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Eleições nos EUA põem em xeque passado de
racismo do país
Segregação racial marcou vida norte-americana até os anos 1960.
Barack Obama é o primeiro negro com chance de se tornar presidente.

           No momento em que o candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos
era aclamado por seus eleitores na Convenção do partido, no final de agosto, até mesmo
John McCain, seu opositor republicano, fez um vídeo para lhe dar parabéns pelo feito.
Não era para menos, Barack Obama se tornou, em 2008, o primeiro negro com chances
reais de chegar ao mais alto cargo executivo de um país que menos de 50 anos antes vivia
uma situação de total segregação racial, em que as pessoas de origem africana
praticamente não eram consideradas humanas.
          Até os anos 60, quando o movimento pelos direitos civis tomou conta dos EUA,
os negros não dividiam espaços públicos com brancos em muitos dos estados do país,
especialmente no sul. Havia separação em ônibus, hotéis podiam se negar a hospedar
negros, escolas podiam separar crianças por sua cor, e até os procedimentos eleitorais
eram cheios de preconceito, estabelecendo testes, taxas e cláusulas de antecedência para
evitar que os negros pudessem votar ou se candidatar.




Marcha do Movimento pelos Direitos Civis reúne 200 mil pessoas em
Washington em 1963
         As mudanças começaram a acontecer exatamente 45 anos antes da data em que
Obama se tornou oficialmente candidato a presidente, em agosto de 1963, quando 200 mil
pessoas assistiram ao discurso em que o pastor Martin Luther King Jr. fez para dizer que
“teve um sonho” e atacar o racismo. Um ano depois, o Congresso aprovava (com mais
apoio entre republicanos do que entre democratas) a lei de direitos civis, buscando
diminuir o racismo e aumentar a igualdade entre todos os estadunidenses.
             As quatro décadas e a chegada de Obama à campanha pela Casa Branca não
significam, entretanto, que o problema foi resolvido, segundo o professor da Universidade
Estadual de Michigan, Ronald Hall. “O racismo ainda está vivo. A diferença é que as
pessoas não admitem que são racistas, por vergonha, mas elas demonstram isso nos seus
atos. O racismo continua existindo de forma disfarçada”.
           Autor do livro “Racismo no século XXI”, Hall, que é negro, diz que o perfil do
preconceito mudou. “No século passado, passamos a ter alguns casamentos inter-raciais,
o que levou a uma realidade em que há pessoas com origem bi-racial. Essas pessoas têm
mais oportunidades de que as que têm origem apenas na África, que têm a pele mais
escura. Este é o caso de Obama, que é filho de um queniano com uma norte-americana
branca”, disse.

Menos humanos
                O racismo está intrinsecamente ligado à história dos Estados Unidos. A
escravidão dos negros no período após a independência do país, em 1776, e as discussões
sobre a abolição foram estopins para a guerra civil, oito décadas depois. Em uma luta pelo
poder político da jovem nação, os estados do norte defendiam o fim do trabalho escravo, e
os do sul queriam manter sua “propriedade”, levando a um enfrentamento que deixou um
saldo de 600 mil mortos.
           Para o professor Hall, esta idéia de “propriedade” mostra que o racismo norte-
americano está ligado à mesma ética protestante que é usada para explicar parte do
sucesso econômico do país no sistema capitalista. “O racismo sempre foi um assunto
econômico nos Estados Unidos. Ele é discutido como um fenômeno moral, mas é
basicamente econômico”, disse.
          Para ele, a religião é o que diferencia o preconceito norte-americano do existente
no resto do continente. “Na América do Sul, a escravidão era um status, uma situação.
Nos EUA, o escravo, o negro, não era considerado humano, era uma propriedade. Filhos
de escravos na América Latina colonial eram considerados humanos, por causa da
religião católica, desde então predominante. Por causa do protestantismo que dominava a
América do Norte, os filhos de escravos não eram reconhecidos como humanos, apenas
como propriedade, sem nenhum direito. Isso fez com que o racismo nos Estados Unidos
seja mais forte e entranhado na cultura. Não havia mestiçagem, a segregação era real.”

