O documento discute como a tecnologia na educação tem meios poderosos mas fins confusos. Ele argumenta que o problema não está na tecnologia em si, mas na falta de clareza sobre os objetivos da educação. Uma nova visão de educação deve se concentrar em desenvolver competências necessárias para os alunos definirem e realizarem seus próprios projetos de vida. A tecnologia na escola deve apoiar a aprendizagem dos alunos através da interação e colaboração.
Tecnologia na Educação para o Desenvolvimento de Competências
1. Tecnologia e Educação:
Meios Poderosos, Fins Confusos
Eduardo O C Chaves
Professor Titular de Filosofia da Educação, UNICAMP
Coordenador, Cátedra UNESCO de Educação e
Desenvolvimento Humano, Instituto Ayrton Senna
Membro do Conselho Consultivo Internacional, “Partners
in Learning”, Microsoft
2. Meios e fins
› “Perfeição nos meios e confusão nos fins
parece ser a característica básica de nossa
era” (Albert Einstein)
› Na educação a tecnologia que usamos se
torna sempre mais sofisticada e poderosa,
mas estamos cada vez mais confusos sobre
quais são os fins a que ela deve servir
› Isso porque não temos clareza sobre os fins
da educação
3. Meios na educação
› Gastamos bilhões de dólares por ano com
nossas escolas (não necessariamente com
a educação) e sentenciamos todas as
nossas crianças e adolescentes a passarem
pelo menos oito ou doze anos presas nelas
› No entanto, escolas e tudo o que está dentro
delas (professores, currículos, materiais
didáticos, tecnologia e outros recursos) são,
na melhor das hipóteses, meios de educar,
não fins da educação
4. Tecnologia e educação
› Países desenvolvidos, como os EUA, têm
investido bilhões de dólares anualmente
para colocar tecnologia na escolas e treinar
professores para utilizá-la em seu ensino
› No entanto, admitem que o desempenho
dos alunos em testes padronizados não tem
se alterado significativamente e que os
alunos não parecem estar mais interessados
no ensino por causa do uso da tecnologia
5. Perplexidade
› Ninguém duvida, hoje, de que crianças,
adolescentes e jovens gostem de tecnologia
› Equipamos nossas escolas com a melhor
tecnologia e treinamos nossos professores
para ensinar com a ajuda da tecnologia,
esperando que os alunos se motivem mais e
assim aprendam melhor o que está sendo
ensinado...
› Mas nada disso ocorre – por quê???
6. Tentativa de diagnóstico do problema
› O problema não está na tecnologia – no
plano dos meios – mas sim no plano dos
fins: naquilo que queremos que crianças,
adolescentes e jovens aprendam em
nossas escolas
› Gastamos bilhões de dólares em meios e
não nos perguntamos: “para que fins”?
7. Evidência preliminar
› Camiseta que fez sucesso nos EUA:
“Não é déficit de atenção, seu bobo: eu
simplesmente não estou interessado...”
› Crianças, adolescentes e jovens aprendem
com grande facilidade e rapidez, com ou
sem tecnologia, aquilo em que estão
interessados e que escolhem aprender...
› E dominam fácil e rapidamente a tecnologia
8. Desafio?
› Coloca esse fato um problema
intransponível para a educação – ou apenas
um desafio?
› Na verdade o desafio não é nem mesmo tão
grande, se procurarmos dar uma resposta
clara e sensata às questões:
› Por que educar?
› Para que educar?
9. Educação Tradicional
› O fim da educação tradicional é transmitir a
cultura do grupo social ou da humanidade
para as novas gerações
› Imagina-se que crianças são como tabulas
rasas nas quais é preciso inscrever a cultura
herdada das gerações passadas
› A ênfase pode ser conservadora ou até
renovadora, mas a educação é algo que
acontece “de fora para dentro” e “de cima
para baixo” – daí o desinteresse dos alunos
10. Uma nova educação
› Numa nova visão a educação é vista como um
processo de desenvolvimento humano, que tem
lugar “de dentro para fora” e é auto-motivado,
“de baixo para cima”
› Nascemos incompetentes e dependentes, mas
com um enorme potencial de aprender
› Desenvolvêmo-nos como seres humanos
através da aprendizagem, que é um processo
de traduzir potenciais em competências
11. Quais competências?
› A programação genética do ser humano é
basicamente aberta: ele é programado para
aprender
› As competências que cada um precisa
desenvolver são aquelas necessárias para
que possa definir seu projeto de vida e
transformá-lo em realidade
› Que projeto? O que escolher para si mesmo –
e esse fato resolve o problema do interesse
12. Competências básicas
› Howard Gardner classifica as competências
básicas em sete ou outro categorias (que ele
chama de “inteligências”)
› A UNESCO as classifica em categorias mais
finalistas, como aquelas necessárias para:
› Aprender a ser
› Aprender a conviver
› Aprender a agir
› Aprender a aprender
13. Educação
› “Ninguém educa ninguém; tampouco alguém
se educa a si próprio. Nós nos educamos
uns aos outros, em comunhão, mediatizados
pelo mundo” (Paulo Freire)
› A educação ocorre através de um processo
de interação humana, mas essa interação se
dá tendo como pano de fundo o contexto em
que vivemos – e, hoje, a tecnologia é um
elemento estruturante desse contexto
14. Educação e tecnologia
› Felizmente a tecnologia de hoje é interativa,
basicamente servindo para:
› Colocar-nos em contato uns com os outros
› Colocar-nos em contato com as informações de
que precisamos para tocar nossos projetos de
vida individuais e coletivos
› Compartilhar informações que possam ser de
interesse dos outros em seus projetos de vida
› Trabalhar, divertir-nos e aprender juntos, em
colaboração uns com os outros
15. Tecnologia e a escola
› A tecnologia na escola deve estar a serviço
da aprendizagem do aluno, isto é, do seu
desenvolvimento, da construção de suas
competências
› A tecnologia na escola deve explorar ao
máximo as possibilidades de interação que a
tecnologia oferece – com pessoas de dentro
da escola e da comunidade externa