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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
             CENTRO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, POLÍTICA E SOCIEDADE




A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO INSTRUMENTO
         DO ENSINO DE GEOGRAFIA




                  VITÓRIA - ES
                      2010
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            DIEGO ZANETE BONETE
       ESTEVAN DO AMARAL MENEGUELLI
          FLÁVIO DA SILVA MARQUES
         RONALDO GARCIA DE ARAÚJO




A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO INSTRUMENTO
         DO ENSINO DE GEOGRAFIA




                         Trabalho de Conclusão de Curso
                         apresentado ao Departamento de
                         Educação, Política e Sociedade do
                         Centro de Educação da Universidade
                         Federal do Espírito Santo, como
                         requisito parcial para a obtenção do
                         grau de Licenciado Pleno em
                         Geografia.
                         Orientadora: Profª. Msc. Solange Lins
                         Gonçalves.
                         Co-orientadora:Prof.ª          Marisa
                         Terezinha Rosa Valladares




                VITÓRIA - ES
                    2010
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                      DIEGO ZANETE BONETE
                 ESTEVAN DO AMARAL MENEGUELLI
                    FLÁVIO DA SILVA MARQUES
                   RONALDO GARCIA DE ARAÚJO




        A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO INSTRUMENTO
                 DO ENSINO DE GEOGRAFIA




Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Educação,
Política e Sociedade do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito
Santo, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado Pleno em
Geografia.


                                            Aprovado, em 24 de junho de 2010.




                            COMISSÃO EXAMINADORA



                             Prof.ª Msc. Solange Lins Gonçalves
                             Universidade Federal do Espírito Santo
                             Orientadora


                             Prof.ª Dr.ª Marisa Teresinha Rosa Valladares
                             Universidade Federal do Espírito Santo



                             Prof.ª Dr.ª Gisele Girardi
                             Universidade Federal do Espírito Santo



                             Prof.ª Rosa Rasuck
                             Analista Cultural
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Dedicatória




      Dedico este trabalho a Deus e a minha família, razões
     do meu viver, e em especial a minha mãe, mulher forte e
     trabalhadora. E a todos os estudantes que migraram de
         suas cidades de origem em busca de uma esperança
                                         nesta universidade.

                                             Diego Z. Bonete




        A Deus, meu sustentador, por toda a força e direção
                                dada em todos os momentos.

            A todos os que me encorajaram e incentivaram a
                enfrentar esta etapa estudantil tão relevante.

                                   Estevan do A. Meneguelli


       A Deus, por acreditar que nossa existência pressupõe
                           uma outra infinitamente superior.
         A minha esposa, por acrescentar razão e beleza aos
                                                   meus dias.

          Aos meus pais, pelo exemplo, amizade e o carinho.

                                       Flávio da S. Marques


                                Deus pelo milagre da vida,...

         Aos meus pais, familiares e amigos pela dedicação,
                                   incentivo, compreensão...

        A minha esposa e a minha filha pelas minhas faltas...

                                  Ronaldo Garcia de Araújo
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Epígrafe




    O olhar geográfico sobre o passado possibilita
  compreender as paisagens culturais e naturais do
   presente, favorecendo o planejamento do espaço
                                geográfico futuro.

                        Ronaldo Garcia de Araujo
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                                   Resumo


A Educação Patrimonial como instrumento no ensino de geografia tem por objetivo
possibilitar ao professor do ensino fundamental o uso de mais uma ferramenta,
capaz de tornar mais próximo do cotidiano escolar os conceitos chaves da geografia
mediante a valorização do Patrimônio Cultural local, despertando nos alunos e na
comunidade, onde esse é parte integrante, a importância do fortalecimento da
memória coletiva e individual. Constitui-se objeto deste trabalho, a ampliação da
capacidade dos alunos em compreender a existência dos patrimônios históricos e
culturais diante das transformações geradas no tempo-espaço; perceber a
importância da memória como ferramenta da Educação Patrimonial para
aprendizagem dos conceitos geográficos; e elaborar material paradidático
denominado “Guia do Professor” contendo descrições conceituais e atividades inter-
relacionando o Patrimônio Cultural do Espírito Santo e os conceitos chaves
geográficos - lugar, paisagem e espaço geográfico -, permitindo ainda uma
abordagem de diferentes temas da geografia. A   metodologia    foi   baseada      na
apresentação avaliativa do material paradidático “Guia do Professor” para
professores e graduandos finalistas, do curso de licenciatura plena e bacharelado
em geografia da Universidade Federal do Espírito Santo, que lecionam, ou
lecionaram, na rede pública ou privada de ensino. Esses participantes consideraram
o material paradidático um instrumento valioso para ensino e aprendizagem da
geografia, pois, permitiu aguçar o “olhar geográfico” sobre os objetos culturais
presentes nas paisagens geográficas, ocupantes de vários lugares na dimensão
espaço-temporal. Por fim, observamos a necessidade do fortalecimento da formação
continuada para o professor de geografia, de modo a permitir um equilíbrio entre
seus conhecimentos e as constantes transformações do mundo.


Palavras-chave: conceitos chaves da geografia; educação patrimonial; patrimônio
cultural; material paradidático.
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                                     LISTAS DE FOTOGRAFIAS



Fotografia 1 – Dunas de Itaúnas, em Conceição da Barra/ES..................................29

Fotografia 2 – Reserva Ecológica de Jacarenema, em Vila Velha/ES......................30

Fotografia 3 - Av. Jerônimo Monteiro – Décadas de 1930 a 1950............................31

Fotografia 4 - Cacos de cerâmica colonial coletados no sítio das ruínas do rio
Salinas, em
Anchieta/ES...............................................................................................................32

Fotografia 5 – Congo.................................................................................................33

Fotografia 6 - Parque Moscoso – Vitória/ES.............................................................40

Fotografia 7 - Cidade de Vitória vista da Prainha – Vila Velha/ES...........................42


Fotografia 8 - Viaduto Caramuru – Vitória/ES..........................................................43

Fotografia 9. Palestra de capacitação......................................................................45

Fotografia 10. Momento de discussão.....................................................................46
9



                                             LISTAS DE TABELAS



Tabela 1 – O objeto cultural como fonte primária do conhecimento - etapas
metodológicas.....................................................................................................................26
10



                            LISTAS DE ILUSTRAÇÕES



Figura 1 - Fluxograma da Classificação do Patrimônio Cultural................................29
11



                               LISTA DE SIGLAS



DT – Designação Temporária.
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

LEAGEO - Laboratório de Ensino e Aprendizagem de Geografia

MEC - Ministério da Educação

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization).

RMGV – Região Metropolitana da Grande Vitória.
TCC – Trabalho de Conclusão de Curso.
12



                                                    SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................13
2. NOVOS OLHARES NO ENSINO DA GEOGRAFIA..............................................15
2.1. UM BREVE PARECER SOBRE O ENSINO DA GEOGRAFIA.............15
2 .2. NO VAS P RÁTI CAS DE E NSI NO E M GE OG RA FI A E RE ALI DA DE
ESCOLAR..................................................................................................................17
2.3. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E NOVOS OLHARES NO
ENSINO DE GEOGRAFIA.........................................................................................20
3. A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO INSTRUMENTO DO ENSINO DE
GEOGRAFIA..............................................................................................................23
3.1. PLURALIDADE CULTURAL................................................................................23
3.2. A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E O ENSINO DE GEOGRAFIA.........................25
3.3. PATRIMÔNIO CULTURAL..................................................................................27
    3.3.1. CLASSIFICAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E SUA APLICAÇÃO NO
ENSINO DE GEOGRAFIA.........................................................................................28
        3.3.1.1. Bens Naturais.......................................................................................29
        3.3.1.2. Bens Materiais......................................................................................31
        3.3.1.3. Bens Imateriais.....................................................................................33
3.4. DIVERSIDADE CULTURAL................................................................................34
3.5. PAISAGEM CULTURAL......................................................................................35
4. GEOGRAFIA E MEMÓRIA....................................................................................36
4.1. VISÃO GERAL....................................................................................................36
4.2. CONCEITUANDO LUGAR..................................................................................39
4.3. CONCEITUANDO PAISAGEM............................................................................41
4.4. CONCEITUANDO ESPAÇO GEOGRÁFICO......................................................42
5 . AP LI C ABI LI D ADE D A E DUC AÇ ÃO P ATRI MO NI AL NO E NS INO E
APRENDIZAGEM DA GEOGRAFIA – APRESENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DO
“GUIA DO PROFESSOR”.........................................................................................45
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................49
7. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO........................................................................50
ANEXOS....................................................................................................................53
13



1. INTRODUÇÃO

O ensino da geografia tem papel singular na formação dos alunos do ensino
fundamental, pois proporciona instrumentos imprescindíveis para compreensão e
intervenção na realidade social na busca da conquista da cidadania.

Como forma de auxiliar na ampliação da capacidade e habilidade desses alunos o
Ministério da Educação (MEC), mediante a instituição dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), reservou à disciplina de geografia o objetivo pedagógico de
trabalhar diversos elementos essenciais ao fortalecimento da identidade individual e
coletiva, tendo dentre suas premissas a valorização do patrimônio sociocultural.
Para alcançar esses objetivos é fundamental que os alunos aprendam a observar, a
conhecer, a explicar, a comparar e a representar o espaço geográfico. Favorecendo
o fortalecimento e preservação da memória coletiva e individual, com intuito de
formar um aluno-cidadão.

Assim, este trabalho tem como finalidade evidenciar a importância da aplicação dos
temas transversais no ensino de geografia, em especial, a Pluralidade Cultural,
tendo como instrumento a Educação Patrimonial, conceito e metodologia, buscando
evidenciar sua interface com os conceitos-chaves da geografia, tais como: lugar,
paisagem e espaço geográfico. Abarcando-se os seguintes objetivos específicos:

(a) compreender a existência dos patrimônios históricos e culturais diante das
transformações geradas no tempo-espaço;

(b) perceber a importância da memória como ferramenta da Educação Patrimonial
para aprendizagem dos conceitos geográficos, como paisagem e lugar na
construção da identidade;

(c) elaborar material paradidático denominado “Guia do Professor”, contendo
descrições conceituais e atividades inter-relacionando Patrimônio Cultural do
Espírito Santo e os conceitos-chaves geográficos - lugar, paisagem e espaço
geográfico -, permitindo ainda uma abordagem de diferentes temas da geografia.
14



O recorte Espacial adotado para esse trabalho foi a Região Metropolitana da Grande
Vitória (RMGV), sendo direcionada aos professores que atuam no 7º ano do ensino
fundamental, cujo PCN define no Eixo 3: O campo e a cidade como formações
socioespaciais – o espaço como acumulação de tempos desiguais, o qual
possibilita trabalhar a educação patrimonial, pois:




                      A Educação Patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural” que
                      possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à
                      compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal em
                      que está inserido. Esse processo leva ao reforço da autoestima dos
                      indivíduos e comunidades e à valorização da cultura brasileira,
                      compreendida como múltipla e plural. (HORTA, M. de L. P.; GRUNBERG, E.
                      ; MONTEIRO, A. Q., 1999, p. 6).




Para plena utilização desse procedimento no ensino e aprendizagem da geografia, e
considerando a necessidade de capacitação dos professores para trabalharem essa
temática em sala de aula, optou-se pela realização de um mini-curso de capacitação
para os professores de geografia que lecionam no ensino fundamental, em escolas
localizadas nos municípios: Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra, os quais compõem
a RMGV. Utilizando-se da seguinte metodologia: palestra com exposição do
conteúdo e abordagem sobre o desenvolvimento das atividades; intervalo “Café
Geopatrimonial” momento de descontração e troca de experiências; e por último um
debate avaliando a temática prestada.

O resultado do curso de capacitação de professores foi positivo como podemos
constatar ao final desse trabalho. Afinal, trata-se de uma temática que permite ao
professor trabalhar assuntos transversais - pluralidade cultural, meio ambiente e
outros - intrinsecamente com os conceitos-chaves da geografia, de uma forma
lúdica, e culturalmente aceita.
15



2. NOVOS OLHARES NO ENSINO DA GEOGRAFIA
Serão apresentados a seguir alguns dos dilemas do ensino da geografia, embasado
nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), onde se encontra presente a
Educação Patrimonial, objeto do material paradidático, que auxiliará o professor de
geografia em suas aulas sobre os conceitos-chaves dessa disciplina. Favorecendo
aproximação desses conceitos no cotidiano escolar.



2.1. UM BREVE PARECER SOBRE O ENSINO DA GEOGRAFIA

Em 1782 na França começa a instrução pública, obra do iluminismo e foi
proclamada: “universal, gratuita, laica e obrigatória” (PEREIRA, 1989, p.22). Antes
da Revolução Francesa a educação era um privilégio que só os escolhidos de Deus
podiam desfrutar, assim, quem não era nobre continuava na inércia dos saberes, e
se tornavam uma massa fácil de ser manipulada, com o medo do castigo da mão de
Deus. A gratuidade da educação foi vista pela burguesia, como um caminho para a
conquista da hegemonia, assim desestruturando a igreja e os senhores feudais.

A burguesia quando se torna à classe dominante, subindo ao poder, começa a
estruturar sistemas nacionais de ensino e escolas para todos, de acordo com a
ideologia burguesa essa era a forma de “servos serem convertidos em cidadãos”
(PEREIRA, 1989, p. 21), e assim, “participassem do processo político” (PEREIRA,
1989, p. 23) consolidando a democracia burguesa. A transformação de servos em
cidadãos consiste como elemento marcante no rompimento do feudalismo, isso
somente foi possível pela educação, assim a escola surge libertando os homens da
ignorância.

Com a implantação dos sistemas de ensino para os cidadãos, surge o principio de
que mediante a educação todos os indivíduos tornam-se iguais. Assim a burguesia
vê que não basta mudar o rumo do poder vigente, é preciso tornar seus ideais
permanentes, desta forma ela muda de estratégia para perpetuar seus interesses,
expande o sistema de ensino de forma que esse reproduza as relações de classe, e
o capitalismo torna-se um sacro império.
16



No século XIX a escola se afirma, assim como o capitalismo, e assume uma postura
nacionalista, reforçando os valores burgueses apresentados como universais. Desta
forma, a Geografia, assim como outras disciplinas que formam o currículo escolar,
torna-se instrumento de uma classe que deseja que sua hegemonia nunca seja
quebrada.

A partir da delimitação geográfica, dos costumes e línguas, surgem na Europa os
Estados-Nações e, assim, a escola é usada como instituição que permitia a
imposição da nacionalidade e do capitalismo burguês. O Estado que lutava para a
libertação de mentalidades arraigadas a preceitos é o mesmo estado com o espírito
protetor da burguesia, uma moeda e seus dois lados.

Para implementar os ideais burgueses foi necessário deixar as diferenças de lado e
utilizar-se da educação para trabalhar os verdadeiros propósitos e anseios da classe
burguesa, dessa forma a sociedade capitalista florescia ao mesmo tempo em que a
nacionalidade, no sentido burguês, se afirmava.

Diante deste cenário as disciplinas surgem nos currículos escolares, não apenas
como ciência, mas como ferramentas para consolidação dos valores burgueses.
Segundo Pereira (1989, p. 26) “[...] A Geografia é incluída nos currículos por razões
geopolíticas enquanto não só marca a naturalidade do homem no espaço, mas
também sustenta que o homem só é humano porque incluído num espaço politizado
nacional [...]”.

Desta forma a geografia entra nos currículos escolares com dupla intenção, a
primeira como ciência de grande importância para o mundo, seus feitos devem ser
mostrados para o pleno desenvolvimento das potencialidades de todos, e a segunda
como legitimadora de um ideal em que quanto mais nações, mais rotas de mercado
se abrem ao capitalismo, fazendo com que o ensino da geografia seja limitante. Mas
e hoje, na contemporaneidade, a quanto andas o ensino e as práticas da geografia?
17



2.2. NOVAS PRÁTICAS DE ENSINO EM GEOGRAFIA E A
REALIDADE ESCOLAR

A geografia, igualmente as outras ciências, quando inserida nos currículos escolares
como disciplina trouxe consigo uma dualidade: a de ciência e a de mantenedora de
um ideal. Mesmo com o passar das décadas podemos perceber vestígios dessa
dualidade. Podem-se observar ao longo do tempo várias fases da Geografia:
nacionalista, abstrata, acrítica e física. Diante de tal cenário, é comum a existência
de algumas barreiras ao ensinar os conceitos-chave da geografia.

Uma das primeiras dificuldades de ensino da ciência geográfica se configurou, logo
após da afirmação da geografia como disciplina escolar, com toda a carga dos
discursos nacionalistas, o ensino acabou sendo direcionada para a descrição dos
elementos físicos, uma geografia sem vida, em que seu estudo baseava-se na
memorização dos pontos naturais da terra.

Com o passar do tempo, essa geografia foi reforçada com a era dos militares, onde
seu ensino era reduzido a dados topográficos e estatísticos. O final desse período
de ensino militarista, e com advento da tecnologia, da ciência e da velocidade e
multiplicidades dos meios (veículos) de comunicação, os quais contribuíram de
forma de vertiginosa na formação (complexa) das sociedades ocidentais
neocapitalistas puncionaram significativas mudanças sobre o saber geográfico.

Essas alterações implicaram no surgimento de um olhar crítico no processo de
compreensão e explicação do espaço geográfico, a partir dessa de uma leitura de
mundo onde os aspectos físicos e sociais devem ser analisados conjuntamente, de
modo potencializar o nosso entendimento sobre a paisagem que nos circunda. De
acordo com PEREIRA (1989, p. 26) “[...] A geografia analisa o físico, mas o estudo
do físico em si mesmo não tem sentido. Ele só o terá se for considerado como
dominado pelo homem e ligado à idéia de um espaço em que se exerce uma
determinada cidadania [...]”.

