Trabalho desenvolvido pelos alunos de Jornalismo da UnP em 2012.1.
A matéria produzida por Daniel Freire é a "Especial", sobre o centenário de Luiz Gonzaga.
1. N‘ 7
Ano IX
2012
LUIZ GONZAGA:
Um legado de história
Música, cultura, arte, vida são
os destaques comemorativos
do centenário do Rei do Baião
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2. 02
Opinião 3 Cultura Expediente
Artigo 12 Graffiti, a arte que Diretor da APEC: Milton Camargo/Reitora: Profa.
Crônica diverge da pichação Sâmela Soraya Gomes de Oliveira/Pró-Reitora de
Graduação e Ação Comunitária: Profa. Sandra Am-
aral de Araújo/Pró-Reitor de Pesquisa, Extensão e
Entrevista 4 Especial Pós-Graduação: Prof. Aarão Lyra/Escola de Comuni-
O criador de miniaturas 14 Som, ritmo e voz de
cação e Artes: Profa. Maria Valéria Pareja Credidio
de celebridades Freire Alves/Curso de Jornalismo: Prof. Leonardo
um matuto mestre
Bruno Reis Gamberoni.
Orientação Editorial: Profa. Cintia dos Reis Barreto.
Alunos da disciplina Revista Impressa: Aline Cristina,
Bandas de rock
Meio Ambiente Anderson Vicente, Bruna Machado, Caroline Caiana,
6 Cultura
natalenses sonham
Os perigos de criar um 21 Ciro Pessoa, Daniel Freire, Danielle Soares, David Ta-
em ser famosas
animal silvestre vares, Débora Reis, Erika Paiva, Felipe Maia, Florence
Macedo, Francinaura Almeida, Gerson Sidney, Heitor
Clemente, Isabela Moraes, Janielle Borges, Karen Ol-
iveira, Laís Fernandes, Karina Correa, Lídia Nascimen-
Saúde 8 to, Nara Rodrigues, Priscilla Almeida, Raul Barbosa,
Sintomas comuns que Esporte Rodrigo Loureiro, Thiago Goes, Thiago Damasceno,
mudam totalmente 22 Esporte de contato que Vivian Mesquita e Walleanny Lima.
o ritmo de vida da traduz feminilidade e Redação: Bruna Machado, Caroline Caiana, David
população superação Tavares, Daniel Freire, Danielle Soares, Erika Paiva,
Felipe Maia, Florence Macedo, Janielle Borges, Lídia
Nascimento, Nara Rodrigues, Priscilla Almeida, Rod-
Ciência e Comportamento rigo Loureiro, Thiago Damasceno e Vivian Mesquita.
Tecnologia 24
Elas preferem os ogros Diagramação: David Tavares,Priscilla Almeida e Viv-
09
Educação 2.0 um nova ian Mesquita.
metodologia para o
26 Tecnologia - um mundo Projeto Gráfico e Fechamento: Prof. Fabian Ubarana,
ensino David Tavares, Priscilla Almeida e Vivian Mesquita.
de distrações
Arte Capa: Will de Sousa.
Tiragem / Impressão: 1.000
Turismo 10 Contatos: jornalismo@unp.br/ (84) 3216-8662
Natal aos olhos As opiniões e conceitos expressos nesta revista
do mundo não refletem necessariamente o ponto de vista da
Instituição.
Revista Plural: Prazerosa experiência acadêmica,
um passo para o caminho profissional
Com o lançamento de seu sétimo Em destaque a matéria da capa que heres, será que elas estão preferindo os
volume, ano IX, a Plural dá mais um pas- homenageia o rei do baião Luiz Gon- ogros? Esta resposta só lendo a maté-
so definitivo rumo ao cumprimento de zaga. Se estivesse vivo o cantor feste- ria. Contamos ainda com o destaque
sua meta de periodicidade. O volume jaria seu centenário, a matéria aborda a do esporte que nos explica o que o
contemplará o primeiro semestre de obra, talento, autodi¬datismo e aspec- rugby, e sua conquistando na socie-
2012, gerando maior reconhecimento tos de sua vida pública são colocados dade natalense.
aos alunos do 7º período de Jornalismo em evidência atestando o seu legado Agradecemos a todos aos alunos
da Universidade Potiguar. relevante na música popular brasileira. do 7º período que enviaram seus tra-
Novas mudanças na diagramação Esta edição traz uma entrevista com balhos que é imprescindível para nossa
foram incorporadas, mantendo a quali- o artista plástico Marcus Vinícius que missão, a professora Cintia Barreto que
dade da Revista, com o objetivo de con- conversou com a repórter Janielle ministra a disciplina de Revista Impres-
quistar novos leitores. Após produtivas Borges rodeado com suas bonecas em sa, que nos apoiou e confiou integral-
reuniões e diagramação concluída, seu ateliê. mente em nosso trabalho viabilizando
todo um esforço foi despendido para Mas os destaques não terminam os atuais sucessos da Plural, tendo con-
tornar mais prazerosa à experiência de por aí, a repórter Carol Caiana foi en- tribuído, ainda, com a apresentação
leitura daqueles que nos acompanham. tender um pouco do universo das mul- deste número.
Danielle Soares
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3. 03
ARTIGO
BAZAR VIRTUAL
Bazar é uma palavra derivada origi- vida em comprar coisas usadas e vender comentar o interesse na foto postada.
nalmente do pahlavi, uma língua falada para outras pessoas. Tudo pode ser ven- Você pode comercializar coisas com pes-
por persas entre 224 e 651 d.C. A palavra dido, desde que esteja em bom estado soas que nunca viu na vida, por isso tem
original é baha-char, que significa “lugar de uso. Mas não só coisas usadas são co- que ter sempre o cuidado de marcar en-
dos preços”. Em bazares podem ser en- mercializadas, algumas pessoas aprovei- contros em locais públicos, para garantir
contrados todos os tipos de produtos, taram a onda para fazer um dinheirinho a sua segurança.
desde os mais inusitados aos que utiliza- extra e vender produtos novos e quem Agora a ideia tem saído da internet
mos no nosso dia-a-dia e tem como ca- leva essa atividade a sério consegue fa- e entrado na vida real das pessoas, pois
racterística serem encontrados produtos turar até dois mil reais utilizando apenas mensalmente os donos dos grupos de
com preços bem mais baixos do que as o tempo livre para a venda de produtos. bazar têm organizado encontros onde
lojas convencionais. Nos países orien- A vantagem disso é que muitas pessoas as pessoas podem comercializar seus
Lídia tais, essa prática é bem comum, pois foi conseguem comprar produtos bon com produtos e até trocar com outras pesso-
Nascimento lá que o bazar teve origem. No Brasil, preços bem abaixo do mercado. as. O bom desses encontros é que eles
até algum tempo, a palavra bazar estava Para participar é simples, basta ter têm acelerado as vendas e fazendo com
Viciada em tecno-
vinculada a objetos, roupas e acessó- uma conta na rede social Facebook e que as pessoas não percam tempo mar-
logia, maquiagem,
rios usados normalmente doados para procurar por algum grupo que já exista cando com diversas pessoas em locais
viagens, shopping e
a venda e arrecadação de dinheiro para ou se você tiver a sua própria rede de diferentes, o que economiza também
livros. Atualmente
entidades que realizam obras de carida- amigos, pode criar um também. O ide- dinheiro para quem vai vender. Além
possuí um bazar
de, mas há algum tempo isto vem mu- al é entrar em algum que já exista, pois disso, as pessoas mais velhas, que não
online em uma rede
dando. As pessoas passaram a vender como está lá a mais tempo, o número tem tanta facilidade em manusear o
social.
o que não utilizam mais e estão tirando de usuários ligados a rede é bem maior. computador, podem ir aos encontros
um bom dinheiro extra dessa nova fonte Não existe restrição e qualquer pessoa tanto para vender como para comprar,
de renda. pode participar, desde que a mesma atingindo um número maior de pessoas
Com a virtualização da idéia, a pala- saiba respeitar o próximo e não venha que gostam da idéia. Acredito que os ba-
vra bazar passou a ter outro significado a ferir os bons costumes que praticamos zares ainda têm muito a crescer e que
entre a população brasileira, pois hoje em sociedade. Para vender, você pode essa idéia tem muito a florir ainda, pois
existem vários grupos ligados a redes so- postar nesses grupos o produto que de- como é algo novo no Brasil, considero
ciais quem têm como intuito a venda de sejar, com tamanho, valor e condição de apenas como um experimento. O que
produtos novos ou usados. Para alguns, pagamento e aguardar até que alguém nos resta é aguardar para ver o que vai
a atividade ficou tão séria que levam a se interesse. Quem quer comprar, é só acontecer.
