Este documento analisa os resultados das eleições autárquicas portuguesas de 2017. Resume que houve pouca mudança nos resultados em relação a eleições anteriores, com o PS e PSD continuando a dominar. A abstenção permanece alta, refletindo a desconfiança dos eleitores na classe política. Defende uma reforma no modelo de representação para torná-lo mais democrático.
Autárquicas 2017 – nada de novo no final da romaria
1. grazia.tanta@gmail.com 15/10/2017 1
Autárquicas 2017 – Nada de novo no final da romaria
O que se alterou? Os votantes situam-se ao nível de há 35
anos. As oligarquias partidárias mantêm o poder local sob
controlo. O PS/PSD continua a dominar a cena autárquica
e a chamada esquerda regride, quer através das grandes
perdas do PCP/PEV quer pela continuidade da irrelevância
autárquica do BE.
Isto resulta de haver uma enorme maioria de ingénuos ou
ignorantes que vai tolerando uma minoria de alarves que
vive regaladamente, agarrada ao pote.
É todo o modelo de representação que necessita de uma
funda remodelação para que se possam chamar
democráticos aos processos eleitorais em Portugal.
1 - Leitura histórica dos resultados eleitorais
2 - As eleições autárquicas e a dinâmica demográfica
3 - As eleições autárquicas e o poder de compra
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1 - Leitura histórica dos resultados eleitorais
A participação em eleições autárquicas para as câmaras revela uma relativa
estabilidade no volume dos votos partidarizados e um ligeiro aumento dos votos
em brancos e nulos nos últimos momentos eleitorais. A única variável com um
dinamismo visível nos quarenta anos de actos eleitorais relativos às câmaras é a
que corresponde à abstenção; uma realidade que se verifica também nas eleições
para a Assembleia da República, como analisámos, em devido tempo. Sabe-se,
em ambos os casos, que nas abstenções estão incluidas centenas de milhar de
pessoas ausentes, inexistentes ou inscritas em locais onde não residem há
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muitos anos; o que constitui uma situação reveladora da particular importância
que a classe política dá ao acesso ao pote, em detrimento da transparência
democrática.
No capítulo das votações do passado dia 1 observa-se uma quebra do volume de
abstenções, porventura relacionado com a descompressão resultante do
abrandamento da austeridade e a mudança de governo em 2015. Por outro lado,
o voto partidarizado, tendo embora aumentado face ao nível de 2013 revela-se
inferior ao de todas as eleições levadas a cabo depois de 1993 e com valores
semelhantes aos registados em… 1982; o que revela a grande desafeição da
plebe face à classe política.
Quarenta anos de eleições comportam alianças eleitorais várias, temporárias,
bem como forças políticas também temporárias, com maior ou menor relevância.
Procedemos, em seguida, a algumas agregações para que se consiga uma
grande aproximação ao que existe atualmente, para uma maior compreensão da
realidade presente e do caudal de situações que através do tempo
desembocaram no momento actual; mais precisamente, para o quadro expresso
na romaria eleitoral de 1 de outubro.
As diferenças programáticas entre os vários partidos não são vincadas mas
apenas construções conjunturais e mediáticas com o objetivo essencial de acesso
à chave do pote; as promessas eleitorais constituem bastas vezes um longo
cardápio de propostas ridículas ou afirmações redundantes. Damos como
exemplo, as comemorações do Dia da Criança ou do 25 de Abril, a promoção de
projetos de animação desportiva, a comemoração do aniversário da vila, a
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valorização do espaço rural, a modernização dos cemitérios, etc; nada que atraia
particularmente a população. Qualquer autarca sabe que o que tem tem
visibilidade e gera afluência de público são as feiras de calorias e os festivais
pimba, com imensos decíbeis emitidos para o ensurdecimento dos presentes.
Nesta vacuidade e falta de reais compromissos, devido ao bloqueio da
intervenção popular – o presidente da câmara é um soba com poder absoluto - as
eleições acabam por ser uma oportunidade de revelar apenas preferências
sentimentais, clubísticas, para parte substantiva da multidão dos votantes.
