O documento discute o uso das redes sociais em campanhas políticas no Brasil e como as campanhas brasileiras se inspiraram nas estratégias digitais da campanha de Barack Obama nos Estados Unidos em 2008. Algumas das lições aprendidas incluem: 1) Centralizar informações para desmentir boatos em sites oficiais; 2) Incentivar a participação social e cobertura colaborativa de eventos; 3) Promover debates online.
2. 48% dos brasileiros estão na WEB
Segundo o Ibope NetRatings (10/04/2012), somos 79,9 milhões de internautas tupiniquins.
De acordo com a Fecomércio-RJ/Ipsos, o percentual de brasileiros conectados à internet
aumentou de 27% para 48%, entre 2007 e 2011.
O principal local de acesso é a lan house (31%), seguido da própria casa (27%) e da casa de
parente de amigos, com 25% (abril/2010).
O Brasil é o 5º país com o maior número de conexões à Internet. 46,3 milhões de usuários
acessam regularmente a Internet. 38% das pessoas acessam à web diariamente; 10% de
quatro a seis vezes por semana; 21% de duas a três vezes por semana; 18% uma vez por
semana. Somando, 87% dos internautas brasileiros entram na internet semanalmente.
Em julho de 2009, o tempo foi de 48 horas e 26 minutos, considerando apenas a navegação
em sites. O tempo sobe para 71h30m se considerar o uso de aplicativos on-line (MSN, Emule,
Torrent, Skype etc). A última marca aferida foi de 69 horas por pessoa em julho de 2011.
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3. Apenas 12% são nordestinos
Desigualdade Social
A desigualdade social, infelizmente, também tem vez no mundo digital: entre os 10% mais pobres,
apenas 0,6% tem acesso à Internet; entre os 10% mais ricos esse número é de 56,3%. Somente
13,3% dos negros usam a Internet, mais de duas vezes menos que os de raça branca (28,3%).
Os índices de acesso à Internet das Regiões Sul (25,6%) e Sudeste (26,6%) contrastam com os
das Regiões Norte (12%) e Nordeste (11,9%).
No Mundo
O número de usuários de computador vai dobrar até 2012, chegando a 2 bilhões. A cada dia, 500
mil pessoas entram pela primeira vez na Internet e são publicados 200 milhões de tuítes; a
cada minuto são disponibilizadas 48 horas de vídeo no YouTube; e cada segundo um novo blog é
criado. 70% das pessoas consideram a Internet indispensável. Em 1982 havia 315 sites na
Internet. Hoje existem 174 milhões.
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4. Redes Sociais e Comportamento
EcMetrics Brasil jan./2011
15% acessam as redes sociais para criar conteúdo, principalmente mulheres de 14 a 18 anos
60% acessam as redes sociais para pesquisar, principalmente homens entre 19 e 34 anos
5% gostam de compartilhar conteúdos, principalmente homens das classes CDE e entre 18 e
34 anos
Os maiores consumidores das redes sociais são pessoas da classe A e acima dos 45 anos
Existe uma relação direta entre horas na internet e renda. Quanto maior a renda mais
tempo na internet.
Dos internautas que passam mais de 40 horas semanais a maior parte permanece nas redes
sociais e bate-papos.
Dos que estão nas redes sociais 97,7% acessam de casa, sendo que 69,7% do trabalho.
Interessante notar que 25, 7% dos acessos são feitos em local público ou lan house. O acesso
por celular já chega a 44,8% (leitura de notícia, busca, redes sociais e mapas).
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6. Redes Sociais em campanhas políticas
PaperCliq, Nina Santos, Juan Carlos (2011)
Fatores positivos:
A minirreforma eleitoral realizada em 2007 mudou muito as campanhas, limpou as ruas de
faixas e folders e outros materiais publicitários. A inclusão digital cresceu incrivelmente – e
ainda ocorre, neste momento – com a demanda por computadores, os investimentos das
telefônicas em internet e transmissão de dados, e o projeto do próprio governo federal em
implantar banda larga.
2012 ainda será um ano de experiências para o Brasil no campo das mídias sociais e suas
aplicações na política e eleições. Estamos vivenciando um grande laboratório virtual nas
campanhas eleitorais no nosso país.
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7. Redes Sociais em campanhas políticas
Fatores negativos:
As estruturas partidárias e a militância ainda não estão adaptadas às práticas da internet.
A instantaneidade da informação e a transparência proporcionadas pela internet, com a
perca de privacidade e a predominância de uma individualidade de massas parece
incomodar a classe política. A tradição política também impõe resistências pela dificuldade de
identificar claramente os resultados.
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8. Cada cabeça uma sentença...
Houve temor em uma campanha para deputado estadual no interior do Estado de São Paulo.
O candidato preferiu não se arriscar nesse plano. Ele direcionou a verba para outras esferas
da campanha e simplesmente ignorou-se a “moda” das mídias sociais.
