SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 12
Downloaden Sie, um offline zu lesen
“Ups...”
Ouvi o meu telemóvel tocar e aproximei-me dele rapidamente, vendo a foto do João no
meu ecrã. Atendi, dizendo um simples “Olá”. João reparou que a minha voz estava um pouco mais
melancólica que o normal e perguntou-me:
- Tess, que se passa?
Adorava quando ele me chamava assim e, por isso, ri um pouco. Respondi-lhe, tentando
esconder a mentira na minha voz:
- Nada, estava só com saudades tuas.
Bem, em parte era verdade. Imaginei-o a sorrir e a formar as covinhas que tanto adoro. A
verdade é que estava atrasada 3 semanas e, realmente, tinha medo, pois, da última vez que
tínhamos feito amor, esquecêramo-nos do preservativo.
- Posso resolver isso num instante- disse-me e eu ri um pouco para não o preocupar.- Não
queres vir cá? Os meus pais saíram e podíamos aproveitar para estarmos juntos!
Eu queria, mas tinha combinado ir à farmácia com a Joana comprar o teste de gravidez,
por isso respondi-lhe:
- Combinei ir ter com a Joana, desculpa.
Ouvi-o bufar do outro lado da linha e ri com a sua reação.
- Está bem, mas amanhã és toda minha.
- Com certeza.
Ambos rimos e, depois de falarmos mais um pouco, desliguei, retribuindo o “Amo-te” que
ele me tinha dito. Deitei-me na cama, pensando no que iria fazer.
Como é que me fui meter nisto? Devia ter-me lembrado de colocar o preservativo. Calma,
Teresa… pode ser apenas um atraso, ainda não tens certeza de nada. Uma reduzida esperança
percorreu o meu corpo, mas o meu subconsciente, tão bom que é, relembrou-me logo que eu não
tinha atrasos na menstruação. Desde os meus 13 anos que fui certa e não era agora, aos 16 anos,
que isso iria mudar. E se ele não quiser o bebé? O João sempre adorara bebés, mas acho que
nenhum de nós estava pronto para ser pai ou mãe. Eu tenho apenas 16 e ele 17 anos! E os meus
pais? O que irão dizer?!
Os meus pensamentos foram interrompidos pela porta a bater. Gritei um “entre” e vi a
Joana furiosa. Olhei para as horas e reparei que estava atrasada. Muito atrasada. Tinha combinado
com ela às 15h da tarde e eram já 15h20.
- Desculpa. Desculpa. Desculpa. Desculpa. – repeti, tentando acalmá-la – Eu sei que estou
atrasada, mas perdi-me no tempo… estive só a pensar no que pode acontecer se… se… – não
conseguia dizer a palavra e, por isso, escondi a minha cara com as minhas mãos.
A Joana correu, literalmente, para mim, abraçando-me logo de seguida. As lágrimas
ameaçavam mostrar-se, porém fiz um esforço para que elas continuassem no devido lugar.
- Não estás grávida, tem calma. – Joana tentou animar-me, mas era tarde de mais. Já
estava a chorar compulsivamente.
Molhei a camisola toda da Joana, mas ela não pareceu importar-se. Quando finalmente
parei de chorar, corri até à casa de banho para vomitar. Isto era mau, muito mau. Mudanças de
humor repentinas e enjoos... Alguns dos sintomas para determinar se há gravidez. Saí da casa de
banho e dei um sorriso mínimo à Joana.
- Vamos? – perguntei-lhe, querendo despachar este assunto
- Já lá fui e já comprei o teste –disse ela, mostrando-o na sua pequena mão.
Voltei a sorrir-lhe fracamente e agradeci-lhe. Ambas nos dirigimos para a casa de banho e
ela deu-me o teste. Como já tinha urinado para um pequeno frasco, apenas coloquei o teste lá,
como vinha nas instruções. Não queria olhar e por isso virei a cara.
- Tem calma, Tess. Vai correr tudo b… – Joana parou de falar e, num impulso, olhei para o
teste.
Estava grávida! Há 2 semanas.
E o meu mundo caiu.
Uma dor horripilante e medrosa percorreu todo o meu corpo. Olhei para a minha barriga e,
por uma razão desconhecida por mim, coloquei a minha mão sobre a mesma. Subitamente, ganhei
um ódio incondicional pelo bebé que se encontrava dentro de mim. Olhei para Joana, que já tinha
lágrimas nos olhos. Como eu odiava vê-la a chorar!
- Não te preocupes, Joana. Eu vou ficar bem. – disse-lhe, tentado sorrir ao máximo – Eu vou
abortar. Eu tenho de o fazer. Não existe uma outra opção.
- Não! Vais destruir a vida de um bebé que não teve culpa nenhuma! – disse ela, gritando
na minha cara.
- E a minha vida?! Esta coisa vai arruiná-la para sempre! Como achas que vou ficar quando
ouvir os comentários de toda a gente?! E a minha mãe?! Como achas que ela vai reagir?! Eu tenho
que abortar, é a única solução.
- Não. Não vou deixar que o faças. É errado.
- Errado foi o que fiz sem tomar precauções, e agora preciso me livrar desta consequência!
Isto vai arruinar-me. – disse eu chorando.
Joana saiu do meu quarto a correr, possivelmente devido a já não aguentar mais as
lágrimas nos seus olhos. Queria gritar-lhe para que ficasse comigo, mas não tinha forças para o
fazer. O meu corpo caiu no chão e, nesse momento, senti que estava, lentamente, a cair do
precipício ao qual chamamos vida. As lágrimas caiam-me dos olhos como um rio e eu não sabia o
que fazer para acabar com toda esta dor.
Quando finalmente parei de chorar e clareei as minhas ideias, decidi ir a casa de João. Ele
tinha o direito de saber. Afinal, ele era o pai. Imaginei uma rapariga que estava grávida, mas que
não sabia quem era o pai do bebé. Dei por mim a rir, com este pensamento. “És tão idiota, Tess”,
pensei para mim mesma.
Cheguei a casa de João e bati à porta. Ele abriu-a rapidamente, abraçando-me logo de
seguida. Normalmente, ele beijava-me antes de me abraçar, mas desta vez foi diferente. “O teu
aspeto, Tess” disse-me uma vozinha na minha cabeça. Claro. Devia estar com um aspeto horrível,
os meus olhos estavam inchados e vermelhos de tanto chorar e, logo que ele reparou, fez o que
sempre fazia, abraçou-me e sussurrou-me que me amava.
Não queria romper este abraço, mas tinha de o fazer. Tinha de olhar para os seus olhos
verdes e encará-lo.
- Que se passa, amor? – perguntou.
Ao ouvir a sua voz, sorri. Era impossível olhar para ele e não sorrir, mesmo com esta dor no
meu peito.
Entrámos, sem eu dizer nada, e subimos até ao 2º andar. Quando já nos encontrávamos no
seu quarto, ele olhou-me com preocupação.
Nunca fui boa a exprimir o que sinto, por isso fui direta ao assunto. Sim, eu sei que as
coisas não são assim, mas como é que digo ao rapaz que amo que estou grávida dele?
- Estou grávida. – afirmei sem pensar duas vezes.
A sua boca formou um autêntico ‘o’ e os seus olhos arregalaram-se perante tal surpresa.
Agora que penso bem, talvez tenha sido má ideia! Quer dizer, a dor que eu estava a sentir
deve estar agora a duplicar-se e a apoderar-se dele. Fui surpreendida pelo seu sorriso, assim que
ele percebeu as minhas palavras. Abraçou-me novamente e beijou-me.
- Não estás preocupado? – perguntei com medo da sua resposta.
- Não, de todo! – disse, mostrando um entusiasmo que me surpreendeu ainda mais,
fazendo-me arregalar mais os olhos. - Eu amo-te, Tess, e quero ter uma vida contigo. Quero um
filho teu. Quero ser feliz a teu lado.
Voltou a beijar-me, mas desta vez libertei-me dele, pedindo-lhe para parar.
- Vou abortar. – disse, tentando acabar com o seu entusiasmo.
- O quê?! Não. Não podes sequer estar a pensar nisso! – o seu tom de voz aumentou
gradualmente o que me fez encolher um pouco.
- Que queres que faça? – perguntei-lhe, abrindo-me um pouco, para não mostrar quão
receosa estava.
- Que venhas viver comigo, que te cases comigo, que tenhas o bebé comigo a segurar-te na
mão. Quero-te a ti. O meu sonho está finalmente a tornar-se realidade e eu não vou desistir dele!
– exclamou, convicto.
- Eu também quero isso, mas não agora. Não vou ter um bebé aos 16 anos. Não me podes
obrigar a tê-lo. – afirmei, contendo as lágrimas que ameaçavam mostrar-se ao mundo. – Não
agora. Desculpa, mas não posso.
- Não podes, como? Tess, por favor. Se não o fazes por ele… – disse, tocando na minha
barriga o que me provocou vários arrepios agradáveis - … fá-lo por mim. Tem esse bebé por mim.
Por favor, Tess. Eu quero ser pai, quero ser o pai desse filho. Por favor.
As suas palavras entraram na minha cabeça, fazendo-me hesitar, mas não mudar a minha
decisão.
- João, eu… - já não sabia o que dizer, estava sem forças – eu… eu… eu amo-te, mas… mas
eu não consigo. Desculpa. – finalizei, mordendo o meu lábio inferior.
- Não consegues, como?
- Não consigo. Simplesmente não consigo. – insisti.
- Mas porquê?
- Porque não! – e dito isto comecei a chorar.
- Calma, Tess. – disse, abraçando-me – Estás de quanto tempo?
- Duas semanas, acho. – informei entre soluços devido ao choro.
- Ainda temos oito semanas para decidir o que vamos fazer. Se quiseres abortar tem de ser
nas primeiras dez semanas.
Como é que ele sabia tanto sobre isto? Não sei, mas também não me interessava.
Questionei-me a mim própria se ele já tinha planeado um bebé comigo e que, por isso, tinha
pesquisado algumas coisas na internet, mas logo voltei à realidade, sabendo que isso era um
completo absurdo.
O abraço, que ele estava a prolongar cada vez mais, acalmou-me e, quando deixei de
chorar, ele largou-me, deixando-me a pedir por mais. Beijamo-nos uma e outra vez, até que o meu
telemóvel tocou. Olhei para o visor e vi que era a minha mãe. Atendi e ela disse-me para vir para
casa, pois era hora de jantar. Menti-lhe, dizendo que iria dormir a casa da Joana e ela não me
impediu, fazendo-me sorrir um pouco.
