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Pós-Graduação em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores
Mestrado Europeu em Ciências da Educação

Faculdade Mario Schenberg/Brasil e Escola Superior de Educação
Almeida Garret/Portugal


Portfólio
Eduardo Vieira Corrêa
Modelos e práticas de formação de professores
Prof. Dra. Maria Regina Peres
“... uma pergunta a responder,
incerteza a esclarecer, apresenta um
objetivo à nossa reflexão e canaliza
um determinado álveo a correnteza
das idéias. (...) A natureza do problema
a resolver determina o objetivo do
pensamento e este objetivo orienta
o processo do ato de pensar.”

John Dewey
Introdução          A palavra formar origina-se no latin, formare, e significa “dar
             forma a, compor, constituir, educar e desenvolver”. O minidicionário
             da língua portuguesa Silveira Bueno complementa dispondo outros
             significados, tais como: dispor, fundar, organizar, produzir, concluir
             curso e diplomar-se. De modo geral, todos os sinônimos aventados
             aproximam-se do sentido ao qual o módulo Modelos e práticas de
             formação de professores pretende dar. Com efeito, as que sinalizam
             para o trabalho intelectual com vistas a reflexão sobre a formação
             docente são as que mais nos interessam.
                    Qual a formação mais adequada aos professores na
             atualidade? Como se resume a história da formação dos profissionais
             da educação no Brasil e no mundo? Que pensadores sugerem
             reflexões interessantes sobre o tema do módulo do curso de Pós-
             Graduação em Supervisão Pedagógica e Formação de Professores
             (Mestrado Europeu em Ciências da Educação) ministrado pela
             Professora Dra. Maria Regina Peres?
                    Os sinônimos de “formar” que nos remetem ao sentido de
             EDUCAÇÃO são importantes e necessárias para a compreensão
             do sentido vernacular. As que se aproximam da palavra reflexão,
             tais como desenvolver, organizar e produzir são mais sugestivas
             quando pensamos em formação de professores de forma reflexiva.
             Nesse ínterim, cabe ressaltar que, didaticamente, o módulo
             principiou citando o Tratado de Bolonha (que discorre sobre a
             unificação dos procedimentos de formação de professores na
             Europa), depois comparou os modelos de formação de Portugal e
             Brasil, em seguida situou historicamente a formação de professores,
             demonstrou paradigmas e modelos de formação e finalizou tratando
             da polêmica questão da avaliação.
                    É certo que a Formação de professores deve constar da
             pauta de discussão tanto localmente (instituições de ensino) quanto
             nacionalmente (Ministério da Educação e Secretarias Estadual e
             Municipal). Não obstante, o modelo de pratica reflexiva de formação
             inspira o módulo Modelos e práticas de formação de professores.
             Para tanto, o percurso didático – ora demonstrado neste portfólio
             – intenta embasar teoricamente os pressupostos desenvolvidos.
             Philippe Perrenoud, Maria Teresa Estrela, Antônio Nóvoa, Cesar
             Coll, Zeichner, Schön, Marcelo Garcia, John Dewey, Selma Garrido
             Pimenta, Libâneo e Evandro Ghedin constituem o corpo de teóricos
             renomados que discorrem significativamente sobre o assunto.
Declaração de Bolonha         Firmado em 1999 por ministros da Educação de 29 países
                        europeus, o documento prevê a criação do Espaço Europeu de
                        Ensino Superior. O interesse do acordo, já em andamento, objetiva
                        aumentar a competitividade européia no cenário mundial. Evidente
                        que tal processo, à reboque da unificação européia, vislumbrava
                        o fortalecimento da Educação superior para, conseqüentemente,
                        melhorar a qualificação da mão-de -obra.
                              Numa época de diferenças econômicas dentro da própria
                        União Européia, observava-se, também, disparidades na qualidade
                        educacional de diversos países. A unificação de currículos, de cursos
                        em toda a Europa proporcionou a assinatura de um documento
                        conjunto com vistas ao desenvolvimento de estratégias de formação
                        superior competente. Nesse sentido, o tratado propunha:
                            	 Formação competente em todos os níveis;

                            	 Valorização do exercício profissional;

                            	 Ampliação da formação inicial;

