O documento fornece um breve histórico da cenografia no teatro, desde os gregos até produções contemporâneas no Brasil. Aborda conceitos importantes como iluminação, figurino e projeto cenográfico. Destaca montagens inovadoras que revolucionaram a cenografia no país como "O rei da vela", "Cemitério de automóveis" e trabalhos de grupos como Teatro do Ornitorrinco.
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
ARQ | Cenografia teatral
1. Cenografia
Edison Ribeiro | set.2020
Breve histórico
Cenografia no Brasil
Arte e território
Projeto cenográfico
Piso do teatro Oficina | Roda Viva, março de 2019 | Foto: Edison Ribeiro
5. Teatro grego | Festivais agrícolas nas “Eiras” |
Sófocles (V a.C.) | Teatro de Dionísio
(Písístrato, 600-528 a.C.) | Celebração
dionisíaca, entretenimento | teatro como
atitude dramatúrgica | Arenas perfeitas (14
mil) em acústica e topografia | Pinturas,
esculturas e painéis | scaena ductilis (cena
móvel ou conduzida)
Eira
Teatro de Dionísio Teatro de Epidauro
Cena móvel | Desenhos de Cyro Del Nero
6. Roma | Cópia do teatro grego, em edificações
| agora o que importa é o espetáculo e não a
ideia ou reflexão | inicialmente em madeira |
boa engenharia | com a queda do Império, o
“Mino”, teatro improvisado de mímicos
saltimbancos, sem dramaturgia, que vai até o
início da Idade Média
Idade Média | Procissões com temas
religiosos (Inferno, Purgatório e Paraíso), das
quais as de Corpus Christi são remanescentes
| uso de pequenos adereços, precisava de
alternativas de espaços | uso de improvisos
em palcos (rinques com pequenos fundos) |
ainda rende a Comédia Del’Arte |
estruturação do teatro com personagens fixos
e textos, geralmente cômicos, irônicos | uso
de máscaras
Teatro romano Teatro volante na Idade Média
7. Inglaterra | Com Shakespeare, surge o teatro
Elizabetano
Renascimento | Séc XVI a XVIII – perspectiva
utilizada como fundo para dar noção de
profundidade | atuação dos pintores
Séc XIX | Padrão dos teatros era o vienense
(Paris e Municipais BR) | segregação | valia
ser visto
Renascimento Teatro Vienense
Teatro Elizabetano
8. Wagner, em Bayreuth, une a plateia no escuro
| Caixa cênica | Obra de arte total deu origem
à riqueza cenográfica, função do diretor e
outros especialistas em teatro | Séc XX |
Adolph Appia – uso de três dimensões, luz e
volumetria
Appia
Cenário de Appia para Wagner
Cenário de Appia para “A Valquíria”, de R. Wagner
9. Gordon Craig | Influência sobre Svoboda, que
vai explorar efeitos volumétricos | Início no
teatro negro de Praga | Lanterna Mágica |
Montagem de “Édipo Rei” (1967), com uso de
projeções de imagens
Joseph Svoboda
Cenário de Gordon Craig para Hamlet (1909)
Joseph Svoboda para Lanterna Mágica (1958)
11. Década de 1970 | Peter Brook, soluções
simples e geniais | ator é o elemento principal
Cenário de Peter Brook para “A Flauta Mágica”
12. Brasil
O rei da vela, de Hélio Eichbauer (1967) | Reprodução
13. “Teatro de brinquedo” (1927): estética parisiense | Maldito Tango (1928) inova na concepção
teatral | “O Bailado para um Deus Morto” (1933) de Flavio de Carvalho e Renato Vianna, com
figurino branco e projeções no Teatro de experiência (vida curta) | “O amor” (1934) de Oduvaldo
Viana, com rês níveis diferentes no espaço | “Os comediantes” (1938) com Brutus Pereira e Santa
Rosa | Romeu e Julieta (1938), de Paschoal Carlos Magno, no “Teatro do Estudante”, com cenários
emprestados do Municipal | iscussão sobre mudanças no teatro e cenografia | Louis Jouvet, Nélson
Rodrigues e Ziembinski montam “Vestido de noiva” (1943) | Vem um período de pouca produção|
No movimento de renovação, os pintores se envolveram bastante (Lasar Segall)
O AmorO Bailado para um Deus Morto Vestido de Noiva
14. Franco Zampari | TBC (144 espetáculos, 8
milhões de pessoas, 1948-1964) | Atlântida
produz chanchadas e contagia Cinédia, que
lança “O ébrio”, apelo popular | Fim anos
1940: industrialização seduz Franco Zampari,
que investe na Vera Cruz | TBC com pouca
exploração do espaço cênico | Teatro de
Arena (1953-1970) contraponto TBC: José
Renato, Vianninha, Gianfrancesco Guarnieri e
Augusto Boal: “Eles não usam black-tie”