CRÔNICA
A HIPOCRISIA NO COLUNISMO SOCIAL
Quando eu pensei em ser jor- da sociedade natalense. Há um grande portante divulgar certos acontecimentos,
nalista, ainda criança, imaginava um uni- interesse em mostrar algo, que não se em sua maioria que faz parte da sua inti-
verso completamente diferente o qual sabe ao certo a finalidade social. É como midade, para se fazer valer prestigiado.
seja a minha realidade hoje, além da vida se fosse um tipo de transvestir capas e Vejo pessoas que dizem querer
corrida e cheia de fatos e novidades a coroas, de certa forma, se tornar reis e ser solicitadas para tais eventos, que sua
todo instante, achava que era um mundo rainhas a fim de obter uma população presença fosse algo que fizesse a diferen-
que só os ‘escolhidos’ teriam acesso, e inteira com função única de te aplaudir. ça, mas diferença em que? Se no final das
de fato é, mas a palavra não é ser a esco- E assim expõe uma persona- contas é só mais uma pessoa que está ali Rodrigo
lha e sim ‘abduzido’. Acalme-se explico, lidade que não é sua, atitudes inversas roboticamente para elogiar e fazer indire- Loureiro
antes de tudo, amo a minha profissão e a realidade dos próprios sentimentos, tamente uma propaganda do evento.
Colunista do Jornal
tenho muito orgulho de exercê-la, porém apenas pelo prazer de se ver rodeado por Há casos de pessoas que ape-
Gazeta do Oeste,
na minha própria experiência e nos estu- pessoas importantes, mas por que esse nas para não se sentirem excluídos do tal
editor do blog
dos agregados ao passar dos anos, somos desejo, se a fama não será minha, o di- universo glamorosos aceitam convites
www.rodrigolourei-
orientados e ensinados a escrever sem- nheiro não será meu? Posso até ganhar de pessoas que não são tão bem-vindas
ro.com.br, produtor
pre a verdade, seja ela qual for. prestígio, mas pelo o que mesmo? Por em seu ciclo social. Ou seja, até que pon-
de eventos e asses-
Nos muitos anos de jornalismo ganhar convites para frequentar bailes e to vale a pena o autosacrifício para se
sor de imprensa.
social, entrei em choque com o que se festas caríssimas, ver desfiles de grifes in- mostrar querido e solicitado para pesso-
Atualmente é
chama de realidade, afinal, parece que ternacionais dividas no cartão de crédito as que muitas vezes nem te conhece de
proprietário da Mix-
estamos rodeados de atores e atrizes em várias parcelas? Ou atualizar as redes fato? Ao meu ponto de vista, o motivo
-Assessoria Comu-
profissionais e cada um segue um script sociais com fotos do champanhe que é que as pessoas aceitam tal situação, para
nicação e Eventos e
individual, numa luta pelo papel principal servido e mostrar para meus seguidores mostrar prestígio, mas no fundo há um
presta consultoria
de quem é o mais importante e atrai mais do instagram? ‘que’ de carência afetiva social, o que
em eventos sociais,
flashes. Além dos absurdos em futili- acho que justifica tais atitudes.
políticos e empre-
Tudo é voltado para um cenário real, dades, é curioso pensar no que faz essas
sariais.
massagear o ego de homens e mulheres pessoas acharem de tão magnifico e im-
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4. 04
ENTREVISTA
O CRIADOR DE MINIATURAS DE CELEBRIDADES
Cansado de procurar em lojas de brinquedos seus ídolos, hoje ele ‘fabrica’
bonecas personalizadas e possui em casa uma particular calçada da fama.
Foto: Janielle Borges
E como surgiram os outros bonecos?
Bom, o resultado da Baby do Brasil e
Pepeu Gomes foi tão bom, tão satisfa-
tório que não quis parar, então come-
cei a homenagear meus grandes ídolos.
Como começou esse sucesso todo em cima
de você? Por que você já ultrapassou a mídia
local, sites, famosos e revistas já conhecem e
divulgam o seu trabalho.
Tudo começou quando eu fiz a boneca da
cantora Marina Elali, daqui de Natal também.
Entrevistado pela repórter Janielle Bor- Marina elogiou meu trabalho publicamente
ges da Revista Plural, Marcus Vinícius da Sil- e então despertou a curiosidade das pessoas
va Bernardo, ou apenas Marcus Baby. Na- para saber quem sou, mas o ‘boom’ mesmo
talense, artista plástico, designer, blogueiro aconteceu quando estava passando a nove-
e técnico em edificações estampa revistas, la ‘Viver a Vida’ de Manoel Carlos e eu fiz a
jornais impressos, páginas da web e partici- boneca da personagem Luciana, interpreta-
pações em vários programas televisivos na- da por Alinne Morais, muitos sites elogiaram
cionais. Rodeado com suas bonecas em seu e divulgaram, principalmente os da Globo.
ateliê, Marcus se mostra feliz e animado para
a entrevista, com certa ansiedade e esboços Foto: Janielle Borges
de sorrisos se prepara para as perguntas.
Como começou o seu trabalho de customiza-
ção dos bonecos?
Janielle Borges
Começou uma vez quando eu estava assis-
Riso fácil e so-
tindo televisão e vi uma pessoa que fazia co-
nho alto, sou leção de vários bonecos da cultura pop, então
os livros que li, despertou em mim a vontade de ter os meus bo-
as viagens que
fiz, os amigos
necos, das pessoas que gosto. Então em 2005,
que conquistei. no meu aniversário, pedi para um amigo me
Estou aqui é presentear com uma Barbie e um Ken e assim
pra viver, cair,
aprender, le-
iniciou a minha carreira voltada para Toy-Art.
vantar e seguir. É verdade que a apresentadora Hebe Camar-
Sou isso hoje... Qual foi o seu primeiro boneco customizado? go quis a réplica da sua boneca?
Amanhã, já me
reinventei.
Foi minha grande ídolo, Baby do Brasil, Na verdade quem quis foi o apresenta-
ou Baby Consuelo, como é mais conhecida dor Otávio Mesquita, para presenteá-la, me
hoje em dia. Aliás, o motivo pelo qual ado- ofereceu bastante dinheiro, mas recusei.
tei como sobrenome ‘baby’, foi por causa
dela, sempre fui seu grande admirador en- Por que você não aceita essas propostas?
tão a tive como inspiração, ela juntamente Você poderia ganhar bastante dinheiro com
com seu marido Pepeu Gomes (na época). isso.