A ligação entre PSD, CDS e os pequenos PPM e MPT tem sido muito grande,
existe a ocorrência de todos os casos de combinação entre os vários emblemas a
concurso, o que legitima a consideração conjunta dos votos. Note-se que os votos
neste conjunto foram sempre superiores aos alcançados pelo PS, excepto nos
dois últimos actos eleitorais, em 2013 e 2017.
O PS normalmente apresenta-se sem coligações, se se exceptuarem alianças
eventais, com a extinta UEDS em 1982, a alargada coligação vigente no Funchal
desde 2013 ou as efémeras coligações com o PCP/PEV e outros no período
1989/2001, mormente em Lisboa.
No que concerne ao PCP/PEV, incluindo sob as fórmulas APU e FEPU foi
claramente afetada pela coligação com o PS atrás referida em 1989, mantendo
desde 1985 uma evidente decadência de votações que desemboca, em 2017,
pela primeira vez, abaixo dos 500000 votos. Quanto ao BE, mantém a sua
irrelevância autárquica desde sempre, embora em 2017 tenha recuperado do
desaire de 2013.
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Há que relevar o crescimento desde 2001 dos ditos grupos de cidadãos que, na
maioria dos casos, são apenas resultantes de divergências locais no seio dos
partidos, de protagonismos de oligarcas que se sentem ungidos catalizadores de
votos e, raras vezes de grupos de pessoas sem ascendências partidárias movidas
por antagonismo face à classe política. Aliás, o modelo oligárquico e anti-
democrático exarado no artº 10º nº2 tende a concentrar a representação política
numa classe política que funciona em sintonia corporativa, ao mesmo tempo que
encena grandes diferenças entre si, para garantir as várias canteras de habituais
votantes, convencidos que isso é a democracia; embora essas mesmas claques
sejam constituidas por porta-bandeiras que não decidem coisa alguma dentro dos
partidos que apoiam.
Entre os Outros sobressai o PAN que com cerca de 56000 votos subiu
substancialmente face a 2013, ano em que se cotou com uns 16000 votos; em
sentido oposto, observamos o célebre MRPP que se cotou com 12400 votos,
contra os 23300 recolhidos em 2013, mostrando assim que o regresso à liderança
por parte do seu líder histórico, nada beneficiou a notoriedade da agremiação.
2 - As eleições autárquicas e a dinâmica demográfica
Uma vez que o recenseamento eleitoral não representa fielmente a população
adulta, decidimos comparar os resultados eleitorais com a população residente
em 2015, última estimativa fornecida pelo INE, começando por observar as
mudanças, entre 2013 e 2017, nos dez concelhos com maior regressão
populacional e naqueles outros dez, onde a população mais aumentou de volume,
no período 2004/2015.
Mudanças na força maioritária nos
concelhos com maiores reduções de
população em 2004/2015
Mudanças na força maioritária nos
concelhos com maiores aumentos de
população em 2004/2015
2013 2017
Popul.
2004/15
(var %)
2013 2017
Popul.