                           	 Atenção   para com a complexidade da sociedade.
                              Apesar do caráter competitivo presente no Tratado, o mesmo
                        não propugnou o simples fortalecimento da mão-de-obra pelos
                        processos produtivos diversos ou pelo simples aumento de
                        produção e domínio de tecnologias. No cerne está justamente no
                        CONHECIMENTO.
                              Mais do que um mero documento, o Processo Bolonha (assim
                        também conhecido) constitui posicionamento estratégico de um
                        continente que visa fortalecer-se por intermédio do conhecimento.
                        Com efeito, a melhoria educacional do bloco por meio da unificação
                        de processos educacionais, modelos de formação de professores
                        e melhoria da Educação Superior é condição sine qua non no que
                        tange o desenvolvimento do bloco europeu.
Formação de       Portugal
                             Antônio Nóvoa em “Os professores e sua formação” (Lisboa:
    professores em
                        D. Quixote, 1995) debate a formação dos professores em Portugal
Portugal e no Brasil:   na perspectiva profissional. Faz um percurso histórico apontando
       comparativo      o Estado como centralizador do processo de reprodução social
                        (educação escolar) já no século XVIII. No século seguinte verifica
                        consolidação da imagem do professor e sua importância na difusão
                        e transmissão do saber. No período totalitário – Estado Novo –
                        evidencia a existência de um paradoxo: desvalorização da profissão
                        e dignificação da imagem carregada de simbolismo. O controle
                        ideológico estatal e a redução constituíram, nesse ínterim, os eixos
                        da política nacionalista para o professorado. A década de 80 marca
                        o início da profissionalização em serviço e, na década de 90, o
                        investimento em educação continuada.
                              A partir do esboço histórico, Nóvoa defende a idéia do
                        “desenvolvimento pessoal” do profissional docente - construção da
                        identidade professor – a partir da reflexividade crítica e da ação
                        (diálogo entre pares, investigação-ação e investigação-formação).
                        Também observa a necessidade da extensão da idéia anterior para
                        o desenvolvimento organizacional das instituições de ensino.
                              A palavra da atualidade em se tratando de educação é reflexão.
                        Portugal, por ter traçado um plano estratégico nacional de educação
                        e por ser signatário do Tratado de Bolonha avançou qualitativamente
                        na formação de professores e na prática pedagógica reflexiva.
Brasil
                                                     A história nos mostra que o Brasil principiou no ensino superior
                                               no século XIX com a instalação da Corte portuguesa no Rio de
                                               Janeiro. Não existia uma política de formação de professores e o
                                               ensino encontrava-se desarticulado.
                                                     À República cabe a tarefa de articular a qualificação do
                                               magistério primário. Contudo, passado o fervor da nova ideologia,
                                               o movimento perde força e volta-se ao movimento anterior
                                               (estagnação). O período da 1ª República pouco favoreceu a difusão
 Minha experiência no CEFAM de Osasco          da educação. Nesse período, estados progressistas como São
         foi interessantíssima. Fiz parte da
                                               Paulo permitiram a consolidação de uma estrutura interessante de
      segunda turma na EEPSG São Paulo
     da Cruz. O fato de existir uma bolsa-     formação de professores que serviu de paradigma para os outros
           trabalho evidentemente chamou       estados.
         a atenção de muitos interessados             A articulação para estruturação de cursos superiores para
       em estudar. Por outro lado, o ritmo
                                               formação docente se deu entre as décadas de 30 e 40 do século
    pesado com aulas durante todo o dia
     selecionou o pessoal. De 120 iniciais     XX com o surgimento do INEP (Instituto Nacional de Estudos
     sobraram 42 no 4º ano. Professores        Pedagógicos e do curso de Pedagogia na Faculdade Nacional de
  ideologicamente comprometidos e com          Filosofia da Universidade do Brasil.
    formação de primeira linha, proposta
                                                      Foi a partir de 1941, com a I Conferência Nacional de
       pedagógica coerente com o curso,
   práticas metodológicas postas à prova       Educação, que esboçou-se a preocupação com a ausência de
todas as semanas refletidas, avaliadas e       normas centrais garantidoras de uma base comum aos estados no
  reavaliadas, projetos interdisciplinares,    tocante à formação dos professores.
 convênio com o antigo CIC-USP (Centro
                                                      A LDB (Lei 4024/61) não trouxe grandes mudanças
        Interdisciplinar de Ciências) e uma
    rica grade curricular deram subsídios      relacionadas à formação de professores. Fixou apenas padrões
        a minha formação como professor        mínimos aos Estados, locus dos experimentos educacionais. A lei
    dotado de conhecimento pedagógico          5692/71 regulou a instituiu a habilitação necessária para atuação
    suficiente para atuar no magistério. A
                                               no magistério.
   prática constante da reflexão nas mais
       diferentes disciplinas proporcionou            Os CEFAM’s, idealizados pelo MEC na década de 80,
     a revisitação constante e habitual da     constituíram centros de formação de professores em período
              minha prática em sala de aula.   integral com uma bolsa trabalho. Em São Paulo diversos centros
                                               se espalharam pelo estado. A ausência de políticas públicas de
                                               aproveitamento dos egressos e a descontinuidade do projeto
                                               pelo MEC fez minguar este centro específico de formação de
                                               professores.
                                                      A LDB de 1996, visto o quadro de diversidade de centros de
                                               formação de professores em nível médio tanto em estabelecimentos
                                               públicos quanto privados, estabeleceu que a formação para
                                               professores da educação básica se daria em nível superior. Tem
                                               início a proliferação dos cursos de Pedagogia em todo o país,
                                               muitos de qualidade duvidosa.
Alguns Pensadores
    que discorrem
 sobre a formação
    de professores
         reflexivos


                      Donald Schön: ensino reflexivo; ao triplo movimento
                      conhecimento na ação, reflexão na ação e reflexão sobre a
                      ação e reflexão na ação; formação reflexiva de professores;
                      professor prático-reflexivo (investigar para decidir e intervir);
                      reflexão sobre a prática objetivando interpretar a realidade
                      social e a própria prática pedagógica.



                      Isabel Alarcão: escola reflexiva, professor reflexivo,
                      supervisão reflexiva e formação reflexiva; para transformar
                      é necessário refletir.



                      Ken Zeichner: reflexão sobre a prática pedagógica
                      (practicum) como aprendizagem cognitiva na formação
                      de professores; perspectiva reconstrucionista social da
                      prática reflexiva; ensino como prática reflexiva.



                      Carlos Marcelo Garcia: reflexão sobre a prática docente;
                      prática como elemento de análise do professor; reflexão
                      da atividade cotidiana; indagação-reflexão; investigação
                      sobre os conhecimentos que os professores possuem
                      sobre o ensino e como esses conteúdos se transformam
                      em ensino; reflexão como elemento estruturador;
                      necessidade de mentalidade aberta, responsabilidade e
                      entusiasmo como atitudes reflexivas.
Paradigmas de    1. Comportamentalista:
                     	 positivista
 Formação de         	 tecnicista

   Professores       	 técnico
                     	 professores executores de leis e tarefas.

                        Formação segundo o modelo tradicional.

                 2. Personalista:
                     	 Fenomenológico.
                     	 Base: psicologia do desenvolvimento.
                     	 Humanista.

                             Formação humanista não-diretiva.

                 3. Tradicional – artesanal:
                     	 Ensino é arte.
                     	 Mestre x aprendiz.
                     	 Tentativa/ erro.
                     	 Receptores passivos.
                     	 Valorização do mestre em detrimento do aprendiz.

                              Formação tradicional tecnicista.

