3. CHECKLIST
Olá, o meu nome é Constança e tenho 11 anos.
Eu pertenço àquele tipo de raparigas que quer conhecer o mundo.
Já fui a Paris, já percorri várias cidades espanholas …mas a minha lista é muito longa e estou desejosa de
começar a colocar vistos. Praticamente todos os sítios que visitei, fi-lo na companhia da minha família: pai, mãe,
irmã, avó e avô. E embora ainda tenha pouquinho para contar, as viagens deixaram-me deliciosos pedacinhos
de memórias que quero partilhar convosco.
Em 2015, fui à Disneyland de Paris. Desta vez os meus avós não
fizeram parte do pacote. Em contrapartida, juntou-se a nós um casal amigo e
a filha. Aquele mundo de fantasia era ainda mais bonito ao vivo do que nos
panfletos de viagens que tinha folheado. Passei cinco dias inesquecíveis.
Claro que como só tinha uns nove aninhos, usufruí sobretudo das diversões
do “Fantasyland”. O labirinto de Alice foi mesmo um bico-de-obra. Aquelas
ruelas entre canteiros, todas iguais, prenderam-me durante muito tempo.
Não é por acaso que se chama labirinto?! Ainda hoje tenho contas a ajustar
com o Valete de Copas que me não deixava sair pela porta de entrada.
4. No quarto dia, fomos visitar o castelo da Bela Adormecida. E não teria uma adjetivo para o descrever, se
hoje não tivesse aprendido na aula o adjetivo “surreal”, que, para mim, significa “lindo de morrer”. Mal saímos,
fomos todos a uma loja de “souvenirs”. Fiquei deslumbrada. Queria ter tudo, mas para isso os meus pais tinham
que ter uma bolsa gigante. Dei tantas voltas que acabei por me afastar do resto do grupo e, quando dei por mim,
estava perdida num sítio completamente desconhecido, sem saber falar francês. Uma senhora, quero acreditar
que com boas intenções, tentou levar-me para a sua loja, mas tive muito medo. Berrei, berrei e ela acabou por
largar-me. Os meus berros chamaram a atenção da Mónica, a filha do tal casal amigo, e depressa, depressinha me
vi nos braços da minha mãe. Foram os cinco minutos mais longos e assustadores da minha vida.
“Finalmente”- pensei eu, enquanto me agarrava à minha mãe para me sentir segura
e tentava contar o que se passou entre soluços.
Imaginem que cheguei até a pensar que ia ficar presa, sem conhecer ninguém. Enfim,
coisas de criança.
Embora tenha vivido uns minutos muito complicados, nunca deixei que este episódio
infeliz me fizesse gostar um bocadinho menos daquela viagem de sonho.
A Disneyland de Paris já tem um visto, na minha checklist, mas isso não significa que
um dia não queira regressar.
5. Ainda no mesmo ano, e desta vez com o pacote completo, fui passar uma semana a Benidorm. É um lugar
muito bonito, é o lugar das férias em família. Um lugar com muitos vistos. Ficamos sempre alojados no hotel “Monte
Mar”, fica pertinho da praia, tem muita animação e fala-se ESPANHOL. E este facto é muito importante, porque nos
últimos seis anos, tem sido sempre o nosso destino de férias e eu até já “arranho” um bocadinho a língua. Se
porventura me perdesse, não sentiria que era o caos. Ainda assim, os meus pais, traumatizados com o sucedido na
Disney, não se cansavam de repetir:
- Não vás para nenhum lado sem avisar!
Estas férias só foram diferentes das anteriores, porque ouvia conselhos e avisos o dia todo. Mas eu tentava
brincar com o assunto:
- Bem, aos quatro anos podia sair sem avisar, não é? Agora, não. Ninguém entende uns pais assim.
E ria-me, porque os meus avós não tinham visto o outro filme e ficavam confusos com tantas recomendações.
Mas quem é que não gosta de sol, mar, areia, gelados e batidos e muitas espreguiçadeiras? Nas praias do norte,
as coisas são diferentes: a água é fria, há muitas rochas e às vezes nortadas. Por isso, aproveito cada minuto destas
férias paradisíacas.
E naquele ano, ainda aproveitei um pouco mais, porque sabia que poderia ser o último ano em que a família ia
para aquele hotel, porque os preços aumentaram muito.
Tinha medo de não rever os meus amigos. Na despedida, chorei imenso.
6. Mas já em casa, comecei logo a pensar no futuro. Comprei um mapa na loja dos chineses e aí surgiu-me a
ideia de que seria maravilhoso ir à China. Assim, acrescentei Huairou à minha lista. Ficou em último lugar, só
porque era muito longe e tinha que ter muito dinheiro.