A geografia ensinada só pelo físico tende a se eliminar a compreensão e o raciocínio
do humano, fazendo com que a lógica desse raciocínio seja incompleta. Uma vez
que o estudo do espaço geográfico parte da compreensão da “primeira natureza”
18



(PEREIRA, 1989, p. 29) modificada pelo homem através dos arranjos sociais
transformando-a na “segunda natureza” (PEREIRA, 1989, p. 29), pois a
compreensão unicamente da “primeira natureza” não é a realidade do espaço
geográfico e sim um “enciclopedismo” (BRABANT, 1988, p. 19).

Quando falamos de Geografia abstrata e acrítica, não nos referimos à ciência
geográfica, pelo contrario, uma ciência que tem uma produção concreta e muito
crítica, nos referimos a um estado de dormência em que o ensino escolar da
geografia como também de outras disciplinas vêm passando e que se detectando a
mais de uma década por autores da área, como podemos ver no depoimento de
Ariovaldo Umbelino de Oliveira, a “[…] grande maioria dos professores da rede de
ensino sabe muito bem que o ensino atual da geografia não satisfaz nem ao aluno e
nem mesmo ao professor que o ministra […]”, e que se repete em muitas conversas
com professores e amigos do meio acadêmico que ministram aulas, e também como
professores por designação temporária (DT).

Mediante a esses problemas do dia-a-dia escolar, o professor recorrendo a
ferramentas e práticas de ensino, que não fiquem somente no uso do livro didático,
possa tornar o aluno mais participativo em suas aulas. Muito dos males se deve a
só utilização do livro didático, que com o passar dos anos veio se transformando na
“bíblia” dos professores, onde é recorrente livros com muitos erros e acríticos. Muitos
destes passam apenas uma descrição, ao invés da reflexão dos elementos
geográficos, e muitas vezes tais erros passam despercebidos por nós professores
responsáveis pela sua utilização pois, “[...] os professores e os alunos são treinados
a não pensar sobre e o que é ensinado e sim, a repetir pura e simplesmente o que é
ensinado. O que significa dizer que eles não participam do processo de produção do
conhecimento […]” (OLIVEIRA, 1994, p.28).

Isto se deve muito a formação do professor enquanto universitário, pois não recebe
orientação critica para questionar o livro didático, por isso nos sentimos incapazes
de modificar tal situação. Neste sentido, assim como a instituição escolar, este
recurso continua sendo um poderoso meio de controle da classe dominante. Onde
com tal situação continuamos formando mão de obra barata, ao invés de, uma
escola que forma trabalhadores críticos capazes de produzir e não apenas
reproduzir.
19



Mediante esta vulnerabilidade, o professor de geografia acaba sendo apenas um
coadjuvante diante do ator principal, o livro didático, pois o professor deposita todo o
seu planejamento neste recurso, deixando de utilizar novas formas lúdicas de
ensinar. O professor não exercita, assim, o pensar, além de proporcionar uma
geografia “limitada e limitante” (OLIVEIRA, 1988, p.26), o professor vê o seu papel
de mediador entre o aluno e o pensar desaparecer, e não explora práticas
diferenciadas de ensinar, onde traga no aluno um aprender mais lúdico aproveitando
a sua vivência.

Em muitos dos relatos ouvidos por professores de geografia, vemos essas
dificuldades em observações como: - “sinto a falta de interesse dos alunos, pois é
difícil conseguir recursos didáticos diferenciados para elucidar questões da geografia
fora do espaço físico restrito da escola” -, ou, - “difícil é criar métodos em que o
aluno reconheça a geografia em seu espaço vivido, assim tirando a geografia da
abstração”.

Tanto alunos, como professores sentem a diferença quando se utiliza novos
recursos didáticos em sala de aula, ainda mais quando esses recursos possibilitam
uma visão ampliada do conhecimento geográfico, onde o físico e o social são
apresentados no mesmo patamar, e não de forma determinante. Os alunos querem
um ensino em que a vida cotidiana esteja nas paginas dos livros, onde possam estar
e fazer parte do espaço, e assim identificar na realidade os elementos geográficos.
Podemos refletir isto nestas palavras:




                      [...] o professor deve estar consciente de que o espaço próximo para ser
                      analisado precisa ser abordado em sua relação com outras instâncias
                      espacialmente distantes. Nesse processo, a realidade é o ponto de partida e
                      de chegada. De sua observação o aluno deve extrair elementos sobre os
                      quais deve refletir e a partir disso ser levado à construção de conceitos [...].
                      (ALMEIDA e PASSINI, 1989, p. 12)




Novas práticas de ensino ganham força com a criação das estruturas para
orientação dos professores, os chamados PCNs, onde através destes parâmetros os
20



docentes podem melhor se instruir sobre o conteúdo de suas matérias e ver até
onde podem explorar tais conteúdos.

Dentro destas orientações também há uma parte muito interessante chamada de
temas transversais, que se desmembram em: Ética, Meio Ambiente, Saúde,
Pluralidade Cultural, Orientação Sexual e Consumo e Trabalho. Todos esses
assuntos podem ser trabalhados e fortalecidos pelo ensino da geografia, assim
como das demais disciplinas, pois são questões freqüentes em nossa sociedade.

A partir desses temas é possível transmitir um saber mais social, ensinando-os
através de novas práticas que contribuam para a plena compreensão da Geografia
e, dessa forma, o estudante tenha a consciência de que está inserido num espaço
ainda em transformação, onde a geografia é uma ciência em movimento e não se
propõe ser estática.




2.3.   PARÂMETROS            CURRICULARES            NACIONAIS        E    NOVOS
OLHARES NO ENSINO DE GEOGRAFIA

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, PCNs, foram criados em 1998 pelo Ministério
da Educação para auxiliar os professores em suas disciplinas, orientando-os para
formas mais abrangentes de ensinar.

O conteúdo do PCN de geografia, que tange nossa pesquisa, é o Terceiro Ciclo do
ensino fundamental, onde ele tem como metas - o ensino para a conquista da
cidadania e o respeito às diversidades regionais e culturais - e objetivos tais como:
compreender a cidadania como participação social e política; conhecer e valorizar a
pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro; questionar a realidade formulando
e resolvendo problemas. Tais questões servirão de argumentos para a elaboração
dessa pesquisa.

A busca de práticas pedagógicas diferenciadas para o ensino da Geografia possui
como função principal tornar o ensino mais prazeroso para o aluno, focando a sua
realidade social, cultural, ambiental e econômica. Desse modo, encontramos nos
temas transversais definidos nos PCNs a possibilidade de trabalhar Educação
21



Patrimonial e sua inter-relação com categorias de análise da geografia (lugar,
paisagem e espaço geográfico).

Os temas transversais trazem a interdisciplinaridade, que acaba sendo um elo entre
as diversas ciências que são ensinadas, a transversalidade e a forma de olhar
diferente sobre algo, e é desta forma que olhamos a Educação Patrimonial: um olhar
sem a alienação de que ela só serve para ensinar a história. Não podemos negar
que a história é importante, e que sempre vai estar vinculada ao símbolo, mas
através da análise da geografia podemos compreender e refletir as múltiplas formas
da paisagem que contém um espaço.

A Educação Patrimonial está contida dentro da Pluralidade Cultural, que é de grande
importância para o ensino, pois é uma forma de sempre resgatar as produções
socioculturais que as sociedades e grupos sociais nos deixaram, e que formaram o
nosso país e suas manifestações no espaço, que no caso dessa pesquisa, é o
Patrimônio. Se tratando de patrimônio e transversalidade outro tema transversal
pode ser trabalhado junto, o Meio Ambiente, pois o patrimônio se abrange aos
símbolos e paisagens naturais que fazem parte da vida e do dia-a-dia de cada um.

Segundo o PCN, o objeto central do ensinar geografia, no Ensino Fundamental,
deve ser o espaço, e de acordo com nossas percepções, o momento propício de se
trabalhar a Educação Patrimonial como ferramenta da Geografia é a partir do 7º ano.

Possibilitando o aluno verificar no espaço/patrimônio estes conceitos e redefini-los
segundo suas percepções, seguindo as orientações do professor, deve, assim,
forçá-lo a sempre estar num trabalho de questionar a realidade, formando um
cidadão crítico e não passivo diante das problemáticas que iram aparecer em sua
vida privada e em sociedade.

É de suma importância trabalhar a Educação Patrimonial a partir do terceiro ciclo,
pois, é nesse momento em que o aluno começa a se aprofundar nos conceitos da
geografia, com isso o aluno vai entender que ele faz parte do espaço que o circunda,
e que este espaço não é imóvel, promovendo assim, um sentimento de
pertencimento aquela realidade ainda em construção, e com isto valorizar o seu
papel de cidadão.
22



Em nossa pesquisa nos limitamos ao eixo 3 do terceiro ciclo, onde é trabalhado: o
campo e a cidade como formações socioespaciais, onde a Educação Patrimonial
pode ser ensinada de forma mais consciente e incisiva, para que o estudante possa
perceber que, apesar das transformações, o antigo e o novo podem compor uma
única paisagem geográfica.

A fim de obter melhores resultados resolvemos trabalhar a aplicabilidade de nossa
pesquisa com professores do Ensino Fundamental da RMGV, pois, estão mais
próximos da grande gama do Patrimônio Histórico que compõe a nossa realidade,
propondo como ferramenta um Guia de Educação Patrimonial para ajudar o docente
a tirar certos conceitos da abstração e transformar este patrimônio, às vezes
esquecidos, em verdadeiros espaços não formais de educação.
23



3. A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO INSTRUMENTO NO
ENSINO DA GEOGRAFIA

Neste tópico abordaremos a importância de se trabalhar em sala de aula os temas
transversais, sobretudo a Pluralidade Cultural, tendo como instrumento para o
ensino      e   aprendizagem   da   geografia   a   Educação   Patrimonial.   Assim,
apresentaremos de forma sucinta a historicidade da formação conceitual do
vocábulo Patrimônio Cultural, como também os conceitos acerca de patrimônios
culturais (bens naturais, materiais e imateriais), paisagens culturais e diversidade
cultural.




3.1. PLURALIDADE CULTURAL

As diretrizes contidas nos PCNs, para o ensino e aprendizagem da geografia no
ensino fundamental, estão voltadas para práticas pedagógicas apropriadas ao
desenvolvimento da capacidade de identificar e refletir dos alunos sobre os
diferentes aspectos da realidade, compreendendo a relação sociedade e natureza,
considerando, entretanto, suas experiências.

Todavia, é importante lembrarmos, que compete ao corpo docente da escola
discernir sobre a forma mais adequada de conduzir o ensino, em virtude do contexto
econômico e socioambiental do local onde encontra-se inserida a escola. O
professor é um dos principais pilares desse processo, em especial, quando exerce
sua autônomia (micro-poder) em sala de aula.

A temática da Pluralidade Cultural, definida como tema transversal nos Parâmetros
Curriculares Nacionais, tem interface singular com os conteúdos da geografia para
os alunos do ensino fundamental. Em especial, os eixos relacionados à formação
socioespacial do campo e da cidade e o estudo da natureza e sua importância para
o homem - destinado ao Terceiro Ciclo, constante nas diretrizes dos Parâmetros
Curriculares Nacionais de Geografia - são aqueles em que o professor poderá
trabalhar com seus alunos a temática da Pluralidade Cultural, uma vez que, diz
24



respeito ao conhecimento e à valorização de características étnicas e culturais dos
diferentes grupos sociais que convivem no território nacional.

Essa discussão pode ter como base alguns dos elementos materiais da paisagem,
como: a casa, a rua, as indústrias, os portos, dentre outros. Afinal, são componentes
da organização espacial, que “por adquirir uma forma, manifestada no espaço, a
cultura possui uma grande relevância na organização sócio-espacial das cidades, de
tal maneira que seu estudo é imprescindível na sociedade contemporânea”
(COLASANTE, 2009, p. 03).

Para alcançar esses objetivos é fundamental que os alunos aprendam a observar, a
conhecer, a explicar, a comparar e a representar o espaço geográfico, pois se
constituem em subsídios essenciais ao fortalecimento da identidade individual e
coletiva, imprescindíveis na construção do sentido de pertencimento e de
valorização do Patrimônio Cultural.

A abordagem sobre a pluralidade cultural, com ênfase ao Patrimônio Cultural,
permite ao professor que trabalha com os alunos do Quarto Ciclo um
aprofundamento dos seguintes eixos: “um só mundo e muitos cenários geográficos e
modernização, modo de vida e a problemática ambiental”. Esses eixos facultam a
discussão sobre as desigualdades socioeconômicas e seus reflexos na paisagem
geográfica, e ao mesmo tempo favorece ao aluno a possibilidade de começar a
conhecer o nosso país.

Deste modo, a Educação Patrimonial configura-se como uma valiosa ferramenta
para facilitar a ampliação da capacidade dos alunos do ensino fundamental de
observar, conhecer, explicar, comparar e representar as características do lugar em
que vivem das diferentes paisagens e espaços geográficos presentes no seu
cotidiano.
25



3.2. EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E O ENSINO DE GEOGRAFIA

Afinal o que é a Educação Patrimonial? Para (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO,
1999, p. 6, grifo do autor) “Trata-se de um processo permanente e sistemático de
trabalho educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de
conhecimento e enriquecimento individual e coletivo. [...]”.

Segundo (HORTA, 1999, apud TEIXEIRA, 2006, p. 17) “O termo Educação
Patrimonial foi introduzido no Brasil, em “termos conceituais e práticos”, no início dos
anos 80, tendo como referência o Heritage Education, trabalho pedagógico
desenvolvido na Inglaterra na década anterior”.

Considerando (RANGEL, 2002, apud TEIXEIRA, 2006, 17) “educação patrimonial
deve ser entendida como todo processo de trabalho educacional que vai tratar do
patrimônio cultural, sendo este produto de uma comunidade que com ele se
identifica [...]”.

A interdisciplinaridade da Educação Patrimonial se constitui em um valioso
instrumento do ensino e aprendizagem da geografia, pois,



                      [...] A Educação Patrimonial equipara-se em muitos sentidos à Educação
                      Ambiental. Ambas enfatizam a formação do cidadão, favorecendo as
                      economias locais através do desenvolvimento turístico e da
                      sustentabilidade, fortalecendo ainda o sentimento de pertencimento e os
                      laços afetivos entre os membros da comunidade [...]. (TEIXEIRA et al.,
                      2006, p. 18)




A Educação Patrimonial permite trabalhar de forma lúdica e investigativa o
Patrimônio Cultural e a sua inter-relação com a geografia face sua transversalidade
ou interdisciplinaridade. Portanto, aplicável ao ensino e aprendizagem de diversas
disciplinas, principalmente, a geografia, uma vez que,


                      [...] A partir da experiência e do contato direto com as evidências e
                      manifestações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e
                      significados, o trabalho da Educação Patrimonial busca levar crianças e
                      adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização
                      de sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto destes
                      bens, e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos, num
26


                                  processo contínuo de criação cultural. (HORTA, M. de L. P.; GRUNBERG,
                                  E.; MONTEIRO, A. Q., 1999, p. 6, grifo do autor)



Afinal, o ensino e aprendizagem de geografia têm papel singular na formação dos
alunos do ensino fundamental, pois, proporciona instrumentos imprescindíveis para
compreensão e intervenção na realidade social na busca da conquista da cidadania.
Esse processo também deve ter como objetivo a valorização da memória individual
e coletiva, fortalecendo a relação dos indivíduos com suas heranças culturais, capaz
de despertar o compromisso de preservar o patrimônio cultural local, regional,
nacional e mundial.

Para melhor aplicação dessa ferramenta sugere-se adotar as etapas descritas na
Tabela 1.


Tabela 1 – O objeto cultural como fonte primária do conhecimento - etapas metodológicas

      Etapas               Recursos/Atividades                           Objetivos                             Exemplificação
                    Exercícios       de     percepção
                                                                                                     É possível perguntar:
                    visual/sensorial, por meio de              Identificar     o       objeto/sua
                                                                                                     1. Qual a sua composição? 2. Qual
                    perguntas,            manipulação,     função/seu significado;
                                                                                                     era ou é a sua função? 3. Quando
 1. Observação      experimentação,         mediação,
                                                                                                     foi construído (época)? 4. Qual era
                    anotações, comparação, dedução,            Desenvolvimento da percepção
                                                                                                     à base da economia? 5. Quais
                    jogos de detetive,...                  visual e simbólica.
                                                                                                     meios de transporte disponíveis?
                                                               Fixar o conhecimento percebido,
                                                                                                     Registre sua percepção sobre o
                                                           aprofundamento da observação e
                    Desenhos, descrição verbal ou                                                    objeto:
                                                           análise crítica;
                    escrita, gráficos, fotografias,                                                  1. Descreva os detalhes do objeto
 2. Registro                                                   Desenvolvimento da memória,
                    maquetes, mapas e plantas                                                        cultural; 2. Reproduza (desenhe ou
                                                           pensamento lógico, intuitivo e
                    baixas.                                                                          fotografe); 3.Compare com objetos
                                                           operacional.
                                                                                                     semelhantes,...
                    Análise       do        problema,                                                Investigação/pesquisa:
                    levantamento     de     hipóteses,                                               1. Qual o contexto histórico, social,
                                                                 Desenvolvimento               das
                    discussão,        questionamento,                                                tecnológico, econômico e político
                                                           capacidades de análise e julgamento
 3. Exploração      avaliação, pesquisa em outras                                                    da época da sua criação? 2. Quem
                                                           crítico, interpretação das evidências e
                    fontes como bibliotecas, arquivos,                                               o construiu? 3. Como se originou?
                                                           significados.
                    cartórios, instituições, jornais,                                                4. Como era a organização de
                    entrevistas.                                                                     social do trabalho?
                                                                                                     Utilize sua criatividade:
                    Recriação,              releitura,                                               1. Faça uma maquete.
                                                                Envolvimento             afetivo,
                    dramatização, interpretação em                                                   2. Dsenhe; 3. Crie uma charge; 4.
                                                           internalização, desenvolvimento da
                    diferentes meios de expressão                                                    Elabore um documentário; 5.
 4. Apropriação                                            capacidade de auto-expressão,
                    como pintura, escultura, drama,                                                  Promova uma gincana cultural. A
                                                           apropriação criativa, valorização do
                    dança, poesia, texto, filme e                                                    partir de sua apropriação intelectual
                                                           bem cultural.
                    vídeo.                                                                           e emocional sobre o objeto cultural
                                                                                                     “descoberto”.
Fonte: Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília, IPHAN/Museu Imperial, 1999.
Nota: Dados adaptados pelos autores.
27




O ensino da geografia nesta etapa do processo de aprendizagem tem como foco os
elementos presentes na paisagem rural e urbana, cuja, percepção e posterior
interpretação e compreensão da relação entre sociedade e natureza por parte do
aluno, deve ocorrer mediante a ampliação de sua capacidade de observação e
caracterização dos objetos que compõem o espaço geográfico. Ou seja, adotando-
se um procedimento cognitivo capaz de tornar compreensiva a influência que o
homem exerce sobre a natureza, e vice-versa.




