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ASPECTOS DA NOÇÃO DE GÊNERO TEXTUAL:

•   É impossível não se comunicar verbalmente por algum gênero, assim como é impossível não se
    comunicar verbalmente por algum tipo. Em outros termos, a comunicação verbal só é possível por
    algum gênero textual.
•   Quando utilizamos um gênero, estamos fazendo uso de um mecanismo de socialização.
•   O gênero é facilmente usado para referir uma categoria distintiva de discurso de qualquer tipo,
    falado ou escrito, com ou sem aspirações literárias.
•   Os gêneros podem ter realizações textuais muito diversas.
•   Os gêneros são formas textuais concretas, bastante heterogêneos quanto aos tipos textuais que
    abrigam.
•   Os gêneros estão bem fixados e não oferecem nenhum problema para a sua identificação.
•   Há gêneros que desaparecem com o tempo, tais como: telex, telegramas, etc.
•   A escolha por um gênero não é aleatória, pois escolhemos qual gênero iremos utilizar para nos
    comunicar tendo em mente se aquele gênero expressa, da melhor forma possível, o que queremos
    dizer.
•   O gênero é um meio com o qual nos comunicamos e que depende da cultura da sociedade a qual
    pertencemos. É um instrumento que traz sucesso em todos os contextos para aquele que o utiliza
    corretamente.
•   Os gêneros são fruto de um uso comunicativo da língua, pois são constituídos pelos recursos
    formais da língua (gramática e léxico).
•   Os gêneros nos são dados quase como nos é dada a língua materna, que dominamos com
    facilidade antes mesmo que lhe estudemos a gramática.
•   Os gêneros são poderosos instrumentos de organização da vida social.
•   O produtor de um texto não se acha completamente livre para formular seu texto sem que siga
    certas regras básicas. Assim, entre os conhecimentos exigidos de produtores de texto estão aqueles
    conhecimentos de formas/fórmulas rotineiras que caracterizam gêneros.
COMENTÁRIOS SOBRE O GÊNERO TEXTUAL “RECEITA CULINÁRIA”:

No caso da receita, existe uma forma básica aquém da qual uma receita não pode ficar, sob pena de
não ser entendida. Mas daí para frente, a variação pode ser grande.Veja-se este exemplo de receita
culinária que se restringe aos ingredintes e ao modo de fazer:

                                            BOLO ELÉTRICO

                                                 Ingredientes:

                                       Dois copos de leite
                                      Dois copos de açúcar
                             Um copo de farinha de trigo com fermento
                                            Três ovos
                                  Três colheres de queijo ralado
                                    Uma colher de margarina
                                        Uma pitada de sal

                                               Modo de fazer:

                Bata todos os ingredientes no liquidificador, depois de bem batido,
         ponha a massa numa fôrma untada e polvilhada e leve ao forno por trinta minutos.

               Quando testamos uma receita, podemos perceber logo no início se é fácil ou difícil de
fazer e, ao conseguirmos realizá-la com sucesso, às vezes nos esquecemos que a receita não traz
pequenos truques culinários, tais como: pré-aquecimento do forno por mais ou menos cinco minutos,
a margarina deve estar na temperatura ambiente e não estar super gelada na hora do uso na massa do
bolo, etc., do contrário, o bolo vai ficar muito mole ou não vai assar uniformemente. O mais
importante é que você vai ter que ler esta receita não como uma listagem de ingredientes e sim como
uma série de ordens a cumprir.
               Veja o caso desta outra receita que contém muito mais do que o necessário para se
fazer os pretendidos “gnochi”:

                            “Gnochi” de batata-doce (para seis pessoas)
                                        (receita da Lara)

   “Gnochi”, em dialeto, é o plural de “caroço”. Quando uma pessoa leva uma pancada na cabeça,
aparece um caroço. Traduzindo literalmente, significa “carocinhos”. Os meninos mais arteiros viviam
                    cheios de “gnocos” na cabeça – cascudos dados pela mãe.