2004/15
(var %)
ALCOUTIM PS PS -27,2 MONTIJO PS PS 36,3
MOURÃO PS PS -24,5 SANTA CRUZ PS JPP 34,3
VILA N. PAIVA PS PS -22,3 MAFRA PSD PSD 32,2
MONTALEGRE PS PS -21,5 ARRUDA VINHOS PS PS 29,1
ALIJÓ PSD
PSD/CD
S -20,4 ALCOCHETE PCP/PEV PS 25,7
IDANHA-A-
NOVA PS PS -20,3 PORTO SANTO PS PSD 18,2
MÊDA PS PS -20 PORTIMÃO PS PS 17,5
AGUIAR BEIRA
GRUPO
S GRUPOS -19,6 CASCAIS
PSD/CD
S
PSD/CD
S 15,9
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VILA FLOR PS PS -19,3 BENAVENTE PCP/PEV PCP/PEV 15,6
SABUGAL PSD PSD -19,2 SESIMBRA PCP/PEV PCP/PEV 15,2
Predomina uma perspetiva conservadora quanto à estrutura política dominante,
nos concelhos com maior regressão populacional, onde a única alteração
registada – Alijó – não constitui propriamente uma mudança; o mesmo sucede
nos concelhos de maior pujança demográfica no âmbito dos quais se observa o
ganho do PS de Alcochete ao PCP e que, em contrapartida, cedeu o ceptro em
Santa Cruz ao JPP, um partido político com raízes locais. Fica por saber, em cada
concelho, se as pessoas ao votarem aprovam a atuação recente de um partido,
assegurando-lhe a continuidade na condução da câmara ou, se o fazem, como
mal menor, por falta de confiança nos outros concorrentes. As grandes margens
de abstenção são, por outro lado, um misto de várias atitudes. Uma, será a de
desinteresse pela gestão camarária que aliás só se revela importante na vida de
cada um em áreas muito circunscritas; outra, poderá ser o desinteresse face ao
modelo de representação oligárquico e autoritário dos eleitos que se consideram
na maioria dos casos como sobas, com direito de decidir sem a inerente
obrigação de consultar ou colocar a população a decidir. Neste último caso
excepto, na fantochada dos orçamentos participativos, no âmbito dos quais à
plebe é concedido o direito de iniciativa sobre áreas que o poder considera
secundário e financeiramente residual. Nenhuma oligarquia camarária iria colocar
na decisão coletiva, elementos relativos ao urbanismo, à política de habitação, às
lesivas práticas de outsourcing, por exemplo.
Observemos em seguida as mudanças e as continuidades no grupo partidário
dominante registadas entre 2013 e 2017, a partir da situação registada há quatro
anos e avaliando a dimensão das populações contempladas com essas
mudanças e continuidades.
Mudanças de maiorias - situação de 2013 e sua evolução em 2017
Câmaras População - 2015
2013 2017 (nº) % (nº) % (a)
Área PSD/CDS em 2013
PSD/CDS PSD 3 0,97 59674 0,58
PSD/CDS PS 1 0,32 25480 0,25
PSD/CDS LISTAS 1 0,32 10060 0,10
PSD CDS 1 0,32 23661 0,23 1
PSD LISTAS 3 0,97 23237 0,22 1
PSD PSD/CDS 1 0,32 11093 0,11
PSD PS 15 4,87 369672 3,57 2
PSD/PPM L-PS 1 0,32 57246 0,55
CDS CDS 5 1,62 101135 0,98
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PSD/CDS/MPT/PPM PSD/CDS/MPT/PPM 1 0,32 61019 0,59 1
PSD/CDS/PPM PSD/CDS/PPM 2 0,65 258384 2,50 2
PSD PSD 66 21,43 1519044 14,69 12
PSD/CDS PSD/CDS 11 3,57 715969 6,92 3
111 36,04 3235674 31,29 22
Área PS em 2013
PS LISTAS 3 0,97 150026 1,45 2
PS-BE-PND-MPT-PTP-PANPS-BE-JPP-PDR-NC 1 0,32 105562 1,02 1
PS PSD 11 3,57 117610 1,14 1
PS PSD/CDS 3 0,97 77889 0,75
PS PS 132 42,86 4649156 44,96 32
150 48,70 5100243 49,32 36
Área PCP 2013
PCP/PEV PS 9 2,92 437745 4,23 3
PCP/PEV LISTAS 1 0,32 5357 0,05
PCP/PEV PCP/PEV 24 7,79 848583 8,21 7
34 11,04 1291685 12,49 10
Area LISTAS 2013
LISTAS PS 1 0,32 173451 1,68 1
LISTAS PSD 1 0,32 11052 0,11
LISTAS jpp 1 0,32 43925 0,42 1
LISTAS LISTAS 10 3,25 485300 4,69 2
13 4,22 713728 6,90 4
total 308 100 10341330 100 72
(a) casos de aumento de população
No caso das câmaras em 2013 na área PSD/CDS (111, correspondentes a 36%
do total e representando 31.3% da população), quatro passaram para os grupos
de cidadãos (Listas) e 16 transferiram-se para a área PS, não se registando caso
algum de mudança para o PCP/PEV; assim, 20 câmaras sairam da órbita do
PSD/CDS, mantendo-se 91 fiéis às diversas combinações dos partidos
integrantes. Em termos de população, 6.5% do total deixou a gestão camarária do
PSD/CDS.