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5. ENTREVISTA 05
As pessoas não querem a minha lhes, fica um trabalho bem bacana.
Foto: Janielle Borges
arte, querem comprar digamos as-
sim ‘a minha fama’. Interessam-se Já que você não vende suas bone-
pelo meu trabalho, porque saio cas, nunca pensou em ganhar di-
na televisão, em grandes portais e nheiro com arte?
tenho reconhecimento da maioria Ah, sim com certeza, de tanto
das réplicas que fiz. Aqui em Natal as pessoas elogiarem o meu traba-
mesmo há muitos artistas plásti- lho eu resolvi investir em uma área
cos que fazem esse mesmo traba- que também gosto muito. Vou lan-
lho que eu e não vendem também, çar em breve um livro fotográfico
não porque não querem, mas por contanto um pouco da minha his-
não ter quem compre. Meus bo- tória e com diversas fotografias de
necos são feitos para mim ape- todas as minhas bonecas. Vai ser
nas, aceito no máximo sugestões. algo bem legal, porque vai ter uma
repercussão nacional, então eu e
tica internacional, fiquei chocado,
A boneca da presidente Dilma fez todos os envolvidos estamos mui-
mas ao mesmo tempo muito feliz.
um grande sucesso internacional, to animados. O livro virá com um
como você se sentiu com tanta re- “Meus bonecos são feitos CD que vai conter alguns videocli-
percussão? para mim apenas. Aceito pes e um curta metragem que já
Foi um susto. Recebi uma li- no máximo sugestões”. estamos filmando e tem previsão
gação internacional perguntan- para ficar pronto em dezembro.
do sobre a boneca, não lembro
Quem será o próximo homenage-
de onde era o jornalista, mas ele Além do lançamento do seu livro,
ado?
tinha um sotaque inconfundível há algum outro projeto?
A cantora Gaby Amarantos.
tentando falar português comi- Bem, vou participar dos primei-
Já estou em fase de concluir a
go. Perguntei onde ele tinha vis- ros capítulos de um reality show
boneca, em breve vou divulgar.
to a boneca da Dilma e ele falou daqui de Natal sobre tatuadores,
‘cara, a mundo inteiro está falan- por acaso eu estava fazendo uma
E para quem ficou com vontade
do da boneca da Dilma’. Depois tatuagem no estúdio onde come-
de ter uma doll do Marcus Baby,
de responder algumas curiosida- çaram as gravações e pergunta-
completamente sem chances?
des dele, fui dar uma pesquisada ram se eu queria participar, topei
Nem insista, sem chances mes-
na internet e me surpreendi com na hora. Não sei quando vai ao ar,
mo, mas adoro sugestões princi-
o que eu vi, vários países da Eu- mas será transmitido pela Sim TV e
palmente do apoio que recebo de
ropa, Estados Unidos e Argentina, os episódios estão super engraça-
várias fã-clubes, eles me incen-
realmente estavam comentando dos, vale a pena ver.
tivam muito, dão ideias de deta-
até o Paquistão na sessão de polí- Foto: Janielle Borges
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6. 06 MEIO AMBIENTE
OS PERIGOS DE CRIAR UM ANIMAL SILVESTRE
Especialistas falam dos cuidados que devem ser tomados na hora da compra e do tratamento
com estes animais
Foto: Nara Rodrigues
Animais em recuperação, que serão devolvidos ao habitat natural
Ter um animal silvestre em casa ou há mais de 15 anos cuida de um papagaio
conhecer alguém que tenha se tornou normal “Ele foi um presente do meu filho. Pegamos
aqui no Brasil. Segundo pesquisa divulgada ele bem pequeno e quando ele chegou
pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e não sabíamos o que dá para ele comer.
Estatística), cerca de 38 milhões de animais Buscamos orientação nas lojas de ração pra
são retirados da natureza, através do tráfico. animais. Mas foi só isso. Nunca levamos ele
Já o IBAMA (Instituto Brasileiro do meio ao veterinário”, destaca.
Ambiente e dos Recursos Renováveis) avalia Sobre a criação dos animais silvestres, o
que 95% do comércio de animais silvestres técnico ambiental, Ricardo Luiz explica que
brasileiros seja ilegal. Outro fator que muitas não há nenhuma lei que permita a criação
Nara pessoas desconhecem é o perigo que esses legal de animais por pessoa comum. A única
Rodrigues animais representam para os humanos. permissão é para criadores legalizados, junto
Espécies como: macacos, araras e papagaios ao IBAMA, os quais necessitam apresentar
“Jornalista
antenada,
são os principais transmissores de doenças, uma estrutura compatível para a criação
cinéfila, tal como leptospirose e toxoplasmose. da espécie solicitada, além disso, precisa se
apaixonada pela Segundo o veterinário, Nailson Batista, encarregar de promover a procriação dos
vida, sempre muitas pessoas criam animais silvestres e animais em cativeiros e identificar a origem
com um sorriso exóticos sem a devida orientação. “Com dos animais através das anilhas.
no rosto e o
celular na mão”.
relação às doenças transmitidas por animais É importante ressaltar que após a comprar
silvestres, temos várias doenças, porém as de um animal de criadouro não legalizado
principais são a coccidiose, leptospirose pelo IBAMA, não há mais como legalizar.
e a raiva, essas são doenças transmitidas “Se denunciado por um vizinho ou coisa
diretamente por animais não criados em parecida o animal é apreendido, [e o dono]
cativeiro, ou seja, animais oriundos de vida recebe uma multa de R$ 500,00 por animal e
livre”, explica Nailson. Esse é o caso da poderá receber pena de 6 meses a 1 ano de
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dona de casa, Maria do Carmo Costa, que detenção”, acrescenta o veterinário.
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7. MEIO AMBIENTE 07
Através de denúncias e fiscalizações mais de 200 animais, Foto: Nara Rodrigues
remanescentes de 2011, estão retidos no IBAMA-RN. Segundo
o técnico, quando o órgão recebe uma denúncia à equipe
vai verificar se o animal silvestre está em cativeiro, realiza a
apreensão e leva para o Cetas (Centro de Triagem de Animais
Silvestres) para fazer a classificação das espécies, colocá-las
em quarentena e, posteriormente soltá-las. E acrescenta:
“Quando a entrega dos animais é voluntária, quando se trata
de um animal, ou dois no máximo, não há restrição. Mas, se
forem muitas espécies já é considerado infrator e sofrerá uma
autuação”.
Uma pesquisa realizada pelo IBGE entre 2000 e 2005
mostrou que o tráfico de animais silvestres é considerado o
terceiro maior comércio ilegal do mundo, movimentando cerca
de US$ 10 bilhões por ano. Apontando ainda o Brasil como um
dos principais fornecedores de animais, responsável por 10%
do mercado mundial.
Já quanto à soltura dos animais apreendidos, Ricardo Luiz,
explica que são mapeadas as áreas de soltura dentro do Estado
do Rio Grande do Norte, identificando o local que os animais
devem ser soltos novamente, mas, muitos animais não fazem
parte da nossa fauna e precisam ser transportados para outros
estados. Já no caso dos animais que não conseguem mais voltar
a conviver no seu habitat natural, o IBAMA, busca zoológicos
Arara em recuperação, no IBAMA
dentro do país que possam receber esses animais.
Macacos prego doentes, infectam tratadores do IBAMA
Desde julho de 2011 que o IBAMA-RN não está mais recebendo novos animais. Em 2008, a professora
Débora Rochelly, da Universidade Federal Rural de Pernambuco iniciou um trabalho de pesquisa com os
primatas para avaliar as condições de saúde dos primatas em cativeiro. Em 2010, o estudo constatou que
os macacos estavam doentes, mesmo assim, outros animais foram colocados no mesmo ambiente. Diante
do quadro apresentado a pesquisadora resolveu ampliar o campo de estudo e realizou exames com os fun-
cionários do Cetas.
