O documento discute três razões pelas quais o livro de Daniel é confiável historicamente: 1) a arqueologia confirmou locais, pessoas e eventos mencionados; 2) a presença de palavras gregas não prova uma data tardia; 3) o aramaico usado data do século VI a.C. Isso demonstra a soberania de Deus sobre a história e a inspiração das Escrituras.
1. A historicidade confiável do livro de Daniel
Podemos confiar na historicidade do livro de Daniel?
Há pelo menos três bons motivos para acreditarmos que o livro de Daniel é confiável do
ponto de vista histórico e que de fato foi escrito no 6º século antes de Cristo:
1) A arqueologia tem reconstruído as informações históricas do livro de Daniel.
a) Toda a história desse profeta hebreu se passa na cidade de Babilônia. Os críticos da
Bíblia afirmavam que se Babilônia realmente houvesse existido, não passaria de um
pequeno clã. A arqueologia demonstrou o oposto. Os resultados dos estudos do
arqueólogo alemão Robert Koldewey, feitos entre 1899 e 1917, provaram que Babilônia
era um grande centro econômico e político no Antigo Oriente Médio na metade do 1º
milênio a.C. (600 a.C.).
b) Outro ponto de questionamento era sobre a existência ou não de Nabucodonosor, rei
de Babilônia na época do profeta Daniel. Mais uma vez a arqueologia resolveu a
questão trazendo à luz muitos tabletes que foram encontrados nas ruínas escavadas por
Koldewey com o nome Nabu-Kudurru-Usur, ou seja, Nabucodonosor! Não é incrível
como um tablete de 2.600 anos consegue esmiuçar teorias fundamentadas no silêncio?
c) Assim como a opinião dos críticos teve que ser radicalmente mudada a respeito de
Babilônia e de Nabucodonosor, o mesmo aconteceu com Belsazar, o último rei da
Babilônia. Críticos modernos não concordavam com essa informação. Novamente a
arqueologia refutou essa opinião. Vários tabletes cuneiformes confirmam que
Nabonido, o último rei de Babilônia, deixou seu filho Bel-Shar-Usur (Belsazar)
cuidando do Império enquanto ele estava em Temã, na Arábia. Você pode confirmar em
Daniel 5:7 que Belsazar ofereceu para Daniel o terceiro lugar no reino, já que o pai,
Nabonido, era o primeiro e ele, Belsazar, o segundo.
d) Até os amigos de Daniel estão documentados nos tabletes cuneiformes da antiga
2. Babilônia. Foi descoberto um prisma de argila, publicado em 1931, contendo o nome
dos oficiais de Nabucodonosor. Três nomes nos interessam: Hanunu (Hananias), Ardi-
Nabu (Abede Nego) e Mushallim-Marduk (Mesaque). Incrível! Os mesmos nomes dos
companheiros de Daniel mencionados nos capítulos 1, 2 e 3 de seu livro! Um grande
defensor dessa associação é o adventista e especialista em estudos orientais William
Shea, em seu artigo: “Daniel 3: Extra-biblical texts and the convocation on the plain of
Dura”, AUSS 20:1 [Spring, 1982] 29-52. Hoje esse artefato encontra-se no Museu de
Istambul, na Turquia.
Resumindo: as informações históricas do livro de Daniel são confirmadas pela
arqueologia bíblica.
2) Por muitos anos os defensores da composição do livro de Daniel no 2º século a.C.
se valeram das palavras gregas do capítulo 3 para “confirmar” a autoria da obra
no período helenístico. Essa opinião apresenta dois problemas sérios:
a) Há ampla documentação do relacionamento entre os gregos e os impérios da
Mesopotâmia antes mesmo do 6º século a.C. Nos registros do rei assírio Sargão II, por
exemplo, fala-se sobre cativos da região da Macedônia (Cicília, Lídia, Ionia e Chipre).
Se os judeus em Babilônia eram solicitados para tocar canções judaicas (Salmo 137:3),
por que não imaginar o mesmo com os gregos? Um poeta grego chamado Alcaeus de
Lesbos (600 a.C.) menciona que seu irmão Antimenidas estava servindo no exército de
Babilônia. Logo, não nos deve causar espanto algum o fato de termos na orquestra
babilônica instrumentos gregos.
b) Se o livro de Daniel foi escrito durante o período de dominação grega sobre os
judeus, por que há apenas três palavras gregas ao longo de todo o livro? Por que não há
costumes helenísticos em nenhum dos incidentes do livro numa época em que os judeus
eram fortemente influenciados pelos filósofos da Grécia? Esse fato parece negar uma
data no 2º século a.C.
Resumindo: o fato de existirem palavras gregas no terceiro capítulo de Daniel não
prova sua composição no 2º século a.C., pelo contrário, intercâmbio cultural entre
Babilônia e Grécia era comum antes mesmo do 6º século a.C.
3) Daniel foi escrito em dois idiomas: hebraico (1:1-2:4 e 8:1-12:13) e aramaico
(2:4b-7:28).
Diversos nomes no estudo do aramaico bíblico (Kenneth Kitchen, Gleason Archer Jr,
Franz Rosenthal, por exemplo) afirmam que o aramaico usado por Daniel difere em
muito do aramaico utilizado nos Manuscritos do Mar Morto que datam do 2º século a.C.
Para Archer Jr., a morfologia, o vocabulário e a sintaxe do aramaico do livro de Daniel
são bem mais antigos do que os textos encontrados no deserto da Judeia. Não só isso,
mas que o tipo da língua que Daniel utilizou para escrever era o mesmo utilizado nas
3. “cortes” por volta do 7º século a.C.
Resumindo: o aramaico utilizado por Daniel corresponde justamente àquele utilizado
em meados no 6º século a.C. nas cortes reais.
Qual a relevância dessas informações para um leitor da Bíblia no século 21? Gostaria de
destacar dois pontos para responder essa questão:
1) Como foi demonstrado acima, Daniel escreveu seu livro muito antes do cumprimento
de suas profecias. Logo, isso nos mostra a soberania e a autoridade de Deus sobre a
história da civilização. Se Deus é capaz de comandar o futuro, Ele é a única resposta
para os problemas da humanidade.
2) A inspiração das Escrituras. O livro de Daniel se mostrou confiável no ponto de vista
histórico e, consequentemente, profético. Essa é a realidade com toda a Bíblia, que
graças a descobertas de cidades, personagens e inscrições, mostra-se verdadeira para o
ser humano.
O livro de Daniel, longe de ser uma fraude, é um relato fidedigno. Ao escavarmos
profundamente as Escrituras e estudarmos a História, podemos perceber que a Bíblia é
um documento histórico confiável.