5088-5090. Theor. Popul. Biol. 4:409-422. thermostable DNA polymerase Woese, C. R., Kandler, O., Wheelis, M. Gaasterland, T. (1999). Archaeal isolated from Pyrococcus furiosus. L. (1990). Towards a natural system genomics. Curr. Opin. Microbiol. Gene. 108:1-6. of organisms: proposal for the 2:542-547. Makarova, K. S., Koonin, E. V. (2003). domains Archaea, Bacteria, and Ganghofner, D., Kellermann, J., Comparative genomics of archaea: Eucarya. Proc. Natl. Acad. Sci. USA. Staudenbauer, W. L., Bronnenmeier, how much have we learned in six 87:4576-4579. Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento - Edição nº 30 - janeiro/junho 2003 77