A área PS, em 2013, abrangia 150 câmaras (48.9% do total abrangendo 49.3%
da população), das quais 17 sairam da sua órbita em 2017, das quais 14 para a
área PSD/CDS e 3 para as Listas. Em termos demográficos, as câmaras saídas
da área PS abrangem 5.5% da população global.
A área PCP/PEV que em 2013 era composta por 34 câmaras (11% do total com
12.5% da população), reduziu-se para 24 em 2017 com perdas essencialmente
para o PS e abrangendo essas perdas, 4.3% da população total.
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Finalmente, no total das 13 autarquias dirigidas por Listas e abrangendo 6.9% da
população, há três que passaram a controlo partidário expresso, correspondendo
no total a 2.2% da população.
Em resumo, 18.5% da população assistiu à mudança nos comandos das suas
autarquias, sendo de admitir que nada venha a mudar com isso; excepto para o
Medina que cuja continuidade perdeu solidez uma vez que deixando de ter
maioria absoluta, que fica dependente do mosqueteiro de Louçã eleito para a
conseguir.
A proporção em 2013 e para cada área política, de autarquias com aumentos
populacionais no período 2004/15 é muito diversa. Para a área PSD/CDS é de
20%, cresce para 24% nas câmaras PS mas atinge 29 e 31% nas áreas
PCP/PEV e das Listas, o que pode ser interpretado como um maior pendor nas
áreas com regresssão demográfica e maior pobreza para preferirem PSD/CDS ou
PS na gestão camarária.
Tomando a situação em 2017, no quadro que se segue, pode registar-se quais as
proveniências, da distribuição de câmaras em 2013; isto é, os ganhos perante
outras forças políticas.
Assim, na área PSD/CDS apura-se o ganho de 14 câmaras ao PS e uma ao
conjunto das Listas e que, no capítulo da população envolvida corresponde
apenas a 2% do total. No caso da área PS, há um ganho de 17 autarquias do
universo PSD/CDS de 2013, de 9 ao PCP/PEV e uma ao conjunto das Listas, o
que significa um alastrar da sua influência a mais 10.28% da população (1.06 M
de pessoas). No caso do PCP/PEV não há qualquer ganho junto da concorrência.
Finalmente quanto aos grupos de cidadãos, as Listas, estas apresentam 4
câmaras arrebanhadas ao conjunto PSD/CDS, 3 ao PS e uma ao PCP/PEV que,
produzem um aumento de 1.25% na população abrangida, que passou a cerca de
6.9% do total.
Sintéticamente, ,
O PSD/CDS passou de 111 câmaras, envolvendo uma população de 3.23
M de pessoas, para 105 com 2.96 M
O PS passou de 150 câmaras, envolvendo uma população de 5.1 M de
pessoas, para 160 com 5.8 M
O PCP/PEV passou de 34 câmaras, envolvendo uma população de 1.29 M
de pessoas, para 24 com 0.85 M
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O conjunto das Listas passou de 13 para 19 câmaras mas a população
envolvida pouco se alterou – 714 m em 2013 e 718 m atualmente, embora
em todos os casos estejamos a considerar a população de 2015.
