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Depressão
Eu   era uma mesa novinha.  Bonita.  Feita pelas mãos do melhor carpinteiro do mundo...
Fui entalhada com amor, com matéria prima de qualidade. Nasci forte.  Meus detalhes foram esculpidos com sentimento, com o carinho das mãos do meu pai. Não há outra mesa como eu em toda Terra.
Participei de bons momento Ajudei muito. Estive presente nos tempos de alegria e nos tempos de dificuldade. Sempre firme, segurando tudo e a todos. Jamais rejeitei uma carga, mesmo que estivesse acima da minha capacidade...
Quanto significado tive na vida dos que me rodeiam! Participei do progresso, da luta. Recebi lágrimas e risos. Sempre me doei e sei que se não estivesse ali, faria muita falta. Mas, como sempre estava, quase nunca era notada.
E assim transcorreu minha vida. Como a vida da maioria das mesas: sempre muito participante, cooperando, mas sem reclamar muitos cuidados. Afinal a função da mesa é servir .
Mas o tempo passou, e com ele, e a falta de cuidado, fui me desgastando. Minhas quinas um pouco rachadas tornaram-se ásperas. Às vezes, acabava ferindo alguém, mas não era de propósito. Talvez, se tivessem me restaurado no início, eu voltasse a ser bela e útil como antes.  Mas a vida é tão corrida e não há tempo a perder com restaurações...
Mesmo apesar do desgaste, do mau uso e da falta de cuidado, prossegui em minha missão, doando o melhor de mim. As pessoas ao redor acostumaram-se com minhas arestas e, para evitar um ferimento, desviavam-se de mim. Quando necessitavam, chegavam com cautela para que não houvesse atrito entre nós.
Apesar do meu esforço em resistir, pude perceber que algo me roia por dentro. Já não tinha a mesma força de antes. Sentia minhas pernas fraquejarem ao menor peso. Meu tampão antes tão belo e forte, agora cheio de manchas e rabiscos, parecia afundar em si mesmo. Senti medo, pois não sabia o que estava acontecendo, mas ainda queria servir e estar presente .
Um dia, quase sem perceber, desmoronei. O peso era pequeno, mas para mim parecia uma tonelada! Quebrei o que estava sobre mim e também algumas coisas à minha volta. Feri os que eu mais amava, pois estavam mais próximos na hora da queda. Todos me olharam com espanto, alguns com indignação, outros com raiva. Ninguém esperava aquilo. Nem eu.  Mas já havia sido devorada, em meu interior, por bichinhos rápidos e silenciosos chamados “cupins”.
Os cupins costumam deixar uma “sujeirinha”, mas a pressa, ás vezes, nos impede de parar e socorrer a mesa antes que ela desabe. Afinal ela ainda está servindo para a sua finalidade... Sabe, esse cupim se chama DEPRESSÃO. A mesa sou eu. A mesa pode ser qualquer um.
A pessoa deprimida é aquela que doou tudo de si, que esvaziou-se por completo para alcançar algo que ela considerava um bem... A pessoa deprimida precisa de companhia. Alguém que ajude a encontrar o melhor material para preencher os vazios que a depressão causou. Que ajude a aparar as arestas. Alguém que a queira nova outra vez.
Relendo a história da mesa, você poderá considerar sua própria vida, e a vida daqueles que a cercam. Mesmo que sua mesa tenha caído, mesmo que ela tenha quebrado muitas coisas e pareça imprestável; mesmo que vá dar muito trabalho consertá-la. Conserte-a! Não descarte a si mesmo! É possível a restauração!
A depressão é uma travessia. Ela pode durar muito ou pouco. Mas em qualquer das hipóteses, fica mais fácil na companhia dos familiares e dos amigos verdadeiros. A ajuda vem do alto, mas também dos lados:  de um abraço, uma conversa, uma carta, um e-mail.  É possível ser uma mesa nova! Confie!
Texto recebido por e-mail sem créditos. Formatação com imagens e som por Elaine

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  • 2. Eu era uma mesa novinha. Bonita. Feita pelas mãos do melhor carpinteiro do mundo...