Sempre quis ir à China, afinal é lá que está a famosa muralha. Gostava muito de fazer o percurso, mas sei
que iria ficar muito cansada. Obviamente que não faria esta viagem sozinha, queria passar estes momentos muito
importantes com a minha família. Provavelmente não levaria os meus avós, porque eles não conseguiriam
aguentar andar durante muitos quilómetros… Depois contar-lhes-ia esta aventura.
A China ficava definitivamente na minha lista de viagens, mas entretanto havia ainda imensos lugares à
minha espera.
Chamo-me Constança, tenho onze anos e estou ansiosa para usar a minha cheklist de viagens.
Maria clara (atualmente no 7º A)
7. Até há bem pouco tempo, eu só pensava em bonecas.
Mas o tempo voa, porque agora tenho onze anos e as bonecas
já não fazem parte dos meus planos. Quero viver grandes
aventuras, conhecer o mundo.
Estava eu no meu quarto a magicar estas coisas, a
pensar como gostaria de ir a Sevilha, ou percorrer o Brasil, ou
mesmo passear em França, quando me belisquei e decidi:
- O melhor é fazer já as malas antes que fique velha.
“Ora vamos lá ver o que devo colocar na mala…”,
continuava eu a pensar com os meus botões. “Calções e t-
shirts, corsários, tops… bem, isto caso a viagem se realize no
verão…”, concluía, muito entretida a olhar para a mala
semivazia, sobre a cama.
Quero ir a Sevilha e nem sei porquê
8.
Não sei quanto tempo estive de volta da mala, a pôr e a tirar roupa, de acordo com as minhas
viagens imaginárias, mas em minha casa anoiteceu e a minha mãe, que realiza muitas viagens na
cozinha, já me chamava para ir jantar. Desci ainda com a cabeça a mil, sem ter a certeza do que era
verdadeiramente indispensável, sobretudo porque não sabia qual seria o destino.
“Vá lá! Mente aberta! O que importa é o que vais aprender, os conhecimentos
que vais ter sobre outras culturas… e isso não entra dentro da mala”, pensava eu,
tentando parecer mais adulta.
Ao jantar, a minha mãe surpreendeu-me:
- Então, já pensaste aonde queres ir nestas férias de verão?
- A Sevilha! – respondi, prontamente.
- A Sevilha? Queres aprender sevilhanas?- perguntou, sorrindo, uma vez que
sabia que eu tinha aquela vontade antiga e nem sabia donde tinha vindo. Talvez fosse
apenas a palavra “Sevilha” que me fascinasse.
-Não é bem isso, apenas gostava de ver como é Sevilha, mais nada –
retorqui.
-Também eu. Depois penso no teu caso -respondeu a minha mãe,
deixando-me na expetativa.
9. Fui para o meu quarto ainda indecisa sem saber o que levar. Sim, porque já estava a fazer a viagem para
Sevilha, na minha cabeça, e a mala continuava em cima da cama à espera, mas desta vez eu já sabia qual era o
destino.
Passado algumas semanas, a escola terminou e eu já tinha andado a bisbilhotar para ver se descobria
bilhetes, marcações… mas nada.
E a notícia chegou, sem ser fresquinha, porque eu já a aguardava há muito:
- Prepara a mala. Amanhã, vamos para férias. Não exageres. Só precisas de roupa fresca e de um agasalho.
- Para Sevilha? – perguntei, radiante.
- Depois verás – respondeu a minha mãe, toda misteriosa.
Eu estava com um bocadinho de receio, porque sabia que nem tudo que a minha mãe escolhe é fixe.
Mesmo assim, fiz o que a minha mãe me pediu.
No dia seguinte, ela estava muito nervosa com medo que chegássemos
atrasados ao aeroporto e ordenou:
-Despachem-se, já é tarde, vamos chegar atrasados…
Eu, nem precisei de ouvir duas vezes, como estava muito ansiosa para
descobrir o destino, despachei-me o mais rápido possível.
10. Depois da seca do costume no aeroporto, lá entramos no avião. No aeroporto, já tinha percebido que o
voo era para Espanha, mas como era um voo com escala, ainda não tinha mesmo a certeza de que iríamos
para Sevilha. Parámos em Madrid. E algum tempo depois, que me pareceu uma eternidade, lá estávamos
no segundo voo. O avião começou a descer e estava tão pertinho das casas que até pensei que o piloto não
sabia o que estava a fazer… Eu tinha andado a ler uns livros sobre Sevilha, e achei que estava a reconhecer a
Plaza de España… e comecei a ficar agitada. Estava tao contente que não me consegui controlar e gritei:
-FIXE! Adoro-te, mãe.
Lancei-me sobre ela, mas fui travada pelo cinto. Graças a Deus que tinha uma
janela e adorei aqueles minutos de aproximação. Devia ser a única passageira
que queria retardar o momento da aterragem, porque Sevilha, vista do ar, era
sensacional! Ainda não tinha posto os pés em terra e já me sentia muito feliz.