- Vou ter companhia esta noite, não vou? – João perguntou, adivinhando já o meu plano.
- Vês como sabes. – disse-lhe com um dos meus maiores sorrisos. O seu sorriso fez com
que toda a dor desaparecesse, fez com que me sentisse viva, fez com que eu me esquecesse de
todos os meus problemas, fez com que eu me sentisse feliz.
Voltei à realidade quando a sua mãe bateu à porta e ele gritou um “entre”. Sorriu quando
nos viu. Eu estava sentada e ele encontrava-se deitado nas minhas pernas.
- Eu e o teu pai vamos a um jantar e voltamos tarde. Tenham juízo.
Dito isto fechou a porta, deixando-nos com a casa só para nós. Um sorriso malicioso
apareceu no rosto de João, o que me fez rir um pouco.
- Tenho fome. – disse, depois de ouvir o meu estômago a roncar.
- Exato, agora tens de comer por dois. – comentou, fazendo-me rir um pouco.
Ele desceu e fez o jantar, enquanto eu fiquei deitada na sua cama, à sua espera.
Para ser sincera, eu estava confusa. Não sabia se havia de abortar ou ter o filho com ele.
Decidi fazer uma lista de prós e contras. Dirigi-me até ao escritório e peguei numa folha e numa
caneta, indo por fim até à cozinha. Assim que o João me viu, um sorriso iluminou a sua cara.
- Vamos fazer uma lista de prós e contras, ok?
- Às vezes, tens boas ideias! – exclamou, pondo a língua ligeiramente de fora
Sentei-me na mesa da cozinha e tracei um risco a meio da folha, escrevendo “prós” e
“contras”, um de cada lado.
- Primeiro os “contras” – disse-lhe.
- Nada. Não vejo nenhuns. – referiu ele depois de fingir estar a pensar
Revirei os olhos perante a sua afirmação e comecei a nomear alguns dos problemas que
iria ter se quisesse continuar com a gravidez:
- Demasiado nova; comentários de toda a gente; o meu corpo vai mudar; não vou poder ir
para a faculdade; não vou poder sair à noite; a reacção dos nossos pais vai ser má; as dores do
parto; o meu organismo não está preparado para que o bebé cresça saudável …
Mas logo parei, farta de ouvir o João a bufar sempre que eu dizia alguma coisa.
Ele chegou-se ao pé de mim e retirou-me a caneta da mão.
- A idade é só um número – disse, riscando o primeiro ‘contra’.– As outras pessoas não
interessam, apenas eu, tu e o bebé. – continuou, riscando agora o segundo ‘contra’ e dando-me
um beijo na testa.
Para todos os ‘contras’, ele arranjava uma solução e riscava o que tinha escrito, o que me
deixou ligeiramente irritada. Ele disse que eu poderia ir para a faculdade, pois iria contratar uma
baby-sitter para o bebé (os pais dele eram ricos); que, para sairmos à noite, poderíamos pedir aos
meus pais ou, então, aos dele; que a reação dos nossos pais iria ser má, mas que no final iriam
apoiar-nos; que as dores iriam diminuir, pois ele iria estar sempre ao meu lado; que se fizesse uma
alimentação saudável e recomendada pelo médico, tudo correria bem. E, para finalizar, disse que
me ia apoiar em tudo. E, com isto, já não existiam “contras” e o único “prós” que encontrava era o
facto de que o bebé iria fortalecer a nossa relação.
Finalmente a comida estava pronta e, como é óbvio, comi até não conseguir mais. Ele era
um bom cozinheiro e eu gostava bastante dessa qualidade dele, pois, apesar de nunca o admitir,
não sei cozinhar.
Jogámos playstation e, para variar, ganhei. Pulei de alegria e, para minha surpresa, ele
puxou-me para si e beijou-me a barriga. Gostei do seu pequeno, mas perfeito, gesto e, por isso,
sorri. Sorri, como se quisesse aquele bebé, como se eu sentisse necessidade de o proteger, de o
amar. Eu queria ter uma vida com o João, e porque não agora? Sim, somos novos e tudo mais, mas
sempre ouvi dizer que “a vida são dois dias”. Sim, talvez não se aplique a este contexto, mas que
interessa? O João tinha razão. Eu ia ter este bebé, custasse o que custasse. Instantaneamente,
rodeei a minha ainda pequena barriga com os meus braços, gesto que fez com que João sorrisse.
Depois de algumas brincadeiras fomos para o seu quarto e, depois de vestir uma t-shirt
sua, adormeci nos seus braços.
Acordei com os raios de sol a entrarem pela janela. Virei-me para o João e viu-o a olhar
para mim com o sorriso que eu tanto amava.
- Bom dia, princesa. – saudou-me, rindo ainda mais por eu ter beijado as suas covinhas.
- Bom dia, amor. – retribui, dando-lhe um beijo logo de seguida.
Ele levantou-se, mas eu continuei na cama cheia de preguiça. Observei-o a tirar a sua roupa
e dirigir-se à casa de banho para tomar um duche rápido. Quando ele voltou, ainda estava na
cama, o que fez com que ele me puxasse para eu me levantar. Fui tomar um duche rápido, vesti-
me e, quando dei por isso, tinha o pequeno-almoço na cama. Ri um pouco e juntei-me a ele que já
estava a comer panquecas. Anunciei-lhe que queria ter o bebé e ele pulou de alegria, beijando-me
várias vezes seguidas. Decidimos que naquele dia iríamos a um médico verificar se eu me
encontrava mesmo grávida.
E assim aconteceu, durante a tarde fomos ao hospital e, segundo o médico, eu encontrava-
me grávida já de 3 semanas. Decidimos contar imediatamente aos nossos pais. Apesar de estar
cheia de medo, tinha de lhes dizer.
Foi difícil dizê-lo à minha mãe, mas, entre muitas lágrimas e gritos, ela acabou por aceitar o
bebé e até disse que na consulta seguinte queria ir também. Sorri-lhe francamente e depois
dirigimo-nos para a casa do João. A reação dos seus pais foi bastante parecida com a dos meus,
por isso já sabíamos, à partida, o que haveríamos de dizer ou fazer.
E de repente, a dor tinha desaparecido e dado lugar a uma felicidade inexplicável. Eu
amava o meu filho. Amava-o como se fosse a única pessoa do mundo. E ainda nem sequer o tinha
visto ou sentido.
Senti-me obrigada a ir ter com Joana e, quando lhe contei, ela pulou de felicidade e até
chorou!
E assim se passaram 3 meses. Era a altura de fazer a primeira ecografia, a das doze
semanas, e eu não podia estar mais preparada do que isto. Assim que vi o meu bebé pela primeira
vez, uma sensação magnífica até aí desconhecida por mim percorreu o meu corpo e eu não
conseguia parar de sorrir. O João agarrava-me a mão e eu estava realmente feliz por isso. Já
tínhamos planeado a nossa vida juntos. Iríamos viver para o centro da cidade num pequeno
apartamento e, sempre que precisássemos, deixávamos o bebé em casa dos meus pais ou dos
dele, pois ficávamos relativamente perto. Ele iria trabalhar com o seu pai na empresa da família e
iríamos ganhar o nosso próprio dinheiro. O casamento ficou agendado para dali a dois anos,
quando eu já estivesse na universidade e quando o bebé já andasse. Tudo era perfeito!
Na segunda ecografia, descobrimos que o bebé era um rapaz e decidimos dar-lhe o nome
de Lucas. Todas as outras ecografias correram bem e o Lucas estava bem e saudável. Continuava
tudo perfeito!
O parto correu bem. O João esteve lá para me apoiar e os médicos foram profissionais.
Estava a ser tudo perfeito!
Depois do nascimento, fizemos a mudança e vivíamos felizes na nossa pequena, mas
confortável e acolhedora casa. Passámos pelo período em que os dentes do nosso pequeno Lucas
começavam a nascer, um período de noites em claro, juntos. E a perfeição reinava a minha vida.
O casamento foi tal e qual como eu tinha sonhado. Eu estava agora na universidade, mas,
para dar mais atenção ao Lucas, estava a tirar o Curso de Humanidades pela internet e tinha aulas
durante as horas em que ele dormia. Era um bocado difícil, pois a matéria era cada vez mais e eu
já não tinha tempo para tudo. Ainda assim, continuava tudo perfeito!
O tempo ia passando: o meu filho já andava sozinho; eu continuava com os meus estudos;
o João continuava a trabalhar e a ganhar dinheiro. Tínhamos alguns problemas financeiros, mas
nada de preocupante. Porém, já nem tudo era perfeito, e eu começava a perceber que a perfeição
não existia.
Um dia, estávamos em nossa casa a dormir e o Lucas não parava de chorar. Já me tinha
levantado 3 vezes e já estava farta de ser apenas eu a levantar-me.
- Vai lá tu, ainda não foste nenhuma vez hoje – disse-lhe, meia ensonada.
- Mas por que raio tem ele de chorar tanto? – perguntou-me com irritação presente na sua
voz.
- Ou são os pesadelos ou está com cólicas. – informei-o.
Ele reclamou baixinho, mas acabou por ir acalmá-lo. Quando voltou, murmurou que já
estava farto disto, o que foi equivalente a ter-me dado uma estalada. A dor alastrou-se quando ele
se virou de costas para mim, em vez de me abraçar, como costumava fazer.
Ele tinha mudado muito, já não era o mesmo rapaz que me costumava amar. Agora, ele
andava distante, como se não quisesse saber de mim, como se não me amasse, como se não
amasse o nosso filho, como se quisesse mudar de vida. E isso estava a matar-me
psicologicamente.
O Lucas chorou mais 2 vezes e, só mesmo para não variar, fui eu que me levantei e o fui
acalmar. Eu amava o meu filho, mas isto já cansava. Quando decidi não abortar, eu pensava que o
João me ia ajudar em tudo, ele próprio o disse. Mas enganei-me! Ultimamente, saía todos os dias
à noite e só regressava bastante tarde, o que me incomodava profundamente. Porém não lhe
dizia nada por uma questão de orgulho e de medo.
Os dias passavam e a rotina tornava-se desgastante: acordava, o João fazia o pequeno-
-almoço para mim e para ele e eu fazia o do Lucas, o João ia trabalhar, eu ficava a tomar conta do
