Produto final de trabalho resultante da atividade "As notícias viajam" http://arquivoe-portugues.blogspot.com/2012/01/as-noticias-viajam.html .
Autores:
Lara Trindade, Nuno Faustino e Gonçalo Marques (8ºA)
O livro da minha vida: A Pirâmide Vermelha, de Rick Riordan
Caso joana cipriano
1. Língua Portuguesa
8º ano – 1º período
Professora: Rosalina Simão Nunes
2. Quando nos foi proposto este
trabalho, muitas ideias e
diferentes notícias começaram
a surgir. O tema que
escolhemos foi um assassinato.
O caso de Joana Cipriano fala-
nos do desaparecimento de
uma menina de oito anos, que
mais tarde foi descoberto ser um
homicídio, embora o seu corpo
nunca tenha sido encontrado.
3. Caso Joana: Leonor Cipriano
admite tese da venda
Condenada a 16 anos de prisão pelo homicídio da
filha, Leonor Cipriano reconhece ter participado num
esquema para vender Joana a um casal sem filhos,
que a levaria para o estrangeiro. Mas o negócio
correu mal.
Segundo uma declaração de oito páginas hoje
apresentada à comunicação social pelo seu
advogado Marcos Aragão Correia, Leonor Cipriano
admite ter sido cúmplice do irmão, João Cipriano,
num esquema que pretendia realizar dinheiro em
troca da venda da criança, entregando-a a um
casal sem filhos.
Leonor Cipriano refere ainda que segundo as
informações do irmão - também ele condenado
pelo homicídio e ocultação de cadáver da criança -
Joana seria levada para o estrangeiro, a troco de
dinheiro, e que ambos teriam de inventar uma
história para o seu desaparecimento, uma vez que a
lei não lhes permitia entregá-la para adopção ao
casal.
4. Leonor Cipriano durante o
julgamento que a condenou a
16 anos de prisão
José Ventura
Segundo a nova versão de Leonor, a 12 de Outubro
João terá agarrado num saco de plástico com
roupas, depois de ter combinado entregar
Joana, mas terá regressado uma hora e meia mais
tarde, sem o dinheiro e com sangue nas calças. João
terá então confessado que o casal não tinha o
dinheiro e que Joana se apercebera de tudo e
ameaçara contar, pelo que acabou por espancá-
la, provocando-lhe a morte. O corpo teria sido
enterrado Lá para cima nos montes da Figueira.
A declaração terá sido obtida quinta-feira à
tarde, no Estabelecimento Prisional de
Odemira, aquando da visita a Leonor por parte do
advogado, que agora quer que o Ministério Público
abra um inquérito para efectuar novas buscas na
Figueira e para identificar o casal que queria
'adoptar' Joana.
Mas, na prática, para abrir um novo inquérito de
pouco ou nada servirão estas declarações, uma vez
que tanto Leonor como João Cipriano já foram
condenados por homicídio e a sentença transitou
em julgado.
5. Leonor, aliás, já tinha culpado o irmão pela morte da
filha aquando dos interrogatórios da Polícia, que não
foram tidos em conta uma vez que ambos se
remeteram ao silêncio em tribunal. Mas se é pouco
provável que o Ministério Público reabra o 'caso
Joana', certo é que as declarações de Leonor
poderão ter impacto no desfecho do Tribunal de Júri
que está a julgar as alegadas agressões à mãe por
parte de elementos da Polícia Judiciária, isto apesar
de na mesma carta Leonor reafirmar que foi espancada
pela PJ.
Fonte:JN
6. Doze de Setembro de 2004. Joana Isabel Cipriano
Guerreiro, oito anos de idade, caminha pela rua
principal da pequena aldeia da Figueira, em dia
de Festival do Berbigão. São oito e vinte da noite.
Entra na Pastelaria Célia, dirige-se ao balcão e
pede um pacote de leite e duas latas de conserva
de atum. Tira do bolso quinze euros, recebe o
troco, pega no saco das compras e regressa a
casa.
O sol já se escondeu, mas ainda há luz suficiente
para alumiar o caminho. Joana regressa ao
calvário, com o sorriso da tristeza no rosto. O
único que conheceu.
É vista pela última vez junto à Igreja, a meio
caminho do destino. A casa do Senhor estava
fechada. São oito e meia. Falta pouco para a
morte a vir buscar, da forma mais cruel: sem dó
nem piedade.
7. Joana cumprira, tão-só, um ritual. Desde
pequerrucha se habituara a ir às
compras. Era ela, aliás, que se ocupava
da lida da casa. Estendia a roupa,
limpava o pó, cuidava dos dois irmãos
mais novos e ainda fazia os recados: "O
meu marido encontrou-a uma vez na
rua, à meia-noite. Tinha ido comprar
tabaco para a mãe", recorda uma
vizinha, já idosa, que a viu nascer e
crescer.