(1958), tira a burguesia do palco | O diário de
Anne Frank (1958) Antunes Filho com cenário
de Túlio Costa | “Vereda da Salvação” (1964),
cenário realista, atores se arrastavam no chão
| A Falecida (1965) palco nu, cadeiras e jornais
| Arena conta Zumbi (1965)
Vereda da Salvação
Eles não usam Black-Tie
15. Depois da queda, de Flávio Império (1964) | Fotografia de Benedito Lima de Toledo
16. O Balcão
Cemitério de automóveis | Victor Garcia (1968)
O rei da vela (1967), de Hélio Eichbauer | O
balcão (1969) de Jean Genet, por iniciativa de
Ruth Escobar, trouxe a tendência de Svoboda
| Cemitério de automóveis (1968) revoluciona
| O arquiteto e o imperador da Assiria –
cenário de luz | Atlântida: Oscarito, Ankito,
Grande Otelo, Marlene e E. Borba em
comédia de costumes. Crítica desqualifica a
chanchada e artistas vão para rádios ou TVs |
Oficina: Roda Viva e Galileu, Galilei (1968) |
Surge Plínio Marcos O rei da vela
17. Cartaz e cena de “O rei da vela”
O rei da vela, dirigido por José Celso Martinez Correa, em 1967
19. O Balcão, de Jean Genet, produzida por Ruth Escobar e
dirigida pelo argentino Victor Garcia, em 1970
20. Asdrúbal Trouxe o Trombone e Teatro do
Ornitorrinco, O Despertar da Primavera
(1979), Teatro do Ornitorrinco Canta Brecht e
Weill (1977), sem estética precisa ou projeto
artístico claro | Paraíso Zona norte (1989)
Paraíso Zona Norte
31. P. I. — Panorâmica Insana, direção de Bia Lessa (2018) | Foto: Guito Moreto
32. 7 Deaths of Maria Callas, por Marina Abramović (2020) | Reprodução
33.
34. “É a cultura que une o que a economia separa,
funcionando como pontes que ligam a cidade partida”
Zuenir Ventura
Ossário | Intervenção e foto de Alexandre Órion
Arte e território
40. A última palavra é a penúltima, Grupo Vertigem, galeria Xavier de Toledo
41. BR-3 , Grupo Vertigem, Rio Tietê
1992 - O Paraíso Perdido, de Sérgio de Carvalho
1995 - O Livro de Jó, de Luis Alberto de Abreu
2000 - Apocalipse 1,11, de Fernando Bonassi
2006 - BR-3, de Bernardo Carvalho
2007 - História de Amor (Últimos Capítulos), de Jean-Luc Lagarce
2008 - A Última Palavra é a Penúltima
2008 - Dido e Enéas, de Henry Purcell
2010 - Kastelo, de Evaldo Mocarzel, inspirada nos textos de Franz
Kafka
2012 - Bom Retiro 958 Metros, de Joca Reiners Terron
42. Grupo XIX, na Vila Maria Zélia
Grupo XIX | Hysteria, Hygiene e Arrufos
44. A Cidade dos Rios Invisíveis | Coletivo Estopô Balaio (2019) | Teatro (do)Romano | Foto: divulgação do coletivo
Dolores Bocaberta Mecatrônica de Arte | Teatro da Conspiração | Espaço Cia da Revista | A Próxima
Companhia | Aparelha Luiza | Espaço Breu | Grupo Tapa | Mapa Xilográfico | Teatro de Contêiner
Mungunzá | Pessoal do Faroeste
46. Cenografia não é vitrine | cenografia não
é decoração | o ator é o centro do
espetáculo | ser simples sem ser
simplista | experimentar e não se
contentar com a primeira ideia |
cenografia é espaço, atmosfera, clima e
luz | cenografia não é arte solitária, deve
integrar-se ao todo do espetáculo |
cenografia simula, não é uma realidade |
sugerir, deixar alguns elementos para o
espectador, mas não ser subjetivo
demais.
Kazuo Ohno
47. Figurino | Levar em conta o “tempo” do
personagem | Se já possui uma estória
anterior, não pode entrar com roupa nova no
palco - espetáculo é um instantâneo na vida
do personagem | roupa nova não dá um bom
efeito no palco | iluminação deve sempre
levar em conta o figurino | figurino de época é
caro, trabalhoso e a pesquisa deve ser séria ,
com preparo de artistas para vestir
A Lenda de Teresópolis
Iluminação | Foco e destaque, geração de
atmosferas, reforço ou diluição de narrativas,
deslocamento no tempo-espaço, alteração de
estados de consciência etc. | é possível fazer
cenografia somente com iluminação |
iluminação cênica diferente completamente
da arquitetônica, é um domínio com muitos
componentes técnicos e constantemente
atualizados
Varas de iluminação
48. Condicionantes | Texto, diretor (o trabalho
deve ser processo continuo, até a conquista
de linguagem própria) e verba de produção |
figurinos, objetos de cena e adereços
necessários | conceito: realista, sugerido,
simbólico, “enxuto”, saturado, barroco,
excessivo...