Lucas e chorava quando ele dormia (com o tempo vim a descobrir que ser uma mãe adolescente
não era tão fácil como parecia), dava de comer ao Lucas (o meu jeito para a culinária não
melhorara e, por isso, o João deixava sempre algo que eu pudesse aproveitar), tinha aulas durante
a tarde, o João chegava e fazia o jantar (a única refeição que tenho comido ultimamente), via o
João a sair de casa às vinte e uma horas e a regressar às duas da manhã do dia seguinte com a
desculpa de ir trabalhar mais um pouco, esperava por ele e deitávamo-nos os dois já sem dizer
“amo-te” um ao outro.
Aquele dia não fora exceção. Houve apenas uma diferença: o João não me deu um beijo
antes de sair de casa, nem me disse adeus, nem nada parecido. A nossa relação estava cada vez
pior. Pensava que, ao ter o bebé, nunca mais me iria separar dele. Pensava, pois…
Já passavam das três da manhã e o João ainda não tinha aparecido em casa. Isto não podia
continuar, simplesmente não podia. Liguei à minha mãe, que estava a par da situação, e pedi-lhe
para ela vir buscar o Lucas e ficar com ele no dia seguinte. Passados 10 minutos, a minha mãe
chegou e levou o bebé. Peguei nas chaves do carro e dirigi-me ao escritório onde João trabalhava,
conduzindo o mais rápido que me era permitido. Como eu calculava, ele não estava lá. “É claro
que ele não está cá.” O meu subconsciente disse-me, fazendo-me perceber o óbvio. Dirigi-me para
o café da zona e entrei. E mais uma vez acertei, ele estava lá. A beijar outra rapariga!
Os meus olhos encheram-se de lágrimas, mas contive-as, já que toda a gente se encontrava
a olhar para mim. O olhar dele dizia-me tudo. Ele não queria saber. E o sorriso dele deu-me a
confirmação de que ele se encontrava bêbado.
Como é que ele foi capaz de fazer aquilo?! Ele prometeu, caramba! Prometeu que iria ficar
comigo, prometeu que iríamos ficar juntos para sempre! Como é que uma pessoa consegue
esquecer uma promessa assim tão facilmente?! Ele disse que me amava! Como é que alguém
pode dizer isso, sem o sentir?! Já passáramos por tanto e à mínima dificuldade ele desistia?! Quer
dizer, eu sei que não é mínima, mas o pior já passara e ele desistia depois de termos conseguido
tudo isto?! Não compreendia. Se ele não me amava agora, nunca me amara…E isso doía, doía
saber que tudo não passara de mentiras…
Queria ir até ele e gritar-lhe na cara tudo o que estava a pensar, mas não conseguia. O meu
corpo parecia colado ao chão e, se eu não conseguisse chegar até ele, iria gritar-lhe tudo ali, sem
me preocupar com as pessoas à nossa volta. Abri a minha boca para poder falar, mas nenhum som
saiu. Sentia-me perdida e não sabia o que fazer, por isso fugi, tentando livrar-me daquele mar de
dor, no qual me estava a afogar cada vez mais.
Assim que cheguei a casa, desabei e deitei fora tudo o que estava a guardar desde que os
tinha visto a beijarem-se. Os olhos ardiam-me e, na minha garganta, formava-se um nó que eu era
incapaz de desfazer. Fui deitar-me, mas antes fechei todas as portas. Esperava que ele tivesse a
decência de não voltar, pelo menos durante uns tempos. Flashbacks passavam pela minha cabeça,
fazendo a dor aumentar. Claro que a noite foi passada em claro.
No dia seguinte, mandei uma mensagem à minha mãe a pedir para ficar com o Lucas
durante um tempo e ela não se importou, claro. Telefonei ao advogado da minha família e pedi-
lhe que viesse até minha casa, pois não estava com disposição para ir ao seu escritório que ficava
do outro lado da cidade. Quando ele chegou, falei-lhe que queria o divórcio e ele disse-me que em
dois dias, no máximo, os papéis estariam prontos e que bastava eu e o João assinarmos. O único
problema era o Lucas! Teríamos de ir a tribunal para decidir quem iria ficar com a sua guarda.
Tinha que ser minha. O Lucas era tudo o que tinha e não estava disposta a perdê-lo.
E os dias foram passando, até já ter passado uma semana desde o acontecimento que eu
preferia não recordar. Já tinha os papéis do divórcio e estava apenas à espera que o João viesse cá
a casa. Visitava o Lucas em casa da minha mãe, mas ainda não estava estável o suficiente para
cuidar dele sozinha.
Tinha adormecido no sofá e acordei com alguém a bater à porta. O meu aspeto estava
horrível, mas ignorei isso e fui abrir a porta.
Era ele. Ele estava à minha frente com preocupação no seu olhar. “Ai, agora é que estás
preocupado?”
- João…– a minha voz estava um pouco trémula, mas tendo em conta tudo, acho que era
normal.
- Teresa. – chamou, seguro de si próprio.
Ele nunca me chamava assim, era sempre “Tess”. Isso é mau, muito mau.
Ele tentou entrar dentro de casa, mas eu não deixei. Não sabia o que lhe dizer, por isso
limitei-me a olhar para os seus olhos verdes.
- Nós precisamos de falar. – disse, quebrando o silêncio que cada vez se tornava mais
constrangedor.
- Não quero falar sobre o que vi, mas sim do nosso futuro. Entra. – disse-lhe, com o
objectivo de o fazer assinar os papéis.
Ainda se encontrava tudo na mesa da cozinha, por isso apenas me dirigi até lá, ouvindo os
seus passos atrás de mim.
- Quero o divórcio.
- O quê? – ele levantou ligeiramente o tom de voz.
- Ouviste bem. Agora assina aqui. – disse apontando para o espaço que o advogado me
tinha indicado – Vais ficar com metade dos pertences, tal como eu. Se não concordares, telefono
ao meu advogado e podemos negociar.
- Não vou assinar isso, Tess.
- Tu o quê?
- Não vou assinar. (“ Tinhas de ser assim tão teimoso?!”) – Não antes de falarmos sobre
‘nós’.
- Não existe um ‘nós’, existes tu e existo eu, pessoas que já não têm nada a haver uma com
a outra. – o seu olhar encontrava-se na minha mão. – O que foi? Pensavas que te ia perdoar e
simplesmente esquecer o que vi e senti?!
- O teu anel? – perguntou, ignorando a minha pergunta retórica.
- Ahh? – fiz-me de desentendida.
- A tua aliança. Está onde?
- No lixo.
Na verdade, estava apenas na sua almofada, para que eu tivesse algo que me lembrasse
sempre dele, mas não me ia mostrar fraca.
Olhei para a sua mão e a aliança continuava no seu dedo, o que me surpreendeu. Observei-
o a assinar os papéis e a retirar a sua aliança violentamente, colocando-a em cima da mesa.
- Podes afastar-te de mim, mas o Lucas vai ser meu. – e dito isto dirigiu-se até à saída,
pegando, pelo caminho, o saco que continha toda a sua roupa.
Assim que ouvi a porta bater, perdi todas as forças e as lágrimas que estava a conter
mostraram-se agora desesperadamente. Fui tomar um banho e decidi ir fazer uma visita ao Lucas,
já estava com demasiadas saudades dele. Achei que estava pronta para o trazer para casa, o que
me fez querer acelerar um pouco mais.
Quando o Lucas me viu correu logo para mim, abri os braços e girei-o no ar, fazendo-o rir.
- Olá, meu amor. – disse-lhe docemente.
Pousei-o no chão, deixando-o continuar a brincar, e fui falar com a minha mãe. Contei-lhe
o que era necessário e ela apoiou-me no divórcio e disse-me que o João nunca iria conseguir tirar
o Lucas de mim, pois eu era a mãe. A minha mãe disse que era melhor irmos viver para lá por
causa da comida. Eu sei que não sou boa na cozinha, mas sei desenrascar-me! Acabei por aceitar,
pois assim iria ter ajuda em tudo. Voltei à minha antiga casa e arrumei tudo o que era meu, pondo
todo o tipo de coisas no carro. Depois, mandei uma mensagem ao João a dizer “Fui-me embora da
que era a nossa casa, podes voltar lá, porque eu nunca mais lá volto.” Ele não respondeu, mas
também não me importei com isso.
Era incrível como eu e o João tínhamos namorado 3 anos, mas estivemos apenas casados
um ano. Realmente, a vida dá muitas voltas.
Os meses seguintes foram passados em tribunais para resolvermos a questão da guarda do
Lucas. Já estávamos no tribunal e quem estava a depor era o João. Ele dizia que tinha melhores
condições económicas para tratar do Lucas e a raiva crescia demasiado rápida dentro de mim.
Quando fui eu a depor, falei sobre o amor, sobre o carinho que uma mãe pode dar. Falei o
quanto amava o meu bebé, como eram as nossas brincadeiras, falei de tudo o que me veio à
cabeça. Eu sabia que não era suposto fazer isso, mas se não o fizesse as hipóteses de ficar com a
custódia de Lucas seriam reduzidas e isso não podia, de maneira alguma, acontecer. Falei da
primeira vez que o levei a passear no parque, da maneira como ele ria ao ouvir os pássaros a
cantar, de como ele largava sempre os balões, e da sua primeira palavra: “mamã”. Todos ficaram
bastante comovidos ao ouvir isto, exceto o juiz que parecia querer despachar-se. Bem, não era o
único.
Já nos encontrávamos todos sentados nos devidos lugares, quando o juiz anunciou:
- A guarda da criança é entregue à mãe. O pai irá ficar com a criança de 15 em 15 dias, aos
fins-de-semana e poderá estar com ela sempre que a mãe o permitir. Caso encerrado. – o martelo
soou.
Eu, Teresa Martins, com apenas 18 anos de vida, tenho um filho com apenas ano e meio e
sou uma mãe feliz.
Beatriz Duarte, nº 7, 8º Ano, Turma B
3ª Ciclo – Género Narrativo
Nota:
Conto produzido na temática da “Saúde”.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Pecado #1- Primeiro capítulo
Pecado #1- Primeiro capítuloPecado #1- Primeiro capítulo
Pecado #1- Primeiro capítulonino1234
 