3.3. PATRIMÔNIO CULTURAL

O conceito de Patrimônio Cultural envolve dois vocábulos: pater e nomo, o termo
Pater significa em latim “pai de família”, etimologicamente referindo-se à herança
paterna. A palavra Nomo deriva do grego Nomos, sendo esta ligada à origem.
Portanto, o significado de Patrimônio Cultural refere-se ao conjunto de materiais
móveis e imóveis e imateriais, produzidos no tempo e no espaço, por diferentes
etnias que compõem uma sociedade. “O patrimônio de um povo é o legado da
cultura estabelecida desde o passado até as populações atuais” TRAZZI (Coord.),
2009, p.02.

Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO),

                      O patrimônio cultural de um povo compreende as obras de seus artistas,
                      arquitetos, músicos, escritores e sábios, assim como as criações anônimas
                      surgidas da lama popular e o conjunto de valores que dão sentido à vida.
                      Ou seja, as obras materiais e não materiais que expressam a criatividade
                      desse povo: a língua, os ritos, as crenças, os lugares e monumentos
                      históricos, a cultura, as obras de arte e os arquivos e bibliotecas.
                      (Declaração do México, 1982, Conferência Mundial sobre as Políticas
                      Culturais). Disponível em:
                      <http://www.unisc.br/universidade/estrutura_administrativa/nucleos/npu/npu
                      _patrimonio/legislacao/internacional/patr_cultural/declaracoes/mexico_1982.
                      pdf>. Acesso em: 04 abr. 2010).

Assim, dispõe a Constituição Federal do Brasil de 1988, Capítulo III, Seção II, em
seu Art. 216, incisos de I, II, III, IV e V, como sendo patrimônio cultural brasileiro,
28



                     Art. 216. Constitui patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material
                     e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
                     referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
                     formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
                     I - as formas de expressão;
                     II - os modos de criar, fazer e viver;
                     III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
                     IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
                     destinados às manifestações artístico-culturais;
                     V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
                     arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. BRASIL. Constituição
                     da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:<
                     http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>.
                     Acesso em: 04 abr. 2010.




Para (RODRIGUES, 2001, apud TEIXEIRA, 2006, p. 05) “A consolidação dos
Estados Nacionais durante o século XIX impôs a necessidade de fortalecer a história
e a tradição de cada povo, como fator gerador de uma identidade própria. [...]”.
Portando, o conceito de Patrimônio Cultural encontra-se sujeito as constantes
transformações.




3.3.1. CLASSIFICAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E SUA APLICAÇÃO NO
ENSINO DE GEOGRAFIA

O patrimônio cultural pode ser classificado em três categorias: os bens naturais,
que compreende os elementos da natureza, como rios, florestas, cachoeiras, picos,
serras, montanhas e toda a biodiversidade. Os bens materiais estão subdivididos
em móveis, tendo como representantes pinturas, esculturas, artesanatos e outros; e
os imóveis, tais como templos, terreiros, igrejas, fábricas, praças, patrimônio
arqueológico e paleontológico. Numa outra categoria, reúnem os bens imateriais,
incluindo o folclore, os costumes, a linguagem, a música, entre outros.
29




                                                             Patrimônio
                                                              Cultural




                  Bens Naturais                          Bens Materiais                        Bens Imateriais
                Cachoeiras, montanhas,                                                         Música, danças e
                    fauna e flora.                                                          manifestações folclóricas.




                                     Bens Móveis                                Bens Imóveis
                                     Quadros, pinturas,                     Igrejas, prédios, casarões
                                    esculturas e outros.                           entre outros.


                          Figura 1 - Fluxograma da Classificação do Patrimônio Cultural




3.3.1.1. Bens Naturais

Os bens naturais também podem ser chamados de patrimônio ambiental ou natural.
São elementos da paisagem, tais como afloramentos rochosos, fauna, flora ou
quaisquer outros componentes naturais, que despertem ou que tenham valor
simbólico para um grupo social. Incluem-se nesta categorização os “habitats” que
abrigam espécies endêmicas, raras ou ameaçadas de extinção, ou ainda que
possuam um valor universal excepcional, do ponto de vista da ciência ou da
conservação. Igualmente, integram-se a essa categoria, as feições geomorfológicas
de relevante beleza cênica ou paisagística1.




                        Fonte: http://br.olhares.aeiou.pt/dunas_de_itaunas_foto486929.html. Acesso em: 14 abr. 2010.

                        Fotografia 1. Dunas de Itaúnas, em Conceição da Barra/ES.

1
    Ver Fotografia 1.
30




Vale destacar a relação de identificação e de sobrevivência, presente na interação
homem – natureza (bens naturais). Sendo, que




                      [...] As práticas sociais também são delimitadas pelo espaço, os tipos de
                      atividades desenvolvidas pelos diferentes grupos humanos estão ligados
                      aos recursos naturais existentes. Práticas como, caça, pesca, agricultura e
                      muitas outras são resultado de como as comunidades lidam com seu meio e
                      refletem diferentes culturas e para que elas continuem existindo é preciso
                      que haja a preservação do meio ambiente, ou seja, do patrimônio natural.
                      (TEIXEIRA, S. et al., 2006, p.09)




                      Fonte: www.vilavelha.org/images/madalena2.jpg. Acesso em: 05 jun. 2010

             Fotografia 2. Reserva Ecológica de Jacarenema, em Vila Velha/ES




Aplicação:

Atividade. Aula de campo para análise do patrimônio natural

O professor poderá dividir a turma em grupos, e cada grupo levará uma máquina
fotográfica para registrar este patrimônio. Após a revelação das fotografias, já em
sala de aula, o professor discutirá com os alunos os aspectos relativos às
transformações corridas no local e os principais elementos presentes na paisagem
(tipo de solo, relevo, vegetação e outros). Poderá, a partir do estudo, realizar uma
exposição de fotos aberta à visitação.
31



Abordagens Cognitivas: Domínios naturais (morfoclimáticos); recursos naturais
(água, flora, fauna e outros), degradação ambiental, exploração de recursos
naturais, poluição ambiental (atmosférica, águas superficiais e subterrâneas).

Sugestão: o professor poderá escolher uma unidade de conservação próxima a sua
escola. Ex.: Reserva Biológica de Jacarenema, em Vila Velha2; o manguezal de
Vitória e outros.




3.3.1.2. Bens Materiais

Constituem bens materiais alguns dos elementos presentes nas paisagens rurais e
urbanas, resultantes das necessidades e das habilidades humanas no decorrer do
processo de produção e de reprodução da relação entre o homem e a natureza.
Dentre esses, são considerados patrimônios os conjuntos habitacionais, portos,
solares, museus, prédios que retratam a evolução histórica, manifestada em
determinado tempo e espaço3.




              Fonte: Disponível em:<http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://1.bp.blogspot.com/.>.Acesso em: 01 jun.2010.
                                                    Postado por Carlos Henrique Gobbi.

                    Fotografia 3 . Av. Jerônimo Monteiro – Décadas de 1930 a 1950.



Esses bens materiais configuram-se em materialidades sociais. No entanto,


2
    Ver Fotografia 2.
3
    Ver Fotografia 3.
32



                         [...] Geralmente o que se considera patrimônio são alguns monumentos,
                         prédios que mostram a evolução histórica, representando um determinado
                         período ou manifestação cultural. O bem pode ser selecionado a partir de
                         diferentes estilos, materiais utilizados, do próprio projeto de sua construção,
                         assim como valores externos agregados à edificação como a sua forma de
                         ocupação por grupos ou personagens de importância para a sociedade.
                         (TEIXEIRA et al., 2006, p. 08 e 09)




Entre os bens materiais imóveis podemos destacar o patrimônio arquitetônico, o
público, o popular, o sacro ou religioso (igrejas, templos, terreiros). Destaque
especial ao patrimônio arqueológico, composto de antigas moradias, artefatos de
argila, osso, concha, madeira, que podem ser encontrados de diversas formas, tais
como: ornamentos corporais, machados, pedras lascadas, pontas de flecha,
cerâmicas (urnas, potes e outros), fragmentos de faiança, louça, moedas de prata e
demais objetos, caracterizados como vestígios materiais deixados pelos grupos e
civilizações passadas, em locais denominados de sítios arqueológicos.




                        Fonte: CTA, 2009. Programa de Educação Patrimonial – Guia do Professor.

    Fotografia 4. Cacos de cerâmica colonial coletados no sítio das ruínas do rio Salinas, em
                                                  Anchieta/ES.

A observação e análise dos bens materiais possibilitam deduzir as condições
econômicas, culturais, tecnológicas e sócias da sociedade responsável pela
construção ou criação do patrimônio material4.

Aplicação:

Atividade. Inventariando a cidade.

4
    Ver Fotografia 4.
33



O professor poderá solicitar dos alunos uma pesquisa sobre os bens materiais da
cidade, separando a turma em dois grupos: bens móveis e imóveis. A pesquisa
deverá          conter      informações               sobre           quem           construiu/criou,         época   da
construção/criação, função e outras informações relevantes, além de fotografias. O
professor, com os alunos, deverá utilizar a planta cadastral recente da cidade para
identificar a localização espacial desses bens. Também poderá compará-la com
mapas ou pinturas antigas, chamando a atenção dos alunos para a localização e os
arranjos atuais.

Abordagens: espaço geográfico; organização espacial, lugar; migração; bens
materiais; crescimento populacional; setores produtivos.




3.3.1.3. Bens Imateriais

Os bens imateriais podem ser definidos como aqueles que são transmitidos
mediante a história oral, por indivíduos ou comunidades, resultando na perpetuação
das mais variadas manifestações culturais, sendo estas de cunho religioso, artístico,
tecnológico entre outras formas de expressão integrante de uma identidade étnica5.




                         Fonte: http://gazetaonline.globo.com/_midias/jpg/578.jpg. Acesso em: 10 abr. 2010.

                                                  Fotografia 5. Congo




5
    Ver Fotografia 5.
34



Assim, merecem destaque as lendas, os cânticos, os contos, as danças, as
tecnologias do artesanato decorativo e utilitário, pois, assim como os outros
patrimônios culturais também refletem o modo de criar, fazer e viver dos homens,
capaz de revelar paisagens geográficas diversas.

Aplicação:

Atividade. Elaboração da árvore genealógica de cada aluno.

O professor solicitará dos alunos a relização de uma entrevista com seus pais e
avós para obter informações sobre suas origens, local onde moravam, as atividades
praticadas, os meios de comunicação e transporte utilizados, levando-os a perceber
a importância do lugar e a diversidade cultural brasileira. Essa atividade poderá ser
enriquecida quando realizada com fotos e objetos antigos (louças, porta retratos,
utensílios domésticos) preservados pelas famílias.

Abordagens: Patrimônio imaterial; identidade cultural; imigração; miscigenação e
etnias.




3.4. DIVERSIDADE CULTURAL

A geografia cultural nos permite estudar a diversidade cultural que compreende
desde a forma de falar, comer, rezar, trabalhar, brincar, estudar dos seres humanos,
ou seja, surge a partir de um conjunto de informações e expressões transmitidas, de
forma oral, gestual ou escritas, de um indivíduo para o outro, de uma cultura para
outra, sendo essas passíveis de alterações no tempo, seja esse curto ou longo.

Apesar da infinidade de elementos didático-pedagógicos, que o estudo da geografia
cultural proporciona, “[...] poucos são os estudos que, efetivamente, podem ser
caracterizados como focalizados fundamentalmente em um aspecto da cultura em
sua dimensão espacial” (CORRÊA, 1995, p.16).
35



3.5. PAISAGENS CULTURAIS

“A paisagem constitui para a geografia um de seus conceitos-chaves, a ela sendo
atribuída, por parte de numerosos geógrafos, o papel de integrar a geografia,
articulando o saber sobre a natureza com o saber sobre o homem”, segundo Capel
(apud CORRÊA, 1995, p. 03).

A paisagem cultural pode ser definida como:




                     [...] um conjunto de formas materiais dispostas e articuladas entre si no
                     espaço como os campos, as cercas vivas, os caminhos, a casa, a igreja,
                     entre outras, com seus estilos e cores, resultante da ação transformadora
                     do homem sobre a natureza. (Siegfried Passarge e Otto Schlüter apud
                     CORRÊA, 1995, p.04)




As paisagens culturais que agregam feições geológicas, hídricas, climáticas,
paleontológicas, arqueológicas e históricas de extraordinário interesse científico e
rara beleza natural são requisitos para classificação de paisagens culturais em
geoparques (SEMINÁRIO Serra da BodoquenaMS – Paisagem Cultural e
Geoparque, 2007, acesso em 20 abr. 2010).

Esse conjunto serve de base para estudos sobre a formação da Terra e a existência
de formas de vidas pretéritas
36



4. GEOGRAFIA E MÉMORIA

Este capítulo se dedica a um elemento de grande valia para a Educação Patrimonial
no ensino de Geografia: a memória. Para fundamentar o significado da memória dita
cultural foi utilizado o conceito de cultura, lugar, paisagem e espaço geográfico.

Contrapondo ao seu conceito biomédico, a memória busca, através do
conhecimento e análise do patrimônio histórico-cultural, o resgate de todo o
processo de acumulação de tempos desiguais no espaço habitado e modificado pela
sociedade por parte do docente e discente, além de sua valorização num contexto
escolar.




4.1. VISÃO GERAL

Antes de conceituar a memória em um viés geográfico é importante buscar a
definição de cultura:




                        […] a cultura deve ser considerada como o conjunto dos traços distintivos
                        espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma
                        sociedade ou um grupo social e que abrange, além das artes e das letras,
                        os modos de vida, as maneiras de viver juntos, os sistemas de valores, as
                        tradições e as crenças. (UNESCO, 2002, p. 2)




A cultura se arraiga num espaço através da memória de um grupo humano. Como
trabalhado no capítulo anterior, bens móveis, imóveis e naturais possui um valor
além do material para o grupo humano, possui um valor afetivo.

Em outros tempos, a educação tradicional transformou a memória unicamente em
um banco de informações, desviando-se do objetivo principal de dar suporte à
reconstrução criativa do passado tanto para o docente, quanto para o discente.
37



Segundo Cury, devemos ensinar nossos alunos a serem não apenas pensadores,
mas produtores de idéias, pois a nossa memória não desempenha a função
somente de deposito de dados.

Ainda de acordo com Cury, “a memória humana é um canteiro de informações e
experiências para que cada um de nós produza um fantástico mundo de idéias”.
Portanto, de acordo com o autor, a memória como “canteiro de experiências”
contribuirá para o entendimento da inserção Educação Patrimonial no ensino da
Geografia.

O que nos interessa nesta reflexão é discutir a memória como elemento facilitador
do entendimento do processo de acumulação de tempos, usos e hábitos de forma
desigual no espaço geográfico, não importando necessariamente a sua escala.

Abreu (1998) discrimina a memória, num contexto histórico-cultural, em três tipos:




      Memória individual, que é o acúmulo de vivências de cada ser humano
      resultado da sua ação e interação com a natureza e sociedade.
      Memória coletiva, que é o compartilhamento de memórias individuais
      gerando uma memória social;
      Memória histórica, se registrando como uma memória social que se
      desintegrou pelo tempo;




Estas memórias se influenciam e se interferem, tornando-se um meio de coesão
social e de identidade cultural. Para muitos, o patrimônio cultural deixou de ter
significado, tornando-se somente memória histórica.

Colasante (2009) atesta que memória viva é um dos elementos da educação
patrimonial onde se busca em relatos ou entrevistas informais de pessoas que, em
tempos passados viveram nos locais identificados para realização de um estudo e
hoje podem relatar sobre o modo de vida, economia, fatos marcantes acontecidos
naquela época, possibilitando nos dias atuais, o resgate e a reflexão sobre um
38



patrimônio cultural. A memória viva é uma ferramenta que busca resgatar a memória
histórica e integrar novamente a uma memória coletiva/cultural.

Tomando todos os tipos de memória apontados pode-se destacar para este capítulo
a memória coletiva, que se entrelaçando com a noção de cultura, pode se
denominar memória cultural, definido por Abreu (apud Halbwachs, 1998) como “um
conjunto de lembranças construídas socialmente e referenciadas a um conjunto que
transcende o indivíduo”.

Todo monumento ou construção antiga revela o tempo histórico da sua criação. A
permanência da paisagem antiga nos revela na atualidade, traços que permitem
identificar e explorar as mudanças espaciais ocorridas, dotando o lugar de
significações.

Portanto, a compreensão do espaço como “acumulação de tempos desiguais” no
currículo da geografia, permite uma abordagem do patrimônio histórico-cultural,
unindo o novo e o velho em uma mesma paisagem.