                 4. Professor reflexivo:
                     	 Professores e contextos educativos são únicos
                     	 Desenvolvimento das capacidades de análise junto aos
                        alunos, escola e sociedade
                     	 Consciência sobre origens e conseqüências das ações,
                        controle sobre as ações e modificações das ações.
                     	 Ação reflexiva e espírito crítico

                              Formação reflexiva permanente.
A formação de professores, segundo a proposta reflexiva exige
muito mais do que a simples frequência nos bancos acadêmicos de
formação docente. A formação em serviço, a formação continuada,
a troca entre pares, a construção da identidade pessoal do professor
e a prática constante da auto reflexão na ação pedagógica são
características indispensáveis ao professor reflexivo.
       Alarcão em sua obra Escola Reflexiva e Nova Racionalidade1
enfatiza que a reflexão é imprescindível ao professor da atualidade
para compreensão do presente e preparação do futuro na medida em
que este é depositário da confiança da sociedade na educação das
crianças tendo este que saber interpretar a realidade.
       Marcelo Garcia em A Formação de Professores: Novas Perspectivas
Baseadas na Investigação Sobre o Pensamento do Professor explicita
as habilidades necessárias ao professor reflexivo. Com efeito este deve
ter capacidade de diagnóstico (empiria); saber construir teorias a partir
dos dados existentes (análise); saber avaliar e julgar conscientemente
objetivos; saber planejar ações (estratégia); ter consciência tática
(prática); ter habilidade comunicacional (multiplicador de idéias).
       Não resta dúvida de que uma nova mentalidade – mais aberta
e antenada aos acontecimentos do presente – se faz necessária.
O sociólogo Phellippe Perrenoud amplia a discussão para além
dos muros da escola atribuindo função social aos saberes, afinal, a
sociedade está mais exigente, fato este que demanda maior qualidade
na formação do docente. A formação, portanto, deve ir para além das
fronteiras do conhecimento e das técnicas do passado. Para tanto,
elenca competências necessárias para os professores da atualidade:
organização, gestão da aprendizagem e da auto formação, capacidade
de concepção, envolvimento, utilização de informações e capacidade
articuladora entre pais, alunos, escola e sociedade. Pretende-se, a
partir desse exercício competente, mobilização eficaz de recursos,
conhecimentos e energias com vistas à intervenção autônoma e
decisiva dos docentes no contexto social.
       Por fim, contribuindo para a solidificação do profissional da
educação reflexivo, Ken Zeichner em Novos Caminhos Para o Practicum:
Uma Perspectiva Para os Anos 90, a partir de estudos comparados
nos EUA, Grã-Bretanha, Canadá e Austrália atesta a necessidade de
constituição de programas temáticos para formação de professores
a partir do desenvolvimento de um currículo prático associado aos
cursos específicos; conhecimento da escola e da comunidade;
investimento em práticas reflexivas; supervisão da prática com apoio
dos pares; criação de escolas clínicas (ou de aplicação) e escolas de
desenvolvimento profissional; comprometimento profissional; prática
como aprendizagem cognitiva.
1              p. 10
Modelos de         Modelos organizacionais, como o do Brasil, tendem a ignorar
             as implicações filosóficas e políticas da formação dos professores
 Formação
             e, conseqüentemente, dos diversos contextos sociais e educativos.
             Isabel Alarcão, com efeito, pondera sobre a necessidade premente
             de uma escola cujo clima organizacional inspire a auto reflexão
             constante, pensando e repensando as ações em um processo
             heurístico que englobe, ao mesmo tempo, avaliação e formação.
                   Dentre os diversos modelos de formação podemos citar:
                  	 Integrado: é um modelo mais técnico por abordar

                      componentes científicos e pedagógicos na formação.
                  	 Sequencial: coloca a formação científica separada da

                      pedagógica, embora uma seja sequencia da outra.
                  	 Dual: distinção entre as formações pedagógica e científica
                      podendo ocorrer em momentos distintos.
                  	 Em exercício: feita nas próprias escolas articulando teoria

                      e prática.
                  	 Em serviço: cursos de curta duração e projetos de formação

                      de médio e longo prazo.
                   Nóvoa2 discorre sobre a temática inferindo que o desafio
             está na concepção de escola enquanto ambiente educativo, parte
             constitutiva da cultura organizacional na qual formação e trabalho
             não sejam atividades díspares. Desloca o profissional docente da
             passividade para a atividade no papel de investigador-ator num
             projeto maior trans-formação e valorização das pessoas e grupos
             que batalham pela inovação nas escolas e do sistema educativo.
                   Alguns autores brasileiros concordam com a idéia do
             profissional reflexivo. A Dra. Selma Pimenta Garrido da USP
             expõe o problema de esvaziamento da terminologia por conta da
             banalização, afinal, mais do que palavra, a atitude reflexiva implica
             em análise constante da prática contextualizada. O professor José
             C. Libâneo corrobora explicitando a necessidade de vivenciar a
             atitude reflexiva. Evandro Ghedin, para fechar o time de pensadores
             brasileiros – e ainda existem vários que poderíamos citar – diz que é
             na prática refletida que o conhecimento se produz (ação/ reflexão) e
             que a experiência docente é espaço de produção do conhecimento
             através da atitude autocrítica.
                   Por fim, para que o processo reflexivo ocorra, é necessário
             pensar sobre o que, como, quando, onde, por que, para que e
             quanto levando em consideração os lados social, político, econômico
             e cultural no qual a escola se insere.
             2             p.28
Avaliação            A palavra avaliação tem origem no latim – a + valere – e significa
                       dar valor, atribuir mérito ou juízo de valor, aferição da qualidade. É
                       tida como processo segundo a lógica da mensuração e medida de
                       conhecimento.
                             É fato que a Avaliação é tem controverso e polêmico.
                       A quantidade de nota implica em quantidade e qualidade de
                       conhecimento? O fato é que o processo de avaliação vislumbra a
                       lógica da mensuração e da medida de conhecimento.
                             Ao longo da história, a avaliação adotou diversas formas, tais
                       como:
                           	 Tempo de treinamento x rendimento em ortografia (início do