"Às vezes, pedia dinheiro. Uma tarde,
pediu cinco euros para 'ir comprar papa
para o bebé'. A senhora a quem se
dirigiu disse que lhe dava alguma
comida para levar para casa, mas
Joana disse-lhe que só queria dinheiro",
conta a habitante de Figueira. A família
chegou a receber a visita de uma
assistente social, que tinha como
objectivo averiguar se havia
necessidade de apoio, mas esta nunca
mais voltou.
8. A FAMÍLIA DE JOANA chegara à
Figueira há cerca de um ano, vinda da
aldeia da Companheira, arredores de
Portimão. A passagem pela
Companheira foi breve, apenas alguns
meses, mas todos se recordam da
pequena, que ali viveu na companhia da
mãe, do padrasto e dois irmãos, na casa
do companheiro da avó.
"Era uma menina bem-comportada,
simpática, mas um bocado triste", são
referências que se ouvem. Almerinda
Domingas, tia-avó de Joana, ainda se
lembra do dia em que lhe deu um
hamster para 'guardar', um mês antes do
final fatídico:
"Pediu-me para cuidar dele. O padrasto
não o queria em casa. Disse-lhe que
sim. Ela era uma miúda muito esperta,
muito difícil de enganar".
Fonte: Correio da Manhã
9. «Não me posso sentir culpada pela morte da Joana»
«Não me posso sentir culpada pela morte da Joana porque não a
matei. Uma pessoa não pode sentir-se culpada por uma coisa
que não fez nem nunca tentou fazer. Não a matei nem nunca
lhe bati», afirma Leonor Cipriano ao «24 Horas». «O meu
advogado pediu ao tribunal para serem ouvidas no julgamento
[que decorre no Tribunal de Faro] muitas pessoas que sabem
que eu nunca fiz mal à Joana. Todos queriam ir a tribunal dizer
a verdade, que me conheciam bem e que eu nunca maltratei
os meus filhos», garante na primeira entrevista desde que foi
presa.
Condenada a 16 anos pela morte da filha, Leonor Cipriano
assume apenas a «culpa» por ter confiado no irmão, que,
segundo diz, a convenceu a entregar a filha a um casal que
iria cuidar dela. «O bandido do João [o irmão] disse-me que a
Joana ia crescer na miséria, como eu, quase analfabeta, sem
estudos, sem dinheiro, que ia limpar retretes para o resto da
vida como a mãe». Foi então, que lhe falou do casal de
estrangeiros que não podia ter filhos e queria ficar com a
Joana e até lhe dava algum dinheiro para cuidar dos outros
dois filhos. «Convenceu-me de que isso era o melhor para a
Joana e para os meus outros filhos», diz Leonor.
Sobre o irmão, afirma que é «um monstro» que «raptou e
assassinou a Joana». «Nunca imaginei que nele fosse capaz
de fazer o que fez à minha filha».
10. Joana «está viva, mas no céu»
«Tenho a certeza de que ela está viva, mas no céu»,
diz, quando questionada sobre se acredita que a filha
possa estar viva. Leonor afirma que muitas vezes
«antes de dormir, ouvia Joana a chamar mãe mãe. Ela
está aflita ao ver a mãe presa por um crome que sabia
não ter feito».
«Para mim, a vida sem a Joana, a Laura e o Rúben
[outros dois filhos] tem sido um inferno», disse ainda,
adiantando depois, que não viu mais os outros filhos
desde que foi presa.
« Por que é que aqueles cobardes não bateram no
João Cipriano?»
Leonor Cipriano não poupa críticas à investigação do
caso. «Uma mãe perde uma filha e sem provas
nenhumas acusam-na de ter assassinado uma menina
e dão-lhe uma porrada de todo o tamanho para que ela
confesse uma coisas que não fez. Por que é que
aqueles cobardes não bateram no João Cipriano?»
«Deram-me porrada, socos, pontapés e atiraram-me ao
chão. Deram-me com um tubo de cartão duro na
cabeça, murros nos olhos, obrigaram-me a ajoelhar em
cima de cinzeiros de vidro, chamaram-me nomes»,
explicou depois dizendo que os inspectores «queriam
mostrar serviço. Tinham que arranjar culpados mesmo
que fossem inocentes».
Fonte: G-Sat
11. A 21 de Setembro, a Polícia Judiciária (PJ) interroga
Leonor Cipriano, suspeitando que a menina tinha
sido assassinada por ela e pelo tio. O corpo
nunca apareceu e o crime acaba por ser
confessado pela mãe. Segundo a confissão,
Joana não quis devolver pequenas quantias de
dinheiro à mãe, que acabou por matá-la
juntamente com o tio. Em Janeiro de 2005, Leonor
Cipriano revela que os agentes da PJ a
agrediram, em Outubro, para que confessasse ter
morto a filha. Os agentes garantem que Leonor se
tentou suicidar, justificando os ferimentos que
apresentava. O julgamento dos agentes que
alegadamente agrediram Leonor Cipriano só deve
acontecer em 2009.