                                                 Ingredientes:
                             Batata-doce.....................................500 g
                             Batata inglesa..................................500 g
                             Farinha de trigo...............................q.s.p.
                             Manteiga sem sal............................50 g
                             Ovo.................................................1
                             Sal...................................................q.s.p.
Modo de preparar:
                               1. cozinhar, na água, as batatas-doces e
                                   2. descascar e passar no espremedor.
               3. Acrescentar ovo, manteiga e adicionar as farinha aos poucos, amassando
                                  Sempre, até ficar no ponto de enrolar.
                           4. enrolar sobre a superfície da mesa polvilhada com farinha de trigo para
                               não
                   grudar, em forma de longos cilindros de 2 a 2,5 cm de diâmetro.
                           5. cortar em pedaços de aproximadamente 3 cm de comprimento.
                           6. Agora, um detalhe que é um verdadeiro requinte: com o polegar,
                               enrolar os
            “gnochi” na parte traseira do ralador de queijo ou do garfo, dando uma forma
           parecida com uma folha, enrolada. Neste formato, há uma grande ampliação da
                área de contato da massa com o molho, realçando, em muito, o sabor.
                            7. lançar os “gnochi” numa panela com água salgada, fervendo. Quando
            sobrenadarem no líquido, estarão prontos. É importante que sejam despejados
              na panela ao mesmo tempo, para ficarem no ponto parelho e não uns mais
                                        cozidos do que e outros.

                                          OBSERVAÇÃO:

              O molho recomendado é feito com asas de frango e miúdos refogados na
    Manteiga, com cebola, alho, caldo de galinha(tablete),sal, pimenta-do-reino, massa de tomate e
                                              tomates.
Por cima de tudo, queijo parmesão ralado e, goela abaixo, vinho tinto seco, é claro. Água não, porque
 a água “smarcice ei pali”; vinho, sim, compadre, porque “el vin me fá cantare”. Ou como dizia o tio
                        Joanim: “L. acqua me fá male, el vin me fá cantare...”

                    1. “smarcice ei pali” = “apodrece os paus. Dialeto vêneto.
               2. “el vin me fá cantare” = “o vinho me faz cantar. Dialeto vêneto.
3. “la acqua me fá male, el vin me fá cantare” = A água me faz mal, o vinho me faz cantar”. – Verso
                          de cantiga popular italiana “Bevé, bevé, compare”.


É evidente que esta segunda receita é incomum, pois contém muito mais do que o necessário e
previsto neste gênero textual, trazendo inclusive notas de rodapé, canções, informações linguísticas e
outras. Pode-se indagar se há um limite nesses casos, mas a resposta seria a de que muitas coisas
serão possíveis, desde que o modelo global da receita seja mantido.

A receita culinária como um gênero textual , tem algumas características as quais nós, usuárias, não
nos damos conta. Por exemplo, qual seria a situacionalidade da receita? Na receita encontramos atos
básicos de ordens para executar numa sequência obrigatória. E com relação à estrutura? Este gênero
textual tem uma sequência de apresentação dos elementos na seguinte ordem: a) ingredientes; b)
modo de fazer; c) modo de servir. E o seu modelo global? Do ponto de vista da forma, segue o
modelo do texto injuntivo (aquele tipo de texto que instrui)
DIFERENÇAS ENTRE TIPO E GÊNERO TEXTUAL

                   TIPO TEXTUAL                                         GÊNERO TEXTUAL
-   tem a ver com categorias teóricas, tais como:      -   é uma forma textual concretamente realizada. O
    narração, argumentação, exposição, descrição,          gênero tem uma existência real que se expressa
    injunção. Os tipos textuais não têm existência         em designações diversas, tais como: telefonema,
    real; designam sequências típicas.                     sermão, carta comercial, bilhete, aula, receita
-   Alguns autores definem como uma forma de               culinária, bula de remédio, etc.
    manifestação artística.                            -   Alguns autores definem como qualquer forma de
-   Um tipo tem relação com a idéia de uma                 manifestação artística.
    construção( texto), que é determinada por certas   -   Os gêneros são estáveis e intuitivamente
    estruturas linguísticas e formais.                     identificados pelos membros de uma comunidade,
-   Os tipos são designações TEÓRICAS.                     porque lembram rotinas comunicativas.
-   Os tipos têm um número bastante limitados e bem    -   Os gêneros são designações de USO.
    definido.                                          -   Os gêneros são muito mais numerosos e mais
                                                           fracamente definidos e delimitados.
-   A noção de tipo de texto é uma categoria teórica -     Gênero de texto é uma classificação de textos
    relacionada a uma teoria.                              encontrados em situações da vida diária; é uma
                                                           aplicação do saber comum, tem a ver com a
                                                           prática.
                                                       -   Os gêneros são adquiridos na vida social e no uso
                                                           diário da língua.
                                                       -   Os gêneros não são utilizados da mesma forma e
                                                           na mesma situação em todas as culturas.