Em outra mão, um aspirante a um cargo na Assembleia Legislativa de São Paulo, um senhor,
na casa dos 70 anos idade, que não tinha boa penetração entre o eleitorado jovem, decidiu
entrar nesse campo. Foi criado um perfil no Orkut na tentativa de aproximá-lo desse público.
Resultado: em dois meses dois perfis do candidato ficaram cheios, lotam de acessos e geram
interatividade com o deputado.
Há, inclusive, campanhas e candidatos que se tornam um dos assuntos mais comentados na
rede. Isso se passou com um candidato a deputado federal por São Paulo (Tiririca), que se
tornou, pelo menos durante uma semana, o nome mais comentado no Twitter. No Youtube, os
vídeos desse mesmo candidato com seus pedidos de voto no horário eleitoral gratuito são
campeões de audiência na categoria.
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9. As campanhas digitais de hoje
O Brasil de 2010 foi um país em que a penetração da internet era baixa. Sendo assim, não
houve qualquer episódio que modificasse de modo claro e decisivo as tendências do
processo eleitoral.
O fato que mais chamou a atenção foi o uso do twitter na mobilização da militância partidária
e de simpatizantes dos candidatos. No caso brasileiro, é o que importa: mobilizar enormes
contingentes eleitorais em favor de uma candidatura. O twitter também serviu para informar
eventos e antecipar direções. Em especial, para repercutir as prévias das pesquisas.
Também não foram poucas as mensagens de falso conteúdo disparadas para milhões de
eleitores. Marqueteiros renderam-se a este mecanismo. Perderam os candidatos, que, em vez
de focarem no discurso propositivo desperdiçaram valiosos minutos para desmentir cenários e
citações falsas que se renovavam a todo dia. Perdeu o eleitor por espalhá-las.
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10. Debates online
• Uma experiência pioneira que se mostrou muito acertada foi o debate
online entre presidenciáveis na internet brasileira que ocorreu dia 18 de
agosto de 2.010 no teatro da PUC-SP, em uma parceria entre o portal UOL
e o jornal Folha de São Paulo.
• Foi algo que realmente movimentou as redes sociais e quem se interessava
por política, o que converteu a contenda em algo de alto nível. Algo de
grande interatividade e dinâmica.
• Essa deve ser uma tendência a ser repetida em 2012, inclusive a ser
pensada entre candidatos a vereador.
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11. Spam não agrada ninguém
Utilizando o email marketing político da maneira certa, ele até pode ser vantajoso, pois
estreita e deixa mais intimo o contato entre candidato e eleitor e serve como fonte de notícias
e avisos sobre datas de comícios, debates, pesquisas, etc. principalmente aos militantes. Em
outras palavras, é útil para quem se interessa. Por outro lado, quando e-mails não
solicitados com teor político chegam às caixas de entrada quase sempre são rejeitados. É
preciso ter um site onde a pessoa possa se cadastrar.
Você não vai mudar seu voto baseado no conteúdo de um e-mail. Isso quer dizer que na
grande maioria dos casos aquele simples e-mail só vai causar incomodo. O conceito de Spam
é: todo e-mail não solicitado e enviado em massa. Curto e grosso. Você pode presumir que
todos na sua lista compartilham das suas ideias, mas é bastante provável que isso não seja
verdade, principalmente em se tratando de assuntos político eleitorais. Controle-se!
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12. Campanha Obama foi referência?
O problema de adotar esse modelo cegamente é que desconsideraríamos as diferenças estruturais
entre o processo político do Brasil e o dos EUA, ignorando questões fundamentais, como:
A não-obrigatoriedade do voto nos Estados Unidos e a consciência política da população;
A estrutura político-partidária dos países (que é completamente diferente e o processo de
escolha dos candidatos dos partidos, já que no Brasil estes são decididos apenas pelos
membros políticos das coligações e, nos Estados Unidos, são eleitos nas prévias com voto
popular dos filiados aos partidos;
O sistema de financiamento das campanhas e os recursos para propaganda eleitoral (as
cotas televisivas gratuitas, por exemplo, inexistem na campanha norte-americana, o que exigiu
maior atenção aos investimentos em estratégias para o mídia digital).
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13. Campanha Made in Brazil
Não bastassem as diferenças entre os processos políticos nos países, ainda devemos
considerar o enorme abismo digital entre Brasil e Estados Unidos. Os norte-americanos
somam mais de 240 milhões de usuários conectados à internet, enquanto no Brasil somos 80
milhões de usuários, ou um terço.
Outro exemplo é a velocidade média da banda larga: nos EUA é de 4,6 Mbps, enquanto no
Brasil a média é de 1,36 Mbps.