Já em 2011, teve início os óbitos dos macacos e a identificação de contaminação de oito funcionários,
todos com leptospirose e alguns com toxoplasmose. Devido à contaminação, a Sesap (Secretaria Estadual de
Saúde Pública) interditou o local. Mas, o IBAMA conseguiu através de liminar que os servidores continuassem
fazendo a alimentação dos animais já retidos, mas cumprindo as exigências de saúde e segurança determi-
nadas pela Sesap.
No primeiro semestre de 2012, entre papagaios, araras, macacos e azulões os funcionários ainda se veem
tratados com descaso. “Muitos funcionários já não apresentam mais contaminação. Mas os exames que de-
veriam ser feitos trimestralmente em toda a equipe ficou apenas no papel”, afirma Ricardo Luiz. E acrescenta,
“estamos fazendo exames trimestrais por nossa conta, pois o IBAMA Brasília até a presente data não repas-
sou a verba para tais exames”.
A assessoria de Comunicação do IBAMA-RN negou o ocorrido, mesmo as informações tendo sido divulga-
das por diversos jornais e blogs da época, “As suspeitas foram debeladas; nenhum trabalhador apresentou
qualquer sintoma de doença transmitida por animais”, afirma o Assessor de Imprensa Airton de Grande.
Já sobre a desinterdição do Cetas, o assessor acrescenta “O IBAMA-RN aguarda decisão do IBAMA-sede
para que o CETAS seja desinterditado. Tecnicamente não há obstáculos para a desinterdição e a solicitação
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formal para reabertura já foi feita. O IBAMA-RN aguarda a desinterdição para muito breve”.
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8. 08 SAÚDE
SINTOMAS COMUNS QUE MUDAM TOTALMENTE O
RITMO DE VIDA DA POPULAÇÃO
Como o diagnostico e o tratamento adequado pode melhorar a qualidade de vida.
Dor forte na cabeça, geralmente de um luminosos fui diagnosticada com enxaqueca.
lado só, latejante, acompanhada de náuseas, Depois de um tempo tentando descobrir a
sensibilidade à luz e sons, tontura, cansaço, causa, meu médico chegou à conclusão que
irritabilidade, dor no corpo, dor na cervical, era hormonal, pois era sempre durante minha
dor na nuca e pescoço. Esses são os sintomas TPM.”, relata a contadora, Ângela Pereira.
de uma cefaleia das mais comuns, presente Os hábitos pessoais estão intimamente
de 10 a 20% dos indivíduos, a enxaqueca. ligados a fatores que são determinantes para
Passou de síndrome a ser considerada as crises e por isso muitos médicos no intuito
doença. Existem vários tipos como a de descobrir para evitar os desencadeantes
enxaqueca crônica, episódica, menstrual, e para entender melhor, muitas vezes
basilar e a enxaqueca hemiplégica ou ainda recomenda que o paciente faça um diário,
enxaqueca com ou sem aura. O tipo que anotando a ocorrência das crises e os fatores
tem aura é aquele mais comum onde a que as provocaram.
crise é precedida ou acompanhada por uma Depois de descobrir a doença o paciente
alteração na vista, pontos escuros, perda muitas vezes tem que mudar hábitos
visual, pontos luminosos, linhas em zig zag, alimentares, começar a praticar exercícios,
que duram de 5 a 60 minutos. regular o horário do sono e claro nos casos
Hoje em dia já existem tratamentos que mais graves é realizado o tratamento com
levam ao controle da doença e redução de suas remédios.
Foto: Bruna Machado
crises. A enxaqueca normalmente tem vários
aspectos em sua causa de origem, que pode
ser genético, hormonal, comportamental ou
emocional.
“A enxaqueca é uma situação delicada,
porque recebemos de pacientes que
apresentam sintomas leves até alguns que
chegam a tomar remédio controlado, os
médicos sempre procuram tratar para que o
paciente sinta o alívio o mais rápido possível,já
Bruna que os sintomas incomodam bastante. Na
Machado enxaqueca, o mais importante é o tratamento
Bruna Machado,
22 anos. 7 perío-
preventivo, para evitar o uso excessivo de Enfermeira Adriana Cristina
do. Apaixonada
analgésicos. “, explica a enfermeira, Adriana
por jornalismo.
Cristina. “A minha começou com dor de cabeça
Nossa profissão
tem a responsab-
É uma doença que afeta diretamente as e vontade de vomitar, mas só passa se eu
ilidade de fazer o
atividades e a qualidade de vida das pessoas dormir pelo menos 40 minutos no escuro
bem e esclarecer
que possuem a doença. Apesar do grande total. Acontece com mais frequência quando
a sociedade.
Cada dia uma
impacto na sociedade, ainda é uma doença eu passo o dia sem me alimentar direito.”,
nova experiência,
pouco diagnosticada, muitas pessoas são declara Irleide Tavares, estudante.
um novo caso a
acometidas, mas não sabem. Em estudo epidemiológico feito
expor, isso que
me fascina.
“No começo eu só tinha dor de cabeça, recentemente no Brasil foi detectada a
depois a frequência dessas dores foram au- prevalência de 15,2% de enxaqueca no Brasil.
mentando e comecei a perceber que só mel- A enxaqueca é mais comum em pessoas da
horava quando eu ficava no escuro. raça branca, seguida pela raça negra, e menos
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Após começar a ver varias vezes os pontinhos comum em orientais.
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9. CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS 09
Educação 2.0 uma nova metodologia para o ensino
Devido a grande quantidade de dispositivos todos interconectados, a educação 2.0 vem como um
novo desafio para as instituições, professores e alunos.
Por Priscilla Almeida
Foto: Priscilla Almeida
Numa sociedade que muda experiências. Cada novo fato ou
muito rápido e onde, cada vez experiência é assimilado numa
mais, as informações assumem rede viva de compreensão que já
papel de destaque, desenvolver existe na mente desse aluno, que
a capacidade de transformar in- constrói assim a aprendizagem.
formações em conhecimento Para a nova geração de alunos
através da educação 2.0 é um de- que se encantam com os jogos 3D
safio das escolas, dos professores e vídeos engraçados do youtube,
e também dos alunos. a educação na escola precisa
Não se trata aqui de utilizar a tornar-se mais atraente e intera-
qualquer custo as tecnologias, tiva, e o professor nesse contexto
Gleber Duarte, especialista mídias digitais
mas sim de acompanhar con- deixa de ser o detentor do saber
de 10 anos, mas mesmo assim, a
sciente e deliberadamente uma e transmissor de conteúdos, pas-
implantação dessas ideias, se dá
mudança de civilização que está sando a ser o facilitador, aquele
de forma muito lenta nas institu-
questionando profundamente que estimula nos alunos a cultura
ições”, Glebe diz ainda que apren-
as formas institucionais, as men- de produção e debate de ideias
der a lidar com este novo modelo
talidades e cultura dos sistemas e que não apenas ensina, mas
educativos tradicionais e, notada- “Ser também um profes- aprende.