Dempeo ii segunda parte +1
Dempeo ii   segunda parte +1Dempeo ii   segunda parte +1
Dempeo ii segunda parte +1Bianca Martins
 
Dempeo ii sétima parte
Dempeo ii   sétima parteDempeo ii   sétima parte
Dempeo ii sétima parteBianca Martins
 
Dempeo ii quinta parte
Dempeo ii   quinta parteDempeo ii   quinta parte
Dempeo ii quinta parteBianca Martins
 
Filhos da Escuridão: Obscuro
Filhos da Escuridão: ObscuroFilhos da Escuridão: Obscuro
Filhos da Escuridão: Obscuroninomares
 
A corrente-da-vida-walcyr-carrasco-1pdf (1)
A corrente-da-vida-walcyr-carrasco-1pdf (1)A corrente-da-vida-walcyr-carrasco-1pdf (1)
A corrente-da-vida-walcyr-carrasco-1pdf (1)alessandracristina35
 
Vera l marinzeck de carvalho deficiente mental - porque fui um
Vera l marinzeck de carvalho   deficiente mental - porque fui umVera l marinzeck de carvalho   deficiente mental - porque fui um
Vera l marinzeck de carvalho deficiente mental - porque fui umPatrick François Jarwoski
 
CRIATURA - Livro erotico
CRIATURA - Livro eroticoCRIATURA - Livro erotico
CRIATURA - Livro eroticoAngelo Tomasini
 

Was ist angesagt? (15)

Parte 9
Parte 9Parte 9
Parte 9
 
Pecado #1- Primeiro capítulo
Pecado #1- Primeiro capítuloPecado #1- Primeiro capítulo
Pecado #1- Primeiro capítulo
 
Dempeo ii segunda parte +1
Dempeo ii   segunda parte +1Dempeo ii   segunda parte +1
Dempeo ii segunda parte +1
 
Dempeo ii sétima parte
Dempeo ii   sétima parteDempeo ii   sétima parte
Dempeo ii sétima parte
 
Dempeo ii sexta parte
Dempeo ii   sexta parteDempeo ii   sexta parte
Dempeo ii sexta parte
 
Dempeo ii quinta parte
Dempeo ii   quinta parteDempeo ii   quinta parte
Dempeo ii quinta parte
 
Filhos da Escuridão: Obscuro
Filhos da Escuridão: ObscuroFilhos da Escuridão: Obscuro
Filhos da Escuridão: Obscuro
 
O triunfo
O triunfoO triunfo
O triunfo
 
A corrente-da-vida-walcyr-carrasco-1pdf (1)
A corrente-da-vida-walcyr-carrasco-1pdf (1)A corrente-da-vida-walcyr-carrasco-1pdf (1)
A corrente-da-vida-walcyr-carrasco-1pdf (1)
 
Ultima gota pdf 99
Ultima gota pdf 99Ultima gota pdf 99
Ultima gota pdf 99
 
Vera l marinzeck de carvalho deficiente mental - porque fui um
Vera l marinzeck de carvalho   deficiente mental - porque fui umVera l marinzeck de carvalho   deficiente mental - porque fui um
Vera l marinzeck de carvalho deficiente mental - porque fui um
 
CRIATURA - Livro erotico
CRIATURA - Livro eroticoCRIATURA - Livro erotico
CRIATURA - Livro erotico
 
Momentos de verdade
Momentos de verdadeMomentos de verdade
Momentos de verdade
 
Dempeo 1
Dempeo 1Dempeo 1
Dempeo 1
 
O Fado - Amanda A.
O Fado - Amanda A. O Fado - Amanda A.
O Fado - Amanda A.
 

Andere mochten auch

Andere mochten auch (19)

Fontes de Recurso do Terceiro Setor
Fontes de Recurso do Terceiro SetorFontes de Recurso do Terceiro Setor
Fontes de Recurso do Terceiro Setor
 
CV PGW Jan17
CV PGW Jan17CV PGW Jan17
CV PGW Jan17
 
Apresentação - Elaboração de Projetos
Apresentação - Elaboração de ProjetosApresentação - Elaboração de Projetos
Apresentação - Elaboração de Projetos
 
2015 01-16 - tróia - catarina
2015 01-16 - tróia - catarina2015 01-16 - tróia - catarina
2015 01-16 - tróia - catarina
 
QUE ENTENDEMOS POR CULTURA
QUE ENTENDEMOS POR CULTURAQUE ENTENDEMOS POR CULTURA
QUE ENTENDEMOS POR CULTURA
 
Objetivo y programa analítico
Objetivo y programa analíticoObjetivo y programa analítico
Objetivo y programa analítico
 
Catalogo sublimación
Catalogo sublimación Catalogo sublimación
Catalogo sublimación
 
Realdecreto2862006de ruido
Realdecreto2862006de ruidoRealdecreto2862006de ruido
Realdecreto2862006de ruido
 
Guardias De Seguridad Privada
Guardias De Seguridad PrivadaGuardias De Seguridad Privada
Guardias De Seguridad Privada
 
The Ultimate Marketing Stack
The Ultimate Marketing StackThe Ultimate Marketing Stack
The Ultimate Marketing Stack
 
Apresentação do Curso de Gestão de Projetos Sociais
Apresentação do Curso de Gestão de Projetos Sociais Apresentação do Curso de Gestão de Projetos Sociais
Apresentação do Curso de Gestão de Projetos Sociais
 
Modulo 3 - Apresentação do Módulo 3
Modulo 3 - Apresentação do Módulo 3Modulo 3 - Apresentação do Módulo 3
Modulo 3 - Apresentação do Módulo 3
 
Ali Fofana CV April 2015
Ali Fofana CV April 2015Ali Fofana CV April 2015
Ali Fofana CV April 2015
 
Prezentacja1
Prezentacja1Prezentacja1
Prezentacja1
 
Ling
LingLing
Ling
 
TT Brochure
TT BrochureTT Brochure
TT Brochure
 
El+misterio+de+la+encarnacion+una+introduccion
El+misterio+de+la+encarnacion+una+introduccionEl+misterio+de+la+encarnacion+una+introduccion
El+misterio+de+la+encarnacion+una+introduccion
 
Ti b oficina_vanessa
Ti b oficina_vanessaTi b oficina_vanessa
Ti b oficina_vanessa
 
Violencia En El Futbol
Violencia En El FutbolViolencia En El Futbol
Violencia En El Futbol
 

Ähnlich wie 2014 09-04 - ler aprender gn 3 ceb - vencedor - ups - beatriz duarte 7 - 8b - vb

Ähnlich wie 2014 09-04 - ler aprender gn 3 ceb - vencedor - ups - beatriz duarte 7 - 8b - vb (20)

Livro
LivroLivro
Livro
 
Preciso algo mais (elisa masselli)
  Preciso algo mais (elisa masselli)  Preciso algo mais (elisa masselli)
Preciso algo mais (elisa masselli)
 
Rotina
RotinaRotina
Rotina
 
Rotina1
Rotina1Rotina1
Rotina1
 
Rotina
RotinaRotina
Rotina
 
Rotina
RotinaRotina
Rotina
 
Jane da pra todo mundo
Jane da pra todo mundoJane da pra todo mundo
Jane da pra todo mundo
 
A Luz e a Escuridão
A Luz e a Escuridão A Luz e a Escuridão
A Luz e a Escuridão
 
Por detrás das paredes...
Por detrás das paredes...Por detrás das paredes...
Por detrás das paredes...
 
Rotina
RotinaRotina
Rotina
 
Rotina
RotinaRotina
Rotina
 
Rotina
RotinaRotina
Rotina
 
Rotina1
Rotina1Rotina1
Rotina1
 
Rotina
RotinaRotina
Rotina
 
Rotina
RotinaRotina
Rotina
 
Rotina
 		Rotina		 		Rotina
Rotina
 
Rotina1
Rotina1Rotina1
Rotina1
 
Rotina
RotinaRotina
Rotina
 
Rotina
RotinaRotina
Rotina
 
Rotina
RotinaRotina
Rotina
 

Mehr von O Ciclista

1 trabalho projeto - turismo em anadia - 11 h
1   trabalho projeto - turismo em anadia - 11 h1   trabalho projeto - turismo em anadia - 11 h
1 trabalho projeto - turismo em anadia - 11 hO Ciclista
 
2018 07-15 - o pequeno floco de neve - adriana de matos pedrosa e gabriel pir...
2018 07-15 - o pequeno floco de neve - adriana de matos pedrosa e gabriel pir...2018 07-15 - o pequeno floco de neve - adriana de matos pedrosa e gabriel pir...
2018 07-15 - o pequeno floco de neve - adriana de matos pedrosa e gabriel pir...O Ciclista
 
Palestra de matemática alguns números pela vida fora incluindo um porco far...
Palestra de matemática   alguns números pela vida fora incluindo um porco far...Palestra de matemática   alguns números pela vida fora incluindo um porco far...
Palestra de matemática alguns números pela vida fora incluindo um porco far...O Ciclista
 
2016 01-31 - roteiro - moita maria dias, carolina e mariana
2016 01-31 - roteiro - moita maria dias, carolina e mariana2016 01-31 - roteiro - moita maria dias, carolina e mariana
2016 01-31 - roteiro - moita maria dias, carolina e marianaO Ciclista
 
2016 01-30 - roteiro - flávio simões 6ºf
2016 01-30 - roteiro - flávio simões 6ºf2016 01-30 - roteiro - flávio simões 6ºf
2016 01-30 - roteiro - flávio simões 6ºfO Ciclista
 