E, muito além dos números, destacam-se também as facilidades de acesso à web, o
investimento em tecnologia na educação, os hábitos culturais da população em relação
ao uso da web, dentre tantas outras questões.
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14. Informação Centralizada (oficial)
Centralizar possíveis inverdades em uma página do site oficial, com todas as informações
para desmentir o ocorrido, foi uma das principais estratégias da campanha de Barack
Obama, já que o candidato era relativamente desconhecido pela grande maioria da
população norte-americana e atraiu uma série de histórias consideradas caluniosas sobre seu
passado.
No Brasil, a influência foi clara: os três candidatos adotaram postura semelhante em seus
sites oficiais de campanha. Marina Silva, candidata pelo PV, possuía uma área reservada
(porém tímida) no site para as Perguntas Frequentes, em que respondia questões polêmicas
como sua posição sobre aborto, religião, casamento homossexual, dentre outros alvos de
boataria. Dilma Rousseff, candidata do PT, e José Serra, candidato do PSDB, dedicaram
espaços e esforços maiores para o assunto – já que eram os dois principais candidatos e,
consequentemente, os mais atingidos.
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15. Espalhe a (sua) verdade
O site oficial de José Serra também contava com uma área de Perguntas Frequentes, que
respondia dúvidas de eleitores como políticas para concursos públicos, privatizações, meio-
ambiente, entre outros.
Além disso, uma seção mais específica, chamada Combata a Mentira, trazia textos que
esclareciam histórias mais elaboradas, como o suposto aborto de sua esposa Mônica Serra,
desmentido em nota oficial no site. A central de boatos se tornou uma das áreas mais
visitadas e compartilhadas do site oficial do candidato.
Já a campanha de Dilma Rousseff criou uma força-tarefa semelhante para combater boatos a
respeito da candidata: o Espalhe a Verdade. Além dos desmentidos, a página também contava
com orientações a militantes sobre como disseminar a informação verdadeira para suas redes
sociais. Além disso foi montada uma central telefônica para receber as denúncias. Na
campanha de Obama, o uso de centrais telefônicas também foi intenso.
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16. Participação social e
cobertura colaborativa
Uma das iniciativas de maior sucesso da campanha digital norte-americana foi a criação da rede
social MyBarackObama.com. A rede oferecia possibilidades como a criação de seu próprio
blog de apoio e incentivos aos militantes para que participassem da cobertura de eventos em
tempo real enviando seus vídeos e fotos para o site.
A rede previa a participação e colaboração (em que os eleitores poderiam discutir os planos de
governo), fóruns e postagens de comentários, tutoriais ensinando a transmitir eventos e
participar de movimentos no Twitter, além de ambientes de interação.
As chamadas “coberturas colaborativas” também tiveram grande importância para as
estratégias digitais das campanhas brasileiras, pois forneciam conteúdo exclusivo em tempo
real dos eventos – que, além de ser disseminado nas redes sociais, reforçavam o
relacionamento com estes ativadores que enviavam o material.
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17. Extraindo as boas lições 1
Promover debates e palestras online parece ser a grande tendência do momento.
Só envie e-mail para aqueles que se cadastrarem no site ou durante a campanha. Promova
uma campanha para cadastro de apoiadores. Quanto maior o cadastro maior a sua força.
Olhos abertos para os detalhes que diferenciam essa campanha (2012) das demais. Essas
sutilezas fazem toda a diferença.
Tenha um site em formato de blog para centralizar a informação oficiais da sua candidatura.
Além da plataforma política, mostre também os apoiadores. As pessoas gostam de ser
prestigiadas.
Produza e publique no site conteúdos temáticos que divulguem o que você pensa sobre
determinado assunto, de preferência de forma descontraída e leve. Incentive o
compartilhamento desse conteúdo nas redes sociais.
Um dia você terá que pedir doações online. Que tal experimentar a partir de agora?
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18. Extraindo as boas lições 2
No site, tenha no mínimo um fórum onde os eleitores possam interagir entre si e também tirar
dúvidas sobre questões da campanha. Responda as dúvidas e selecione as principais para
que ganhem respostas destacadas no site. Assim você conquista o apoio.
Incentive que os apoiadores produzam seus próprios conteúdos e que compartilhem com os
demais nas redes sociais. Mas, cuidado. Se puder tenha alguém monitorando isso pra você. E
comente sempre esses conteúdos no site oficial.
Tenha, no mínimo, um perfil no Twitter por onde os simpatizantes possam ter notícias
instantâneas sobre a agenda de campanha e detalhes dos bastidores e da vida pessoal.
Divulgue o site no Twitter.
O endereço do site, do seu twitter e dos principais perfis de redes sociais deve ser divulgado
em todos os materiais impressos, na TV e no rádio. Os materiais impressos também
devem ser divulgados nos meios eletrônicos.
Sempre que puder conte com o apoio de profissionais.
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