Ana Regina (atualmente no 7º A)
11. UMA AVENTURA EM ROMA
Era uma vez um grupo de amigos: o João, o Luís, o Ricardo, a Ana, a
Maria e o papagaio Rogério. Viviam numa grande cidade, Toronto, mas
gostavam muito de viajar. Já tinham imaginado grandes aventuras na Rússia,
no Egito e nos Estados Unidos, especialmente em Nova Iorque e em
Hollywood. Mas desta vez, graças ao tio do João que vivia há muitos anos em
Itália e estava ansioso para rever o sobrinho, foram todos até Roma, nas férias do Natal. Não foi fácil levar
o papagaio. Mas os cinco amigos sabiam que sem ele a viagem não seria igual. Ele fazia parte do grupo, por isso,
levaram-no ao veterinário, compraram um caixote próprio para o transportar e, depois de todas as autorizações,
lá conseguiram o bilhete para o bicho.
O voo para Itália até correu bem. O tio do João esperava-os e levou-os para a sua “casa di campanha” nos
arredores da capital. Mal se instalaram, decidiram fazer a sua primeira visita turística. Dirigiram-se ao Museu
Nacional Romano.
12. A Maria e o seu papagaio Rogério ficaram muito interessados numas joias
conhecidas como as grandes peças de jade. Tinham várias tonalidades, e brilhavam
imenso atrás do vidro. Esconderam-se para as admirarem durante mais tempo e nem
se aperceberam que escureceu e que já não se via ninguém naquela zona. Maria já se
preparava para gritar pelo guarda do museu, quando ouviu vozes. Sussurravam, por
isso deixou-se ficar bem quietinha e fez sinal a Rogério para não bater as asas.
Ouviu então o plano dos ladrões de museu. Dizia um que parecia ser o chefe:
- Fica tudo combinado para amanhã, à hora do encerramento. As peças de jade
valem uma fortuna!
Maria ficou em estado de choque. Queria contar ao grupo e decidir o que
fazer. A polícia não ia acreditar numa criança e num papagaio. Mesmo os amigos,
quando relatou o sucedido, acharam que tinha percebido mal. Foi o papagaio que os
convenceu de que algo importante tinha acontecido, porque estava demasiado
agitado e esvoaçava sobre as suas cabeças.
Foram para a casa pensar seriamente no assunto. Tinham ainda 24 horas, antes
que o roubo acontecesse.
13. No dia seguinte de manhã, foram visitar o Coliseu de Roma. Os
rapazes estavam emocionados. Começaram logo a imaginar a luta dos
gladiadores.
- Olá - disse um senhor desconhecido com um ar simpático.
- Olá! Quem é o senhor? - perguntou curioso e intrigado o Ricardo.
- Eu sou o senhor Fernando e sou o vosso guia de hoje, vou-vos
mostrar o Coliseu e explicar-vos um pouco mais sobre a Roma antiga. – E
continuou - na Roma antiga, havia homens que lutavam uns contra os
outros ou contra leões, neste coliseu, aqui eles faziam as suas apostas.
Para quem estava a ver, era um divertimento, mas para quem estava na arena era um jogo de vida ou de
morte. Aqui temos alguns exemplos das armas usadas. Estão identificadas.
O grupo ouvia-o fascinado.
-Muito obrigado pela visita guiada, mas infelizmente temos que ir agora ao museu - disse a Ana.
-Bem, são só boatos… mas não vos aconselho a lá irem, pois ouvi dizer que não é de boa qualidade e que
muitas das relíquias expostas são falsas.
14. Ficaram a pensar nas suas palavras. Acharam estranho que um guia dissesse tal coisa. Suspeitaram que
aquele senhor pudesse estar envolvido no roubo que iria decorrer supostamente naquele dia.
Decidiram então ir à polícia, mesmo correndo o risco de não acreditarem.
Quando chegaram à esquadra, contaram o sucedido e, surpreendentemente, a polícia acreditou na sua
história, porque um ladrão chamado John Rouba Tudo, que sabiam que estava na zona, já estava a ser
investigado e suspeitavam que estava a preparar um grande assalto. Assim, agentes da polícia disfarçados
misturaram-se com os turistas e foram ao museu. Os ladrões foram apanhados em flagrante. Era realmente o
John Rouba Tudo e o seu parceiro era o senhor Fernando, o guia do Coliseu.
Os amigos ficaram muito felizes porque apareceram na 1ª página do jornal:
“Jovens canadianos ajudam polícia a prender os ladrões do museu”.
Leram vezes sem fim a notícia. Era o máximo! Decidiram continuar a resolver
mistérios e quem sabe se não ficariam conhecidos em todo o mundo…
Miguel (atualmente no 7º A)