  • 3. Fui entalhada com amor, com matéria prima de qualidade. Nasci forte. Meus detalhes foram esculpidos com sentimento, com o carinho das mãos do meu pai. Não há outra mesa como eu em toda Terra.
  • 4. Participei de bons momento Ajudei muito. Estive presente nos tempos de alegria e nos tempos de dificuldade. Sempre firme, segurando tudo e a todos. Jamais rejeitei uma carga, mesmo que estivesse acima da minha capacidade...
  • 5. Quanto significado tive na vida dos que me rodeiam! Participei do progresso, da luta. Recebi lágrimas e risos. Sempre me doei e sei que se não estivesse ali, faria muita falta. Mas, como sempre estava, quase nunca era notada.
  • 6. E assim transcorreu minha vida. Como a vida da maioria das mesas: sempre muito participante, cooperando, mas sem reclamar muitos cuidados. Afinal a função da mesa é servir .
  • 7. Mas o tempo passou, e com ele, e a falta de cuidado, fui me desgastando. Minhas quinas um pouco rachadas tornaram-se ásperas. Às vezes, acabava ferindo alguém, mas não era de propósito. Talvez, se tivessem me restaurado no início, eu voltasse a ser bela e útil como antes. Mas a vida é tão corrida e não há tempo a perder com restaurações...
  • 8. Mesmo apesar do desgaste, do mau uso e da falta de cuidado, prossegui em minha missão, doando o melhor de mim. As pessoas ao redor acostumaram-se com minhas arestas e, para evitar um ferimento, desviavam-se de mim. Quando necessitavam, chegavam com cautela para que não houvesse atrito entre nós.
  • 9. Apesar do meu esforço em resistir, pude perceber que algo me roia por dentro. Já não tinha a mesma força de antes. Sentia minhas pernas fraquejarem ao menor peso. Meu tampão antes tão belo e forte, agora cheio de manchas e rabiscos, parecia afundar em si mesmo. Senti medo, pois não sabia o que estava acontecendo, mas ainda queria servir e estar presente .
  • 10. Um dia, quase sem perceber, desmoronei. O peso era pequeno, mas para mim parecia uma tonelada! Quebrei o que estava sobre mim e também algumas coisas à minha volta. Feri os que eu mais amava, pois estavam mais próximos na hora da queda. Todos me olharam com espanto, alguns com indignação, outros com raiva. Ninguém esperava aquilo. Nem eu. Mas já havia sido devorada, em meu interior, por bichinhos rápidos e silenciosos chamados “cupins”.
  • 11. Os cupins costumam deixar uma “sujeirinha”, mas a pressa, ás vezes, nos impede de parar e socorrer a mesa antes que ela desabe. Afinal ela ainda está servindo para a sua finalidade... Sabe, esse cupim se chama DEPRESSÃO. A mesa sou eu. A mesa pode ser qualquer um.
  • 12. A pessoa deprimida é aquela que doou tudo de si, que esvaziou-se por completo para alcançar algo que ela considerava um bem... A pessoa deprimida precisa de companhia. Alguém que ajude a encontrar o melhor material para preencher os vazios que a depressão causou. Que ajude a aparar as arestas. Alguém que a queira nova outra vez.
  • 13. Relendo a história da mesa, você poderá considerar sua própria vida, e a vida daqueles que a cercam. Mesmo que sua mesa tenha caído, mesmo que ela tenha quebrado muitas coisas e pareça imprestável; mesmo que vá dar muito trabalho consertá-la. Conserte-a! Não descarte a si mesmo! É possível a restauração!
  • 14. A depressão é uma travessia. Ela pode durar muito ou pouco. Mas em qualquer das hipóteses, fica mais fácil na companhia dos familiares e dos amigos verdadeiros. A ajuda vem do alto, mas também dos lados: de um abraço, uma conversa, uma carta, um e-mail. É possível ser uma mesa nova! Confie!
  • 15. Texto recebido por e-mail sem créditos. Formatação com imagens e som por Elaine