Piódão; beatriz pinho, beatriz pereira e gaby
Piódão; beatriz pinho, beatriz pereira e gabyPiódão; beatriz pinho, beatriz pereira e gaby
Piódão; beatriz pinho, beatriz pereira e gabyO Ciclista
 
Anadia miguel dias francisco
Anadia   miguel dias franciscoAnadia   miguel dias francisco
Anadia miguel dias franciscoO Ciclista
 
2016 01-20 - férias de sonho - buçaco - ana rita marques beatriz silva marian...
2016 01-20 - férias de sonho - buçaco - ana rita marques beatriz silva marian...2016 01-20 - férias de sonho - buçaco - ana rita marques beatriz silva marian...
2016 01-20 - férias de sonho - buçaco - ana rita marques beatriz silva marian...O Ciclista
 
2015 12-03 - dia pijama - ji ce avelãs
2015 12-03 - dia pijama - ji ce avelãs2015 12-03 - dia pijama - ji ce avelãs
2015 12-03 - dia pijama - ji ce avelãsO Ciclista
 
2015 12-02 - dia não fumador - ji ce avelãs
2015 12-02 - dia não fumador - ji ce avelãs2015 12-02 - dia não fumador - ji ce avelãs
2015 12-02 - dia não fumador - ji ce avelãsO Ciclista
 
2015 09-14 - receção alunos
2015 09-14 - receção alunos2015 09-14 - receção alunos
2015 09-14 - receção alunosO Ciclista
 
2015 09-28 - gn mens honrosa - amor separado e recuperado - raquel neves seiç...
2015 09-28 - gn mens honrosa - amor separado e recuperado - raquel neves seiç...2015 09-28 - gn mens honrosa - amor separado e recuperado - raquel neves seiç...
2015 09-28 - gn mens honrosa - amor separado e recuperado - raquel neves seiç...O Ciclista
 
2015 06-16 - sarau reportagem foto
2015 06-16 - sarau reportagem foto2015 06-16 - sarau reportagem foto
2015 06-16 - sarau reportagem fotoO Ciclista
 
2015 01-15 - guimarães - ana
2015 01-15 - guimarães - ana2015 01-15 - guimarães - ana
2015 01-15 - guimarães - anaO Ciclista
 
2015 01-14 - óbidos - guilherme
2015 01-14 - óbidos - guilherme2015 01-14 - óbidos - guilherme
2015 01-14 - óbidos - guilhermeO Ciclista
 
2015 01-13 - madeira - bruno
2015 01-13 - madeira - bruno2015 01-13 - madeira - bruno
2015 01-13 - madeira - brunoO Ciclista
 
2015 01-02 - exposição temporária
2015 01-02 - exposição temporária2015 01-02 - exposição temporária
2015 01-02 - exposição temporáriaO Ciclista
 
2014 12-11 - o relevo - ana bruno catarina - 10º h
2014 12-11 - o relevo - ana bruno catarina - 10º h2014 12-11 - o relevo - ana bruno catarina - 10º h
2014 12-11 - o relevo - ana bruno catarina - 10º hO Ciclista
 
2014 12-10 - buçaco caramulo cordilheira central - guilherme miguel - 10º h
2014 12-10 - buçaco caramulo cordilheira central - guilherme miguel - 10º h2014 12-10 - buçaco caramulo cordilheira central - guilherme miguel - 10º h
2014 12-10 - buçaco caramulo cordilheira central - guilherme miguel - 10º hO Ciclista
 
2014 12-09 - joao e ana
2014 12-09 - joao e ana2014 12-09 - joao e ana
2014 12-09 - joao e anaO Ciclista
 

Mehr von O Ciclista (20)

1 trabalho projeto - turismo em anadia - 11 h
1   trabalho projeto - turismo em anadia - 11 h1   trabalho projeto - turismo em anadia - 11 h
1 trabalho projeto - turismo em anadia - 11 h
 
2018 07-15 - o pequeno floco de neve - adriana de matos pedrosa e gabriel pir...
2018 07-15 - o pequeno floco de neve - adriana de matos pedrosa e gabriel pir...2018 07-15 - o pequeno floco de neve - adriana de matos pedrosa e gabriel pir...
2018 07-15 - o pequeno floco de neve - adriana de matos pedrosa e gabriel pir...
 
Palestra de matemática alguns números pela vida fora incluindo um porco far...
Palestra de matemática   alguns números pela vida fora incluindo um porco far...Palestra de matemática   alguns números pela vida fora incluindo um porco far...
Palestra de matemática alguns números pela vida fora incluindo um porco far...
 
2016 01-31 - roteiro - moita maria dias, carolina e mariana
2016 01-31 - roteiro - moita maria dias, carolina e mariana2016 01-31 - roteiro - moita maria dias, carolina e mariana
2016 01-31 - roteiro - moita maria dias, carolina e mariana
 
2016 01-30 - roteiro - flávio simões 6ºf
2016 01-30 - roteiro - flávio simões 6ºf2016 01-30 - roteiro - flávio simões 6ºf
2016 01-30 - roteiro - flávio simões 6ºf
 
Piódão; beatriz pinho, beatriz pereira e gaby
Piódão; beatriz pinho, beatriz pereira e gabyPiódão; beatriz pinho, beatriz pereira e gaby
Piódão; beatriz pinho, beatriz pereira e gaby
 
Anadia miguel dias francisco
Anadia   miguel dias franciscoAnadia   miguel dias francisco
Anadia miguel dias francisco
 
2016 01-20 - férias de sonho - buçaco - ana rita marques beatriz silva marian...
2016 01-20 - férias de sonho - buçaco - ana rita marques beatriz silva marian...2016 01-20 - férias de sonho - buçaco - ana rita marques beatriz silva marian...
2016 01-20 - férias de sonho - buçaco - ana rita marques beatriz silva marian...
 
2015 12-03 - dia pijama - ji ce avelãs
2015 12-03 - dia pijama - ji ce avelãs2015 12-03 - dia pijama - ji ce avelãs
2015 12-03 - dia pijama - ji ce avelãs
 
2015 12-02 - dia não fumador - ji ce avelãs
2015 12-02 - dia não fumador - ji ce avelãs2015 12-02 - dia não fumador - ji ce avelãs
2015 12-02 - dia não fumador - ji ce avelãs
 
2015 09-14 - receção alunos
2015 09-14 - receção alunos2015 09-14 - receção alunos
2015 09-14 - receção alunos
 
2015 09-28 - gn mens honrosa - amor separado e recuperado - raquel neves seiç...
2015 09-28 - gn mens honrosa - amor separado e recuperado - raquel neves seiç...2015 09-28 - gn mens honrosa - amor separado e recuperado - raquel neves seiç...
2015 09-28 - gn mens honrosa - amor separado e recuperado - raquel neves seiç...
 
2015 06-16 - sarau reportagem foto
2015 06-16 - sarau reportagem foto2015 06-16 - sarau reportagem foto
2015 06-16 - sarau reportagem foto
 
2015 01-15 - guimarães - ana
2015 01-15 - guimarães - ana2015 01-15 - guimarães - ana
2015 01-15 - guimarães - ana
 
2015 01-14 - óbidos - guilherme
2015 01-14 - óbidos - guilherme2015 01-14 - óbidos - guilherme
2015 01-14 - óbidos - guilherme
 
2015 01-13 - madeira - bruno
2015 01-13 - madeira - bruno2015 01-13 - madeira - bruno
2015 01-13 - madeira - bruno
 
2015 01-02 - exposição temporária
2015 01-02 - exposição temporária2015 01-02 - exposição temporária
2015 01-02 - exposição temporária
 
2014 12-11 - o relevo - ana bruno catarina - 10º h
2014 12-11 - o relevo - ana bruno catarina - 10º h2014 12-11 - o relevo - ana bruno catarina - 10º h
2014 12-11 - o relevo - ana bruno catarina - 10º h
 
2014 12-10 - buçaco caramulo cordilheira central - guilherme miguel - 10º h
2014 12-10 - buçaco caramulo cordilheira central - guilherme miguel - 10º h2014 12-10 - buçaco caramulo cordilheira central - guilherme miguel - 10º h
2014 12-10 - buçaco caramulo cordilheira central - guilherme miguel - 10º h
 
2014 12-09 - joao e ana
2014 12-09 - joao e ana2014 12-09 - joao e ana
2014 12-09 - joao e ana
 

Kürzlich hochgeladen

Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdfLeloIurk1
 
Nós Propomos! Autocarros Elétricos - Trabalho desenvolvido no âmbito de Cidad...
Nós Propomos! Autocarros Elétricos - Trabalho desenvolvido no âmbito de Cidad...Nós Propomos! Autocarros Elétricos - Trabalho desenvolvido no âmbito de Cidad...
Nós Propomos! Autocarros Elétricos - Trabalho desenvolvido no âmbito de Cidad...Ilda Bicacro
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffffSSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffffNarlaAquino
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxTailsonSantos1
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAHELENO FAVACHO
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfcomercial400681
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfHELENO FAVACHO
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxAntonioVieira539017
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaHELENO FAVACHO
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...HELENO FAVACHO
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º anoRachel Facundo
 
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptxSeminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptxReinaldoMuller1
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfFrancisco Márcio Bezerra Oliveira
 
Antero de Quental, sua vida e sua escrita
Antero de Quental, sua vida e sua escritaAntero de Quental, sua vida e sua escrita
Antero de Quental, sua vida e sua escritaPaula Duarte
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 

Kürzlich hochgeladen (20)

Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
 
Nós Propomos! Autocarros Elétricos - Trabalho desenvolvido no âmbito de Cidad...
Nós Propomos! Autocarros Elétricos - Trabalho desenvolvido no âmbito de Cidad...Nós Propomos! Autocarros Elétricos - Trabalho desenvolvido no âmbito de Cidad...
Nós Propomos! Autocarros Elétricos - Trabalho desenvolvido no âmbito de Cidad...
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffffSSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptxSeminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
Antero de Quental, sua vida e sua escrita
Antero de Quental, sua vida e sua escritaAntero de Quental, sua vida e sua escrita
Antero de Quental, sua vida e sua escrita
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 