Desta forma, a geografia escolar se utiliza da educação patrimonial contribuindo
para a formação e aprimoramento de uma consciência cidadã em seus alunos
conectando-os ao seu bairro, município, estado e nação.

Partindo agora do pressuposto de que a cidade é uma construção social, Carlos
(2007, p.13) menciona que “[…] a dinâmica da reprodução social na cidade
demonstra uma tendência de destruição da alguns referenciais urbanos na busca
pela modernidade como imagem de progresso […]”. Tal fato está presente na
totalidade das cidades do globo, através da substituição e sobreposição de velhas
formas por novas formas urbanas no espaço.

Além disso, o meio urbano é dotado de simbolismos que perpassam pelas cidades
trazendo várias leituras e ângulos de percepção, não esquecendo de que é
resultado da produção do capital no espaço, o que na maioria das vezes, não produz
formas espontâneas de ocupação e desenvolvimento. É importante notar que a
memória está atrelada tanto as transformações ocorridas no meio rural quanto as
que são ocorridas no meio urbano.
39



No campo, muitas práticas, hábitos e costumes, ferramentas e objetos de utilidade
caíram no esquecimento, devido à modernização ter alcançado o espaço rural,
desencadeando a desintegração de referenciais identitários por vezes pautados num
ciclo econômico que permaneceu por muitos anos.

Quanto à valorização da pluralidade cultural, o professor de Geografia poderá
buscar lugares ou construções que indiquem culturas desvalorizadas, se possível,
apresentando aos alunos algum indivíduo remanescente deste modo de viver,
novamente lançando mão do artifício da memória viva, a fim de promover a inclusão.




4.2. CONCEITUANDO LUGAR

Ferreira (2001) conceitua lugar como “1. Espaço ocupado; sítio. 2. Espaço. 3. Sítio
ou ponto referido a um fato. 4. Esfera, ambiente. 5. Povoação, localidade, região ou
país”. Uma definição que transcende ao indivíduo.

Já Yi-Fu Tuan (1983), define lugar como “um centro de significados construído pela
experiência”. E Santos (1997) fomenta um sentido mais geográfico ao afirmar que o
"lugar constitui a dimensão da existência que se manifesta através de um cotidiano
compartido entre as mais diversas pessoas, firmas, instituições–cooperação e
conflito são à base da vida em comum".

O conceito de lugar aponta não para um local genérico, mas sim para um local onde
um grupo humano tem vínculos afetivos, ou seja, um local que possui muitos
valores, significados e sentimentos revelando a identidade - sentimento de
pertencimento - com o lugar.

Esta concepção é formada visualmente pelas paisagens que observamos nos locais
onde vivemos ou regularmente visitamos6.




6
    Ver Fotografia 6.
40




 Fonte: Disponível em: <http://farm1.static.flickr.com/36/77339932_d00ffd3ae5.jpg?v=0> acessado em 31 de maio de 2010.

                              Fotografia 6. Parque Moscoso – Vitória/ES.



Nossa relação com os elementos do espaço local por um tempo determinado ou
indeterminado acontece a partir do momento que este espaço nos traz uma
implicação. Esta implicação pode ser positiva, afeição ao lugar - também chamado
de “topofilia” - ou negativa, repulsão ao lugar – denominado “topofobia”.

O lugar deve conter pessoas que partilhem da sua história de existência e
mantenham sua “memória cultural”. Sem esta compreensão uma cidade, por
exemplo, possui moradores que não sabem como começou seu processo de
crescimento desde a sua fundação, que proporcionou chegar ao seu estágio atual.

Esta meta só será alcançada se for trabalhada desde a infância, incutindo, ou
melhor, solidificando nas mentes dos residentes num local a noção de pertencimento
ao lugar de vivência dos mesmos. Reforçando este fato:



                             A experiência da topofilia „necessita de um tamanho compacto, reduzido às
                             necessidades biológicas do homem e às capacidades limitadas dos
                             sentidos‟ (TUAN, 1980, p. 116). Por conseguinte, verifica-se que a topofilia é
                             vivida mais intensamente numa escala local e regional, onde o homem ou a
                             coletividade apresente um conhecimento geral do lugar, e este lhe pareça
                             bem familiar. Isso fortalece a promoção da topofilia, em que conta também o
                             conhecimento e a consciência do passado como um elemento importante
                             no amor pelo lugar. (CUNHA, 2007, p. 8)
41



Conforme dito por CUNHA (apud TUAN, 1980), assim como existe a topofilia
(afeição pelo lugar / implicações positivas na paisagem) existe a sensação inversa: a
topofobia. Que é o medo ou aversão a certo lugar (é tornado lugar também para
vínculos negativos com uma paisagem local). A mesma experiência que traz a
sensação de pertencimento ao lugar traz uma sensação de repulsa ao lugar por
algum ou vários elementos observados e interagidos pelo indivíduo.

Exemplificando

Uma praça onde os pais levam os filhos e ali fazem amigos; um parque municipal ou
estadual, onde se preserva mais a natureza característica da região, que também é
um resgate do lugar onde vivemos; uma construção, ou festa típica também trazem
esta unidade de pessoas propiciando vínculos de afetividade que permanecem por
muitos anos naquele vivenciado espaço.

Um local poluído ou com construções e estruturações que abrigam uma rede de
relações que envolvem risco social por tráfico de drogas, prostituição, ou outra
prática ilícita podem, por exemplo, repelir a permanência ou chegada de pessoal ao
local envolto nestas paisagens.




4.3. CONCEITUANDO PAISAGEM

Nesta interface geografia-memória também se pode trabalhar com os alunos o
conceito de paisagem, que é “o conjunto daquilo que os olhos podem abarcar”
(Claval, 2001, p.29).

Holzer (1996, p. 114) diz que “[…] a paisagem é uma expressão física da ação do
homem sobre a natureza, e por extensão, um receptáculo da memória”. Isto
demonstra que a paisagem em si promove e armazena a transformação de um local.

Ao estudarmos sobre determinado patrimônio histórico-cultural, o registro efetuado
pelo olhar o qualifica apenas como um elemento da paisagem externo à dinâmica da
economia e modernização.
42



Para que este elemento da paisagem, neste caso o patrimônio, ganhe significado
busca-se inicialmente o registro histórico e geográfico e aprofunda-se a reflexão do
processo de transformação realizado no espaço identificado7.




              Fonte: Disponível em: <http://static.panoramio.com/photos/original/4440828.jpg> Acesso em: 31 de mai. de 2010.

                 Fotografia 7. Cidade de Vitória/ES vista da Prainha – Vila Velha/ES



Exemplificando

A fundação de uma cidade, onde se fará a análise da superfície construída e
urbanizada que antes era coberta por vegetação; cursos d‟água e variada fauna.
Após a fundação da cidade edificaram estradas e várias construções ao longo de
suas feições geomorfológicas. Instala-se um processo de ocupação populacional
desordenado e os problemas característicos da falta de planejamento urbano
surgirão.




4.4. CONCEITUANDO ESPAÇO GEOGRÁFICO

Além de paisagem e lugar, deve-se levar em conta que a memória cultural, num
contexto de Educação Patrimonial, aponta para sua existência como parte do
espaço geográfico. Segundo Suertegaray (2001), espaço geográfico se define da
seguinte maneira:



7
    Ver Fotografia 7.
43




                                 […] o espaço geográfico é a coexistência das formas herdadas (de uma
                                 outra funcionalidade), reconstruídas sob uma nova organização com formas
                                 novas em construção, ou seja, é a coexistência do passado e do presente
                                 ou de um passado reconstituído no presente.




            Fonte: Disponível em:http://farm3.static.flickr.com/2346/2043345635_554680138a.jpg?v=0. Acesso em: 31 de mai. de 2010.

                                     Fotografia 8. Viaduto Caramuru – Vitória/ES.



Neste processo em constante andamento, o conceito abordado fornece subsídios
para que o indivíduo vivente em seu lugar pense sobre o que se produziu e está
produzindo no espaço, ou seja, sobre a interação do homem com a natureza e
sociedade e os desdobramentos no mesmo8.

Com isso, se deve valorizar este patrimônio a fim de que seja mantida a memória
cultural para as gerações seguintes, para começar, esta conscientização ser
construída nos docentes e, posteriormente, nos alunos das escolas. Sem este
resgate da memória cultural, o espaço geográfico tomaria formas diferentes que
poderiam trazer implicações negativas ao longo do tempo-espaço para a sociedade
como um todo.

Exemplificando

Uma cidade hipotética em franco crescimento populacional e principalmente
econômico possui construções muito antigas e edificações novas. Sem ter
consciência de preservação                           e     valorização           do patrimônio histórico-cultural,
construções antigas desprotegidas pelos órgãos responsáveis pela proteção destes


8
    Ver Fotografia 8.
44



patrimônios haveria uma altíssima chance de serem transformadas em prédios altos,
a mando da especulação imobiliária e da modernidade, perdendo toda a memória
que aquele elemento expressa no modo de viver histórico/tradicional poderia
oferecer aos munícipes de um dado local.
45



5. APLICABILIDADE DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO ENSINO E
APRENDIZAGEM                 DA      GEOGRAFIA             –        APRESENTAÇÃO              E
AVALIAÇÃO DO “GUIA DO PROFESSOR”

Para averiguar a funcionalidade e aplicabilidade da proposta de implementação da
Educação Patrimonial no ensino e aprendizagem da geografia, mediante a utilização
do material paradidático intitulado, “Guia do Professor”, o qual foi elaborado para
servir de subsídio aos professores do ensino fundamental, foi realizado no dia 27 de
maio de 2010, no prédio do IC-IV da Universidade Federal do Espírito Santo, um
mini-curso de capacitação com duração de três horas, com o apoio da orientadora
Prof.ª Msc. Solange Lins, e da Prof.ª Dr.ª Marisa T. Rosa Valladares – Coordenadora
do Laboratório de Ensino e Aprendizagem de Geografia - LEAGEO, sob a
coordenação dos responsáveis pelo desenvolvimento e aplicação deste trabalho.

Foram previamente selecionados, convidados, oito professores, que lecionam no
ensino fundamental da rede pública e privada, – escolas situadas na RMGV - para
participarem. Porém, em virtude das fortes chuvas no dia da apresentação, não foi
possível o comparecimento de todos9.

Assim, houve a necessidade de adequações, de modo a assegurar quorum mínimo
de participantes para validação da proposta, desse modo foram chamados
graduandos finalistas do curso de geografia com licenciatura plena e de
bacharelado, que lecionam ou lecionaram a disciplina de geografia para alunos do
ensino        fundamental.   Portanto,   estavam     presentes      oito   participantes   entre
professores recém-formados e graduandos finalistas.




                                Fonte: Diego Zanete Bonete, 2010.
                             Fotografia 9. Palestra de capacitação

9
    Ver Fotografia 9.
46



Utilizando-se do seguinte procedimento: palestra com exposição do conteúdo e
abordagem sobre o desenvolvimento das atividades; intervalo com o “Café
Geopatrimonial”, momento de descontração e troca de experiências; e encerrando-
se com um debate avaliado sobre a temática prestada, conforme mencionado
anteriormente10.




                              Fonte: Diego Zanete Bonete, 2010
                           Fotografia 10. Momento de discussão



Diante do exposto, apresentamos a seguir algumas das considerações sobre a
temática do mini-curso de capacitação a partir da abordagem do material
paradidático intitulado.

Na discussão sobre o Guia do Professor houve diversas reações, positivas na maior
parte, onde se comentou por parte dos professores que este material trouxe um
novo olhar ao patrimônio cultural ou natural, além de realizar uma aproximação da
Geografia Física com a Geografia Humana.

Outro comentário foi este trabalho ter despertado uma visão holística da Geografia
em relação ao uso deste patrimônio para estudar esta disciplina escolar, buscando
evitar a memorização como único método de aprendizado e o ensino fragmentado
do conteúdo que se apresenta muitas vezes no livro didático.



10
     Ver Fotografia 10.
47



Foi sugerida por um dos participantes a realização desta apresentação deste guia
para capacitação de professores de Geografia em atividade nas escolas que
oferecem esta abertura, além do uso das oficinas pedagógicas com docentes ou
estudantes.

Também se acrescentou que todas as atividades propostas como exemplificação no
Guia do Professor podem ser aplicadas em qualquer município onde o professor
leciona. Para isso, se valoriza o perfil do professor-pesquisador em sua prática
didática, buscando qualquer projeto governamental que auxilie em seu trabalho com
patrimônio cultural.

O sentimento de pertencimento ao lugar, topofilia, e o aspecto multidisciplinar foram
pontos importantes para um componente do grupo de professores. Incentivou-se a
usar outros recursos didáticos para tratar do patrimônio cultural como músicas e
literaturas poéticas para incrementar este processo de ensino-aprendizagem.

Criticou-se a visão tecnicista das instituições de ensino, não tratando a fundo certas
questões    relevantes para    a   formação   escolar do    aluno.   Defendeu-se    o
aproveitamento de datas comemorativas que podem ser trabalhadas num contexto
de aula e aprendizado.

Outro ponto de discussão levou em conta o título deste material apresentado ao
aluno: Guia do Professor devido a sua conotação inflexível para o docente organizar
sua aula. Guia denota a ideia de um caminho que deve ser seguido à risca, sem
nenhuma complementação ao seu desenvolvimento no contexto pedagógico ou
escolar.

A falta de acesso a alguns patrimônios culturais a todos os grupos sociais também
foi discutido. Certos lugares, que são classificados como patrimônios artísticos ou
culturais não são divulgados ou incentivados ao seu uso pela sociedade como um
todo, reflexo da desigualdade social e das relações de trabalho e consumo.

Surgiram ainda, críticas às aulas de campo que onde só se realiza um passeio
turístico ao patrimônio natural ou cultural, sem tratar assuntos pertinentes à
Geografia, bem como o estudo que envolve o mesmo, contextualização do processo
de globalização do espaço.
48



Portanto, houve boa aceitação do material didático, que atua como norteador, por
parte dos professores e colegas de turma.
49



6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar do curto intervalo de tempo para desenvolvimento e aplicação deste
trabalho, podemos considerar que os objetivos estabelecidos foram alcançados de
forma satisfatória, principalmente, em relação à receptividade dos professores e
graduandos concluintes frente à temática apresentada como mais um instrumento
para o ensino e aprendizagem da geografia.

Considerando que a Educação Patrimonial se constitui para maioria dos graduandos
e dos professores do curso de geografia, e até mesmo para os futuros bacharéis de
geografia, um processo educacional relativamente novo. Podemos, afirmar que a
escolha dessa metodologia didático-pedagógica foi bastante válida, tendo em vista o
potencial de difusão aqui iniciado, cujos objetivos visam aproximar os conceitos-
chaves da geografia do cotidiano escolar e valorizar o Patrimônio Cultural da
sociedade local. Favorecendo o fortalecimento do respeito às diversidades culturais
que compõem a sociedade capixaba e brasileira.

Cientes de que ainda é escasso o interesse sobre a geografia cultural pelos
geógrafos brasileiros, esperamos desse trabalho, como também dos anteriores, que
nos inspirou e impulsionou futuramente motivem – que novos olhares recaiam sobre
o Patrimônio Cultural – na ótica do seu potencial de ensinar geografia utilizando-se
da observação e análise critica dos bens patrimônios visíveis no nosso cotidiano.
Reforçando, desse modo a necessidade da educação continuada para formação do
professor, em especial, o de geografia. Afinal, trata-se de uma ciência em constante
transformação e conflito.
50



7. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

__________________. Conferência UNESCO, 1982. Declaração do México.
Disponível em:

<http://www.unisc.br/universidade/estrutura_administrativa/nucleos/npu/npu_patrimo
nio/legislacao/internacional/patr_cultural/declaracoes/mexico_1982.pdf>. Acesso em:
04 abr. 2010.

_________________. Diversidade Cultural. Disponível em:

<http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127160por.pdf.>.        Acesso em: 04
abr. 2010.

____________. Educação Patrimonial nas escolas: Aprendendo a resgatar o
patrimônio cultural. Disponível em:

<http://www.cereja.org.br/arquivos_upload/allana_p_moraes_educ_patrimonial.pdf.>.
Acesso em: 04 abr. 2010.

__________________. Seminário Serra da Bodoquena/MS – Paisagem Cultural
e Geoparque, 2007. Disponível em:

http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=1112. Acesso em: 20 maio
2010.

ALMEIDA, R. D. de; PASSINI, E. Y. O Espaço Geográfico Ensino e
Representação. 1º Edição, Coleção Repensando o Ensino. Editora: Contexto, São
Paulo, 1989.

ALVES, A. Q. de O. (Org.) Manual Diretrizes para a Educação Patrimonial.
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. Belo
Horizonte,      2009.     Disponível   em:    <http://www.iepha.mg.gov.br/programas-e-
projetos/educacao-patrimonial?format=pdf>. Acesso em: 04 abr. 2010.

BRASIL.      Secretaria    de   Educação     Fundamental.   Parâmetros   Curriculares
Nacionais: Geografia. Brasília: MEC/SEF, 1998, p. 1 – 89. Disponível em:
51



<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12657%3
Aparametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series&catid=195%3Aseb-educacao-
basica&Itemid=859>. Acesso em: 04 abr. 2010.

CLAVAL, P. A Geografia Cultural. 2. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2001.

COLASANTE, T. O patrimônio histórico-cultural no ensino de geografia: uma
análise dos parâmetros curriculares nacionais (PCNs). In: III ENCONTRO
CIDADES NOVAS – A CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS PATRIMONIAIS: Mostra de
Ações Preservacionistas de Londrina, Região Norte do Paraná e Sul do País.
Paraná, 2009. P. 01 – 03. Disponível em:

<http://web.unifil.br/docs/semana_educacao/1/estendidos/1.pdf.>. Acesso em: 10
abr. 2010.