                               século XX);
      “A avaliação         	 Testes padronizados para medir comportamentos humano
                               (primeiras duas décadas do século XX);
   escolar só faz          	 Atualmente, quatro tipos de avaliação: mensuração,

sentido se tiver o             descrição, julgamento e negociação.
                             Perrenoud esclarece que o profissional docente deve ser
intuito de buscar      consciente das etapas do planejamento educacional a fim de
 novos caminhos        desenvolver uma atitude de reflexão da prática da ação. O professor
                       seria, neste modelo, o gestor da sala de aula. Dentro desta
para melhoria da       perspectiva sociológica, a avaliação assume papel de informante
  aprendizagem”        sobre o aluno em sua totalidade necessitando, com efeito, da
                       contribuição das diversas áreas do conhecimento.
     Jussara Hoffman
                             A avaliação considera o processo de ensino-aprendizagem.
                       Avalia-se o duplo: a forma como se ensina e a qualidade do que
                       se aprende. Logo, avalia-se o TODO escolar. A controvérsia,
                       aproveitando o ensejo, inicia-se na própria LDB em seu artigo V no
                       qual se encontra a palavra VERIFICAÇÃO concomitantemente aos
                       termos avaliação contínua e cumulativa; prevalência dos aspectos
                       qualitativos. Ora, verificar implica em classificar, selecionar e ordenar.
                       AVALIAÇÃO, por outro lado, observa o processo e considera os
                       avanças e os resultados parciais (processo).
                             Portanto, a avaliação deve necessariamente, descrever
                       aptidões, revelar objetivos atingidos e dificuldades relevantes. É
                       instrumento para a busca de novas estratégias de aprendizagem.
                       Percebe-se que os desafios são grandes porque envolve mudança
                       na concepção do que é avaliar, pois, envolve revisão de conteúdos,
                       formas e intencionalidade, além do que, reflexão sobre o projeto
                       pedagógico e melhorias na relação aluno x professor x conhecimento
                       x comunidade escolar x sociedade.
Considerações finais          O módulo Modelos e Prática de Formação de Professores nos
                       possibilitou visualizar diferentes paradigmas da formação docente
                       no tempo e no espaço. Considerando a natureza singular da prática
                       reflexiva – objeto de interesse e explanação deste portfólio – não
                       poderíamos de deixar de considerar o pioneiro do pensamento
                       reflexivo: John Dewey.
                              No exemplo transcrito a seguir o próprio Dewey aponta como
                       as fases do pensamento reflexivo se apresentam:

                                                Imaginemos estar trilhando um caminho irregular. (...)
                                    Repentinamente, surge uma vala no caminho. Pensamos em
                                    salta-la (suposição; plano); mas, por segurança lançamo-lhes
                                    uma vista de olhos (observação), e notamos que é bastante larga
                                    e que o barranco do outro lado é escorregadio (fatos, dados).
                                    Perguntamo-nos, então, se a vala não será mais estreita em outro
                                    ponto (idéia), e olhamos para cima e para baixo do fosso de água
                                    (observação), para saber em que param as coisas (verificação
                                    da idéia pela observação). Nada vemos de favorável e, então,
                                    recaímos no trabalho de formar novo plano. Relanceando o
                                    olhar aqui e ali, deparamos um tronco de árvore (um fato outra
                                    vez). Julgamos boa idéia, vamos buscar o tronco, ajeitamo-lo
                                    em posição apropriada e atravessamos a vala (verificação e
                                    confirmação pela ação exterior).3


                             Ora, o que está implícito na situação descrita é que a
                       reflexão, segundo Dewey, é esforço intencional para descobrir
                       relações entre a coisa que fazemos e o resultado. A experiência
                       não depende da tentativa e do erro. A ação reflexiva possibilita
                       prever as conseqüências. Tal esforço reside no ato de pensar,
                       forma inteligível da experiência. Pensando refletidamente, podemos
                       antecipar consequencias agindo, então, melhor. Não obstante, há
                       que se considerar que o conjunto de razões e emoções coexistem
                       dando sentido à existência na resolução das situações-problema.
                       Aliás, é justamente isso o que nos faz refletir. A reflexão ocorre
                       com a perplexidade, ensejando a busca por soluções a partir
                       de parâmetros, condicionantes temporais e espaciais, definindo
                       o problema através da intelectualização que só se realiza com a
                       atitude reflexiva através do encadeamento lógico das idéias que,
                       para Dewey, funcionam como “chaves moldadas com o propósito
                       de abrir uma fechadura”4
                       3             CP II b, p. 109-110
                       4             CP II b, p. 137
Por fim, Dewey mostrou o caminho para uma reflexão
competente para o profissional da educação. Partindo de uma origem
(situação problemática que gera perplexidade a partir da interação do
indivíduo com o ambiente), contemplamos as idéias (significações
familiares, cultura, etc) e seguimos rumo à intelectualização
(hipótese, definição do problema, juízo); examinamos a hipótese
(raciocínio, imaginação) e passamos para a verificação experimental.
É necessário dizer que é método indutivo que vai do particular para
as generalizações, das idéias para a realidade.
       Não resta dúvida que a formação do professor reflexivo e o
desenvolvimento de uma atitude reflexiva perpassa por este modelo.
A ação do indivíduo no meio e a busca de satisfação é móvel ético
na educação. A consciência político-ideológica do professorado
deve, necessariamente, abordar criticamente a prática com vistas
ao futuro não somente dos indivíduos presentes na escola, mas de
toda uma nação.
Minha prática foi construída, ao longo da carreira docente, permeada pela palavra
reflexão. Na formação para o Magistério – CEFAM – a prática estava em constante
diálogo com a teoria e vice-versa. Era constantemente indagado quanto aos
projetos realizados e postos em prática com alunos da Escola São Paulo da Cruz.
Acompanhou-me a inquietação sobre como aprender e como construir o valor
conhecimento junto aos alunos.
Na minha passagem por um colégio confessional (de perspectiva tradicional) a
discordância filosófica evidenciou-se por não aceitar passivamente os comandos
para aquele tipo de educação.
Assumindo uma classe que, de fato, percebi que a formação necessita de uma
residência, tal qual um médico faz. Por quê? Porque a realidade da sala de aula é
diferente da teoria vivenciada na academia ou mesmo nos bancos de formação do
Ensino Médio, de onde fiz jus a minha habilitação.
Na faculdade de Ciências Sociais percebi a abrangência da educação como
projeto político de uma nação, para a libertação ou para o aprisionamento (das
mentes!). Contudo, foi nos cursos de extensão em Filosofia para Crianças que
pude me deparar com a reflexão, no caso, de tipo filosófica (mas, e qual não
é?). A Especialização em Fundamentos de uma Educação para o Pensar me deu
alicerce para compreender a necessidade de, sempre, refletir na ação e sobre a
ação e investigando motivos da aprendizagem ou dificuldades de aprendizagem.
Epistemologicamente me deparei com este problema.
Aprendi que uma investigação criteriosa, criativa, radical, metódica e cuidadosa –
para usar as expressões do Professor e Filósofo Marcos Lorieiri da PUC-SP – era
a solução mais adequada para a compreensão da realidade educacional individual,
coletiva, local e nacional. Parece muito? Pois tenho certeza que é!
O mestrado em Ciências da Educação certamente contribuirá para minhas
especulações sobre educação e projeto de nação.
Referências    ALARCÃO, I. (org.) Escola reflexiva e a nova realidade. Artmed
                 Editora: Porto Alegre, 2001.
Bibliográficas
                 ALARCÃO, I. (org.) Formação reflexiva de professores. Estratégias
                 de Supervisão. Porto Editora: Porto, 1996.
                 DEWEY, John. Democracia e Educação. Ed. Ática: São Paulo,
                 2007.
                 GARCIA, Carlos Marcelo. A formação de professores: novas
                 perspectivas baseadas na investigação sobre o pensamento do
                 professor. Porto Editora: Porto.
                 NÓVOA, A. Os professores e sua formação. Dom Quixote: Lisboa,
                 1995.
                 PERRENOUD, Phellippe. Construir as competências desde a
                 escola. Artmed editora. Porto Alegre, 1999.
                 ZEICHNER, Ken. A formação reflexiva de professores: idéias e
                 práticas. Educa: Lisboa, 1993.

