A história é contada da perspectiva de uma gota de água que faz parte do ciclo da água. A gota viaja pelos oceanos, é levada para uma nuvem e transformada em flocos de neve. Quando cai na terra, ouve crianças falando sobre preservar a água e o meio ambiente para as gerações futuras. Isso dá à gota confiança de que o ciclo da água continuará.
2. O pequeno floco de neve
Texto de Adriana de Matos Pedrosa, n.º 2, 12.º D
Ilustrações de Gabriel Pires Santos Costa, n.º 3, 12.º C
Escola Básica e Secundária de Anadia
Agrupamento de Escolas de Anadia
3. Gosto de deambular por entre os barcos dos
humanos e ver os seus rostos queimados pelo sol e os
seus cabelos esvoaçando ao vento. Ah! Como adoro
sentir a braçada vigorosa dos que se aventuram e
mergulham e nadam, ou fazem aquilo que apelidam de
surf.
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4. Às vezes formo, com as minhas amigas, uma onda
gigante e vou beijar suavemente a areia quente da praia,
depois volto para longe da costa, onde me aventuro até
aos fundos oceânicos, deixando-me depois deslizar
lentamente para a sua superfície.
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5. Mas, o que se passa?! O que é isto que estou a
sentir?! Estou a afastar-me do mar…. Estarei a voar?!
Uau! Estou a sentir-me tão leve! Está tudo cada vez
mais longe, mais alto, o oceano, a costa, as casas, as
pessoas, tudo a ficar pequenino. Mas que bonito!
Contudo, para onde estarei eu a ir?!
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6. Ui! Terei eu batido em algo?
Uma gota, tal como eu ainda há pouco tempo … Mas
agora encontro-me num sítio fofo e não tão agitado.
Onde estou eu, afinal? E a fazer o quê?
- Estás numa nuvem. – respondeu-me a gota na qual
eu tinha chocado. – Irás voltar lá baixo.
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7. - Porque temos de fazer esta longa viagem? –
pergunto-lhe eu.
- Para que a vida possa existir neste magnífico
planeta que é a Terra. – responde-me com um sorriso.
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8. – Observa lá em baixo aqueles seres que povoam o
nosso planeta. Durante anos esqueceram-se de nós.
Votaram-nos ao mais perfeito abandono. Tomaram-nos
como certas e tudo fizeram para nos destruir.
Esquecem-se que sem nós eles não existiam, que não
têm possibilidade de continuar a existir.
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9. - Mas, mas … - digo eu. – como é possível isso
acontecer? E aqueles mais pequeninos.
- Esses são a esperança do futuro. Deles e nossa.
Nossa e da Terra.
Porém, depois de dizer estas palavras, desapareceu
no meio das outras gotas e eu não pude fazer mais
perguntas.
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10. Sinto-me perdida, não apenas por me encontrar
sozinha num sítio desconhecido, mas também pelo
medo do futuro que até hoje me parecera tão belo. E já
estou há muito tempo cá em cima, e cada vez chegam
mais gotas e a nuvem com o vento viaja de lugar para
lugar.
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11. Ups! Está a ficar muito frio. Estou a sentir outra vez
que estou a ficar tão estranha. Estou a deparar-me outra
vez com transformações, mutações… estou novamente
a ficar diferente…
De repente, como se algo me impelisse e sem que eu
conseguisse evitar, começámos todas a cair e que frio
que está! Voltei a voar e apesar do frio intenso, a
paisagem era magnífica. O céu tinha um azul diferente
do que eu me lembrava.
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12. Fui caindo, caindo, caindo tão suavemente, sem
perceber muito bem o que me acontecera. Olhei, então,
em volta de mim e vi o espetáculo que eu e as minhas
irmãs e amigas fazíamos. Tínhamo-nos transformado em
belíssimos flocos de neve.
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13. Finalmente, decidi deixar-me cair sobre o branco tão
puro, aliar-me às minhas colegas e ajudá-las a tecer o já
imenso tapete de neve. Aqui só se vê crianças a
brincarem com os seus cães e trenós, fazendo bonecos
de neve. Adolescentes a fazer esqui. Que maravilha!
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14. Escuto as suas palavras, elas transportam-me para a
minha anterior conversa:
- Olha, está a nevar. E tão branquinha que ela é. – diz
um dos meninos.
- Sim, mas temos de a preservar. - diz o outro. –
Temos de lutar contra a forma como a estamos a poluir
e isso parte de cada um de nós.
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15. - Então, - dizem em coro, com o sorriso estampado
nos seus belos e jovens rostos. – vamos todos lutar e
tomar medidas para que a água não acabe e que o seu
ciclo se mantenha indefinidamente.
- Sim, - dizem por fim, num misto de alegre
esperança. – nós somos o futuro e o futuro precisa de
nós. Nós vamos ser melhores com o ambiente do que os
nossos ancestrais. A Terra tem de viver. A Terra é a
nossa prioridade.
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16. Capto no ar a sua alegria contagiante. Consigo
alcançar a sua ânsia de viver e fico com a certeza que
eles são a esperança. Sei agora que irão lutar para
preservar a vida e, sinto orgulho nesses pequenos seres
que têm confiança num futuro sustentável, em que
nenhum de nós vai ser dizimado, pois o futuro
continuará a precisar de mim, dos meus irmãos e de
todos os seres vivos, incluindo o Homem.
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17. Afinal, o meu ciclo, o Ciclo da Água, iria continuar, e
todos os meus receios se dissiparam, pois nunca me
senti tão realizada, feliz e confortável.
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