Um dos arguidos do processo é Gonçalo Amaral, à
data coordenador da PJ de Faro e responsável
pela investigação. Mais tarde, voltaria a estar à
frente de um caso semelhante. A menina inglesa
Madeleine McCann, desapareceu na Praia da
Luz, em Portimão, a 4 de Maio de 2007 e ainda
não apareceu.
12. Em prisão preventiva, a mãe e o tio de
Joana Cipriano são acusados pelo
Ministério Público a 3 de Maio de
2005. Sobre eles recaem os crimes
de homicídio qualificado, profanação
e ocultação de cadáver. O
julgamento começa a 12 de Outubro
desse ano, treze meses depois do
desaparecimento da menina, a mãe
e o tio foram condenados, em
Novembro, a 20 e a 19 anos de
prisão, respetivamente. Após o
recurso para o Supremo Tribunal de
Justiça, a pena foi reduzida para 16
anos. Entretanto, a mãe e o tio
confessaram a familiares ter vendido
a criança para um casal no
estrangeiro e que apenas
confessaram tê-la morto por medo
da polícia.
Fonte: Diário de Notícias
13. Sem perdão,
Na quarta-feira, Leonor e João
Cipriano vão ser julgados, no
Tribunal de Portimão, por homicídio
qualificado. O corpo de Joana
nunca foi encontrado. Detida em
Odemira, a mãe não mostra
arrependimento.
Fonte: Correio da Manhã
14. O Tribunal de Faro, numa sentença muito aguardada, mas
muito pouco discutida, deu como provado que Leonor
Cipriano - que foi condenada pela morte da sua filha Joana
- foi torturada nas instalações da Polícia Judiciária de
Portimão.
O crime de tortura não pode ser atenuado pelo facto de
estarmos perante alguém que terá morto a sua própria
filha (dúvidas sobre se, de facto, foi ela voltaram a
levantar-se). A tortura - para mais praticada por agentes da
autoridade e de uma polícia de investigação - é um mal
absolutamente condenável. É cobarde, porque a vítima
está indefesa e à mercê dos torturadores; levanta dúvidas
sobre a própria realização da justiça, uma vez que fica a
incerteza se a confissão se deve ao facto de a arguida ter
dito a verdade ou a querer esquivar-se à dor infligida pela
tortura; é criminosa, porque demonstra a total falta de
respeito que aqueles que devem zelar pela lei têm pela
própria lei.
A absolvição destes agentes fica a dever-se apenas a um
facto: o Tribunal não conseguir provar quem participou nas
agressões. Tanto mais que outros dois inspetores da PJ
(entre eles o famoso Gonçalo Amaral) foram condenados
por falso testemunho, porque participaram naquilo que o
Tribunal deu por inventado - que Leonor Cipriano se terá
magoado ao cair numas escadas na sede da PJ de
Portimão.
15. Este facto diz também alguma coisa sobre a acusação. É
estranho que nenhum dos restantes elementos fosse acusado
de encobrimento ou de qualquer outro crime relacionado com
o facto de não ter - e sublinha-se que isto seria o seu dever -
denunciado os colegas que utilizaram a tortura.
O juiz está, pois, perante a barbaridade da tortura (determinada
por uma votação unânime de sete pessoas, quatro jurados e
três juízes), mas não consegue determinar qual foi o agente
que torturou efetivamente. E manda os quatro em paz. É
estranho, mas pode ter os seus motivos jurídicos.
O que é inadmissível é o diretor nacional da PJ, Almeida
Rodrigues, não tomar a iniciativa de, através de processo
disciplinar competente, tentar saber quem foi o autor ou os
autores da tortura.
Como é inacreditável que os nossos políticos - sobretudo aqueles
que se indignam tanto - e bem! - com os maus tratos nas
prisões em todo o mundo - se calem bem calados quando o
caso se passa aqui mesmo.
A única pessoa que pareceu minimamente preocupada com este
assunto foi o bastonário da Ordem dos Advogados, o mesmo
que está, por outros motivos, sob o fogo de boa parte dos
seus colegas. De resto, nem juízes, nem magistrados do MP,
nem deputados, nem quase ninguém levantou a voz contra
este facto simultaneamente tão simples quanto detestável:
uma mulher - por muito criminosa que fosse - foi barbaramente
agredida na sede da Polícia Judiciária. Só se queixou porque
uma guarda da prisão a aconselhou a fazê-lo.
Quantos mais desgraçados destes foram torturados?
Fonte: Expresso