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Portfolio eduardo correa

  • 1. Pós-Graduação em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores Mestrado Europeu em Ciências da Educação Faculdade Mario Schenberg/Brasil e Escola Superior de Educação Almeida Garret/Portugal Portfólio Eduardo Vieira Corrêa
  • 2. Modelos e práticas de formação de professores Prof. Dra. Maria Regina Peres
  • 3. “... uma pergunta a responder, incerteza a esclarecer, apresenta um objetivo à nossa reflexão e canaliza um determinado álveo a correnteza das idéias. (...) A natureza do problema a resolver determina o objetivo do pensamento e este objetivo orienta o processo do ato de pensar.” John Dewey
  • 4. Introdução A palavra formar origina-se no latin, formare, e significa “dar forma a, compor, constituir, educar e desenvolver”. O minidicionário da língua portuguesa Silveira Bueno complementa dispondo outros significados, tais como: dispor, fundar, organizar, produzir, concluir curso e diplomar-se. De modo geral, todos os sinônimos aventados aproximam-se do sentido ao qual o módulo Modelos e práticas de formação de professores pretende dar. Com efeito, as que sinalizam para o trabalho intelectual com vistas a reflexão sobre a formação docente são as que mais nos interessam. Qual a formação mais adequada aos professores na atualidade? Como se resume a história da formação dos profissionais da educação no Brasil e no mundo? Que pensadores sugerem reflexões interessantes sobre o tema do módulo do curso de Pós- Graduação em Supervisão Pedagógica e Formação de Professores (Mestrado Europeu em Ciências da Educação) ministrado pela Professora Dra. Maria Regina Peres? Os sinônimos de “formar” que nos remetem ao sentido de EDUCAÇÃO são importantes e necessárias para a compreensão do sentido vernacular. As que se aproximam da palavra reflexão, tais como desenvolver, organizar e produzir são mais sugestivas quando pensamos em formação de professores de forma reflexiva. Nesse ínterim, cabe ressaltar que, didaticamente, o módulo principiou citando o Tratado de Bolonha (que discorre sobre a unificação dos procedimentos de formação de professores na Europa), depois comparou os modelos de formação de Portugal e Brasil, em seguida situou historicamente a formação de professores, demonstrou paradigmas e modelos de formação e finalizou tratando da polêmica questão da avaliação. É certo que a Formação de professores deve constar da pauta de discussão tanto localmente (instituições de ensino) quanto nacionalmente (Ministério da Educação e Secretarias Estadual e Municipal). Não obstante, o modelo de pratica reflexiva de formação inspira o módulo Modelos e práticas de formação de professores. Para tanto, o percurso didático – ora demonstrado neste portfólio – intenta embasar teoricamente os pressupostos desenvolvidos. Philippe Perrenoud, Maria Teresa Estrela, Antônio Nóvoa, Cesar Coll, Zeichner, Schön, Marcelo Garcia, John Dewey, Selma Garrido Pimenta, Libâneo e Evandro Ghedin constituem o corpo de teóricos renomados que discorrem significativamente sobre o assunto.
  • 5. Declaração de Bolonha Firmado em 1999 por ministros da Educação de 29 países europeus, o documento prevê a criação do Espaço Europeu de Ensino Superior. O interesse do acordo, já em andamento, objetiva aumentar a competitividade européia no cenário mundial. Evidente que tal processo, à reboque da unificação européia, vislumbrava o fortalecimento da Educação superior para, conseqüentemente, melhorar a qualificação da mão-de -obra. Numa época de diferenças econômicas dentro da própria União Européia, observava-se, também, disparidades na qualidade educacional de diversos países. A unificação de currículos, de cursos em toda a Europa proporcionou a assinatura de um documento conjunto com vistas ao desenvolvimento de estratégias de formação superior competente. Nesse sentido, o tratado propunha:  Formação competente em todos os níveis;  Valorização do exercício profissional;  Ampliação da formação inicial;  Atenção para com a complexidade da sociedade. Apesar do caráter competitivo presente no Tratado, o mesmo não propugnou o simples fortalecimento da mão-de-obra pelos processos produtivos diversos ou pelo simples aumento de produção e domínio de tecnologias. No cerne está justamente no CONHECIMENTO. Mais do que um mero documento, o Processo Bolonha (assim também conhecido) constitui posicionamento estratégico de um continente que visa fortalecer-se por intermédio do conhecimento. Com efeito, a melhoria educacional do bloco por meio da unificação de processos educacionais, modelos de formação de professores e melhoria da Educação Superior é condição sine qua non no que tange o desenvolvimento do bloco europeu.
  • 6. Formação de Portugal Antônio Nóvoa em “Os professores e sua formação” (Lisboa: professores em D. Quixote, 1995) debate a formação dos professores em Portugal Portugal e no Brasil: na perspectiva profissional. Faz um percurso histórico apontando comparativo o Estado como centralizador do processo de reprodução social (educação escolar) já no século XVIII. No século seguinte verifica consolidação da imagem do professor e sua importância na difusão e transmissão do saber. No período totalitário – Estado Novo – evidencia a existência de um paradoxo: desvalorização da profissão e dignificação da imagem carregada de simbolismo. O controle ideológico estatal e a redução constituíram, nesse ínterim, os eixos da política nacionalista para o professorado. A década de 80 marca o início da profissionalização em serviço e, na década de 90, o investimento em educação continuada. A partir do esboço histórico, Nóvoa defende a idéia do “desenvolvimento pessoal” do profissional docente - construção da identidade professor – a partir da reflexividade crítica e da ação (diálogo entre pares, investigação-ação e investigação-formação). Também observa a necessidade da extensão da idéia anterior para o desenvolvimento organizacional das instituições de ensino. A palavra da atualidade em se tratando de educação é reflexão. Portugal, por ter traçado um plano estratégico nacional de educação e por ser signatário do Tratado de Bolonha avançou qualitativamente na formação de professores e na prática pedagógica reflexiva.