mente, os papeis do professor e sor 2.0, não dá para ir Para a estudante de ensino
aluno. contra, é usar o que ex- médio, Yngrid Gleyter, 17, seria
O fato, porém, é que há algo muito bom se a metodologia nas
iste de melhor deste novo
de novo, e não necessariamente escolas mudasse, já que o mundo
bom ou ruim, mas certamente mundo a favor” nos dias de hoje vive tecnologia
não neutro, na maneira como as “Hoje o mundo é gerado por tec-
é importante para receber mais
pessoas se apropriam da tecnolo- nologia crescemos num mundo
informação, com qualidade e
gia, e a tecnologia, das pessoas. tecnológico e sabemos que nesse
melhorar o processo de aprendi-
Para Glebe Duarte, especialista meio tudo é mais fácil, se na escola
zagem “Ser também um professor
em redes sociais e coordenador os professores trabalhassem mais
2.0, não dá para ir contra, é usar o
da área de informática do Serviço com a internet, seria um estimulo
que existe de melhor deste novo
Nacional de Aprendizagem Com- para nós”, disse. Alguns profes-
mundo a favor. É um crescimento
ercial (Senac), as redes e mídias sores criam grupos de discussão
também para o professor e isso o
sociais hoje permitem um com- na internet para poder integrar os
deixará mais próximo do aluno e
partilhamento maior de conteúdo alunos “No meu ver, é preciso mais
do processo de aprendizagem do
“As redes quando bem utilizadas, que apenas discussão na internet,
mesmo”, disse.
quando bem filtradas e monta- é preciso envolver nós estudantes
A utilização das ferramentas da
das com um propósito, poderão nesse mundo que ainda é tão
web 2.0 como recurso pedagógi-
gerar uma base de conteúdo mui- novo para nós”, finaliza Yngrid.
co no contexto de sala de aula,
to interessante no processo de Para o especialista Glebe, essa
são formas de ensinar e de apren-
aprendizagem” afirma. nova aprendizagem de inclusão
der, que estão se consolidando
Para ele, poucas instituições no digital, é um caminho sem volta
com o passar do tempo. Para o
Rio Grande do Norte, estão pre- “Não vejo um mundo com menos
filósofo Toledo, o aluno aprende
paradas para lidar com este novo tecnologia, vejo o contrário, cada
algo novo e incorpora a essa ex-
formato “É tudo muito novo, mes- vez mais, elas se tornarão simples
periência toda a sua bagagem de
mo sendo um conceito com mais e transparente”, destacou.
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10. 10 TURISMO
NATAL AOS OLHOS DO MUNDO
Como uma das cidades mais procuradas do Nordeste virou destino de jovens turistas
Os caprichos da natureza
deram a Natal uma geografia di-
versificada, perfeita para aqueles
que anseiam viver extrema emo-
ção. Pela terra, as reservas de
Mata Atlântica, falésias, grutas,
cavernas e dunas. No mar, belos
corais, golfinhos e vida marinha
ativa. Um dos destinos mais pro-
curados no Nordeste brasileiro, a
capital potiguar vem sendo cada
vez mais procurada por jovens
em busca de belas praias, aven-
tura, calor o ano inteiro e badala-
ções.
Visitantes de todos os lu-
gares do mundo escolhem Natal
para respirar o “ar mais puro” das
Américas, visitar o maior cajueiro
do mundo e conhecer as mais de
20 praias com paisagens paradi-
síacas de dunas e mar límpido e
tranqüilo. Conhecida como “A Ci- Foto Google
dade do Sol”, possui em sua história o traço
Florence Melo da colonização holandesa e portuguesa. ou até mesmo após se formarem. “A viagem
Formada em mais turistas jovens de diferente lugares do
Macêdo A cidade vem recebendo cada vez abre a cabeça do jovem para possíveis esco-
moda, graduan-
lhas profissionais. Serve como uma espécie
da em jornalis- Mundo, que chegam à cidade em busca de
mo. Com um pé praia, sol, esportes radicais e noites regadas
de conhecimento de si próprio em uma fase
no mundo e o à caipirinha. Segundo a psicóloga Fabíola Nu-
da vida em que ele precisa tomar decisões se-
outro também,
rias e definitivas”, afirma a médica.
com a alma gran- nes, que estuda o comportamento de adultos
de demais para nesta faixa etária, os jovens investem cada vez
O estudante de arquitetura Manolo
o corpo que ha- mais em viagens. Muitos anseiam conhecer
Rosado, 21, aproveitou o vínculo de sua facul-
bita. Uma vida
dade em Madrid com uma Universidade em
feita de sucessão o mundo antes de escolher uma faculdade,
de pequenos mi-
Natal para conhecer o Brasil. O espanhol pla-
lagres, estranhas
nejava ficar seis meses na cidade, mas se en-
coincidências
Foto Manolo Rosado
volveu tanto com as belezas naturais e o povo
que resultaram
de impulsos in-
acolhedor que acabou ficando um ano, cur-
controláveis e
sando arquitetura. “Vim atraído pelas belas
que deram ori-
praias e paisagens naturais, que são muito fa-
gem a sonhos in-
compreensíveis.
mosas na Espanha. Se eu voltei, foi pelas ami-
Passei grande
zades que fiz aqui. Os brasileiros são pessoas
parte da vida
muito abertas, que sempre procuram ajudar.
fingindo que sou
normal, mas por
Esparava mais das praias urbanas, mas me
baixo da super-
encantei com a Praia de Pipa. Um dos luga-
fície, sei que sou
res mais lindos que conheci e com uma noite
única.
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Estudantes Espanhóis no passeio de Buggy muito boa”, pontua ele.
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11. TURISMO 11
Já no caso do holandês John de Heus, 27, sua vin-
da a Natal foi ocasional. Ele veio com um grupo de ami-
Foto Lara de Heus
gos conhecer o Brasil, e acabaram ficando em Natal só
por alguns dias, pois estavam de passagem para Fortale-
za, mas parece que foi até coisa do destino. “Viemos pro
Brasil num grupo de homens solteiros, sabendo que aqui
haviam mulheres bonitas, mas claro que esse não era o
motivo principal. Mas eu me apaixonei e hoje sou casa-
do com uma brasileira que conheci em Natal numa festa.
Essa cidade se tornou muito importante pra mim, e um
dia penso em criar meus filhos aí. Quero que eles tenham
a simpatia e a alegria de viver dos brasileiros”, afirma ele.
Alesso Polcaro, italiano, 26, veio pela primeira vez
à Natal de férias com os pais para passar 10 dias. Gosta-
ram tanto que acabaram alugando uma casa e ficaram
em terras potiguares por três meses. “Todos os anos eu
venho ao Brasil e fico em Natal. Gosto das praias, do calor
o ano inteiro, os esportes que posso praticar, das pessoas
e principalmente da comida. Natal é uma cidade que se
come muito bem, e os hoteis são muito bons”, sinaliza o
empresário de produtos estéticos, que encontrou em Na-
tal também uma oportunidade grande de fazer negócios.
Hoje a capital do Rio Grande do Norte possui um
grande número de leitos, seja em hotéis de luxo ou alber- John de Heus e Lara de Heus
gues, que atende às necessidades para todos os bolsos e
procuras. Em Ponta Negra existe uma gama de opção de bares e restaurante que funcionam todos os dias,
além de boates e agências que vendem pequenos pacotes para passeios pelo litoral potiguar e viagens à Pipa,
um dos destinos mais procurados do Estado.
Por sediar a Copa de 2014, a cidade recebeu fortes investimentos para incrementar a infraestrutura
turística e ampliar o tempo de permanência do turista na capital, além de criar condições para que ele retorne
em outras oportunidades. Segundo dados da Secretaria de Turismo do RN, entre 2002 a 2007 o fluxo turístico
na cidade dobrou, passando de 1.423.886 para 2.096.322. Os vôos internacionais triplicaram passando de
5 vôos internacionais por semana
para 23 que chegam da Argentina,
14 de Portugal, 10 da Espanha, 3
da Itália e mais vôos da Holanda,
Alemanha, Suécia, Inglaterra, No-
ruega, Dinamarca e Finlândia.