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Aspectos da noção de gênero textual

  • 1. ASPECTOS DA NOÇÃO DE GÊNERO TEXTUAL: • É impossível não se comunicar verbalmente por algum gênero, assim como é impossível não se comunicar verbalmente por algum tipo. Em outros termos, a comunicação verbal só é possível por algum gênero textual. • Quando utilizamos um gênero, estamos fazendo uso de um mecanismo de socialização. • O gênero é facilmente usado para referir uma categoria distintiva de discurso de qualquer tipo, falado ou escrito, com ou sem aspirações literárias. • Os gêneros podem ter realizações textuais muito diversas. • Os gêneros são formas textuais concretas, bastante heterogêneos quanto aos tipos textuais que abrigam. • Os gêneros estão bem fixados e não oferecem nenhum problema para a sua identificação. • Há gêneros que desaparecem com o tempo, tais como: telex, telegramas, etc. • A escolha por um gênero não é aleatória, pois escolhemos qual gênero iremos utilizar para nos comunicar tendo em mente se aquele gênero expressa, da melhor forma possível, o que queremos dizer. • O gênero é um meio com o qual nos comunicamos e que depende da cultura da sociedade a qual pertencemos. É um instrumento que traz sucesso em todos os contextos para aquele que o utiliza corretamente. • Os gêneros são fruto de um uso comunicativo da língua, pois são constituídos pelos recursos formais da língua (gramática e léxico). • Os gêneros nos são dados quase como nos é dada a língua materna, que dominamos com facilidade antes mesmo que lhe estudemos a gramática. • Os gêneros são poderosos instrumentos de organização da vida social. • O produtor de um texto não se acha completamente livre para formular seu texto sem que siga certas regras básicas. Assim, entre os conhecimentos exigidos de produtores de texto estão aqueles conhecimentos de formas/fórmulas rotineiras que caracterizam gêneros.
  • 2. COMENTÁRIOS SOBRE O GÊNERO TEXTUAL “RECEITA CULINÁRIA”: No caso da receita, existe uma forma básica aquém da qual uma receita não pode ficar, sob pena de não ser entendida. Mas daí para frente, a variação pode ser grande.Veja-se este exemplo de receita culinária que se restringe aos ingredintes e ao modo de fazer: BOLO ELÉTRICO Ingredientes: Dois copos de leite Dois copos de açúcar Um copo de farinha de trigo com fermento Três ovos Três colheres de queijo ralado Uma colher de margarina Uma pitada de sal Modo de fazer: Bata todos os ingredientes no liquidificador, depois de bem batido, ponha a massa numa fôrma untada e polvilhada e leve ao forno por trinta minutos. Quando testamos uma receita, podemos perceber logo no início se é fácil ou difícil de fazer e, ao conseguirmos realizá-la com sucesso, às vezes nos esquecemos que a receita não traz pequenos truques culinários, tais como: pré-aquecimento do forno por mais ou menos cinco minutos, a margarina deve estar na temperatura ambiente e não estar super gelada na hora do uso na massa do bolo, etc., do contrário, o bolo vai ficar muito mole ou não vai assar uniformemente. O mais importante é que você vai ter que ler esta receita não como uma listagem de ingredientes e sim como uma série de ordens a cumprir. Veja o caso desta outra receita que contém muito mais do que o necessário para se fazer os pretendidos “gnochi”: “Gnochi” de batata-doce (para seis pessoas) (receita da Lara) “Gnochi”, em dialeto, é o plural de “caroço”. Quando uma pessoa leva uma pancada na cabeça, aparece um caroço. Traduzindo literalmente, significa “carocinhos”. Os meninos mais arteiros viviam cheios de “gnocos” na cabeça – cascudos dados pela mãe. Ingredientes: Batata-doce.....................................500 g Batata inglesa..................................500 g Farinha de trigo...............................q.s.p. Manteiga sem sal............................50 g Ovo.................................................1 Sal...................................................q.s.p.