Projeto | Estudos preliminares em função de
texto | Sobretudo em casos de continuidade
(óperas, novelas, tragédias, com vários atos e
espaços), fazer a decupagem, divisão em
cenas, sequenciais | anotação de objetos,
adereços e elementos cênicos | aproximação
de produtor, diretor, elenco e texto |
conhecer espaço teatral disponível | em boas
produções, os projetos cenográficos demoram
de 60 a 90 dias | nos 15 primeiros, não há
como trabalhar: sessões com o diretor e
assistir ensaios | 30 dias para concepção |
saber quando parar | 40 dias para construção
49. Apresentação | Inicialmente, mostrar
emboços, conceitos iniciais (não avançar na
ideia | esperar o processo do grupo | planta,
corte, elevação, detalhes e maquete (1:50 a
1:20) | projeto não chega ao detalhamento de
projetos arquitetônicos - em 10 pranchas, o
nível já é de super detalhado | detalhamento
depende muito do envolvimento com a
equipe e do cenário; há casos em que uma
conversa resolve o assunto
Maquete | resolve várias etapas (luz,
compreensão para os leigos, cores etc.)
quando feita como estudo
Profissionais | Produtor executivo (faz as
compras de materiais), cenotécnica,
maquiagem, marcenaria, serralheria, pintura,
costura, tapeçaria, pintura de arte, aderecistas
etc...
51. BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ALOI, Roberto. Architetture per lo spettacolo. Milão: Ulrico Hoepli
Editore,1958.
AMARAL, Glaucia; KATZ, Renina. Flávio Império em cena. São
Paulo:SESC, 1997.
BABLET, Denis. Le révolutions scéniques du XXème siècle. Paris:
Société Internationale D'Art XXème Siècle,1975.
BABLET, Marie-Louise. Adolph Appia 862-1928: actor-espacio-luz.
Zurique: Fundación Suiza de Cultura Pro-Helvetia, 1984.
BOLL, André. Du décor du théâtre. Paris: Étienne Chiron, 1926.
BROOK, Peter. O ponto de mudança: 40 anos de experiências teatrais
1946-1987. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1994.
DEL NERO, Cyro. Máquina para os Deuses. São Paulo: SENAC, 2009.
______. Cenografia, uma breve visita. São Paulo: Claridade, 2010.
FUNARTE. Caixa cênica italiana: 100 termos básicos da cenotécnica.
Rio de Janeiro: Funarte, 1996.
GARCIA, Silvana. As trombetas de Jericó: teatro das vanguardas
históricas. São Paulo: Hucitec-Fapesp, 1997.
GOODWIN, John. British Theatre design: the modern age. Londres:
Weindenfeld & Nicolson, 1995.
LIMA, Célia Regina de. O teatro no mundo. São Paulo: Cia.
Melhoramentos, 1995.
MANTOVANI, Anna. Cenografia. São Paulo: Átic
a, 1989.
PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. São Paulo: Perspectiva, 2008.
RATTO, Gianni. Antitratado de cenografia: variações sobre o mesmo
tema. São Paulo: SENAC, 2001.
SERRONI, Jose Carlos. Cenografia brasileira: Notas de um cenógrafo.
São Paulo, Edições Sesc SP
STANISLAVSKI, Constantin. Manual do ator. São Paulo: Martins
Fontes,1997.
SITES
ArteCidade
http://www4.pucsp.br/artecidade
Dolores Bocaberta Mecatrônica de Arte:
http://doloresbocaaberta.blogspot.com
Flávio Império:
http://www.flavioimperio.com.br/
Grupo XIX
http://www.grupoxix.com.br
Estopô Balaio | Teatro (do) Romano
https://coletivoestopobalaio.com.br
Hélio Eichbauer
https://www.revistacontinente.com.br/edicoes/207/helio-
eichbauer?fbclid=IwAR2Ua5dZ-
p2NY1KRGFk3FZMBdOZ24n4t7HBinzb4mMEewRJ1k_dAuYLF_Og
SP Escola de Teatro:
https://www.spescoladeteatro.org.br/
Teatro da Vertigem:
teatrodavertigem.com.br
Teatros e auditórios:
https://bit.ly/teatroseauditorios