Apesar disso, todos os es-
trevistados citaram problemas
como escassez de transportes
públicos, praias sujas e falta de in-
Foto Alessio Polcaro
fraestrutura no aeroporto e rodo-
viária além da falta de segurança.
A barreira da língua foi mais uma
dificuldade enfrentado pela maio-
ria deles.
Revista Plural 7| Ano IX | 2012
O italiano Alessio nas Dunas de Genipabu
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12. 12 CULTURA
Kailanny Goms
GRAFFITI, A ARTE QUE DIVERGE DA PICHAÇÃO
Arte de rua além da arte: os dois lados da mesma moeda. A pichação, como o grafite
é considerada arte de rua, são modalidades diferenciadas, cada uma tem sua
particularidade
N
os anos 60, quando começaram a ser a opressão que a sociedade vive. Levar um pouco
realizadas as intervenções em muros, de arte a quem não tem acesso a nenhum tipo
pontes ou trens essa era vista por uma de cultura, presentear a cidade com uma arte.
audiência aleatória. O artista só ganhava fama A partir do momento que eu faço um graffiti na
quando os jornais o noticiavam como vândalo e rua, vou levar pra mim apenas uma lembrança,
criminoso. o registro da arte, mas ela esta ali para a cidade,
Danielle Em toda a história, temos diversos apenas fiz o desenho, em um muro que não sei
Soares representantes das mais diversas áreas artísticas nem de quem é. Vejo o graffiti como uma obra
que marcaram época. Atualmente, vivemos entregue a aos moradores de uma comunidade, a
Delicada e um período de completa liberdade artística e um morador de rua, um advogado, médico, a arte
paciente com a cada dia vemos novas formas de se expressar do graffiti é para todos”.
tudo e todos. artisticamente. Nesse novo milênio, talvez a maior A pichação, como o grafite é considerada arte
Assessoria expressão artística que possuímos é o Grafite. de rua, são modalidades diferenciadas, cada uma
organizacional Com um apelo completamente urbano, o tem sua particularidade. Vamos conhecer um
foi uma Grafite consegue mesclar de maneira perfeita pouco mais dessas modalidades.
descoberta e a pintura com elementos atuais e de protesto O Grafite é uma arte que apareceu nos anos 70
hoje em dia é social. tendo início em Nova Iorque, como movimentos
sua paixão. Para o artista de rua POK (Kéfren Lima), a arte culturais das minorias excluídas da cidade. Com
do grafite “é uma forma de manifestação artística a revolução contracultura de 1968, surgiram nos
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em espaços públicos. É a forma de expressar toda muros de Paris às primeiras manifestações.
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13. CULTURA 13
Possui uma preocupação estética grafite é utilizado para as duas formas LKS nos conta que já foi pego várias vez-
e deixa marcas muito bonitas pela de arte de rua. es. “Eles (policiais) batem na gente, tomam
cidade. É considerada a arte da “A pichação é um tipo de protesto, o material (spray) e depois temos que pin-
minoria, que tentam divulgar seus é a escrita feita para determinar tar o muro que pichamos outras vezes nos
trabalhos fazendo maravilhosos territórios, reivindicar algo. Também leva para a delegacia”, explica
desenhos nas ruas. Hoje já existem vejo como arte, o pichador escala Aline Cristina
lugares em muitas cidades inclusive prédios, marquises, isso tudo é muito
São Paulo com obras de Grafite perigoso. Isso não deixa de ser arte.
que só acrescentam em beleza e Cada um com sua idéia”, explica POK.
Manifestação ambiental
sensibilidade. As pessoas que escreviam suas
Pok tags, inscrições em paredes e A determinação também proíbe a venda
vagões de metrôs em Nova York, de tinta spray para menores de 18 anos,
no fim dos anos 60 e início de 70, se e mesmo os maiores de idade deverão
denominavam escritores. A mídia os apresentar documento de identidade para
apelidou de grafiteiros e essas tags, a compra do produto.
que se assemelhavam muito ao que As latas de tinta em aerosol deverão
chamamos no Brasil de pichação, com conter a inscrição “Pichação é crime (Art.
O grafitti de olho nos problemas sociais o tempo foram recebendo “enfeites” 65 Da Lei No. 9.605/98). Proibida a venda
tais como desenhos figurativos e para menores de 18 anos”. Em caso de
As Pichações já são consideradas texturas. descumprimento da lei, o pichador poderá
vandalismos, hoje o governo Com o passar dos anos o termo ser detido pelo período de três meses a
tem se voltado contra eles e até grafite foi visto e revisto para conceituar um ano e pagamento de multa.
disponibilizado muros para que estas expressões artísticas diversas e em A arte do graffiti está sendo bem aceito
pichações acabem e quem é pego diferentes superfícies e locais. Hoje é pela sociedade nos dias atuais, POK nos
pichando pode ser penalizado por difícil dizer o que exatamente significa. conta como está a situação hoje:“O graf-
lei. As pichações ainda incomodam a Para POK, o motivo que o fez buscar fiti esta sendo aceito sim, mas com aquele
sociedade. o graffiti foi algumas depressões, “não pequeno preconceito, mas o graffiti está
Segundo LKS, é uma forma de me sentia muito bem por fazer outra aparecendo em novelas, programas e está
expressão, à sociedade tem que se coisa que não gostava, e quando sai se inserindo no cotidiano urbano. Lugares
preocupar, mas com os problemas pra pintar na rua pela primeira vez, que só víamos publicidades e placas, agora
maiores da cidade, educação, melhoria isso me fez um bem muito bom, você esta se firmando o graffiti.”
na saúde. “Acho que o pessoal quando sentir a rua, sentir o movimento dela, POK, nos fala sobe sua inspiração com
vê a gente pichando não tem que os problemas que ela tem que as relação aos problemas do cotidiano em
botar a gente para correr, nem dá na pessoas têm. Pintar na rua é genial, suas temáticas: “Utilizo sim os problemas
gente não, não descriminar. É só uma só quem esta na rua sabe o que estou sociais, vai de acordo de como estou me
liberdade de expressão”, explica o falando”. sentindo, quando comecei a pintar na rua,
pichador. não me sentia muito bem pessoalmente,
Aline Cristina LEI DIFERENCIA PICHAÇÃO E GRAFITE e nisso eu senti a necessidade de pintar
Oficial da União do dia 26 de maio e ali me expor na rua, de atribuir algo a
de 2011 determina a diferenciação mais para cidade, ai fazia meus desenhos
entre duas formas de expressão muito todos muitos escuros, usava apenas a cor
comuns nas cidades contemporâneas: preta, daí as coisas foram mudando. Vi que
a pichação e o grafite. Pela lei anterior, a cidade já era muito escura, muito suja
tanto pichar quanto grafitar eram e aquele problemas que estava vivendo
A sociedade cria seus monstros considerados crimes. Agora o grafite naquele tempo sumiu, e comecei usar
é descriminalizado e, quando tem o
Vale lembrar que a diferenciação cores mas vivas,e a temática do meu tra-
objetivo de valorizar o patrimônio
entre pichação e grafite é encontrada público ou privado, é considerada
balho é o caos da cidade,os problemas que
apenas no Brasil. Em outros países, “manifestação artística”. A pichação sempre aumentam e tudo fica complicado
o mesmo termo correspondente a como um entrelaçado”.
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continua na mesma situação lanterior.