Mudanças de maiorias - situação em de 2017 face a 2013
Câmaras População - 2015
2017 2013 (nº) % (nº) % (a)
Área PSD/CDS em 2017
PSD/CDS PSD 1 0,32 11093 0,11
PSD/CDS PSD/CDS 11 3,57 715969 6,92 3
PSD/CDS PS 3 0,97 77889 0,75
PSD PSD/CDS 3 0,97 59674 0,58
PSD PSD 66 21,43 1519044 14,69 12
PSD PS 11 3,57 117610 1,14 1
PSD LISTAS 1 0,32 11052 0,11
CDS PSD 1 0,32 23661 0,23 1
CDS CDS 5 1,62 101135 0,98
PSD/CDS/MPT/PPM PSD/CDS/MPT/PPM 1 0,32 61019 0,59 1
PSD/CDS/PPM PSD/CDS/PPM 2 0,65 258384 2,50 2
105 34,09 2956530 28,59 20
Área PS em 2017
PS PSD/CDS 1 0,32 25480 0,25
PS PSD 15 4,87 369672 3,57 2
PS PS 132 42,86 4649156 44,96 32
PS PCP/PEV 9 2,92 437745 4,23 3
ps LISTAS 1 0,32 173451 1,68 1
L-PS PSD/PPM 1 0,32 57246 0,55
PS-BE-JPP-PDR-NC PS-BE-PND-MPT-PTP-PAN 1 0,32 105562 1,02 1
160 51,95 5818312 56,26 39
Área PCP 2017
PCP/PEV PCP/PEV 24 7,79 848583 8,21 7
Área LISTAS 2017
LISTAS PSD/CDS 1 0,32 10060 0,10
LISTAS PSD 3 0,97 23237 0,22 1
LISTAS PS 3 0,97 150026 1,45 2
LISTAS PCP/PEV 1 0,32 5357 0,05
LISTAS LISTAS 10 3,25 485300 4,69 2
JPP LISTAS 1 0,32 43925 0,42 1
19 6,17 717905 6,94 6
total 308 100 10341330 100 72
(a) casos de aumento de população em 2004/15
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Quanto a mudanças em concelhos onde se registam aumentos demográficos, as
variações são pouco significativas; cinco casos de passagem das órbitas do
PSD/CDS e do PCP/PEV para as do PS e das Listas
3 - As eleições autárquicas e o poder de compra
No quadro que se segue agregámos as câmaras de acordo com a força política
dominante – em 2013 e 2017 - apontando as respetivas populações e ainda o
resultado da ponderação do índice de poder de compra (IPC) em cada concelho,
para que se possa avaliar esse IPC para cada grupo de concelhos. Convém que
se tenha em conta que cada IPC concelhio se insere numa escala em que o
indicador para o total do país é 100.
2013 2017
Câma
-ras
Populaçã
o
IPC
pon-
derado
*
Câma
-ras
Populaçã
o
IPC
pon-
derado
*
CDS 5 101135 77,26 CDS 6 124796 78,2
JPP - - - - 1 43925 74,34
L-PS - - - - 1 57246 80,3
LISTAS 13 705988 142,44 LISTAS 18 703357 134,72
PCP/PEV 34 1291685 95,16 PCP/PEV 24 933170 92,48
PS 149 4994681 101,5 PS 158 5549280 102,03
PS-BE-PND-MPT-
PTP-PAN
1 105562 111,92
PS-BE-JPP-PDR-NC
1 105562 111,92
PSD 86 1954447 83,48 PSD 81 1699640 83,91
PSD/CDS 16 811183 98,56 PSD/CDS 15 804951 97,45
PSD/CDS/MPT/PP
M
1 61019 132,31
PSD/CDS/MPT/PP
M
1 61019 132,31
PSD/CDS/PPM 2 258384 109,8 PSD/CDS/PPM 2 258384 109,8
PSD/PPM 1 57246 80,3 - - - -
total 308 10341330 100 total 308 10341330 100
* Indice de Poder de Compra ponderado pela população
Naturalmente que o significado sistémico recai sobre os grupos de concelhos
constituídos e assinalados no quadro acima, embora não seja de descurar o
significado dos casos em que surgem situações únicas; como também merecem
alguma atenção os casos onde existem disparidades devidas à presença de um
ou outro concelho que introduza enviesamentos susceptíveis, por si só, de retirar
algum significado ao indicador do conjunto.