2014 09-04 - ler aprender gn 3 ceb - vencedor - ups - beatriz duarte 7 - 8b - vb

  • 1. “Ups...” Ouvi o meu telemóvel tocar e aproximei-me dele rapidamente, vendo a foto do João no meu ecrã. Atendi, dizendo um simples “Olá”. João reparou que a minha voz estava um pouco mais melancólica que o normal e perguntou-me: - Tess, que se passa? Adorava quando ele me chamava assim e, por isso, ri um pouco. Respondi-lhe, tentando esconder a mentira na minha voz: - Nada, estava só com saudades tuas. Bem, em parte era verdade. Imaginei-o a sorrir e a formar as covinhas que tanto adoro. A verdade é que estava atrasada 3 semanas e, realmente, tinha medo, pois, da última vez que tínhamos feito amor, esquecêramo-nos do preservativo. - Posso resolver isso num instante- disse-me e eu ri um pouco para não o preocupar.- Não queres vir cá? Os meus pais saíram e podíamos aproveitar para estarmos juntos! Eu queria, mas tinha combinado ir à farmácia com a Joana comprar o teste de gravidez, por isso respondi-lhe: - Combinei ir ter com a Joana, desculpa. Ouvi-o bufar do outro lado da linha e ri com a sua reação. - Está bem, mas amanhã és toda minha. - Com certeza. Ambos rimos e, depois de falarmos mais um pouco, desliguei, retribuindo o “Amo-te” que ele me tinha dito. Deitei-me na cama, pensando no que iria fazer. Como é que me fui meter nisto? Devia ter-me lembrado de colocar o preservativo. Calma, Teresa… pode ser apenas um atraso, ainda não tens certeza de nada. Uma reduzida esperança percorreu o meu corpo, mas o meu subconsciente, tão bom que é, relembrou-me logo que eu não tinha atrasos na menstruação. Desde os meus 13 anos que fui certa e não era agora, aos 16 anos, que isso iria mudar. E se ele não quiser o bebé? O João sempre adorara bebés, mas acho que nenhum de nós estava pronto para ser pai ou mãe. Eu tenho apenas 16 e ele 17 anos! E os meus pais? O que irão dizer?! Os meus pensamentos foram interrompidos pela porta a bater. Gritei um “entre” e vi a Joana furiosa. Olhei para as horas e reparei que estava atrasada. Muito atrasada. Tinha combinado com ela às 15h da tarde e eram já 15h20.
  • 2. - Desculpa. Desculpa. Desculpa. Desculpa. – repeti, tentando acalmá-la – Eu sei que estou atrasada, mas perdi-me no tempo… estive só a pensar no que pode acontecer se… se… – não conseguia dizer a palavra e, por isso, escondi a minha cara com as minhas mãos. A Joana correu, literalmente, para mim, abraçando-me logo de seguida. As lágrimas ameaçavam mostrar-se, porém fiz um esforço para que elas continuassem no devido lugar. - Não estás grávida, tem calma. – Joana tentou animar-me, mas era tarde de mais. Já estava a chorar compulsivamente. Molhei a camisola toda da Joana, mas ela não pareceu importar-se. Quando finalmente parei de chorar, corri até à casa de banho para vomitar. Isto era mau, muito mau. Mudanças de humor repentinas e enjoos... Alguns dos sintomas para determinar se há gravidez. Saí da casa de banho e dei um sorriso mínimo à Joana. - Vamos? – perguntei-lhe, querendo despachar este assunto - Já lá fui e já comprei o teste –disse ela, mostrando-o na sua pequena mão. Voltei a sorrir-lhe fracamente e agradeci-lhe. Ambas nos dirigimos para a casa de banho e ela deu-me o teste. Como já tinha urinado para um pequeno frasco, apenas coloquei o teste lá, como vinha nas instruções. Não queria olhar e por isso virei a cara. - Tem calma, Tess. Vai correr tudo b… – Joana parou de falar e, num impulso, olhei para o teste. Estava grávida! Há 2 semanas. E o meu mundo caiu. Uma dor horripilante e medrosa percorreu todo o meu corpo. Olhei para a minha barriga e, por uma razão desconhecida por mim, coloquei a minha mão sobre a mesma. Subitamente, ganhei um ódio incondicional pelo bebé que se encontrava dentro de mim. Olhei para Joana, que já tinha lágrimas nos olhos. Como eu odiava vê-la a chorar! - Não te preocupes, Joana. Eu vou ficar bem. – disse-lhe, tentado sorrir ao máximo – Eu vou abortar. Eu tenho de o fazer. Não existe uma outra opção. - Não! Vais destruir a vida de um bebé que não teve culpa nenhuma! – disse ela, gritando na minha cara. - E a minha vida?! Esta coisa vai arruiná-la para sempre! Como achas que vou ficar quando ouvir os comentários de toda a gente?! E a minha mãe?! Como achas que ela vai reagir?! Eu tenho que abortar, é a única solução. - Não. Não vou deixar que o faças. É errado. - Errado foi o que fiz sem tomar precauções, e agora preciso me livrar desta consequência! Isto vai arruinar-me. – disse eu chorando.
  • 3. Joana saiu do meu quarto a correr, possivelmente devido a já não aguentar mais as lágrimas nos seus olhos. Queria gritar-lhe para que ficasse comigo, mas não tinha forças para o fazer. O meu corpo caiu no chão e, nesse momento, senti que estava, lentamente, a cair do precipício ao qual chamamos vida. As lágrimas caiam-me dos olhos como um rio e eu não sabia o que fazer para acabar com toda esta dor. Quando finalmente parei de chorar e clareei as minhas ideias, decidi ir a casa de João. Ele tinha o direito de saber. Afinal, ele era o pai. Imaginei uma rapariga que estava grávida, mas que não sabia quem era o pai do bebé. Dei por mim a rir, com este pensamento. “És tão idiota, Tess”, pensei para mim mesma. Cheguei a casa de João e bati à porta. Ele abriu-a rapidamente, abraçando-me logo de seguida. Normalmente, ele beijava-me antes de me abraçar, mas desta vez foi diferente. “O teu aspeto, Tess” disse-me uma vozinha na minha cabeça. Claro. Devia estar com um aspeto horrível, os meus olhos estavam inchados e vermelhos de tanto chorar e, logo que ele reparou, fez o que sempre fazia, abraçou-me e sussurrou-me que me amava. Não queria romper este abraço, mas tinha de o fazer. Tinha de olhar para os seus olhos verdes e encará-lo. - Que se passa, amor? – perguntou. Ao ouvir a sua voz, sorri. Era impossível olhar para ele e não sorrir, mesmo com esta dor no meu peito. Entrámos, sem eu dizer nada, e subimos até ao 2º andar. Quando já nos encontrávamos no seu quarto, ele olhou-me com preocupação. Nunca fui boa a exprimir o que sinto, por isso fui direta ao assunto. Sim, eu sei que as coisas não são assim, mas como é que digo ao rapaz que amo que estou grávida dele? - Estou grávida. – afirmei sem pensar duas vezes. A sua boca formou um autêntico ‘o’ e os seus olhos arregalaram-se perante tal surpresa. Agora que penso bem, talvez tenha sido má ideia! Quer dizer, a dor que eu estava a sentir deve estar agora a duplicar-se e a apoderar-se dele. Fui surpreendida pelo seu sorriso, assim que ele percebeu as minhas palavras. Abraçou-me novamente e beijou-me. - Não estás preocupado? – perguntei com medo da sua resposta. - Não, de todo! – disse, mostrando um entusiasmo que me surpreendeu ainda mais, fazendo-me arregalar mais os olhos. - Eu amo-te, Tess, e quero ter uma vida contigo. Quero um filho teu. Quero ser feliz a teu lado. Voltou a beijar-me, mas desta vez libertei-me dele, pedindo-lhe para parar. - Vou abortar. – disse, tentando acabar com o seu entusiasmo.
  • 4. - O quê?! Não. Não podes sequer estar a pensar nisso! – o seu tom de voz aumentou gradualmente o que me fez encolher um pouco. - Que queres que faça? – perguntei-lhe, abrindo-me um pouco, para não mostrar quão receosa estava. - Que venhas viver comigo, que te cases comigo, que tenhas o bebé comigo a segurar-te na mão. Quero-te a ti. O meu sonho está finalmente a tornar-se realidade e eu não vou desistir dele! – exclamou, convicto. - Eu também quero isso, mas não agora. Não vou ter um bebé aos 16 anos. Não me podes obrigar a tê-lo. – afirmei, contendo as lágrimas que ameaçavam mostrar-se ao mundo. – Não agora. Desculpa, mas não posso. - Não podes, como? Tess, por favor. Se não o fazes por ele… – disse, tocando na minha barriga o que me provocou vários arrepios agradáveis - … fá-lo por mim. Tem esse bebé por mim. Por favor, Tess. Eu quero ser pai, quero ser o pai desse filho. Por favor. As suas palavras entraram na minha cabeça, fazendo-me hesitar, mas não mudar a minha decisão. - João, eu… - já não sabia o que dizer, estava sem forças – eu… eu… eu amo-te, mas… mas eu não consigo. Desculpa. – finalizei, mordendo o meu lábio inferior. - Não consegues, como? - Não consigo. Simplesmente não consigo. – insisti. - Mas porquê? - Porque não! – e dito isto comecei a chorar. - Calma, Tess. – disse, abraçando-me – Estás de quanto tempo? - Duas semanas, acho. – informei entre soluços devido ao choro. - Ainda temos oito semanas para decidir o que vamos fazer. Se quiseres abortar tem de ser nas primeiras dez semanas. Como é que ele sabia tanto sobre isto? Não sei, mas também não me interessava. Questionei-me a mim própria se ele já tinha planeado um bebé comigo e que, por isso, tinha pesquisado algumas coisas na internet, mas logo voltei à realidade, sabendo que isso era um completo absurdo. O abraço, que ele estava a prolongar cada vez mais, acalmou-me e, quando deixei de chorar, ele largou-me, deixando-me a pedir por mais. Beijamo-nos uma e outra vez, até que o meu telemóvel tocou. Olhei para o visor e vi que era a minha mãe. Atendi e ela disse-me para vir para casa, pois era hora de jantar. Menti-lhe, dizendo que iria dormir a casa da Joana e ela não me impediu, fazendo-me sorrir um pouco.