CORRÊA, R. L. A dimensão cultural do espaço: alguns temas. In: ROSENDAHL, Z.
(Ed.). Espaço e Cultura. Ano I. RJ: NEPEC/UERJ, 1995. p. 01 – 21. Disponível em:
http://www.nepec.com.br/revista_1.pdf#page=6. Acesso em: 31 maio 2010.

CUNHA, S. A. Estudo da Percepção da Maritimidade no Município de
Presidente Kennedy – ES. 2007. 68 f. Monografia (graduação em Geografia).
Departamento de Geografia, Centro de Ciências Humanas e Naturais, Universidade
Federal do Espírito Santo, Vitória, 2007.

CURY, A. J. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante,
2003.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini-Aurélio século XXI escolar: O
minidicionário da língua portuguesa. 4ª edição. Coordenação: Margarida dos
Anjos e Marina Baird Ferreira. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2001. Disponível em:
http://www.ivt-rj.net/sapis/2006/pdf/JulianadeSouza.pdf>. Acesso em: 27 mai. 2010.

FILIPE, Carlos Henrique de Oliveira. Paleontologia: Definição, fundamentação e
objetivos. WebArtigos.com, Minas Gerais, 2008. Disponível em:

<http://www.webartigos.com/articles/9201/1/PALEONTOLOGIA-DEFINICAO-
FUNDAMENTACAO-E-OBJETIVOS/pagina1.html>. Acesso em 22 maio 2010.
52



HORTA, M. de L. P.; GRUNBERG, E.; MONTEIRO, A. Q., Guia Básico de
Educação Patrimonial. Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, Museu Imperial, 1999.

OLIVEIRA, A. U. de (Org.). Para Onde Vai o Ensino de Geografia. Editora:
Contexto. São Paulo, 1988,1° Edição, Coleção Repensando o Ensino.

PEREIRA, R. M. F. do A. Da Geografia que se Ensina à Gênese da Geografia
Moderna. Editora da UFSC. Florianópolis, 1989.

TEIXEIRA, S. (Org.). Educação patrimonial: novos caminhos na ação
pedagógica. Campos dos Goytacazes, RJ: EDUENF, 2006.

TRAZZI, A.(Coord.). Programa de Educação Patrimonial – Gasoduto Ramal
GASCAV UTG – Sul: guia do professor. Vitória: CTA - Centro de Tecnologia em
Aquicultura e Meio Ambiente, 2009. p. 02. Guia.

UNESCO. Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural. Disponível em:
http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127160por.pdf. Acesso em: 27 mai.
2010.

VLACH, V. R. F. Geografia em Debate. Editora Lê. Belo Horizonte/MG,1990.