  • 7. Brasil A história nos mostra que o Brasil principiou no ensino superior no século XIX com a instalação da Corte portuguesa no Rio de Janeiro. Não existia uma política de formação de professores e o ensino encontrava-se desarticulado. À República cabe a tarefa de articular a qualificação do magistério primário. Contudo, passado o fervor da nova ideologia, o movimento perde força e volta-se ao movimento anterior (estagnação). O período da 1ª República pouco favoreceu a difusão Minha experiência no CEFAM de Osasco da educação. Nesse período, estados progressistas como São foi interessantíssima. Fiz parte da Paulo permitiram a consolidação de uma estrutura interessante de segunda turma na EEPSG São Paulo da Cruz. O fato de existir uma bolsa- formação de professores que serviu de paradigma para os outros trabalho evidentemente chamou estados. a atenção de muitos interessados A articulação para estruturação de cursos superiores para em estudar. Por outro lado, o ritmo formação docente se deu entre as décadas de 30 e 40 do século pesado com aulas durante todo o dia selecionou o pessoal. De 120 iniciais XX com o surgimento do INEP (Instituto Nacional de Estudos sobraram 42 no 4º ano. Professores Pedagógicos e do curso de Pedagogia na Faculdade Nacional de ideologicamente comprometidos e com Filosofia da Universidade do Brasil. formação de primeira linha, proposta Foi a partir de 1941, com a I Conferência Nacional de pedagógica coerente com o curso, práticas metodológicas postas à prova Educação, que esboçou-se a preocupação com a ausência de todas as semanas refletidas, avaliadas e normas centrais garantidoras de uma base comum aos estados no reavaliadas, projetos interdisciplinares, tocante à formação dos professores. convênio com o antigo CIC-USP (Centro A LDB (Lei 4024/61) não trouxe grandes mudanças Interdisciplinar de Ciências) e uma rica grade curricular deram subsídios relacionadas à formação de professores. Fixou apenas padrões a minha formação como professor mínimos aos Estados, locus dos experimentos educacionais. A lei dotado de conhecimento pedagógico 5692/71 regulou a instituiu a habilitação necessária para atuação suficiente para atuar no magistério. A no magistério. prática constante da reflexão nas mais diferentes disciplinas proporcionou Os CEFAM’s, idealizados pelo MEC na década de 80, a revisitação constante e habitual da constituíram centros de formação de professores em período minha prática em sala de aula. integral com uma bolsa trabalho. Em São Paulo diversos centros se espalharam pelo estado. A ausência de políticas públicas de aproveitamento dos egressos e a descontinuidade do projeto pelo MEC fez minguar este centro específico de formação de professores. A LDB de 1996, visto o quadro de diversidade de centros de formação de professores em nível médio tanto em estabelecimentos públicos quanto privados, estabeleceu que a formação para professores da educação básica se daria em nível superior. Tem início a proliferação dos cursos de Pedagogia em todo o país, muitos de qualidade duvidosa.
  • 8. Alguns Pensadores que discorrem sobre a formação de professores reflexivos Donald Schön: ensino reflexivo; ao triplo movimento conhecimento na ação, reflexão na ação e reflexão sobre a ação e reflexão na ação; formação reflexiva de professores; professor prático-reflexivo (investigar para decidir e intervir); reflexão sobre a prática objetivando interpretar a realidade social e a própria prática pedagógica. Isabel Alarcão: escola reflexiva, professor reflexivo, supervisão reflexiva e formação reflexiva; para transformar é necessário refletir. Ken Zeichner: reflexão sobre a prática pedagógica (practicum) como aprendizagem cognitiva na formação de professores; perspectiva reconstrucionista social da prática reflexiva; ensino como prática reflexiva. Carlos Marcelo Garcia: reflexão sobre a prática docente; prática como elemento de análise do professor; reflexão da atividade cotidiana; indagação-reflexão; investigação sobre os conhecimentos que os professores possuem sobre o ensino e como esses conteúdos se transformam em ensino; reflexão como elemento estruturador; necessidade de mentalidade aberta, responsabilidade e entusiasmo como atitudes reflexivas.
  • 9. Paradigmas de 1. Comportamentalista:  positivista Formação de  tecnicista Professores  técnico  professores executores de leis e tarefas. Formação segundo o modelo tradicional. 2. Personalista:  Fenomenológico.  Base: psicologia do desenvolvimento.  Humanista. Formação humanista não-diretiva. 3. Tradicional – artesanal:  Ensino é arte.  Mestre x aprendiz.  Tentativa/ erro.  Receptores passivos.  Valorização do mestre em detrimento do aprendiz. Formação tradicional tecnicista. 4. Professor reflexivo:  Professores e contextos educativos são únicos  Desenvolvimento das capacidades de análise junto aos alunos, escola e sociedade  Consciência sobre origens e conseqüências das ações, controle sobre as ações e modificações das ações.  Ação reflexiva e espírito crítico Formação reflexiva permanente.
  • 10. A formação de professores, segundo a proposta reflexiva exige muito mais do que a simples frequência nos bancos acadêmicos de formação docente. A formação em serviço, a formação continuada, a troca entre pares, a construção da identidade pessoal do professor e a prática constante da auto reflexão na ação pedagógica são características indispensáveis ao professor reflexivo. Alarcão em sua obra Escola Reflexiva e Nova Racionalidade1 enfatiza que a reflexão é imprescindível ao professor da atualidade para compreensão do presente e preparação do futuro na medida em que este é depositário da confiança da sociedade na educação das crianças tendo este que saber interpretar a realidade. Marcelo Garcia em A Formação de Professores: Novas Perspectivas Baseadas na Investigação Sobre o Pensamento do Professor explicita as habilidades necessárias ao professor reflexivo. Com efeito este deve ter capacidade de diagnóstico (empiria); saber construir teorias a partir dos dados existentes (análise); saber avaliar e