  • 5. - Vou ter companhia esta noite, não vou? – João perguntou, adivinhando já o meu plano. - Vês como sabes. – disse-lhe com um dos meus maiores sorrisos. O seu sorriso fez com que toda a dor desaparecesse, fez com que me sentisse viva, fez com que eu me esquecesse de todos os meus problemas, fez com que eu me sentisse feliz. Voltei à realidade quando a sua mãe bateu à porta e ele gritou um “entre”. Sorriu quando nos viu. Eu estava sentada e ele encontrava-se deitado nas minhas pernas. - Eu e o teu pai vamos a um jantar e voltamos tarde. Tenham juízo. Dito isto fechou a porta, deixando-nos com a casa só para nós. Um sorriso malicioso apareceu no rosto de João, o que me fez rir um pouco. - Tenho fome. – disse, depois de ouvir o meu estômago a roncar. - Exato, agora tens de comer por dois. – comentou, fazendo-me rir um pouco. Ele desceu e fez o jantar, enquanto eu fiquei deitada na sua cama, à sua espera. Para ser sincera, eu estava confusa. Não sabia se havia de abortar ou ter o filho com ele. Decidi fazer uma lista de prós e contras. Dirigi-me até ao escritório e peguei numa folha e numa caneta, indo por fim até à cozinha. Assim que o João me viu, um sorriso iluminou a sua cara. - Vamos fazer uma lista de prós e contras, ok? - Às vezes, tens boas ideias! – exclamou, pondo a língua ligeiramente de fora Sentei-me na mesa da cozinha e tracei um risco a meio da folha, escrevendo “prós” e “contras”, um de cada lado. - Primeiro os “contras” – disse-lhe. - Nada. Não vejo nenhuns. – referiu ele depois de fingir estar a pensar Revirei os olhos perante a sua afirmação e comecei a nomear alguns dos problemas que iria ter se quisesse continuar com a gravidez: - Demasiado nova; comentários de toda a gente; o meu corpo vai mudar; não vou poder ir para a faculdade; não vou poder sair à noite; a reacção dos nossos pais vai ser má; as dores do parto; o meu organismo não está preparado para que o bebé cresça saudável … Mas logo parei, farta de ouvir o João a bufar sempre que eu dizia alguma coisa. Ele chegou-se ao pé de mim e retirou-me a caneta da mão. - A idade é só um número – disse, riscando o primeiro ‘contra’.– As outras pessoas não interessam, apenas eu, tu e o bebé. – continuou, riscando agora o segundo ‘contra’ e dando-me um beijo na testa. Para todos os ‘contras’, ele arranjava uma solução e riscava o que tinha escrito, o que me deixou ligeiramente irritada. Ele disse que eu poderia ir para a faculdade, pois iria contratar uma baby-sitter para o bebé (os pais dele eram ricos); que, para sairmos à noite, poderíamos pedir aos
  • 6. meus pais ou, então, aos dele; que a reação dos nossos pais iria ser má, mas que no final iriam apoiar-nos; que as dores iriam diminuir, pois ele iria estar sempre ao meu lado; que se fizesse uma alimentação saudável e recomendada pelo médico, tudo correria bem. E, para finalizar, disse que me ia apoiar em tudo. E, com isto, já não existiam “contras” e o único “prós” que encontrava era o facto de que o bebé iria fortalecer a nossa relação. Finalmente a comida estava pronta e, como é óbvio, comi até não conseguir mais. Ele era um bom cozinheiro e eu gostava bastante dessa qualidade dele, pois, apesar de nunca o admitir, não sei cozinhar. Jogámos playstation e, para variar, ganhei. Pulei de alegria e, para minha surpresa, ele puxou-me para si e beijou-me a barriga. Gostei do seu pequeno, mas perfeito, gesto e, por isso, sorri. Sorri, como se quisesse aquele bebé, como se eu sentisse necessidade de o proteger, de o amar. Eu queria ter uma vida com o João, e porque não agora? Sim, somos novos e tudo mais, mas sempre ouvi dizer que “a vida são dois dias”. Sim, talvez não se aplique a este contexto, mas que interessa? O João tinha razão. Eu ia ter este bebé, custasse o que custasse. Instantaneamente, rodeei a minha ainda pequena barriga com os meus braços, gesto que fez com que João sorrisse. Depois de algumas brincadeiras fomos para o seu quarto e, depois de vestir uma t-shirt sua, adormeci nos seus braços. Acordei com os raios de sol a entrarem pela janela. Virei-me para o João e viu-o a olhar para mim com o sorriso que eu tanto amava. - Bom dia, princesa. – saudou-me, rindo ainda mais por eu ter beijado as suas covinhas. - Bom dia, amor. – retribui, dando-lhe um beijo logo de seguida. Ele levantou-se, mas eu continuei na cama cheia de preguiça. Observei-o a tirar a sua roupa e dirigir-se à casa de banho para tomar um duche rápido. Quando ele voltou, ainda estava na cama, o que fez com que ele me puxasse para eu me levantar. Fui tomar um duche rápido, vesti- me e, quando dei por isso, tinha o pequeno-almoço na cama. Ri um pouco e juntei-me a ele que já estava a comer panquecas. Anunciei-lhe que queria ter o bebé e ele pulou de alegria, beijando-me várias vezes seguidas. Decidimos que naquele dia iríamos a um médico verificar se eu me encontrava mesmo grávida. E assim aconteceu, durante a tarde fomos ao hospital e, segundo o médico, eu encontrava- me grávida já de 3 semanas. Decidimos contar imediatamente aos nossos pais. Apesar de estar cheia de medo, tinha de lhes dizer. Foi difícil dizê-lo à minha mãe, mas, entre muitas lágrimas e gritos, ela acabou por aceitar o bebé e até disse que na consulta seguinte queria ir também. Sorri-lhe francamente e depois
  • 7. dirigimo-nos para a casa do João. A reação dos seus pais foi bastante parecida com a dos meus, por isso já sabíamos, à partida, o que haveríamos de dizer ou fazer. E de repente, a dor tinha desaparecido e dado lugar a uma felicidade inexplicável. Eu amava o meu filho. Amava-o como se fosse a única pessoa do mundo. E ainda nem sequer o tinha visto ou sentido. Senti-me obrigada a ir ter com Joana e, quando lhe contei, ela pulou de felicidade e até chorou! E assim se passaram 3 meses. Era a altura de fazer a primeira ecografia, a das doze semanas, e eu não podia estar mais preparada do que isto. Assim que vi o meu bebé pela primeira vez, uma sensação magnífica até aí desconhecida por mim percorreu o meu corpo e eu não conseguia parar de sorrir. O João agarrava-me a mão e eu estava realmente feliz por isso. Já tínhamos planeado a nossa vida juntos. Iríamos viver para o centro da cidade num pequeno apartamento e, sempre que precisássemos, deixávamos o bebé em casa dos meus pais ou dos dele, pois ficávamos relativamente perto. Ele iria trabalhar com o seu pai na empresa da família e iríamos ganhar o nosso próprio dinheiro. O casamento ficou agendado para dali a dois anos, quando eu já estivesse na universidade e quando o bebé já andasse. Tudo era perfeito! Na segunda ecografia, descobrimos que o bebé era um rapaz e decidimos dar-lhe o nome de Lucas. Todas as outras ecografias correram bem e o Lucas estava bem e saudável. Continuava tudo perfeito! O parto correu bem. O João esteve lá para me apoiar e os médicos foram profissionais. Estava a ser tudo perfeito! Depois do nascimento, fizemos a mudança e vivíamos felizes na nossa pequena, mas confortável e acolhedora casa. Passámos pelo período em que os dentes do nosso pequeno Lucas começavam a nascer, um período de noites em claro, juntos. E a perfeição reinava a minha vida. O casamento foi tal e qual como eu tinha sonhado. Eu estava agora na universidade, mas, para dar mais atenção ao Lucas, estava a tirar o Curso de Humanidades pela internet e tinha aulas durante as horas em que ele dormia. Era um bocado difícil, pois a matéria era cada vez mais e eu já não tinha tempo para tudo. Ainda assim, continuava tudo perfeito! O tempo ia passando: o meu filho já andava sozinho; eu continuava com os meus estudos; o João continuava a trabalhar e a ganhar dinheiro. Tínhamos alguns problemas financeiros, mas nada de preocupante. Porém, já nem tudo era perfeito, e eu começava a perceber que a perfeição não existia. Um dia, estávamos em nossa casa a dormir e o Lucas não parava de chorar. Já me tinha levantado 3 vezes e já estava farta de ser apenas eu a levantar-me.