KKK
          Foi este pensamento de inferioridade das pessoas de origem africana que ajudou
a criar, em 1867, um dos movimentos mais radicais e violentos contra os negros nos
Estados Unidos, a Ku Klux Klan (sigla KKK, que significa algo como clã do círculo).
             Formada originalmente por brancos “bons cristãos protestantes” dispostos a
“defender a pátria”, a KKK foi responsável pela morte de mais de 20 mil pessoas nos
primeiros quatro anos de existência. Nos primeiros anos do século XX, foram mais de
200 linchamentos.
          Apesar de a repressão a grupos deste tipo ter contido a violência desde os anos
70, um site supostamente pertencente à organização racista tem uma mensagem recente
sobre a eleição norte-americana. “A Ku Klux Klan não apóia Barack Obama para
presidente”, diz o comunicado na primeira página do site. O argumento atual fala em
pensamento progressista e defesa dos direitos dos brancos, que podem se tornar minoria
no país ainda neste século.

Obama
          O professor Hall se diz preocupado com a idéia de que uma vitória de Barack
Obama pode fazer as pessoas pensarem que não há mais racismo nos Estados Unidos.
“Uma vitória de Obama pode dar a impressão de que não há mais preconceito, não há
mais racismo, o que é errado. Houve uma melhora, é verdade, mas ainda há muitos
problemas”, disse.




            Segundo ele, mesmo o candidato democrata é vítima de racismo. “Não tenho
certeza de que Obama de fato é aceito pela sociedade. Se ele fosse branco, estaria muito à
frente de John McCain nas pesquisas. Muita gente que diz que apóia Obama agora não
vai votar nele quando estiver sozinha na frente da urna de votação. Elas continuam presas
ao racismo, mas têm vergonha de admitir.”

Bibliografia:

http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL754162-5602,00-
ELEICOES+NOS+EUA+POEM+EM+XEQUE+PASSADO+DE+RACI
SMO+DO+PAIS.html