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  • 1. 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, POLÍTICA E SOCIEDADE A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO INSTRUMENTO DO ENSINO DE GEOGRAFIA VITÓRIA - ES 2010
  • 2. 3 DIEGO ZANETE BONETE ESTEVAN DO AMARAL MENEGUELLI FLÁVIO DA SILVA MARQUES RONALDO GARCIA DE ARAÚJO A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO INSTRUMENTO DO ENSINO DE GEOGRAFIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Educação, Política e Sociedade do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado Pleno em Geografia. Orientadora: Profª. Msc. Solange Lins Gonçalves. Co-orientadora:Prof.ª Marisa Terezinha Rosa Valladares VITÓRIA - ES 2010
  • 3. 4 DIEGO ZANETE BONETE ESTEVAN DO AMARAL MENEGUELLI FLÁVIO DA SILVA MARQUES RONALDO GARCIA DE ARAÚJO A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO INSTRUMENTO DO ENSINO DE GEOGRAFIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Educação, Política e Sociedade do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado Pleno em Geografia. Aprovado, em 24 de junho de 2010. COMISSÃO EXAMINADORA Prof.ª Msc. Solange Lins Gonçalves Universidade Federal do Espírito Santo Orientadora Prof.ª Dr.ª Marisa Teresinha Rosa Valladares Universidade Federal do Espírito Santo Prof.ª Dr.ª Gisele Girardi Universidade Federal do Espírito Santo Prof.ª Rosa Rasuck Analista Cultural
  • 4. 5 Dedicatória Dedico este trabalho a Deus e a minha família, razões do meu viver, e em especial a minha mãe, mulher forte e trabalhadora. E a todos os estudantes que migraram de suas cidades de origem em busca de uma esperança nesta universidade. Diego Z. Bonete A Deus, meu sustentador, por toda a força e direção dada em todos os momentos. A todos os que me encorajaram e incentivaram a enfrentar esta etapa estudantil tão relevante. Estevan do A. Meneguelli A Deus, por acreditar que nossa existência pressupõe uma outra infinitamente superior. A minha esposa, por acrescentar razão e beleza aos meus dias. Aos meus pais, pelo exemplo, amizade e o carinho. Flávio da S. Marques Deus pelo milagre da vida,... Aos meus pais, familiares e amigos pela dedicação, incentivo, compreensão... A minha esposa e a minha filha pelas minhas faltas... Ronaldo Garcia de Araújo
  • 5. 6 Epígrafe O olhar geográfico sobre o passado possibilita compreender as paisagens culturais e naturais do presente, favorecendo o planejamento do espaço geográfico futuro. Ronaldo Garcia de Araujo
  • 6. 7 Resumo A Educação Patrimonial como instrumento no ensino de geografia tem por objetivo possibilitar ao professor do ensino fundamental o uso de mais uma ferramenta, capaz de tornar mais próximo do cotidiano escolar os conceitos chaves da geografia mediante a valorização do Patrimônio Cultural local, despertando nos alunos e na comunidade, onde esse é parte integrante, a importância do fortalecimento da memória coletiva e individual. Constitui-se objeto deste trabalho, a ampliação da capacidade dos alunos em compreender a existência dos patrimônios históricos e culturais diante das transformações geradas no tempo-espaço; perceber a importância da memória como ferramenta da Educação Patrimonial para aprendizagem dos conceitos geográficos; e elaborar material paradidático denominado “Guia do Professor” contendo descrições conceituais e atividades inter- relacionando o Patrimônio Cultural do Espírito Santo e os conceitos chaves geográficos - lugar, paisagem e espaço geográfico -, permitindo ainda uma abordagem de diferentes temas da geografia. A metodologia foi baseada na apresentação avaliativa do material paradidático “Guia do Professor” para professores e graduandos finalistas, do curso de licenciatura plena e bacharelado em geografia da Universidade Federal do Espírito Santo, que lecionam, ou lecionaram, na rede pública ou privada de ensino. Esses participantes consideraram o material paradidático um instrumento valioso para ensino e aprendizagem da geografia, pois, permitiu aguçar o “olhar geográfico” sobre os objetos culturais presentes nas paisagens geográficas, ocupantes de vários lugares na dimensão espaço-temporal. Por fim, observamos a necessidade do fortalecimento da formação continuada para o professor de geografia, de modo a permitir um equilíbrio entre seus conhecimentos e as constantes transformações do mundo. Palavras-chave: conceitos chaves da geografia; educação patrimonial; patrimônio cultural; material paradidático.
  • 7. 8 LISTAS DE FOTOGRAFIAS Fotografia 1 – Dunas de Itaúnas, em Conceição da Barra/ES..................................29 Fotografia 2 – Reserva Ecológica de Jacarenema, em Vila Velha/ES......................30 Fotografia 3 - Av. Jerônimo Monteiro – Décadas de 1930 a 1950............................31 Fotografia 4 - Cacos de cerâmica colonial coletados no sítio das ruínas do rio Salinas, em Anchieta/ES...............................................................................................................32 Fotografia 5 – Congo.................................................................................................33 Fotografia 6 - Parque Moscoso – Vitória/ES.............................................................40 Fotografia 7 - Cidade de Vitória vista da Prainha – Vila Velha/ES...........................42 Fotografia 8 - Viaduto Caramuru – Vitória/ES..........................................................43 Fotografia 9. Palestra de capacitação......................................................................45 Fotografia 10. Momento de discussão.....................................................................46
  • 8. 9 LISTAS DE TABELAS Tabela 1 – O objeto cultural como fonte primária do conhecimento - etapas metodológicas.....................................................................................................................26
  • 9. 10 LISTAS DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Fluxograma da Classificação do Patrimônio Cultural................................29
  • 10. 11 LISTA DE SIGLAS DT – Designação Temporária. IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. LEAGEO - Laboratório de Ensino e Aprendizagem de Geografia MEC - Ministério da Educação PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization). RMGV – Região Metropolitana da Grande Vitória. TCC – Trabalho de Conclusão de Curso.
  • 11. 12 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................13 2. NOVOS OLHARES NO ENSINO DA GEOGRAFIA..............................................15 2.1. UM BREVE PARECER SOBRE O ENSINO DA GEOGRAFIA.............15 2 .2. NO VAS P RÁTI CAS DE E NSI NO E M GE OG RA FI A E RE ALI DA DE ESCOLAR..................................................................................................................17 2.3. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E NOVOS OLHARES NO ENSINO DE GEOGRAFIA.........................................................................................20 3. A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO INSTRUMENTO DO ENSINO DE GEOGRAFIA..............................................................................................................23 3.1. PLURALIDADE CULTURAL................................................................................23 3.2. A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E O ENSINO DE GEOGRAFIA.........................25 3.3. PATRIMÔNIO CULTURAL..................................................................................27 3.3.1. CLASSIFICAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E SUA APLICAÇÃO NO ENSINO DE GEOGRAFIA.........................................................................................28 3.3.1.1. Bens Naturais.......................................................................................29 3.3.1.2. Bens Materiais......................................................................................31 3.3.1.3. Bens Imateriais.....................................................................................33 3.4. DIVERSIDADE CULTURAL................................................................................34 3.5. PAISAGEM CULTURAL......................................................................................35 4. GEOGRAFIA E MEMÓRIA....................................................................................36 4.1. VISÃO GERAL....................................................................................................36 4.2. CONCEITUANDO LUGAR..................................................................................39 4.3. CONCEITUANDO PAISAGEM............................................................................41 4.4. CONCEITUANDO ESPAÇO GEOGRÁFICO......................................................42 5 . AP LI C ABI LI D ADE D A E DUC AÇ ÃO P ATRI MO NI AL NO E NS INO E APRENDIZAGEM DA GEOGRAFIA – APRESENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DO “GUIA DO PROFESSOR”.........................................................................................45 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................49 7. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO........................................................................50 ANEXOS....................................................................................................................53
  • 12. 13 1. INTRODUÇÃO O ensino da geografia tem papel singular na formação dos alunos do ensino fundamental, pois proporciona instrumentos imprescindíveis para compreensão e intervenção na realidade social na busca da conquista da cidadania. Como forma de auxiliar na ampliação da capacidade e habilidade desses alunos o Ministério da Educação (MEC), mediante a instituição dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), reservou à disciplina de geografia o objetivo pedagógico de trabalhar diversos elementos essenciais ao fortalecimento da identidade individual e coletiva, tendo dentre suas premissas a valorização do patrimônio sociocultural. Para alcançar esses objetivos é fundamental que os alunos aprendam a observar, a conhecer, a explicar, a comparar e a representar o espaço geográfico. Favorecendo o fortalecimento e preservação da memória coletiva e individual, com intuito de formar um aluno-cidadão. Assim, este trabalho tem como finalidade evidenciar a importância da aplicação dos temas transversais no ensino de geografia, em especial, a Pluralidade Cultural, tendo como instrumento a Educação Patrimonial, conceito e metodologia, buscando evidenciar sua interface com os conceitos-chaves da geografia, tais como: lugar, paisagem e espaço geográfico. Abarcando-se os seguintes objetivos específicos: (a) compreender a existência dos patrimônios históricos e culturais diante das transformações geradas no tempo-espaço; (b) perceber a importância da memória como ferramenta da Educação Patrimonial para aprendizagem dos conceitos geográficos, como paisagem e lugar na construção da identidade; (c) elaborar material paradidático denominado “Guia do Professor”, contendo descrições conceituais e atividades inter-relacionando Patrimônio Cultural do Espírito Santo e os conceitos-chaves geográficos - lugar, paisagem e espaço geográfico -, permitindo ainda uma abordagem de diferentes temas da geografia.
  • 13. 14 O recorte Espacial adotado para esse trabalho foi a Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), sendo direcionada aos professores que atuam no 7º ano do ensino fundamental, cujo PCN define no Eixo 3: O campo e a cidade como formações socioespaciais – o espaço como acumulação de tempos desiguais, o qual possibilita trabalhar a educação patrimonial, pois: A Educação Patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural” que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido. Esse processo leva ao reforço da autoestima dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura brasileira, compreendida como múltipla e plural. (HORTA, M. de L. P.; GRUNBERG, E. ; MONTEIRO, A. Q., 1999, p. 6). Para plena utilização desse procedimento no ensino e aprendizagem da geografia, e considerando a necessidade de capacitação dos professores para trabalharem essa temática em sala de aula, optou-se pela realização de um mini-curso de capacitação para os professores de geografia que lecionam no ensino fundamental, em escolas localizadas nos municípios: Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra, os quais compõem a RMGV. Utilizando-se da seguinte metodologia: palestra com exposição do conteúdo e abordagem sobre o desenvolvimento das atividades; intervalo “Café Geopatrimonial” momento de descontração e troca de experiências; e por último um debate avaliando a temática prestada. O resultado do curso de capacitação de professores foi positivo como podemos constatar ao final desse trabalho. Afinal, trata-se de uma temática que permite ao professor trabalhar assuntos transversais - pluralidade cultural, meio ambiente e outros - intrinsecamente com os conceitos-chaves da geografia, de uma forma lúdica, e culturalmente aceita.
  • 14. 15 2. NOVOS OLHARES NO ENSINO DA GEOGRAFIA Serão apresentados a seguir alguns dos dilemas do ensino da geografia, embasado nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), onde se encontra presente a Educação Patrimonial, objeto do material paradidático, que auxiliará o professor de geografia em suas aulas sobre os conceitos-chaves dessa disciplina. Favorecendo aproximação desses conceitos no cotidiano escolar. 2.1. UM BREVE PARECER SOBRE O ENSINO DA GEOGRAFIA Em 1782 na França começa a instrução pública, obra do iluminismo e foi proclamada: “universal, gratuita, laica e obrigatória” (PEREIRA, 1989, p.22). Antes da Revolução Francesa a educação era um privilégio que só os escolhidos de Deus podiam desfrutar, assim, quem não era nobre continuava na inércia dos saberes, e se tornavam uma massa fácil de ser manipulada, com o medo do castigo da mão de Deus. A gratuidade da educação foi vista pela burguesia, como um caminho para a conquista da hegemonia, assim desestruturando a igreja e os senhores feudais. A burguesia quando se torna à classe dominante, subindo ao poder, começa a estruturar sistemas nacionais de ensino e escolas para todos, de acordo com a ideologia burguesa essa era a forma de “servos serem convertidos em cidadãos” (PEREIRA, 1989, p. 21), e assim, “participassem do processo político” (PEREIRA, 1989, p. 23) consolidando a democracia burguesa. A transformação de servos em cidadãos consiste como elemento marcante no rompimento do feudalismo, isso somente foi possível pela educação, assim a escola surge libertando os homens da ignorância. Com a implantação dos sistemas de ensino para os cidadãos, surge o principio de que mediante a educação todos os indivíduos tornam-se iguais. Assim a burguesia vê que não basta mudar o rumo do poder vigente, é preciso tornar seus ideais permanentes, desta forma ela muda de estratégia para perpetuar seus interesses, expande o sistema de ensino de forma que esse reproduza as relações de classe, e o capitalismo torna-se um sacro império.
  • 15. 16 No século XIX a escola se afirma, assim como o capitalismo, e assume uma postura nacionalista, reforçando os valores burgueses apresentados como universais. Desta forma, a Geografia, assim como outras disciplinas que formam o currículo escolar, torna-se instrumento de uma classe que deseja que sua hegemonia nunca seja quebrada. A partir da delimitação geográfica, dos costumes e línguas, surgem na Europa os Estados-Nações e, assim, a escola é usada como instituição que permitia a imposição da nacionalidade e do capitalismo burguês. O Estado que lutava para a libertação de mentalidades arraigadas a preceitos é o mesmo estado com o espírito protetor da burguesia, uma moeda e seus dois lados. Para implementar os ideais burgueses foi necessário deixar as diferenças de lado e utilizar-se da educação para trabalhar os verdadeiros propósitos e anseios da classe burguesa, dessa forma a sociedade capitalista florescia ao mesmo tempo em que a nacionalidade, no sentido burguês, se afirmava. Diante deste cenário as disciplinas surgem nos currículos escolares, não apenas como ciência, mas como ferramentas para consolidação dos valores burgueses. Segundo Pereira (1989, p. 26) “[...] A Geografia é incluída nos currículos por razões geopolíticas enquanto não só marca a naturalidade do homem no espaço, mas também sustenta que o homem só é humano porque incluído num espaço politizado nacional [...]”. Desta forma a geografia entra nos currículos escolares com dupla intenção, a primeira como ciência de grande importância para o mundo, seus feitos devem ser mostrados para o pleno desenvolvimento das potencialidades de todos, e a segunda como legitimadora de um ideal em que quanto mais nações, mais rotas de mercado se abrem ao capitalismo, fazendo com que o ensino da geografia seja limitante. Mas e hoje, na contemporaneidade, a quanto andas o ensino e as práticas da geografia?
  • 16. 17 2.2. NOVAS PRÁTICAS DE ENSINO EM GEOGRAFIA E A REALIDADE ESCOLAR A geografia, igualmente as outras ciências, quando inserida nos currículos escolares como disciplina trouxe consigo uma dualidade: a de ciência e a de mantenedora de um ideal. Mesmo com o passar das décadas podemos perceber vestígios dessa dualidade. Podem-se observar ao longo do tempo várias fases da Geografia: nacionalista, abstrata, acrítica e física. Diante de tal cenário, é comum a existência de algumas barreiras ao ensinar os conceitos-chave da geografia. Uma das primeiras dificuldades de ensino da ciência geográfica se configurou, logo após da afirmação da geografia como disciplina escolar, com toda a carga dos discursos nacionalistas, o ensino acabou sendo direcionada para a descrição dos elementos físicos, uma geografia sem vida, em que seu estudo baseava-se na memorização dos pontos naturais da terra. Com o passar do tempo, essa geografia foi reforçada com a era dos militares, onde seu ensino era reduzido a dados topográficos e estatísticos. O final desse período de ensino militarista, e com advento da tecnologia, da ciência e da velocidade e multiplicidades dos meios (veículos) de comunicação, os quais contribuíram de forma de vertiginosa na formação (complexa) das sociedades ocidentais neocapitalistas puncionaram significativas mudanças sobre o saber geográfico. Essas alterações implicaram no surgimento de um olhar crítico no processo de compreensão e explicação do espaço geográfico, a partir dessa de uma leitura de mundo onde os aspectos físicos e sociais devem ser analisados conjuntamente, de modo potencializar o nosso entendimento sobre a paisagem que nos circunda. De acordo com PEREIRA (1989, p. 26) “[...] A geografia analisa o físico, mas o estudo do físico em si mesmo não tem sentido. Ele só o terá se for considerado como dominado pelo homem e ligado à idéia de um espaço em que se exerce uma determinada cidadania [...]”. A geografia ensinada só pelo físico tende a se eliminar a compreensão e o raciocínio do humano, fazendo com que a lógica desse raciocínio seja incompleta. Uma vez que o estudo do espaço geográfico parte da compreensão da “primeira natureza”
  • 17. 18 (PEREIRA, 1989, p. 29) modificada pelo homem através dos arranjos sociais transformando-a na “segunda natureza” (PEREIRA, 1989, p. 29), pois a compreensão unicamente da “primeira natureza” não é a realidade do espaço geográfico e sim um “enciclopedismo” (BRABANT, 1988, p. 19). Quando falamos de Geografia abstrata e acrítica, não nos referimos à ciência geográfica, pelo contrario, uma ciência que tem uma produção concreta e muito crítica, nos referimos a um estado de dormência em que o ensino escolar da geografia como também de outras disciplinas vêm passando e que se detectando a mais de uma década por autores da área, como podemos ver no depoimento de Ariovaldo Umbelino de Oliveira, a “[…] grande maioria dos professores da rede de ensino sabe muito bem que o ensino atual da geografia não satisfaz nem ao aluno e nem mesmo ao professor que o ministra […]”, e que se repete em muitas conversas com professores e amigos do meio acadêmico que ministram aulas, e também como professores por designação temporária (DT). Mediante a esses problemas do dia-a-dia escolar, o professor recorrendo a ferramentas e práticas de ensino, que não fiquem somente no uso do livro didático, possa tornar o aluno mais participativo em suas aulas. Muito dos males se deve a só utilização do livro didático, que com o passar dos anos veio se transformando na “bíblia” dos professores, onde é recorrente livros com muitos erros e acríticos. Muitos destes passam apenas uma descrição, ao invés da reflexão dos elementos geográficos, e muitas vezes tais erros passam despercebidos por nós professores responsáveis pela sua utilização pois, “[...] os professores e os alunos são treinados a não pensar sobre e o que é ensinado e sim, a repetir pura e simplesmente o que é ensinado. O que significa dizer que eles não participam do processo de produção do conhecimento […]” (OLIVEIRA, 1994, p.28). Isto se deve muito a formação do professor enquanto universitário, pois não recebe orientação critica para questionar o livro didático, por isso nos sentimos incapazes de modificar tal situação. Neste sentido, assim como a instituição escolar, este recurso continua sendo um poderoso meio de controle da classe dominante. Onde com tal situação continuamos formando mão de obra barata, ao invés de, uma escola que forma trabalhadores críticos capazes de produzir e não apenas reproduzir.
  • 18. 19 Mediante esta vulnerabilidade, o professor de geografia acaba sendo apenas um coadjuvante diante do ator principal, o livro didático, pois o professor deposita todo o seu planejamento neste recurso, deixando de utilizar novas formas lúdicas de ensinar. O professor não exercita, assim, o pensar, além de proporcionar uma geografia “limitada e limitante” (OLIVEIRA, 1988, p.26), o professor vê o seu papel de mediador entre o aluno e o pensar desaparecer, e não explora práticas diferenciadas de ensinar, onde traga no aluno um aprender mais lúdico aproveitando a sua vivência. Em muitos dos relatos ouvidos por professores de geografia, vemos essas dificuldades em observações como: - “sinto a falta de interesse dos alunos, pois é difícil conseguir recursos didáticos diferenciados para elucidar questões da geografia fora do espaço físico restrito da escola” -, ou, - “difícil é criar métodos em que o aluno reconheça a geografia em seu espaço vivido, assim tirando a geografia da abstração”. Tanto alunos, como professores sentem a diferença quando se utiliza novos recursos didáticos em sala de aula, ainda mais quando esses recursos possibilitam uma visão ampliada do conhecimento geográfico, onde o físico e o social são apresentados no mesmo patamar, e não de forma determinante. Os alunos querem um ensino em que a vida cotidiana esteja nas paginas dos livros, onde possam estar e fazer parte do espaço, e assim identificar na realidade os elementos geográficos. Podemos refletir isto nestas palavras: [...] o professor deve estar consciente de que o espaço próximo para ser analisado precisa ser abordado em sua relação com outras instâncias espacialmente distantes. Nesse processo, a realidade é o ponto de partida e de chegada. De sua observação o aluno deve extrair elementos sobre os quais deve refletir e a partir disso ser levado à construção de conceitos [...]. (ALMEIDA e PASSINI, 1989, p. 12) Novas práticas de ensino ganham força com a criação das estruturas para orientação dos professores, os chamados PCNs, onde através destes parâmetros os
