O documento descreve a vida e obra do poeta brasileiro Gonçalves Dias, focando em seu poema épico "I-Juca-Pirama". O poema narra o sacrifício ritual de um guerreiro tupi pela tribo inimiga Timbira, explorando temas como honra, coragem e tradições indígenas.
2. GonçalvesDias
Maranhão – 1823 / Maranhão – 1864
Filho de comerciante português e cafusa.
Estudou Leis em Coimbra.
Influenciado por Herculano e Garret.
Retornou ao Brasil em 1845.
Obteve proteção do grupo de Magalhães e do
Imperador.
Professor de Latim e História do Brasil no Colégio
Pedro II.
Alcançou prestígio como poeta.
Por preconceito, teve recusado pela família da noiva
um pedido de casamento.
Morreu em um naufrágio.
3. GonçalvesDias
Segundo Bosi, primeiro poeta autêntico do Romantismo
brasileiro.
Muito acima de Magalhães e predecessores.
Escreveu mormente sobre amor, natureza, pátria,
Deus.
Mais celebrado pelo indianismo.
Mito do bom selvagem. Índio idealizado.
Imagem de índio casava-se com glória do colonizador.
Apagamento do índio histórico presente em benefício do
índio exótico e extinto.
Lugar de identidade antropológica indígena esvaziado
para inserção do ideário romântico.
4. Poética
Ritmos ágeis.
Linguagem precisa.
Versos breves, fortemente cadenciados.
Alternância de sons duros e vibrantes.
Vigor da narrativa: entrada in media res.
Força das aberturas com apresentação do objeto.
Virtuosismo rítmico. Poemas como “A tempestade”.
Modelos portugueses mais fortes que franceses.
Lírica mais literária do Romantismo.
Reconhecido por diferentes correntes e poetas.
5. I-Juca-Pirama
Dez seções.
I – a taba se prepara para o ritual antropofágico com o
prisioneiro
Modo descritivo inicial. Aproximação do mais amplo
para o mais focado. Etapas do ritual.
Verso mais extenso. Ritmo datílico, lembra tambores.
II – voz do eu lírico dirige-se ao guerreiro prisioneiro,
encorajando-o e revelando preocupações.
Ritmo do verso se altera. Velocidade de leitura diminui
pela alternância de métricas. Peroração.
6. I-Juca-Pirama
III – na sequência do ritual, o chefe da tribo insta o
prisioneiro a contar sua história.
Verso decassílabo, com caráter solene, associado à voz
do chefe da tribo. Retomada da descrição do ritual.
IV – guerreiro identifica-se como tupi, conta sua
história, diz que tem um pai dependente velho e cego,
solicita chorando que possa ajudá-lo até sua morte,
para depois retornar e cumprir seu sacrifício.
Versos mais curtos, mais intimistas, cadências
entrecortadas. Força afirmativa e emocional.
7. I-Juca-Pirama
V – chefe da tribo libera o tupi. Ele crê que é pelo
acordo, mas a razão é o choro, visto como covardia. Ele
vai acudir o pai.
Retorno do decassílabo em tom solene. Corte de
diálogos entre os versos.
VI – filho encontra o pai. Tateando-o, o velho percebe
que ele está condenado. Julga que foi libertado por
cortesia, e leva o filho de volta para devolvê-lo ao
ritual.
Narração do encontro de pai e filho. Ainda decassílabo.
8. I-Juca-Pirama
VII – chefe da tribo conta ao pai que o filho chorou
diante da morte.
Diálogo do velho tupi com chefe timbira. Verso
heptassílabo, considerado apto para a fala (cancioneiro
e poesia popular).
VIII – pai lança maldição ao filho pela quebra da
dignidade da tribo.
Velho tupi descobre a verdade e revolta é moldada em
anapestos, desde a Antiguidade considerado
imprecativo. Eneassílabo romântico. Cada verso é uma
sentença rítmica fechada, como um jorro de energia.
9. I-Juca-Pirama
IX – filho se redime ao atacar os Timbiras. Chefe
reconhece a valentia e aceita sacrificá-lo. Pai fica feliz e
consolado.
Verso é o decassílabo solene, nesse caso indicando
aspecto heroico.
X – a história do índio tupi é contada por testemunha
timbira, como sendo valorosa.
Ritmo é o mesmo da abertura do poema, como um
reencontro da normalidade das tradições.