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14. 14 ESPECIAL
SOM, RITMO
E VOZ DE
UM MATUTO
MESTRE
No ano de comemoração do centenário
Daniel Freire de Luiz Gonzaga, obra, talento, autodi-
Radialista, obser- datismo e aspectos de sua vida pública
vador do mundo, são colocados em evidência atestando o
aprendiz sempre seu legado relevante na música popular
e, quase jornalis-
brasileira
ta. Vivendo sob o
signo da mutação
Histórias de superação, de transposição
é Socialista por
convicção. Esse ca- das barreiras perversas impostas pela socie-
rioca acredita ser o dade ou por nichos sociais, sempre trazem
amor, a caridade, a
um ar de emotividade. Da tinta metafórica
amizade, os bons
pensamentos e as ofertada pela vida, ou, proveniente de escol-
boas ações, os ali- has individuais, traços, linhas, círculos, rep-
cerces dessa vida.
resentações variadas, objetivas e subjetivas,
são empregados - conscientes ou inconsci-
entes - para alinhar o rumo de cada ser. É
certo também que nunca a tela se apresenta
somente com cores vivas, claras, suaves e
alegres. Por vezes, a sombra, o negro das
tristezas e aquela cor turva da ferida que cis-
ma em não cicatrizar, se esparrama nas telas
da vida. Alegria e tristeza pavimentam a es-
trada de cada um. Isto é fato. É sobre este
cenário flutuante que se celebra neste ano,
2012, o centenário de Luiz Gonzaga do Nas-
mais conhecida como “Santana”, cresceu, se
cimento, ou simplesmente, Luiz Gonzaga, o
Thiago
apaixonou, sofreu, saiu pelo mundo, persis-
menestrel nordestino.
Damasceno tiu nos objetivos e conquistou um lugar de
Saído do sertão nordestino, precisa-
destaque na galeria da música popular bra-
Aluno de jornalismo, mente, da cidade de Exu, situada aos pés
casado e amante da da serra do Araripe, em Pernambuco - 600 sileira.
Comunicacao. Comu- Luiz Gonzaga foi um artista que soube
nicar e servir. km de Recife, capital pernambucana, e à
como poucos ousar. Não ficou preso a ró-
mesma distância da capital cearense, For-
tulos estilísticos e foi adiante. Ousou na so-
taleza – esse matuto pode tranquilamente
noridade de sua música. Rompeu a implicân-
ser inserido em um contexto de excepcion-
cia dos pseudo-experts que consideravam
alidade. Talento manifestado precocemente
sua voz como fora do padrão de “vozeirão”
e lapidado pela influência do pai, Januário,
que ditava o mercado na época. Sua música
tocador e consertador de sanfona, o garoto,
transcendeu a qualquer limitação de classi-
segundo dos nove filhos do casal compos-
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ficação, era universal. Da fusão de zabum-
to pela presença feminina de Ana Batista,
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15. ESPECIAL 15
Divulgação
ba, triângulo e sanfona e de sua sobre a sua obra e momentos de strumental pareciam uma coisa só.
voz anasalada, porém, vibrante apagão. Isso por parte da crítica e Perto de completar 18 anos,
e altiva, músicas bastante repre- da imprensa, porque para o povo, havia se apaixonado perdidamente
sentativas do universo do cidadão principalmente, para o nordestino, por uma moça chamada Nazarena
sofredor do campo e do sertão, o seu valor foi sempre incontes- e a quem namorava às escondidas
do cidadão comum de toda e tável. O casamento com a sanfona do pai dela. Ao descobrir o namoro
qualquer cidade, ganharam vida foi harmônico, feliz e duradouro. de sua filha com um sujeito que se
e foram consagradas. Pela vida Entoando versos, envolvendo a mostrava sem encaminhamento
espalhou o seu talento, alcançou amada de foles em seus braços e a na vida, o pai de Nazarena proíbe
sucesso e teve que conviver com acariciando no ritmado dançar de o namoro. O jovem Luiz Gonzaga
uma gangorra inerente ao recon- seus dedos, uma obra rica se con- não gostando da atitude do pai da
hecimento de sua importância struiu. O enlace foi tão perfeito, a moça – após ingerir doses de cach-
musical. Ora, por cima, ora, por relação por todo tempo irretocáv- aça para despertar coragem – vai
baixo. Oscilava períodos de luz el, que corpo humano e corpo in-
Revista Plural 7| Ano IX | 2012
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16. 16
ESPECIAL
tirar satisfações e leva uma sur- começa a tocar o seu acordeão - começou a decolar.
ra colossal. A partir desse acontec- sanfona para os nordestinos – e as Em 1941 grava o seu primeiro
imento, a vida de Gonzaga ganha pessoas gostam. disco como instrumentista. Leva
novos contornos. Com vergonha Logo consegue um companhei- quatro anos para conseguir o que
da surra que levou, deixa Exu para ro, o violonista Xavier Pinheiro. O tanto queria. Além de tocar san-
trás e decide ir para o Ceará. Em Rio de Janeiro havia conquistado fona, queria soltar a sua voz. En-
Fortaleza, alista-se no exército e aquele ex-marinheiro. Xavier acol- tre 1941 e 1945, ficou só nos dis-
é na caserna que vai passar os he Gonzaga em sua casa no morro cos de vertente instrumental. Foi
próximos nove anos. Em razão de de São Carlos e essa amizade só se proibido de gravar cantando em
transferências, serve em algumas fortalece ao longo do tempo. Pas- seus discos. As gravadoras alega-
cidades brasileiras e se estabelece sam a tocar em bares do mangue, vam que ele não possuía uma voz
por mais tempo em Juiz de Fora, nas ruas, em gafieiras, em festin- que se enquadrasse nos padrões
Minas Gerais. No quartel passa has de subúrbio, nos cabarés da da época. Durante esse período fez
a ser soldado corneteiro e ganha Lapa, enfim, em qualquer lugar carreira no rádio carioca e as por-
o apelido de “bico de aço”. Vale que tivesse aglomeração de pes- tas foram se abrindo mais e mais.
destacar que durante todo o perío- soas. Tocando fados, mazurcas, Outro fato marcante em sua
do de vida militar, o “bico de aço” polcas, choro, Fox trote, levam os carreira foi quando, participando
desenvolveu forte traço de discipli- seus dias. de um programa de auditório na
na e não se separou em nenhum A vida era dura. Gonzaga não Rádio Nacional se deparou com o
momento do instrumento de fole, recusava convite algum. Apre- estilo gaúcho do catarinense Pedro
exercitando-se em momentos es- sentando-se em uma casa noturna, Raimundo, vestido com bomba-
parsos e esmerando cada vez mais deparou-se com um grupo de es- cha, pilcha e botas. Como em um
a sua técnica. tudantes cearenses que foram de- lampejo surgiu a ideia de se apre-
Após ser desligado do exército, cisivos na mudança do estilo musi- sentar com vestimenta típica do
desembarcou no Rio de Janeiro, cal do Gonzagão. Esses estudantes nordestino sertanejo e tendo como
em 1939. Lá, iniciou a sua carreira perguntaram a Gonzaga de que lu- inspiração, a figura de Lampião.
profissional depois de muito penar gar ele era. Ao responder Pernam- Sim, porque até então Gonzaga se
pelos mais variados lugares nos buco, recebeu o contra-ataque. Se apresentava de terno, gravata e sa-
quais tentava ganhar dinheiro e ele era do Nordeste, por que não pato fino. Decidido que passaria a
se tornar conhecido. Na verdade, tocava algo típico da região? Gon- ter um novo figurino, o de canga-
a cidade o seduziu e o “pren- zaga retrucou que na próxima vez ceiro, e mesmo censurado por um
deu”. Luiz Gonzaga ao chegar a em que aparecessem por lá, ele bom tempo, nada o afetaria em
então capital federal e tendo que tocaria algo ligado ao Nordeste. sua decisão de ter uma indumen-
aguardar o embarque no navio Esse compromisso ficou rondando tária própria tendo como um dos
que o levaria de volta à Recife, sai a sua mente. Algum tempo depois adereços, o chapéu de couro.