  • 19. 20 docentes podem melhor se instruir sobre o conteúdo de suas matérias e ver até onde podem explorar tais conteúdos. Dentro destas orientações também há uma parte muito interessante chamada de temas transversais, que se desmembram em: Ética, Meio Ambiente, Saúde, Pluralidade Cultural, Orientação Sexual e Consumo e Trabalho. Todos esses assuntos podem ser trabalhados e fortalecidos pelo ensino da geografia, assim como das demais disciplinas, pois são questões freqüentes em nossa sociedade. A partir desses temas é possível transmitir um saber mais social, ensinando-os através de novas práticas que contribuam para a plena compreensão da Geografia e, dessa forma, o estudante tenha a consciência de que está inserido num espaço ainda em transformação, onde a geografia é uma ciência em movimento e não se propõe ser estática. 2.3. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E NOVOS OLHARES NO ENSINO DE GEOGRAFIA Os Parâmetros Curriculares Nacionais, PCNs, foram criados em 1998 pelo Ministério da Educação para auxiliar os professores em suas disciplinas, orientando-os para formas mais abrangentes de ensinar. O conteúdo do PCN de geografia, que tange nossa pesquisa, é o Terceiro Ciclo do ensino fundamental, onde ele tem como metas - o ensino para a conquista da cidadania e o respeito às diversidades regionais e culturais - e objetivos tais como: compreender a cidadania como participação social e política; conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro; questionar a realidade formulando e resolvendo problemas. Tais questões servirão de argumentos para a elaboração dessa pesquisa. A busca de práticas pedagógicas diferenciadas para o ensino da Geografia possui como função principal tornar o ensino mais prazeroso para o aluno, focando a sua realidade social, cultural, ambiental e econômica. Desse modo, encontramos nos temas transversais definidos nos PCNs a possibilidade de trabalhar Educação
  • 20. 21 Patrimonial e sua inter-relação com categorias de análise da geografia (lugar, paisagem e espaço geográfico). Os temas transversais trazem a interdisciplinaridade, que acaba sendo um elo entre as diversas ciências que são ensinadas, a transversalidade e a forma de olhar diferente sobre algo, e é desta forma que olhamos a Educação Patrimonial: um olhar sem a alienação de que ela só serve para ensinar a história. Não podemos negar que a história é importante, e que sempre vai estar vinculada ao símbolo, mas através da análise da geografia podemos compreender e refletir as múltiplas formas da paisagem que contém um espaço. A Educação Patrimonial está contida dentro da Pluralidade Cultural, que é de grande importância para o ensino, pois é uma forma de sempre resgatar as produções socioculturais que as sociedades e grupos sociais nos deixaram, e que formaram o nosso país e suas manifestações no espaço, que no caso dessa pesquisa, é o Patrimônio. Se tratando de patrimônio e transversalidade outro tema transversal pode ser trabalhado junto, o Meio Ambiente, pois o patrimônio se abrange aos símbolos e paisagens naturais que fazem parte da vida e do dia-a-dia de cada um. Segundo o PCN, o objeto central do ensinar geografia, no Ensino Fundamental, deve ser o espaço, e de acordo com nossas percepções, o momento propício de se trabalhar a Educação Patrimonial como ferramenta da Geografia é a partir do 7º ano. Possibilitando o aluno verificar no espaço/patrimônio estes conceitos e redefini-los segundo suas percepções, seguindo as orientações do professor, deve, assim, forçá-lo a sempre estar num trabalho de questionar a realidade, formando um cidadão crítico e não passivo diante das problemáticas que iram aparecer em sua vida privada e em sociedade. É de suma importância trabalhar a Educação Patrimonial a partir do terceiro ciclo, pois, é nesse momento em que o aluno começa a se aprofundar nos conceitos da geografia, com isso o aluno vai entender que ele faz parte do espaço que o circunda, e que este espaço não é imóvel, promovendo assim, um sentimento de pertencimento aquela realidade ainda em construção, e com isto valorizar o seu papel de cidadão.
  • 21. 22 Em nossa pesquisa nos limitamos ao eixo 3 do terceiro ciclo, onde é trabalhado: o campo e a cidade como formações socioespaciais, onde a Educação Patrimonial pode ser ensinada de forma mais consciente e incisiva, para que o estudante possa perceber que, apesar das transformações, o antigo e o novo podem compor uma única paisagem geográfica. A fim de obter melhores resultados resolvemos trabalhar a aplicabilidade de nossa pesquisa com professores do Ensino Fundamental da RMGV, pois, estão mais próximos da grande gama do Patrimônio Histórico que compõe a nossa realidade, propondo como ferramenta um Guia de Educação Patrimonial para ajudar o docente a tirar certos conceitos da abstração e transformar este patrimônio, às vezes esquecidos, em verdadeiros espaços não formais de educação.
  • 22. 23 3. A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO INSTRUMENTO NO ENSINO DA GEOGRAFIA Neste tópico abordaremos a importância de se trabalhar em sala de aula os temas transversais, sobretudo a Pluralidade Cultural, tendo como instrumento para o ensino e aprendizagem da geografia a Educação Patrimonial. Assim, apresentaremos de forma sucinta a historicidade da formação conceitual do vocábulo Patrimônio Cultural, como também os conceitos acerca de patrimônios culturais (bens naturais, materiais e imateriais), paisagens culturais e diversidade cultural. 3.1. PLURALIDADE CULTURAL As diretrizes contidas nos PCNs, para o ensino e aprendizagem da geografia no ensino fundamental, estão voltadas para práticas pedagógicas apropriadas ao desenvolvimento da capacidade de identificar e refletir dos alunos sobre os diferentes aspectos da realidade, compreendendo a relação sociedade e natureza, considerando, entretanto, suas experiências. Todavia, é importante lembrarmos, que compete ao corpo docente da escola discernir sobre a forma mais adequada de conduzir o ensino, em virtude do contexto econômico e socioambiental do local onde encontra-se inserida a escola. O professor é um dos principais pilares desse processo, em especial, quando exerce sua autônomia (micro-poder) em sala de aula. A temática da Pluralidade Cultural, definida como tema transversal nos Parâmetros Curriculares Nacionais, tem interface singular com os conteúdos da geografia para os alunos do ensino fundamental. Em especial, os eixos relacionados à formação socioespacial do campo e da cidade e o estudo da natureza e sua importância para o homem - destinado ao Terceiro Ciclo, constante nas diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia - são aqueles em que o professor poderá trabalhar com seus alunos a temática da Pluralidade Cultural, uma vez que, diz
  • 23. 24 respeito ao conhecimento e à valorização de características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que convivem no território nacional. Essa discussão pode ter como base alguns dos elementos materiais da paisagem, como: a casa, a rua, as indústrias, os portos, dentre outros. Afinal, são componentes da organização espacial, que “por adquirir uma forma, manifestada no espaço, a cultura possui uma grande relevância na organização sócio-espacial das cidades, de tal maneira que seu estudo é imprescindível na sociedade contemporânea” (COLASANTE, 2009, p. 03). Para alcançar esses objetivos é fundamental que os alunos aprendam a observar, a conhecer, a explicar, a comparar e a representar o espaço geográfico, pois se constituem em subsídios essenciais ao fortalecimento da identidade individual e coletiva, imprescindíveis na construção do sentido de pertencimento e de valorização do Patrimônio Cultural. A abordagem sobre a pluralidade cultural, com ênfase ao Patrimônio Cultural, permite ao professor que trabalha com os alunos do Quarto Ciclo um aprofundamento dos seguintes eixos: “um só mundo e muitos cenários geográficos e modernização, modo de vida e a problemática ambiental”. Esses eixos facultam a discussão sobre as desigualdades socioeconômicas e seus reflexos na paisagem geográfica, e ao mesmo tempo favorece ao aluno a possibilidade de começar a conhecer o nosso país. Deste modo, a Educação Patrimonial configura-se como uma valiosa ferramenta para facilitar a ampliação da capacidade dos alunos do ensino fundamental de observar, conhecer, explicar, comparar e representar as características do lugar em que vivem das diferentes paisagens e espaços geográficos presentes no seu cotidiano.
  • 24. 25 3.2. EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E O ENSINO DE GEOGRAFIA Afinal o que é a Educação Patrimonial? Para (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999, p. 6, grifo do autor) “Trata-se de um processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo. [...]”. Segundo (HORTA, 1999, apud TEIXEIRA, 2006, p. 17) “O termo Educação Patrimonial foi introduzido no Brasil, em “termos conceituais e práticos”, no início dos anos 80, tendo como referência o Heritage Education, trabalho pedagógico desenvolvido na Inglaterra na década anterior”. Considerando (RANGEL, 2002, apud TEIXEIRA, 2006, 17) “educação patrimonial deve ser entendida como todo processo de trabalho educacional que vai tratar do patrimônio cultural, sendo este produto de uma comunidade que com ele se identifica [...]”. A interdisciplinaridade da Educação Patrimonial se constitui em um valioso instrumento do ensino e aprendizagem da geografia, pois, [...] A Educação Patrimonial equipara-se em muitos sentidos à Educação Ambiental. Ambas enfatizam a formação do cidadão, favorecendo as economias locais através do desenvolvimento turístico e da sustentabilidade, fortalecendo ainda o sentimento de pertencimento e os laços afetivos entre os membros da comunidade [...]. (TEIXEIRA et al., 2006, p. 18) A Educação Patrimonial permite trabalhar de forma lúdica e investigativa o Patrimônio Cultural e a sua inter-relação com a geografia face sua transversalidade ou interdisciplinaridade. Portanto, aplicável ao ensino e aprendizagem de diversas disciplinas, principalmente, a geografia, uma vez que, [...] A partir da experiência e do contato direto com as evidências e manifestações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho da Educação Patrimonial busca levar crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto destes bens, e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos, num
  • 25. 26 processo contínuo de criação cultural. (HORTA, M. de L. P.; GRUNBERG, E.; MONTEIRO, A. Q., 1999, p. 6, grifo do autor) Afinal, o ensino e aprendizagem de geografia têm papel singular na formação dos alunos do ensino fundamental, pois, proporciona instrumentos imprescindíveis para compreensão e intervenção na realidade social na busca da conquista da cidadania. Esse processo também deve ter como objetivo a valorização da memória individual e coletiva, fortalecendo a relação dos indivíduos com suas heranças culturais, capaz de despertar o compromisso de preservar o patrimônio cultural local, regional, nacional e mundial. Para melhor aplicação dessa ferramenta sugere-se adotar as etapas descritas na Tabela 1. Tabela 1 – O objeto cultural como fonte primária do conhecimento - etapas metodológicas Etapas Recursos/Atividades Objetivos Exemplificação Exercícios de percepção É possível perguntar: visual/sensorial, por meio de Identificar o objeto/sua 1. Qual a sua composição? 2. Qual perguntas, manipulação, função/seu significado; era ou é a sua função? 3. Quando 1. Observação experimentação, mediação, foi construído (época)? 4. Qual era anotações, comparação, dedução, Desenvolvimento da percepção à base da economia? 5. Quais jogos de detetive,... visual e simbólica. meios de transporte disponíveis? Fixar o conhecimento percebido, Registre sua percepção sobre o aprofundamento da observação e Desenhos, descrição verbal ou objeto: análise crítica; escrita, gráficos, fotografias, 1. Descreva os detalhes do objeto 2. Registro Desenvolvimento da memória, maquetes, mapas e plantas cultural; 2. Reproduza (desenhe ou pensamento lógico, intuitivo e baixas. fotografe); 3.Compare com objetos operacional. semelhantes,... Análise do problema, Investigação/pesquisa: levantamento de hipóteses, 1. Qual o contexto histórico, social, Desenvolvimento das discussão, questionamento, tecnológico, econômico e político capacidades de análise e julgamento 3. Exploração avaliação, pesquisa em outras da época da sua criação? 2. Quem crítico, interpretação das evidências e fontes como bibliotecas, arquivos, o construiu? 3. Como se originou? significados. cartórios, instituições, jornais, 4. Como era a organização de entrevistas. social do trabalho? Utilize sua criatividade: Recriação, releitura, 1. Faça uma maquete. Envolvimento afetivo, dramatização, interpretação em 2. Dsenhe; 3. Crie uma charge; 4. internalização, desenvolvimento da diferentes meios de expressão Elabore um documentário; 5. 4. Apropriação capacidade de auto-expressão, como pintura, escultura, drama, Promova uma gincana cultural. A apropriação criativa, valorização do dança, poesia, texto, filme e partir de sua apropriação intelectual bem cultural. vídeo. e emocional sobre o objeto cultural “descoberto”. Fonte: Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília, IPHAN/Museu Imperial, 1999. Nota: Dados adaptados pelos autores.
  • 26. 27 O ensino da geografia nesta etapa do processo de aprendizagem tem como foco os elementos presentes na paisagem rural e urbana, cuja, percepção e posterior interpretação e compreensão da relação entre sociedade e natureza por parte do aluno, deve ocorrer mediante a ampliação de sua capacidade de observação e caracterização dos objetos que compõem o espaço geográfico. Ou seja, adotando- se um procedimento cognitivo capaz de tornar compreensiva a influência que o homem exerce sobre a natureza, e vice-versa. 3.3. PATRIMÔNIO CULTURAL O conceito de Patrimônio Cultural envolve dois vocábulos: pater e nomo, o termo Pater significa em latim “pai de família”, etimologicamente referindo-se à herança paterna. A palavra Nomo deriva do grego Nomos, sendo esta ligada à origem. Portanto, o significado de Patrimônio Cultural refere-se ao conjunto de materiais móveis e imóveis e imateriais, produzidos no tempo e no espaço, por diferentes etnias que compõem uma sociedade. “O patrimônio de um povo é o legado da cultura estabelecida desde o passado até as populações atuais” TRAZZI (Coord.), 2009, p.02. Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), O patrimônio cultural de um povo compreende as obras de seus artistas, arquitetos, músicos, escritores e sábios, assim como as criações anônimas surgidas da lama popular e o conjunto de valores que dão sentido à vida. Ou seja, as obras materiais e não materiais que expressam a criatividade desse povo: a língua, os ritos, as crenças, os lugares e monumentos históricos, a cultura, as obras de arte e os arquivos e bibliotecas. (Declaração do México, 1982, Conferência Mundial sobre as Políticas Culturais). Disponível em: <http://www.unisc.br/universidade/estrutura_administrativa/nucleos/npu/npu _patrimonio/legislacao/internacional/patr_cultural/declaracoes/mexico_1982. pdf>. Acesso em: 04 abr. 2010). Assim, dispõe a Constituição Federal do Brasil de 1988, Capítulo III, Seção II, em seu Art. 216, incisos de I, II, III, IV e V, como sendo patrimônio cultural brasileiro,
  • 27. 28 Art. 216. Constitui patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 04 abr. 2010. Para (RODRIGUES, 2001, apud TEIXEIRA, 2006, p. 05) “A consolidação dos Estados Nacionais durante o século XIX impôs a necessidade de fortalecer a história e a tradição de cada povo, como fator gerador de uma identidade própria. [...]”. Portando, o conceito de Patrimônio Cultural encontra-se sujeito as constantes transformações. 3.3.1. CLASSIFICAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E SUA APLICAÇÃO NO ENSINO DE GEOGRAFIA O patrimônio cultural pode ser classificado em três categorias: os bens naturais, que compreende os elementos da natureza, como rios, florestas, cachoeiras, picos, serras, montanhas e toda a biodiversidade. Os bens materiais estão subdivididos em móveis, tendo como representantes pinturas, esculturas, artesanatos e outros; e os imóveis, tais como templos, terreiros, igrejas, fábricas, praças, patrimônio arqueológico e paleontológico. Numa outra categoria, reúnem os bens imateriais, incluindo o folclore, os costumes, a linguagem, a música, entre outros.
  • 28. 29 Patrimônio Cultural Bens Naturais Bens Materiais Bens Imateriais Cachoeiras, montanhas, Música, danças e fauna e flora. manifestações folclóricas. Bens Móveis Bens Imóveis Quadros, pinturas, Igrejas, prédios, casarões esculturas e outros. entre outros. Figura 1 - Fluxograma da Classificação do Patrimônio Cultural 3.3.1.1. Bens Naturais Os bens naturais também podem ser chamados de patrimônio ambiental ou natural. São elementos da paisagem, tais como afloramentos rochosos, fauna, flora ou quaisquer outros componentes naturais, que despertem ou que tenham valor simbólico para um grupo social. Incluem-se nesta categorização os “habitats” que abrigam espécies endêmicas, raras ou ameaçadas de extinção, ou ainda que possuam um valor universal excepcional, do ponto de vista da ciência ou da conservação. Igualmente, integram-se a essa categoria, as feições geomorfológicas de relevante beleza cênica ou paisagística1. Fonte: http://br.olhares.aeiou.pt/dunas_de_itaunas_foto486929.html. Acesso em: 14 abr. 2010. Fotografia 1. Dunas de Itaúnas, em Conceição da Barra/ES. 1 Ver Fotografia 1.
  • 29. 30 Vale destacar a relação de identificação e de sobrevivência, presente na interação homem – natureza (bens naturais). Sendo, que [...] As práticas sociais também são delimitadas pelo espaço, os tipos de atividades desenvolvidas pelos diferentes grupos humanos estão ligados aos recursos naturais existentes. Práticas como, caça, pesca, agricultura e muitas outras são resultado de como as comunidades lidam com seu meio e refletem diferentes culturas e para que elas continuem existindo é preciso que haja a preservação do meio ambiente, ou seja, do patrimônio natural. (TEIXEIRA, S. et al., 2006, p.09) Fonte: www.vilavelha.org/images/madalena2.jpg. Acesso em: 05 jun. 2010 Fotografia 2. Reserva Ecológica de Jacarenema, em Vila Velha/ES Aplicação: Atividade. Aula de campo para análise do patrimônio natural O professor poderá dividir a turma em grupos, e cada grupo levará uma máquina fotográfica para registrar este patrimônio. Após a revelação das fotografias, já em sala de aula, o professor discutirá com os alunos os aspectos relativos às transformações corridas no local e os principais elementos presentes na paisagem (tipo de solo, relevo, vegetação e outros). Poderá, a partir do estudo, realizar uma exposição de fotos aberta à visitação.
  • 30. 31 Abordagens Cognitivas: Domínios naturais (morfoclimáticos); recursos naturais (água, flora, fauna e outros), degradação ambiental, exploração de recursos naturais, poluição ambiental (atmosférica, águas superficiais e subterrâneas). Sugestão: o professor poderá escolher uma unidade de conservação próxima a sua escola. Ex.: Reserva Biológica de Jacarenema, em Vila Velha2; o manguezal de Vitória e outros. 3.3.1.2. Bens Materiais Constituem bens materiais alguns dos elementos presentes nas paisagens rurais e urbanas, resultantes das necessidades e das habilidades humanas no decorrer do processo de produção e de reprodução da relação entre o homem e a natureza. Dentre esses, são considerados patrimônios os conjuntos habitacionais, portos, solares, museus, prédios que retratam a evolução histórica, manifestada em determinado tempo e espaço3. Fonte: Disponível em:<http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://1.bp.blogspot.com/.>.Acesso em: 01 jun.2010. Postado por Carlos Henrique Gobbi. Fotografia 3 . Av. Jerônimo Monteiro – Décadas de 1930 a 1950. Esses bens materiais configuram-se em materialidades sociais. No entanto, 2 Ver Fotografia 2. 3 Ver Fotografia 3.
  • 31. 32 [...] Geralmente o que se considera patrimônio são alguns monumentos, prédios que mostram a evolução histórica, representando um determinado período ou manifestação cultural. O bem pode ser selecionado a partir de diferentes estilos, materiais utilizados, do próprio projeto de sua construção, assim como valores externos agregados à edificação como a sua forma de ocupação por grupos ou personagens de importância para a sociedade. (TEIXEIRA et al., 2006, p. 08 e 09) Entre os bens materiais imóveis podemos destacar o patrimônio arquitetônico, o público, o popular, o sacro ou religioso (igrejas, templos, terreiros). Destaque especial ao patrimônio arqueológico, composto de antigas moradias, artefatos de argila, osso, concha, madeira, que podem ser encontrados de diversas formas, tais como: ornamentos corporais, machados, pedras lascadas, pontas de flecha, cerâmicas (urnas, potes e outros), fragmentos de faiança, louça, moedas de prata e demais objetos, caracterizados como vestígios materiais deixados pelos grupos e civilizações passadas, em locais denominados de sítios arqueológicos. Fonte: CTA, 2009. Programa de Educação Patrimonial – Guia do Professor. Fotografia 4. Cacos de cerâmica colonial coletados no sítio das ruínas do rio Salinas, em Anchieta/ES. A observação e análise dos bens materiais possibilitam deduzir as condições econômicas, culturais, tecnológicas e sócias da sociedade responsável pela construção ou criação do patrimônio material4. Aplicação: Atividade. Inventariando a cidade. 4 Ver Fotografia 4.
  • 32. 33 O professor poderá solicitar dos alunos uma pesquisa sobre os bens materiais da cidade, separando a turma em dois grupos: bens móveis e imóveis. A pesquisa deverá conter informações sobre quem construiu/criou, época da construção/criação, função e outras informações relevantes, além de fotografias. O professor, com os alunos, deverá utilizar a planta cadastral recente da cidade para identificar a localização espacial desses bens. Também poderá compará-la com mapas ou pinturas antigas, chamando a atenção dos alunos para a localização e os arranjos atuais. Abordagens: espaço geográfico; organização espacial, lugar; migração; bens materiais; crescimento populacional; setores produtivos. 3.3.1.3. Bens Imateriais Os bens imateriais podem ser definidos como aqueles que são transmitidos mediante a história oral, por indivíduos ou comunidades, resultando na perpetuação das mais variadas manifestações culturais, sendo estas de cunho religioso, artístico, tecnológico entre outras formas de expressão integrante de uma identidade étnica5. Fonte: http://gazetaonline.globo.com/_midias/jpg/578.jpg. Acesso em: 10 abr. 2010. Fotografia 5. Congo 5 Ver Fotografia 5.
  • 33. 34 Assim, merecem destaque as lendas, os cânticos, os contos, as danças, as tecnologias do artesanato decorativo e utilitário, pois, assim como os outros patrimônios culturais também refletem o modo de criar, fazer e viver dos homens, capaz de revelar paisagens geográficas diversas. Aplicação: Atividade. Elaboração da árvore genealógica de cada aluno. O professor solicitará dos alunos a relização de uma entrevista com seus pais e avós para obter informações sobre suas origens, local onde moravam, as atividades praticadas, os meios de comunicação e transporte utilizados, levando-os a perceber a importância do lugar e a diversidade cultural brasileira. Essa atividade poderá ser enriquecida quando realizada com fotos e objetos antigos (louças, porta retratos, utensílios domésticos) preservados pelas famílias. Abordagens: Patrimônio imaterial; identidade cultural; imigração; miscigenação e etnias. 3.4. DIVERSIDADE CULTURAL A geografia cultural nos permite estudar a diversidade cultural que compreende desde a forma de falar, comer, rezar, trabalhar, brincar, estudar dos seres humanos, ou seja, surge a partir de um conjunto de informações e expressões transmitidas, de forma oral, gestual ou escritas, de um indivíduo para o outro, de uma cultura para outra, sendo essas passíveis de alterações no tempo, seja esse curto ou longo. Apesar da infinidade de elementos didático-pedagógicos, que o estudo da geografia cultural proporciona, “[...] poucos são os estudos que, efetivamente, podem ser caracterizados como focalizados fundamentalmente em um aspecto da cultura em sua dimensão espacial” (CORRÊA, 1995, p.16).
  • 34. 35 3.5. PAISAGENS CULTURAIS “A paisagem constitui para a geografia um de seus conceitos-chaves, a ela sendo atribuída, por parte de numerosos geógrafos, o papel de integrar a geografia, articulando o saber sobre a natureza com o saber sobre o homem”, segundo Capel (apud CORRÊA, 1995, p. 03). A paisagem cultural pode ser definida como: [...] um conjunto de formas materiais dispostas e articuladas entre si no espaço como os campos, as cercas vivas, os caminhos, a casa, a igreja, entre outras, com seus estilos e cores, resultante da ação transformadora do homem sobre a natureza. (Siegfried Passarge e Otto Schlüter apud CORRÊA, 1995, p.04) As paisagens culturais que agregam feições geológicas, hídricas, climáticas, paleontológicas, arqueológicas e históricas de extraordinário interesse científico e rara beleza natural são requisitos para classificação de paisagens culturais em geoparques (SEMINÁRIO Serra da BodoquenaMS – Paisagem Cultural e Geoparque, 2007, acesso em 20 abr. 2010). Esse conjunto serve de base para estudos sobre a formação da Terra e a existência de formas de vidas pretéritas