julgar conscientemente objetivos; saber planejar ações (estratégia); ter consciência tática (prática); ter habilidade comunicacional (multiplicador de idéias). Não resta dúvida de que uma nova mentalidade – mais aberta e antenada aos acontecimentos do presente – se faz necessária. O sociólogo Phellippe Perrenoud amplia a discussão para além dos muros da escola atribuindo função social aos saberes, afinal, a sociedade está mais exigente, fato este que demanda maior qualidade na formação do docente. A formação, portanto, deve ir para além das fronteiras do conhecimento e das técnicas do passado. Para tanto, elenca competências necessárias para os professores da atualidade: organização, gestão da aprendizagem e da auto formação, capacidade de concepção, envolvimento, utilização de informações e capacidade articuladora entre pais, alunos, escola e sociedade. Pretende-se, a partir desse exercício competente, mobilização eficaz de recursos, conhecimentos e energias com vistas à intervenção autônoma e decisiva dos docentes no contexto social. Por fim, contribuindo para a solidificação do profissional da educação reflexivo, Ken Zeichner em Novos Caminhos Para o Practicum: Uma Perspectiva Para os Anos 90, a partir de estudos comparados nos EUA, Grã-Bretanha, Canadá e Austrália atesta a necessidade de constituição de programas temáticos para formação de professores a partir do desenvolvimento de um currículo prático associado aos cursos específicos; conhecimento da escola e da comunidade; investimento em práticas reflexivas; supervisão da prática com apoio dos pares; criação de escolas clínicas (ou de aplicação) e escolas de desenvolvimento profissional; comprometimento profissional; prática como aprendizagem cognitiva. 1 p. 10
  • 11. Modelos de Modelos organizacionais, como o do Brasil, tendem a ignorar as implicações filosóficas e políticas da formação dos professores Formação e, conseqüentemente, dos diversos contextos sociais e educativos. Isabel Alarcão, com efeito, pondera sobre a necessidade premente de uma escola cujo clima organizacional inspire a auto reflexão constante, pensando e repensando as ações em um processo heurístico que englobe, ao mesmo tempo, avaliação e formação. Dentre os diversos modelos de formação podemos citar:  Integrado: é um modelo mais técnico por abordar componentes científicos e pedagógicos na formação.  Sequencial: coloca a formação científica separada da pedagógica, embora uma seja sequencia da outra.  Dual: distinção entre as formações pedagógica e científica podendo ocorrer em momentos distintos.  Em exercício: feita nas próprias escolas articulando teoria e prática.  Em serviço: cursos de curta duração e projetos de formação de médio e longo prazo. Nóvoa2 discorre sobre a temática inferindo que o desafio está na concepção de escola enquanto ambiente educativo, parte constitutiva da cultura organizacional na qual formação e trabalho não sejam atividades díspares. Desloca o profissional docente da passividade para a atividade no papel de investigador-ator num projeto maior trans-formação e valorização das pessoas e grupos que batalham pela inovação nas escolas e do sistema educativo. Alguns autores brasileiros concordam com a idéia do profissional reflexivo. A Dra. Selma Pimenta Garrido da USP expõe o problema de esvaziamento da terminologia por conta da banalização, afinal, mais do que palavra, a atitude reflexiva implica em análise constante da prática contextualizada. O professor José C. Libâneo corrobora explicitando a necessidade de vivenciar a atitude reflexiva. Evandro Ghedin, para fechar o time de pensadores brasileiros – e ainda existem vários que poderíamos citar – diz que é na prática refletida que o conhecimento se produz (ação/ reflexão) e que a experiência docente é espaço de produção do conhecimento através da atitude autocrítica. Por fim, para que o processo reflexivo ocorra, é necessário pensar sobre o que, como, quando, onde, por que, para que e quanto levando em consideração os lados social, político, econômico e cultural no qual a escola se insere. 2 p.28
  • 12. Avaliação A palavra avaliação tem origem no latim – a + valere – e significa dar valor, atribuir mérito ou juízo de valor, aferição da qualidade. É tida como processo segundo a lógica da mensuração e medida de conhecimento. É fato que a Avaliação é tem controverso e polêmico. A quantidade de nota implica em quantidade e qualidade de conhecimento? O fato é que o processo de avaliação vislumbra a lógica da mensuração e da medida de conhecimento. Ao longo da história, a avaliação adotou diversas formas, tais como:  Tempo de treinamento x rendimento em ortografia (início do século XX); “A avaliação  Testes padronizados para medir comportamentos humano (primeiras duas décadas do século XX); escolar só faz  Atualmente, quatro tipos de avaliação: mensuração, sentido se tiver o descrição, julgamento e negociação. Perrenoud esclarece que o profissional docente deve ser intuito de buscar consciente das etapas do planejamento educacional a fim de novos caminhos desenvolver uma atitude de reflexão da prática da ação. O professor seria, neste modelo, o gestor da sala de aula. Dentro desta para melhoria da perspectiva sociológica, a avaliação assume papel de informante aprendizagem” sobre o aluno em sua totalidade necessitando, com efeito, da contribuição das diversas áreas do conhecimento. Jussara Hoffman A avaliação considera o processo de ensino-aprendizagem. Avalia-se o duplo: a forma como se ensina e a qualidade do que se aprende. Logo, avalia-se o TODO escolar. A controvérsia, aproveitando o ensejo, inicia-se na própria LDB em seu artigo V no qual se encontra a palavra VERIFICAÇÃO concomitantemente aos termos avaliação contínua e cumulativa; prevalência dos aspectos qualitativos. Ora, verificar implica em classificar, selecionar e ordenar. AVALIAÇÃO, por outro lado, observa o processo e considera os avanças e os resultados parciais (processo). Portanto, a avaliação deve necessariamente, descrever aptidões, revelar objetivos atingidos e dificuldades relevantes. É instrumento para a busca de novas estratégias de aprendizagem. Percebe-se que os desafios são grandes porque envolve mudança na concepção do que é avaliar, pois, envolve revisão de conteúdos, formas e intencionalidade, além do que, reflexão sobre o projeto pedagógico e melhorias na relação aluno x professor x conhecimento x comunidade escolar x sociedade.