10. grazia.tanta@gmail.com 15/10/2017 10
O CDS, em 2017, surge maioritário em três camaras do distrito de Aveiro, uma no
de Viana do Castelo e as restantes duas, repartidas pelas duas Regiões
Autónomas. Em cinco desses casos trata-se de territórios com quebra
populacional, todos com um IPC inferior à média nacional, entre 86.7 (Vale de
Cambra) e 60.6 (Santana).
Os concelhos agrupados nas Listas apresentam, no seu conjunto, o mais elevado
valor médio de IPC. Isso, porém, deve-se à inclusão no grupo, de Oeiras e Porto
que representam mais de metade da população do conjunto com valores de IPC
muito superiores à média nacional (180.7 e 169.9, respetivamente). Todos os
outros apresentam valores inferiores à média global, entre 95.3 (Vila do Conde) e
61.1 (S. Vicente).
No caso das autarquias onde o PCP/PEV é dominante, os valores médios de IPC
para o conjunto situam-se um pouco aquém do valor global de 100. Os únicos
casos, em 2017 superiores à média nacional, são Évora (111) e Setúbal (105.9),
apresentando-se Alvito com o indicador mais baixo do conjunto (66.6). Note-se
que entre as nove câmaras que transitaram do PCP/PEV para o PS em 2017,
quatro têm valores de IPC (leia-se níveis de riqueza) superiores à média nacional
– Alcochete com 115.3, Beja com 104, Castro Verde 101.9 e Barreiro com 100.5.
No caso das autarquias PS, o seu aumento em nove unidades não introduziu
alterações no IPC agregado, entre os dois anos de eleições, muito próximo da
média nacional. Porém, se se excluir Lisboa que tem um IPC mais que duplo da
média nacional (207.9), o indicador médio para os concelhos dominados pelo PS
situa-se claramente abaixo do valor global (100); isto é. 89.5 e 91.4,
respetivamente em 2013 e 2017. E, nesse contexto, o IPC ponderado não se
afasta substancialmente dos indicadores apurados para os concelhos de maioria
PCP/PEV ou PSD, este último, com ou sem o seu atrelado CDS. Ainda na área
PS sublinha-se o baixo valor de IPC onde ganhou vantagem uma coligação L-PS
(Felgueiras) e a continuidade de uma coligação alargada (PS-BE-JPP-PDR-NC)
em 2017 e que em 2013 se apresentava como PS-BE-PND-MPT-PTP-PAN) no
Funchal, onde o IPC se mostra acima da média global.
No universo de concelhos onde o PSD predomina, a sós (a grande maioria) ou
com os seus atrelados CDS, PPM e MPT, as variações não são grandes embora
se apurem indicadores de poder de compra relativamente mais elevados onde
existem coligações PSD/CDS – próximos da média nacional. Cascais e Maia com
valores de 125.6 e 111.1 destacam-se dos outros concelhos do conjunto onde os
valores do IPC se situam entre 56.6 (Tabuaço) e 89.7 (Trofa). Nas coligações
mais alargadas, os valores situam-se acima da média porque se referem a
cidades importantes como Aveiro, Braga ou Faro.
11. grazia.tanta@gmail.com 15/10/2017 11
Não há diferenciações notórias entre as preferências partidárias reveladas e os
índices de poder de compra. A média global resulta, no essencial da constituição
de dois grupos; um, onde cabe a grande maioria dos concelhos (276) onde
habitam 7.1 M de pessoas e outro com indicadores acima de 100 que engloba
apenas 32 concelhos com 3.2 M de pessoas. Se se destacarem entre aqueles 32
os três mais destacados em valores de IPC - 169.9 (Porto), Oeiras (180.7) e
Lisboa (207.9) - as desigualdades tornam-se mais evidentes. Para além da
desertificação do interior, há um problema grave de desigualdades territoriais e
sociais que se colocam ou acumulam com aquela desertificação e que se
resumem quando se realça que há quatro regiões portuguesas entre as cinco
mais pobres da Península Ibérica; num contexto de desastre periférico no seio da
Europa.
Este e outros textos em:
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