http://indoafundo.com

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  • 1. Eleições nos EUA põem em xeque passado de racismo do país Segregação racial marcou vida norte-americana até os anos 1960. Barack Obama é o primeiro negro com chance de se tornar presidente. No momento em que o candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos era aclamado por seus eleitores na Convenção do partido, no final de agosto, até mesmo John McCain, seu opositor republicano, fez um vídeo para lhe dar parabéns pelo feito. Não era para menos, Barack Obama se tornou, em 2008, o primeiro negro com chances reais de chegar ao mais alto cargo executivo de um país que menos de 50 anos antes vivia uma situação de total segregação racial, em que as pessoas de origem africana praticamente não eram consideradas humanas. Até os anos 60, quando o movimento pelos direitos civis tomou conta dos EUA, os negros não dividiam espaços públicos com brancos em muitos dos estados do país, especialmente no sul. Havia separação em ônibus, hotéis podiam se negar a hospedar negros, escolas podiam separar crianças por sua cor, e até os procedimentos eleitorais eram cheios de preconceito, estabelecendo testes, taxas e cláusulas de antecedência para evitar que os negros pudessem votar ou se candidatar. Marcha do Movimento pelos Direitos Civis reúne 200 mil pessoas em Washington em 1963 As mudanças começaram a acontecer exatamente 45 anos antes da data em que Obama se tornou oficialmente candidato a presidente, em agosto de 1963, quando 200 mil
  • 2. pessoas assistiram ao discurso em que o pastor Martin Luther King Jr. fez para dizer que “teve um sonho” e atacar o racismo. Um ano depois, o Congresso aprovava (com mais apoio entre republicanos do que entre democratas) a lei de direitos civis, buscando diminuir o racismo e aumentar a igualdade entre todos os estadunidenses. As quatro décadas e a chegada de Obama à campanha pela Casa Branca não significam, entretanto, que o problema foi resolvido, segundo o professor da Universidade Estadual de Michigan, Ronald Hall. “O racismo ainda está vivo. A diferença é que as pessoas não admitem que são racistas, por vergonha, mas elas demonstram isso nos seus atos. O racismo continua existindo de forma disfarçada”. Autor do livro “Racismo no século XXI”, Hall, que é negro, diz que o perfil do preconceito mudou. “No século passado, passamos a ter alguns casamentos inter-raciais, o que levou a uma realidade em que há pessoas com origem bi-racial. Essas pessoas têm mais oportunidades de que as que têm origem apenas na África, que têm a pele mais escura. Este é o caso de Obama, que é filho de um queniano com uma norte-americana branca”, disse. Menos humanos O racismo está intrinsecamente ligado à história dos Estados Unidos. A escravidão dos negros no período após a independência do país, em 1776, e as discussões sobre a abolição foram estopins para a guerra civil, oito décadas depois. Em uma luta pelo poder político da jovem nação, os estados do norte defendiam o fim do trabalho escravo, e os do sul queriam manter sua “propriedade”, levando a um enfrentamento que deixou um saldo de 600 mil mortos. Para o professor Hall, esta idéia de “propriedade” mostra que o racismo norte- americano está ligado à mesma ética protestante que é usada para explicar parte do sucesso econômico do país no sistema capitalista. “O racismo sempre foi um assunto econômico nos Estados Unidos. Ele é discutido como um fenômeno moral, mas é basicamente econômico”, disse. Para ele, a religião é o que diferencia o preconceito norte-americano do existente no resto do continente. “Na América do Sul, a escravidão era um status, uma situação. Nos EUA, o escravo, o negro, não era considerado humano, era uma propriedade. Filhos de escravos na América Latina colonial eram considerados humanos, por causa da religião católica, desde então predominante. Por causa do protestantismo que dominava a América do Norte, os filhos de escravos não eram reconhecidos como humanos, apenas como propriedade, sem nenhum direito. Isso fez com que o racismo nos Estados Unidos seja mais forte e entranhado na cultura. Não havia mestiçagem, a segregação era real.” KKK Foi este pensamento de inferioridade das pessoas de origem africana que ajudou a criar, em 1867, um dos movimentos mais radicais e violentos contra os negros nos Estados Unidos, a Ku Klux Klan (sigla KKK, que significa algo como clã do círculo). Formada originalmente por brancos “bons cristãos protestantes” dispostos a “defender a pátria”, a KKK foi responsável pela morte de mais de 20 mil pessoas nos primeiros quatro anos de existência. Nos primeiros anos do século XX, foram mais de 200 linchamentos. Apesar de a repressão a grupos deste tipo ter contido a violência desde os anos 70, um site supostamente pertencente à organização racista tem uma mensagem recente sobre a eleição norte-americana. “A Ku Klux Klan não apóia Barack Obama para presidente”, diz o comunicado na primeira página do site. O argumento atual fala em
  • 3. pensamento progressista e defesa dos direitos dos brancos, que podem se tornar minoria no país ainda neste século. Obama O professor Hall se diz preocupado com a idéia de que uma vitória de Barack Obama pode fazer as pessoas pensarem que não há mais racismo nos Estados Unidos. “Uma vitória de Obama pode dar a impressão de que não há mais preconceito, não há mais racismo, o que é errado. Houve uma melhora, é verdade, mas ainda há muitos problemas”, disse. Segundo ele, mesmo o candidato democrata é vítima de racismo. “Não tenho certeza de que Obama de fato é aceito pela sociedade. Se ele fosse branco, estaria muito à frente de John McCain nas pesquisas. Muita gente que diz que apóia Obama agora não vai votar nele quando estiver sozinha na frente da urna de votação. Elas continuam presas ao racismo, mas têm vergonha de admitir.” Bibliografia: http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL754162-5602,00- ELEICOES+NOS+EUA+POEM+EM+XEQUE+PASSADO+DE+RACI SMO+DO+PAIS.html http://indoafundo.com