  • 3. Modo de preparar: 1. cozinhar, na água, as batatas-doces e 2. descascar e passar no espremedor. 3. Acrescentar ovo, manteiga e adicionar as farinha aos poucos, amassando Sempre, até ficar no ponto de enrolar. 4. enrolar sobre a superfície da mesa polvilhada com farinha de trigo para não grudar, em forma de longos cilindros de 2 a 2,5 cm de diâmetro. 5. cortar em pedaços de aproximadamente 3 cm de comprimento. 6. Agora, um detalhe que é um verdadeiro requinte: com o polegar, enrolar os “gnochi” na parte traseira do ralador de queijo ou do garfo, dando uma forma parecida com uma folha, enrolada. Neste formato, há uma grande ampliação da área de contato da massa com o molho, realçando, em muito, o sabor. 7. lançar os “gnochi” numa panela com água salgada, fervendo. Quando sobrenadarem no líquido, estarão prontos. É importante que sejam despejados na panela ao mesmo tempo, para ficarem no ponto parelho e não uns mais cozidos do que e outros. OBSERVAÇÃO: O molho recomendado é feito com asas de frango e miúdos refogados na Manteiga, com cebola, alho, caldo de galinha(tablete),sal, pimenta-do-reino, massa de tomate e tomates. Por cima de tudo, queijo parmesão ralado e, goela abaixo, vinho tinto seco, é claro. Água não, porque a água “smarcice ei pali”; vinho, sim, compadre, porque “el vin me fá cantare”. Ou como dizia o tio Joanim: “L. acqua me fá male, el vin me fá cantare...” 1. “smarcice ei pali” = “apodrece os paus. Dialeto vêneto. 2. “el vin me fá cantare” = “o vinho me faz cantar. Dialeto vêneto. 3. “la acqua me fá male, el vin me fá cantare” = A água me faz mal, o vinho me faz cantar”. – Verso de cantiga popular italiana “Bevé, bevé, compare”. É evidente que esta segunda receita é incomum, pois contém muito mais do que o necessário e previsto neste gênero textual, trazendo inclusive notas de rodapé, canções, informações linguísticas e outras. Pode-se indagar se há um limite nesses casos, mas a resposta seria a de que muitas coisas serão possíveis, desde que o modelo global da receita seja mantido. A receita culinária como um gênero textual , tem algumas características as quais nós, usuárias, não nos damos conta. Por exemplo, qual seria a situacionalidade da receita? Na receita encontramos atos básicos de ordens para executar numa sequência obrigatória. E com relação à estrutura? Este gênero textual tem uma sequência de apresentação dos elementos na seguinte ordem: a) ingredientes; b) modo de fazer; c) modo de servir. E o seu modelo global? Do ponto de vista da forma, segue o modelo do texto injuntivo (aquele tipo de texto que instrui)
  • 4. DIFERENÇAS ENTRE TIPO E GÊNERO TEXTUAL TIPO TEXTUAL GÊNERO TEXTUAL - tem a ver com categorias teóricas, tais como: - é uma forma textual concretamente realizada. O narração, argumentação, exposição, descrição, gênero tem uma existência real que se expressa injunção. Os tipos textuais não têm existência em designações diversas, tais como: telefonema, real; designam sequências típicas. sermão, carta comercial, bilhete, aula, receita - Alguns autores definem como uma forma de culinária, bula de remédio, etc. manifestação artística. - Alguns autores definem como qualquer forma de - Um tipo tem relação com a idéia de uma manifestação artística. construção( texto), que é determinada por certas - Os gêneros são estáveis e intuitivamente estruturas linguísticas e formais. identificados pelos membros de uma comunidade, - Os tipos são designações TEÓRICAS. porque lembram rotinas comunicativas. - Os tipos têm um número bastante limitados e bem - Os gêneros são designações de USO. definido. - Os gêneros são muito mais numerosos e mais fracamente definidos e delimitados. - A noção de tipo de texto é uma categoria teórica - Gênero de texto é uma classificação de textos relacionada a uma teoria. encontrados em situações da vida diária; é uma aplicação do saber comum, tem a ver com a prática. - Os gêneros são adquiridos na vida social e no uso diário da língua. - Os gêneros não são utilizados da mesma forma e na mesma situação em todas as culturas.