  • 13. Considerações finais O módulo Modelos e Prática de Formação de Professores nos possibilitou visualizar diferentes paradigmas da formação docente no tempo e no espaço. Considerando a natureza singular da prática reflexiva – objeto de interesse e explanação deste portfólio – não poderíamos de deixar de considerar o pioneiro do pensamento reflexivo: John Dewey. No exemplo transcrito a seguir o próprio Dewey aponta como as fases do pensamento reflexivo se apresentam: Imaginemos estar trilhando um caminho irregular. (...) Repentinamente, surge uma vala no caminho. Pensamos em salta-la (suposição; plano); mas, por segurança lançamo-lhes uma vista de olhos (observação), e notamos que é bastante larga e que o barranco do outro lado é escorregadio (fatos, dados). Perguntamo-nos, então, se a vala não será mais estreita em outro ponto (idéia), e olhamos para cima e para baixo do fosso de água (observação), para saber em que param as coisas (verificação da idéia pela observação). Nada vemos de favorável e, então, recaímos no trabalho de formar novo plano. Relanceando o olhar aqui e ali, deparamos um tronco de árvore (um fato outra vez). Julgamos boa idéia, vamos buscar o tronco, ajeitamo-lo em posição apropriada e atravessamos a vala (verificação e confirmação pela ação exterior).3 Ora, o que está implícito na situação descrita é que a reflexão, segundo Dewey, é esforço intencional para descobrir relações entre a coisa que fazemos e o resultado. A experiência não depende da tentativa e do erro. A ação reflexiva possibilita prever as conseqüências. Tal esforço reside no ato de pensar, forma inteligível da experiência. Pensando refletidamente, podemos antecipar consequencias agindo, então, melhor. Não obstante, há que se considerar que o conjunto de razões e emoções coexistem dando sentido à existência na resolução das situações-problema. Aliás, é justamente isso o que nos faz refletir. A reflexão ocorre com a perplexidade, ensejando a busca por soluções a partir de parâmetros, condicionantes temporais e espaciais, definindo o problema através da intelectualização que só se realiza com a atitude reflexiva através do encadeamento lógico das idéias que, para Dewey, funcionam como “chaves moldadas com o propósito de abrir uma fechadura”4 3 CP II b, p. 109-110 4 CP II b, p. 137
  • 14. Por fim, Dewey mostrou o caminho para uma reflexão competente para o profissional da educação. Partindo de uma origem (situação problemática que gera perplexidade a partir da interação do indivíduo com o ambiente), contemplamos as idéias (significações familiares, cultura, etc) e seguimos rumo à intelectualização (hipótese, definição do problema, juízo); examinamos a hipótese (raciocínio, imaginação) e passamos para a verificação experimental. É necessário dizer que é método indutivo que vai do particular para as generalizações, das idéias para a realidade. Não resta dúvida que a formação do professor reflexivo e o desenvolvimento de uma atitude reflexiva perpassa por este modelo. A ação do indivíduo no meio e a busca de satisfação é móvel ético na educação. A consciência político-ideológica do professorado deve, necessariamente, abordar criticamente a prática com vistas ao futuro não somente dos indivíduos presentes na escola, mas de toda uma nação.
  • 15. Minha prática foi construída, ao longo da carreira docente, permeada pela palavra reflexão. Na formação para o Magistério – CEFAM – a prática estava em constante diálogo com a teoria e vice-versa. Era constantemente indagado quanto aos projetos realizados e postos em prática com alunos da Escola São Paulo da Cruz. Acompanhou-me a inquietação sobre como aprender e como construir o valor conhecimento junto aos alunos. Na minha passagem por um colégio confessional (de perspectiva tradicional) a discordância filosófica evidenciou-se por não aceitar passivamente os comandos para aquele tipo de educação. Assumindo uma classe que, de fato, percebi que a formação necessita de uma residência, tal qual um médico faz. Por quê? Porque a realidade da sala de aula é diferente da teoria vivenciada na academia ou mesmo nos bancos de formação do Ensino Médio, de onde fiz jus a minha habilitação. Na faculdade de Ciências Sociais percebi a abrangência da educação como projeto político de uma nação, para a libertação ou para o aprisionamento (das mentes!). Contudo, foi nos cursos de extensão em Filosofia para Crianças que pude me deparar com a reflexão, no caso, de tipo filosófica (mas, e qual não é?). A Especialização em Fundamentos de uma Educação para o Pensar me deu alicerce para compreender a necessidade de, sempre, refletir na ação e sobre a ação e investigando motivos da aprendizagem ou dificuldades de aprendizagem. Epistemologicamente me deparei com este problema. Aprendi que uma investigação criteriosa, criativa, radical, metódica e cuidadosa – para usar as expressões do Professor e Filósofo Marcos Lorieiri da PUC-SP – era a solução mais adequada para a compreensão da realidade educacional individual, coletiva, local e nacional. Parece muito? Pois tenho certeza que é! O mestrado em Ciências da Educação certamente contribuirá para minhas especulações sobre educação e projeto de nação.
  • 16. Referências ALARCÃO, I. (org.) Escola reflexiva e a nova realidade. Artmed Editora: Porto Alegre, 2001. Bibliográficas ALARCÃO, I. (org.) Formação reflexiva de professores. Estratégias de Supervisão. Porto Editora: Porto, 1996. DEWEY, John. Democracia e Educação. Ed. Ática: São Paulo, 2007. GARCIA, Carlos Marcelo. A formação de professores: novas perspectivas baseadas na investigação sobre o pensamento do professor. Porto Editora: Porto. NÓVOA, A. Os professores e sua formação. Dom Quixote: Lisboa, 1995. PERRENOUD, Phellippe. Construir as competências desde a escola. Artmed editora. Porto Alegre, 1999. ZEICHNER, Ken. A formação reflexiva de professores: idéias e práticas. Educa: Lisboa, 1993.