  • 35. 36 4. GEOGRAFIA E MÉMORIA Este capítulo se dedica a um elemento de grande valia para a Educação Patrimonial no ensino de Geografia: a memória. Para fundamentar o significado da memória dita cultural foi utilizado o conceito de cultura, lugar, paisagem e espaço geográfico. Contrapondo ao seu conceito biomédico, a memória busca, através do conhecimento e análise do patrimônio histórico-cultural, o resgate de todo o processo de acumulação de tempos desiguais no espaço habitado e modificado pela sociedade por parte do docente e discente, além de sua valorização num contexto escolar. 4.1. VISÃO GERAL Antes de conceituar a memória em um viés geográfico é importante buscar a definição de cultura: […] a cultura deve ser considerada como o conjunto dos traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abrange, além das artes e das letras, os modos de vida, as maneiras de viver juntos, os sistemas de valores, as tradições e as crenças. (UNESCO, 2002, p. 2) A cultura se arraiga num espaço através da memória de um grupo humano. Como trabalhado no capítulo anterior, bens móveis, imóveis e naturais possui um valor além do material para o grupo humano, possui um valor afetivo. Em outros tempos, a educação tradicional transformou a memória unicamente em um banco de informações, desviando-se do objetivo principal de dar suporte à reconstrução criativa do passado tanto para o docente, quanto para o discente.
  • 36. 37 Segundo Cury, devemos ensinar nossos alunos a serem não apenas pensadores, mas produtores de idéias, pois a nossa memória não desempenha a função somente de deposito de dados. Ainda de acordo com Cury, “a memória humana é um canteiro de informações e experiências para que cada um de nós produza um fantástico mundo de idéias”. Portanto, de acordo com o autor, a memória como “canteiro de experiências” contribuirá para o entendimento da inserção Educação Patrimonial no ensino da Geografia. O que nos interessa nesta reflexão é discutir a memória como elemento facilitador do entendimento do processo de acumulação de tempos, usos e hábitos de forma desigual no espaço geográfico, não importando necessariamente a sua escala. Abreu (1998) discrimina a memória, num contexto histórico-cultural, em três tipos: Memória individual, que é o acúmulo de vivências de cada ser humano resultado da sua ação e interação com a natureza e sociedade. Memória coletiva, que é o compartilhamento de memórias individuais gerando uma memória social; Memória histórica, se registrando como uma memória social que se desintegrou pelo tempo; Estas memórias se influenciam e se interferem, tornando-se um meio de coesão social e de identidade cultural. Para muitos, o patrimônio cultural deixou de ter significado, tornando-se somente memória histórica. Colasante (2009) atesta que memória viva é um dos elementos da educação patrimonial onde se busca em relatos ou entrevistas informais de pessoas que, em tempos passados viveram nos locais identificados para realização de um estudo e hoje podem relatar sobre o modo de vida, economia, fatos marcantes acontecidos naquela época, possibilitando nos dias atuais, o resgate e a reflexão sobre um
  • 37. 38 patrimônio cultural. A memória viva é uma ferramenta que busca resgatar a memória histórica e integrar novamente a uma memória coletiva/cultural. Tomando todos os tipos de memória apontados pode-se destacar para este capítulo a memória coletiva, que se entrelaçando com a noção de cultura, pode se denominar memória cultural, definido por Abreu (apud Halbwachs, 1998) como “um conjunto de lembranças construídas socialmente e referenciadas a um conjunto que transcende o indivíduo”. Todo monumento ou construção antiga revela o tempo histórico da sua criação. A permanência da paisagem antiga nos revela na atualidade, traços que permitem identificar e explorar as mudanças espaciais ocorridas, dotando o lugar de significações. Portanto, a compreensão do espaço como “acumulação de tempos desiguais” no currículo da geografia, permite uma abordagem do patrimônio histórico-cultural, unindo o novo e o velho em uma mesma paisagem. Desta forma, a geografia escolar se utiliza da educação patrimonial contribuindo para a formação e aprimoramento de uma consciência cidadã em seus alunos conectando-os ao seu bairro, município, estado e nação. Partindo agora do pressuposto de que a cidade é uma construção social, Carlos (2007, p.13) menciona que “[…] a dinâmica da reprodução social na cidade demonstra uma tendência de destruição da alguns referenciais urbanos na busca pela modernidade como imagem de progresso […]”. Tal fato está presente na totalidade das cidades do globo, através da substituição e sobreposição de velhas formas por novas formas urbanas no espaço. Além disso, o meio urbano é dotado de simbolismos que perpassam pelas cidades trazendo várias leituras e ângulos de percepção, não esquecendo de que é resultado da produção do capital no espaço, o que na maioria das vezes, não produz formas espontâneas de ocupação e desenvolvimento. É importante notar que a memória está atrelada tanto as transformações ocorridas no meio rural quanto as que são ocorridas no meio urbano.
  • 38. 39 No campo, muitas práticas, hábitos e costumes, ferramentas e objetos de utilidade caíram no esquecimento, devido à modernização ter alcançado o espaço rural, desencadeando a desintegração de referenciais identitários por vezes pautados num ciclo econômico que permaneceu por muitos anos. Quanto à valorização da pluralidade cultural, o professor de Geografia poderá buscar lugares ou construções que indiquem culturas desvalorizadas, se possível, apresentando aos alunos algum indivíduo remanescente deste modo de viver, novamente lançando mão do artifício da memória viva, a fim de promover a inclusão. 4.2. CONCEITUANDO LUGAR Ferreira (2001) conceitua lugar como “1. Espaço ocupado; sítio. 2. Espaço. 3. Sítio ou ponto referido a um fato. 4. Esfera, ambiente. 5. Povoação, localidade, região ou país”. Uma definição que transcende ao indivíduo. Já Yi-Fu Tuan (1983), define lugar como “um centro de significados construído pela experiência”. E Santos (1997) fomenta um sentido mais geográfico ao afirmar que o "lugar constitui a dimensão da existência que se manifesta através de um cotidiano compartido entre as mais diversas pessoas, firmas, instituições–cooperação e conflito são à base da vida em comum". O conceito de lugar aponta não para um local genérico, mas sim para um local onde um grupo humano tem vínculos afetivos, ou seja, um local que possui muitos valores, significados e sentimentos revelando a identidade - sentimento de pertencimento - com o lugar. Esta concepção é formada visualmente pelas paisagens que observamos nos locais onde vivemos ou regularmente visitamos6. 6 Ver Fotografia 6.
  • 39. 40 Fonte: Disponível em: <http://farm1.static.flickr.com/36/77339932_d00ffd3ae5.jpg?v=0> acessado em 31 de maio de 2010. Fotografia 6. Parque Moscoso – Vitória/ES. Nossa relação com os elementos do espaço local por um tempo determinado ou indeterminado acontece a partir do momento que este espaço nos traz uma implicação. Esta implicação pode ser positiva, afeição ao lugar - também chamado de “topofilia” - ou negativa, repulsão ao lugar – denominado “topofobia”. O lugar deve conter pessoas que partilhem da sua história de existência e mantenham sua “memória cultural”. Sem esta compreensão uma cidade, por exemplo, possui moradores que não sabem como começou seu processo de crescimento desde a sua fundação, que proporcionou chegar ao seu estágio atual. Esta meta só será alcançada se for trabalhada desde a infância, incutindo, ou melhor, solidificando nas mentes dos residentes num local a noção de pertencimento ao lugar de vivência dos mesmos. Reforçando este fato: A experiência da topofilia „necessita de um tamanho compacto, reduzido às necessidades biológicas do homem e às capacidades limitadas dos sentidos‟ (TUAN, 1980, p. 116). Por conseguinte, verifica-se que a topofilia é vivida mais intensamente numa escala local e regional, onde o homem ou a coletividade apresente um conhecimento geral do lugar, e este lhe pareça bem familiar. Isso fortalece a promoção da topofilia, em que conta também o conhecimento e a consciência do passado como um elemento importante no amor pelo lugar. (CUNHA, 2007, p. 8)
  • 40. 41 Conforme dito por CUNHA (apud TUAN, 1980), assim como existe a topofilia (afeição pelo lugar / implicações positivas na paisagem) existe a sensação inversa: a topofobia. Que é o medo ou aversão a certo lugar (é tornado lugar também para vínculos negativos com uma paisagem local). A mesma experiência que traz a sensação de pertencimento ao lugar traz uma sensação de repulsa ao lugar por algum ou vários elementos observados e interagidos pelo indivíduo. Exemplificando Uma praça onde os pais levam os filhos e ali fazem amigos; um parque municipal ou estadual, onde se preserva mais a natureza característica da região, que também é um resgate do lugar onde vivemos; uma construção, ou festa típica também trazem esta unidade de pessoas propiciando vínculos de afetividade que permanecem por muitos anos naquele vivenciado espaço. Um local poluído ou com construções e estruturações que abrigam uma rede de relações que envolvem risco social por tráfico de drogas, prostituição, ou outra prática ilícita podem, por exemplo, repelir a permanência ou chegada de pessoal ao local envolto nestas paisagens. 4.3. CONCEITUANDO PAISAGEM Nesta interface geografia-memória também se pode trabalhar com os alunos o conceito de paisagem, que é “o conjunto daquilo que os olhos podem abarcar” (Claval, 2001, p.29). Holzer (1996, p. 114) diz que “[…] a paisagem é uma expressão física da ação do homem sobre a natureza, e por extensão, um receptáculo da memória”. Isto demonstra que a paisagem em si promove e armazena a transformação de um local. Ao estudarmos sobre determinado patrimônio histórico-cultural, o registro efetuado pelo olhar o qualifica apenas como um elemento da paisagem externo à dinâmica da economia e modernização.
  • 41. 42 Para que este elemento da paisagem, neste caso o patrimônio, ganhe significado busca-se inicialmente o registro histórico e geográfico e aprofunda-se a reflexão do processo de transformação realizado no espaço identificado7. Fonte: Disponível em: <http://static.panoramio.com/photos/original/4440828.jpg> Acesso em: 31 de mai. de 2010. Fotografia 7. Cidade de Vitória/ES vista da Prainha – Vila Velha/ES Exemplificando A fundação de uma cidade, onde se fará a análise da superfície construída e urbanizada que antes era coberta por vegetação; cursos d‟água e variada fauna. Após a fundação da cidade edificaram estradas e várias construções ao longo de suas feições geomorfológicas. Instala-se um processo de ocupação populacional desordenado e os problemas característicos da falta de planejamento urbano surgirão. 4.4. CONCEITUANDO ESPAÇO GEOGRÁFICO Além de paisagem e lugar, deve-se levar em conta que a memória cultural, num contexto de Educação Patrimonial, aponta para sua existência como parte do espaço geográfico. Segundo Suertegaray (2001), espaço geográfico se define da seguinte maneira: 7 Ver Fotografia 7.
  • 42. 43 […] o espaço geográfico é a coexistência das formas herdadas (de uma outra funcionalidade), reconstruídas sob uma nova organização com formas novas em construção, ou seja, é a coexistência do passado e do presente ou de um passado reconstituído no presente. Fonte: Disponível em:http://farm3.static.flickr.com/2346/2043345635_554680138a.jpg?v=0. Acesso em: 31 de mai. de 2010. Fotografia 8. Viaduto Caramuru – Vitória/ES. Neste processo em constante andamento, o conceito abordado fornece subsídios para que o indivíduo vivente em seu lugar pense sobre o que se produziu e está produzindo no espaço, ou seja, sobre a interação do homem com a natureza e sociedade e os desdobramentos no mesmo8. Com isso, se deve valorizar este patrimônio a fim de que seja mantida a memória cultural para as gerações seguintes, para começar, esta conscientização ser construída nos docentes e, posteriormente, nos alunos das escolas. Sem este resgate da memória cultural, o espaço geográfico tomaria formas diferentes que poderiam trazer implicações negativas ao longo do tempo-espaço para a sociedade como um todo. Exemplificando Uma cidade hipotética em franco crescimento populacional e principalmente econômico possui construções muito antigas e edificações novas. Sem ter consciência de preservação e valorização do patrimônio histórico-cultural, construções antigas desprotegidas pelos órgãos responsáveis pela proteção destes 8 Ver Fotografia 8.
  • 43. 44 patrimônios haveria uma altíssima chance de serem transformadas em prédios altos, a mando da especulação imobiliária e da modernidade, perdendo toda a memória que aquele elemento expressa no modo de viver histórico/tradicional poderia oferecer aos munícipes de um dado local.
  • 44. 45 5. APLICABILIDADE DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO ENSINO E APRENDIZAGEM DA GEOGRAFIA – APRESENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DO “GUIA DO PROFESSOR” Para averiguar a funcionalidade e aplicabilidade da proposta de implementação da Educação Patrimonial no ensino e aprendizagem da geografia, mediante a utilização do material paradidático intitulado, “Guia do Professor”, o qual foi elaborado para servir de subsídio aos professores do ensino fundamental, foi realizado no dia 27 de maio de 2010, no prédio do IC-IV da Universidade Federal do Espírito Santo, um mini-curso de capacitação com duração de três horas, com o apoio da orientadora Prof.ª Msc. Solange Lins, e da Prof.ª Dr.ª Marisa T. Rosa Valladares – Coordenadora do Laboratório de Ensino e Aprendizagem de Geografia - LEAGEO, sob a coordenação dos responsáveis pelo desenvolvimento e aplicação deste trabalho. Foram previamente selecionados, convidados, oito professores, que lecionam no ensino fundamental da rede pública e privada, – escolas situadas na RMGV - para participarem. Porém, em virtude das fortes chuvas no dia da apresentação, não foi possível o comparecimento de todos9. Assim, houve a necessidade de adequações, de modo a assegurar quorum mínimo de participantes para validação da proposta, desse modo foram chamados graduandos finalistas do curso de geografia com licenciatura plena e de bacharelado, que lecionam ou lecionaram a disciplina de geografia para alunos do ensino fundamental. Portanto, estavam presentes oito participantes entre professores recém-formados e graduandos finalistas. Fonte: Diego Zanete Bonete, 2010. Fotografia 9. Palestra de capacitação 9 Ver Fotografia 9.
  • 45. 46 Utilizando-se do seguinte procedimento: palestra com exposição do conteúdo e abordagem sobre o desenvolvimento das atividades; intervalo com o “Café Geopatrimonial”, momento de descontração e troca de experiências; e encerrando- se com um debate avaliado sobre a temática prestada, conforme mencionado anteriormente10. Fonte: Diego Zanete Bonete, 2010 Fotografia 10. Momento de discussão Diante do exposto, apresentamos a seguir algumas das considerações sobre a temática do mini-curso de capacitação a partir da abordagem do material paradidático intitulado. Na discussão sobre o Guia do Professor houve diversas reações, positivas na maior parte, onde se comentou por parte dos professores que este material trouxe um novo olhar ao patrimônio cultural ou natural, além de realizar uma aproximação da Geografia Física com a Geografia Humana. Outro comentário foi este trabalho ter despertado uma visão holística da Geografia em relação ao uso deste patrimônio para estudar esta disciplina escolar, buscando evitar a memorização como único método de aprendizado e o ensino fragmentado do conteúdo que se apresenta muitas vezes no livro didático. 10 Ver Fotografia 10.
  • 46. 47 Foi sugerida por um dos participantes a realização desta apresentação deste guia para capacitação de professores de Geografia em atividade nas escolas que oferecem esta abertura, além do uso das oficinas pedagógicas com docentes ou estudantes. Também se acrescentou que todas as atividades propostas como exemplificação no Guia do Professor podem ser aplicadas em qualquer município onde o professor leciona. Para isso, se valoriza o perfil do professor-pesquisador em sua prática didática, buscando qualquer projeto governamental que auxilie em seu trabalho com patrimônio cultural. O sentimento de pertencimento ao lugar, topofilia, e o aspecto multidisciplinar foram pontos importantes para um componente do grupo de professores. Incentivou-se a usar outros recursos didáticos para tratar do patrimônio cultural como músicas e literaturas poéticas para incrementar este processo de ensino-aprendizagem. Criticou-se a visão tecnicista das instituições de ensino, não tratando a fundo certas questões relevantes para a formação escolar do aluno. Defendeu-se o aproveitamento de datas comemorativas que podem ser trabalhadas num contexto de aula e aprendizado. Outro ponto de discussão levou em conta o título deste material apresentado ao aluno: Guia do Professor devido a sua conotação inflexível para o docente organizar sua aula. Guia denota a ideia de um caminho que deve ser seguido à risca, sem nenhuma complementação ao seu desenvolvimento no contexto pedagógico ou escolar. A falta de acesso a alguns patrimônios culturais a todos os grupos sociais também foi discutido. Certos lugares, que são classificados como patrimônios artísticos ou culturais não são divulgados ou incentivados ao seu uso pela sociedade como um todo, reflexo da desigualdade social e das relações de trabalho e consumo. Surgiram ainda, críticas às aulas de campo que onde só se realiza um passeio turístico ao patrimônio natural ou cultural, sem tratar assuntos pertinentes à Geografia, bem como o estudo que envolve o mesmo, contextualização do processo de globalização do espaço.
  • 47. 48 Portanto, houve boa aceitação do material didático, que atua como norteador, por parte dos professores e colegas de turma.
  • 48. 49 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar do curto intervalo de tempo para desenvolvimento e aplicação deste trabalho, podemos considerar que os objetivos estabelecidos foram alcançados de forma satisfatória, principalmente, em relação à receptividade dos professores e graduandos concluintes frente à temática apresentada como mais um instrumento para o ensino e aprendizagem da geografia. Considerando que a Educação Patrimonial se constitui para maioria dos graduandos e dos professores do curso de geografia, e até mesmo para os futuros bacharéis de geografia, um processo educacional relativamente novo. Podemos, afirmar que a escolha dessa metodologia didático-pedagógica foi bastante válida, tendo em vista o potencial de difusão aqui iniciado, cujos objetivos visam aproximar os conceitos- chaves da geografia do cotidiano escolar e valorizar o Patrimônio Cultural da sociedade local. Favorecendo o fortalecimento do respeito às diversidades culturais que compõem a sociedade capixaba e brasileira. Cientes de que ainda é escasso o interesse sobre a geografia cultural pelos geógrafos brasileiros, esperamos desse trabalho, como também dos anteriores, que nos inspirou e impulsionou futuramente motivem – que novos olhares recaiam sobre o Patrimônio Cultural – na ótica do seu potencial de ensinar geografia utilizando-se da observação e análise critica dos bens patrimônios visíveis no nosso cotidiano. Reforçando, desse modo a necessidade da educação continuada para formação do professor, em especial, o de geografia. Afinal, trata-se de uma ciência em constante transformação e conflito.
  • 49. 50 7. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO __________________. Conferência UNESCO, 1982. Declaração do México. Disponível em: <http://www.unisc.br/universidade/estrutura_administrativa/nucleos/npu/npu_patrimo nio/legislacao/internacional/patr_cultural/declaracoes/mexico_1982.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2010. _________________. Diversidade Cultural. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127160por.pdf.>. Acesso em: 04 abr. 2010. ____________. Educação Patrimonial nas escolas: Aprendendo a resgatar o patrimônio cultural. Disponível em: <http://www.cereja.org.br/arquivos_upload/allana_p_moraes_educ_patrimonial.pdf.>. Acesso em: 04 abr. 2010. __________________. Seminário Serra da Bodoquena/MS – Paisagem Cultural e Geoparque, 2007. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=1112. Acesso em: 20 maio 2010. ALMEIDA, R. D. de; PASSINI, E. Y. O Espaço Geográfico Ensino e Representação. 1º Edição, Coleção Repensando o Ensino. Editora: Contexto, São Paulo, 1989. ALVES, A. Q. de O. (Org.) Manual Diretrizes para a Educação Patrimonial. Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2009. Disponível em: <http://www.iepha.mg.gov.br/programas-e- projetos/educacao-patrimonial?format=pdf>. Acesso em: 04 abr. 2010. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia. Brasília: MEC/SEF, 1998, p. 1 – 89. Disponível em:
  • 50. 51 <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12657%3 Aparametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series&catid=195%3Aseb-educacao- basica&Itemid=859>. Acesso em: 04 abr. 2010. CLAVAL, P. A Geografia Cultural. 2. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2001. COLASANTE, T. O patrimônio histórico-cultural no ensino de geografia: uma análise dos parâmetros curriculares nacionais (PCNs). In: III ENCONTRO CIDADES NOVAS – A CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS PATRIMONIAIS: Mostra de Ações Preservacionistas de Londrina, Região Norte do Paraná e Sul do País. Paraná, 2009. P. 01 – 03. Disponível em: <http://web.unifil.br/docs/semana_educacao/1/estendidos/1.pdf.>. Acesso em: 10 abr. 2010. CORRÊA, R. L. A dimensão cultural do espaço: alguns temas. In: ROSENDAHL, Z. (Ed.). Espaço e Cultura. Ano I. RJ: NEPEC/UERJ, 1995. p. 01 – 21. Disponível em: http://www.nepec.com.br/revista_1.pdf#page=6. Acesso em: 31 maio 2010. CUNHA, S. A. Estudo da Percepção da Maritimidade no Município de Presidente Kennedy – ES. 2007. 68 f. Monografia (graduação em Geografia). Departamento de Geografia, Centro de Ciências Humanas e Naturais, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2007. CURY, A. J. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini-Aurélio século XXI escolar: O minidicionário da língua portuguesa. 4ª edição. Coordenação: Margarida dos Anjos e Marina Baird Ferreira. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2001. Disponível em: http://www.ivt-rj.net/sapis/2006/pdf/JulianadeSouza.pdf>. Acesso em: 27 mai. 2010. FILIPE, Carlos Henrique de Oliveira. Paleontologia: Definição, fundamentação e objetivos. WebArtigos.com, Minas Gerais, 2008. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/9201/1/PALEONTOLOGIA-DEFINICAO- FUNDAMENTACAO-E-OBJETIVOS/pagina1.html>. Acesso em 22 maio 2010.
  • 51. 52 HORTA, M. de L. P.; GRUNBERG, E.; MONTEIRO, A. Q., Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Museu Imperial, 1999. OLIVEIRA, A. U. de (Org.). Para Onde Vai o Ensino de Geografia. Editora: Contexto. São Paulo, 1988,1° Edição, Coleção Repensando o Ensino. PEREIRA, R. M. F. do A. Da Geografia que se Ensina à Gênese da Geografia Moderna. Editora da UFSC. Florianópolis, 1989. TEIXEIRA, S. (Org.). Educação patrimonial: novos caminhos na ação pedagógica. Campos dos Goytacazes, RJ: EDUENF, 2006. TRAZZI, A.(Coord.). Programa de Educação Patrimonial – Gasoduto Ramal GASCAV UTG – Sul: guia do professor. Vitória: CTA - Centro de Tecnologia em Aquicultura e Meio Ambiente, 2009. p. 02. Guia. UNESCO. Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127160por.pdf. Acesso em: 27 mai. 2010. VLACH, V. R. F. Geografia em Debate. Editora Lê. Belo Horizonte/MG,1990.