1. A revolução liberal portuguesa
Já sabes que, em 1806, Napoleão decretou aos países europeus o
Bloqueio Continental, com o objectivo de enfraquecer
economicamente a Inglaterra. Portugal, contudo, não aderiu de
imediato ao Bloqueio, pelo facto de manter uma velha aliança com
Inglaterra e por ser com este país que estabelecia,
predominantemente, as suas relações comerciais.
Face a esta atitude portuguesa, as tropas de Napoleão invadiram
Portugal, em 1807. Sucederam-se outras duas invasões.
Face ao aproximar das tropas francesas, em 1807, aquando da 1.a
invasão, a família real portuguesa partiu para o Brasil, para a cidade do
Rio de Janeiro, de forma a não ser aprisionada pelos franceses. Por isso,
na prática, o Brasil tornou-se a metrópole do reino.
Apesar de Portugal ter expulso os franceses, sobretudo com a
ajuda dos ingleses (através da formação de um exército luso-
britânico), as consequências destas três invasões para o nosso país
foram enormes: destruição, roubos, perdas
humanas, a agricultura e a indústria em total
estado de desorganização.
Na realidade, vários outros motivos levavam
a um descontentamento cada vez maior de
todos os sectores da sociedade portuguesa:
• D. João VI, e a corte portuguesa, permaneciam no Brasil, sem mostrarem
grande preocupação com a situação em Portugal;
• vivia-se uma grave crise comercial, sobretudo pela abertura dos portos
brasileiros à navegação estrangeira (através de um Tratado de Comércio
estabelecido com a Inglaterra, em 1810), prejudicando gravemente os
negócios portugueses e a nossa burguesia que enfrentava, agora, a
concorrência, sobretudo inglesa;
• o governo português era agora controlado pelos ingleses (chefiados pelo
general Beresford), o que muito descontentava os políticos e os militares
portugueses.
Estes e outros motivos provocavam um descontentamento cada vez maior na população
portuguesa e, apesar da presença das tropas de Napoleão terem deixado um rasto de destruição
em Portugal, é inegável também que a sua presença no nosso país contribuiu para a difusão dos
ideais de igualdade e liberdade, ou seja dos ideais liberais, que ganhavam assim cada vez mais eco
entre os Portugueses.