  • 8. - Vai lá tu, ainda não foste nenhuma vez hoje – disse-lhe, meia ensonada. - Mas por que raio tem ele de chorar tanto? – perguntou-me com irritação presente na sua voz. - Ou são os pesadelos ou está com cólicas. – informei-o. Ele reclamou baixinho, mas acabou por ir acalmá-lo. Quando voltou, murmurou que já estava farto disto, o que foi equivalente a ter-me dado uma estalada. A dor alastrou-se quando ele se virou de costas para mim, em vez de me abraçar, como costumava fazer. Ele tinha mudado muito, já não era o mesmo rapaz que me costumava amar. Agora, ele andava distante, como se não quisesse saber de mim, como se não me amasse, como se não amasse o nosso filho, como se quisesse mudar de vida. E isso estava a matar-me psicologicamente. O Lucas chorou mais 2 vezes e, só mesmo para não variar, fui eu que me levantei e o fui acalmar. Eu amava o meu filho, mas isto já cansava. Quando decidi não abortar, eu pensava que o João me ia ajudar em tudo, ele próprio o disse. Mas enganei-me! Ultimamente, saía todos os dias à noite e só regressava bastante tarde, o que me incomodava profundamente. Porém não lhe dizia nada por uma questão de orgulho e de medo. Os dias passavam e a rotina tornava-se desgastante: acordava, o João fazia o pequeno- -almoço para mim e para ele e eu fazia o do Lucas, o João ia trabalhar, eu ficava a tomar conta do Lucas e chorava quando ele dormia (com o tempo vim a descobrir que ser uma mãe adolescente não era tão fácil como parecia), dava de comer ao Lucas (o meu jeito para a culinária não melhorara e, por isso, o João deixava sempre algo que eu pudesse aproveitar), tinha aulas durante a tarde, o João chegava e fazia o jantar (a única refeição que tenho comido ultimamente), via o João a sair de casa às vinte e uma horas e a regressar às duas da manhã do dia seguinte com a desculpa de ir trabalhar mais um pouco, esperava por ele e deitávamo-nos os dois já sem dizer “amo-te” um ao outro. Aquele dia não fora exceção. Houve apenas uma diferença: o João não me deu um beijo antes de sair de casa, nem me disse adeus, nem nada parecido. A nossa relação estava cada vez pior. Pensava que, ao ter o bebé, nunca mais me iria separar dele. Pensava, pois… Já passavam das três da manhã e o João ainda não tinha aparecido em casa. Isto não podia continuar, simplesmente não podia. Liguei à minha mãe, que estava a par da situação, e pedi-lhe para ela vir buscar o Lucas e ficar com ele no dia seguinte. Passados 10 minutos, a minha mãe chegou e levou o bebé. Peguei nas chaves do carro e dirigi-me ao escritório onde João trabalhava, conduzindo o mais rápido que me era permitido. Como eu calculava, ele não estava lá. “É claro
  • 9. que ele não está cá.” O meu subconsciente disse-me, fazendo-me perceber o óbvio. Dirigi-me para o café da zona e entrei. E mais uma vez acertei, ele estava lá. A beijar outra rapariga! Os meus olhos encheram-se de lágrimas, mas contive-as, já que toda a gente se encontrava a olhar para mim. O olhar dele dizia-me tudo. Ele não queria saber. E o sorriso dele deu-me a confirmação de que ele se encontrava bêbado. Como é que ele foi capaz de fazer aquilo?! Ele prometeu, caramba! Prometeu que iria ficar comigo, prometeu que iríamos ficar juntos para sempre! Como é que uma pessoa consegue esquecer uma promessa assim tão facilmente?! Ele disse que me amava! Como é que alguém pode dizer isso, sem o sentir?! Já passáramos por tanto e à mínima dificuldade ele desistia?! Quer dizer, eu sei que não é mínima, mas o pior já passara e ele desistia depois de termos conseguido tudo isto?! Não compreendia. Se ele não me amava agora, nunca me amara…E isso doía, doía saber que tudo não passara de mentiras… Queria ir até ele e gritar-lhe na cara tudo o que estava a pensar, mas não conseguia. O meu corpo parecia colado ao chão e, se eu não conseguisse chegar até ele, iria gritar-lhe tudo ali, sem me preocupar com as pessoas à nossa volta. Abri a minha boca para poder falar, mas nenhum som saiu. Sentia-me perdida e não sabia o que fazer, por isso fugi, tentando livrar-me daquele mar de dor, no qual me estava a afogar cada vez mais. Assim que cheguei a casa, desabei e deitei fora tudo o que estava a guardar desde que os tinha visto a beijarem-se. Os olhos ardiam-me e, na minha garganta, formava-se um nó que eu era incapaz de desfazer. Fui deitar-me, mas antes fechei todas as portas. Esperava que ele tivesse a decência de não voltar, pelo menos durante uns tempos. Flashbacks passavam pela minha cabeça, fazendo a dor aumentar. Claro que a noite foi passada em claro. No dia seguinte, mandei uma mensagem à minha mãe a pedir para ficar com o Lucas durante um tempo e ela não se importou, claro. Telefonei ao advogado da minha família e pedi- lhe que viesse até minha casa, pois não estava com disposição para ir ao seu escritório que ficava do outro lado da cidade. Quando ele chegou, falei-lhe que queria o divórcio e ele disse-me que em dois dias, no máximo, os papéis estariam prontos e que bastava eu e o João assinarmos. O único problema era o Lucas! Teríamos de ir a tribunal para decidir quem iria ficar com a sua guarda. Tinha que ser minha. O Lucas era tudo o que tinha e não estava disposta a perdê-lo. E os dias foram passando, até já ter passado uma semana desde o acontecimento que eu preferia não recordar. Já tinha os papéis do divórcio e estava apenas à espera que o João viesse cá a casa. Visitava o Lucas em casa da minha mãe, mas ainda não estava estável o suficiente para cuidar dele sozinha.
  • 10. Tinha adormecido no sofá e acordei com alguém a bater à porta. O meu aspeto estava horrível, mas ignorei isso e fui abrir a porta. Era ele. Ele estava à minha frente com preocupação no seu olhar. “Ai, agora é que estás preocupado?” - João…– a minha voz estava um pouco trémula, mas tendo em conta tudo, acho que era normal. - Teresa. – chamou, seguro de si próprio. Ele nunca me chamava assim, era sempre “Tess”. Isso é mau, muito mau. Ele tentou entrar dentro de casa, mas eu não deixei. Não sabia o que lhe dizer, por isso limitei-me a olhar para os seus olhos verdes. - Nós precisamos de falar. – disse, quebrando o silêncio que cada vez se tornava mais constrangedor. - Não quero falar sobre o que vi, mas sim do nosso futuro. Entra. – disse-lhe, com o objectivo de o fazer assinar os papéis. Ainda se encontrava tudo na mesa da cozinha, por isso apenas me dirigi até lá, ouvindo os seus passos atrás de mim. - Quero o divórcio. - O quê? – ele levantou ligeiramente o tom de voz. - Ouviste bem. Agora assina aqui. – disse apontando para o espaço que o advogado me tinha indicado – Vais ficar com metade dos pertences, tal como eu. Se não concordares, telefono ao meu advogado e podemos negociar. - Não vou assinar isso, Tess. - Tu o quê? - Não vou assinar. (“ Tinhas de ser assim tão teimoso?!”) – Não antes de falarmos sobre ‘nós’. - Não existe um ‘nós’, existes tu e existo eu, pessoas que já não têm nada a haver uma com a outra. – o seu olhar encontrava-se na minha mão. – O que foi? Pensavas que te ia perdoar e simplesmente esquecer o que vi e senti?! - O teu anel? – perguntou, ignorando a minha pergunta retórica. - Ahh? – fiz-me de desentendida. - A tua aliança. Está onde? - No lixo. Na verdade, estava apenas na sua almofada, para que eu tivesse algo que me lembrasse sempre dele, mas não me ia mostrar fraca.
  • 11. Olhei para a sua mão e a aliança continuava no seu dedo, o que me surpreendeu. Observei- o a assinar os papéis e a retirar a sua aliança violentamente, colocando-a em cima da mesa. - Podes afastar-te de mim, mas o Lucas vai ser meu. – e dito isto dirigiu-se até à saída, pegando, pelo caminho, o saco que continha toda a sua roupa. Assim que ouvi a porta bater, perdi todas as forças e as lágrimas que estava a conter mostraram-se agora desesperadamente. Fui tomar um banho e decidi ir fazer uma visita ao Lucas, já estava com demasiadas saudades dele. Achei que estava pronta para o trazer para casa, o que me fez querer acelerar um pouco mais. Quando o Lucas me viu correu logo para mim, abri os braços e girei-o no ar, fazendo-o rir. - Olá, meu amor. – disse-lhe docemente. Pousei-o no chão, deixando-o continuar a brincar, e fui falar com a minha mãe. Contei-lhe o que era necessário e ela apoiou-me no divórcio e disse-me que o João nunca iria conseguir tirar o Lucas de mim, pois eu era a mãe. A minha mãe disse que era melhor irmos viver para lá por causa da comida. Eu sei que não sou boa na cozinha, mas sei desenrascar-me! Acabei por aceitar, pois assim iria ter ajuda em tudo. Voltei à minha antiga casa e arrumei tudo o que era meu, pondo todo o tipo de coisas no carro. Depois, mandei uma mensagem ao João a dizer “Fui-me embora da que era a nossa casa, podes voltar lá, porque eu nunca mais lá volto.” Ele não respondeu, mas também não me importei com isso. Era incrível como eu e o João tínhamos namorado 3 anos, mas estivemos apenas casados um ano. Realmente, a vida dá muitas voltas. Os meses seguintes foram passados em tribunais para resolvermos a questão da guarda do Lucas. Já estávamos no tribunal e quem estava a depor era o João. Ele dizia que tinha melhores condições económicas para tratar do Lucas e a raiva crescia demasiado rápida dentro de mim. Quando fui eu a depor, falei sobre o amor, sobre o carinho que uma mãe pode dar. Falei o quanto amava o meu bebé, como eram as nossas brincadeiras, falei de tudo o que me veio à cabeça. Eu sabia que não era suposto fazer isso, mas se não o fizesse as hipóteses de ficar com a custódia de Lucas seriam reduzidas e isso não podia, de maneira alguma, acontecer. Falei da primeira vez que o levei a passear no parque, da maneira como ele ria ao ouvir os pássaros a cantar, de como ele largava sempre os balões, e da sua primeira palavra: “mamã”. Todos ficaram bastante comovidos ao ouvir isto, exceto o juiz que parecia querer despachar-se. Bem, não era o único. Já nos encontrávamos todos sentados nos devidos lugares, quando o juiz anunciou:
  • 12. - A guarda da criança é entregue à mãe. O pai irá ficar com a criança de 15 em 15 dias, aos fins-de-semana e poderá estar com ela sempre que a mãe o permitir. Caso encerrado. – o martelo soou. Eu, Teresa Martins, com apenas 18 anos de vida, tenho um filho com apenas ano e meio e sou uma mãe feliz. Beatriz Duarte, nº 7, 8º Ano, Turma B 3ª Ciclo – Género Narrativo Nota: Conto produzido na temática da “Saúde”.