para dar uma volta pela cidade. quando os rapazes apareceram Foi entre os anos de 1945 e 1946
Indicada por pessoas que por ali novamente, Gonzaga, no final da que veio a conhecer aqueles que
circulavam, vai conhecer a zona apresentação, mandou ver e ex- se tornariam os seus dois parceiros
do mangue, reduto conhecido de ecutou duas músicas que mistura- mais efetivos, Humberto Teixeira e
prostituição. Claro, sem desgrudar vam sons da cultura nordestina. Zé Dantas. Em 1945 nasce também
do seu amado acordeão. Ao se de- Soltou “Pé de Serra” e o chamego, Gonzaga Júnior, filho de Odaléia
parar com o movimento frenético “Vira e mexe”, que sacudiram o Guedes - uma cantora da noite
do local, gente tocando e cantando ambiente e enlouqueceu a todos. com quem Luiz Gonzaga flertou
em frente aos bares, mulheres em Empolgado, decide ir ao programa e que viria a falecer alguns anos
fartura e a pulsação daquele am- de auditório que era o mais bada- depois vitimada pela tuberculose.
biente boêmio, com meretrizes, lado da época. Era o programa do A paternidade biológica de Gon-
malandros, marinheiros do mundo Ari Barroso. Fez enorme sucesso zaguinha sempre foi um assunto
inteiro, absorve um sentimento de também por lá. Levou a nota máx- incutido em um campo minado,
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encanto pelo lugar. Timidamente ima do exigente Ari e sua carreira mas está registrado: Luiz Gonzaga
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17. ESPECIAL 17
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do Nascimento Júnior. Pai: Luiz Soube revelar os anseios e todo o obra poético-musical, tenho essa
Gonzaga do Nascimento. A relação sofrimento do homem nordestino certeza. Isto desde a segunda
entre os dois sempre conturbada do campo e deu voz a esse povo metade da década de 1940, quan-
teve, alguns anos antes da morte sofrido dos rincões, tão esquecid- do lançou o seu gênero musical
de Luiz Gonzaga – Gonzaguinha os e massacrados pelo descaso do mais famoso, o baião, apesar da in-
viria a falecer em 1991, dois anos poder público. Foi senão o maior, vasão cultural dos Estados Unidos”.
após a morte do pai - durante a um dos maiores representantes O jornalista está à frente de alguns
turnê do show, “Gonzagão e Gon- da cultura nordestina. Ele não se projetos culturais de reverência a
zaguinha, a vida do viajante”, um resumiu somente aos aspectos figura de Luiz Gonzaga e trabalha
momento de acerto de contas. de amargura do povo nordestino. incansavelmente na divulgação e
Passaram toda a relação a limpo e Cantou amores, desventuras, an- preservação da obra gonzagueana.
segundo consta na biografia “Gon- danças, amizade, encontros, reen- São três livros, uma enciclopédia
zaguinha, Gonzagão, uma história contros. Sua música era uma festa de 150 obras comentadas, e mais
brasileira”, da jornalista e escritora de sonoridade ampla, irrestrita e duas obras temáticas sobre as in-
Regina Echeverria, reconhecer- o seu verbo profundo. Soube mis- fluências da Paraíba nas músicas
am que o amor havia construído turar com maestria gêneros e foi o DE Luiz Gonzaga. “Quanto mais eu
um envoltório sólido que os unia grande expoente do baião. desço no poço dos estudos do Rei
como pai e filho sem que houvesse Para o jornalista potiguar, radi- do Baião, mas me deslumbro com
a necessidade de laços biológicos. cado em Campina Grande, Xico a magnitude de sua obra, verda-
Ambos se desculparam pelas fal- Nóbrega, “Luiz Gonzaga é o maior deiro patrimônio do canto popu-
has cometidas entre os dois e os nome da música popular brasilei- lar da humanidade”. Além destas
corações ficaram em paz. ra de todos os tempos. Diante do realizações, Xico Nóbrega trabalha
A música de Luiz Gonzaga se ex- imenso carisma, a sua maestria na sucursal do jornal ‘A União’ de
pressou como forma consistente no instrumento (sanfona), o can- Campina Grande como repórter
de tornar a cultura do nordeste tar maravilhoso, a riqueza temáti- cultural, escrevendo sobre temas
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conhecida no eixo Sudeste do país. ca, a quantidade e qualidade da nordestinos, especialmente, Luiz
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18. 18 ESPECIAL
Gonzaga. É um dos profissionais como uma marca única e que es- co e Geográfico do RN – IGHRN,
da imprensa brasileira mais dedi- tampam a sua identidade musical, Kydelmir Dantas, destaca que Gon-
cados a Luiz Gonzaga, desde 1989, irrepreensível. Ele foi detentor de zagão foi uma figura ímpar. “Ele foi
quando fez a primeira e mais im- uma esmerada capacidade cria- um dos maiores divulgadores da
portante reportagem da vida, jus- tiva. MPB, com ênfase para o Nordeste.
tamente a cobertura do sepulta- Neste ano de comemoração aos Porém, gravou diversos gêneros
mento do Rei do Baião. É o editor seus cem anos, shows tributos e musicais, antes de enveredar pelo
do site do Museu Fonográfico Luiz gravações de CDs e DVDs espocam ‘caminho da roça’ nordestina.
Gonzaga de Campina Grande-PB, de Norte a Sul do Brasil. Artistas e Gravou valsas, choros, marchas,
o www.museuluizgonzaga.com.br, personalidades das mais variadas rancheiras, toadas, polcas, ma-
o primeiro da Paraíba do gênero áreas reafirmam a importância do racatus, frevos, sambas, maxixes,
notícia, memória, vida e obra do rei do baião para a música e cultu- guarânias”. E Lembra nostalgica-
Rei do Baião. ra popular brasileira. No carnaval mente o momento em que o rei do
deste ano uma justa homenagem baião entrou na sua vida. “No final
Seus versos, melo- se fez. A Unidos da Tijuca retratou da década de 1960, pelas ondas
a vida e obra de Luiz Gonzaga na sonoras da Rádio Brejuí, de Currais
dias e harmonias sao avenida. O nome do enredo, “O Novos, RN, comecei a ter contato
destacados como dia em que toda a realeza desem- com as músicas de Luiz Gonzaga.
barcou na Avenida para coroar Aquelas melodias, a voz grave, o
uma marca unica e o rei Luiz do Sertão”. Pela força toque da sanfona... quando chega-
que estampam a sua do tema, dentre outros requisi- va o mês de junho, os preparativos
tos, conseguiu a escola levantar o para as festas juninas excitavam o
identidade musical, ir- caneco de campeã. moleque na expectativa das comi-
repreensivel Ele foi craque em variados rit- das típicas e nas danças da quadril-
mos regional brasileiro, bem como, ha; os forrós eram para os adultos,
Luiz Gonzaga durante toda a em ritmos de outros países: toada; depois comecei a participar. Lem-
sua carreira primou pela excelên- xote; chamego; xaxado. Passou bro que a música “Olha pro céu”
cia em seus discos e shows. Sem- pela valsa, polca, mazurca, euro- sempre me fazia levantar a vista,
pre se cobrava muito. Conquistou peia; guarânia paraguaia; marchas e vislumbrar a noite, os balões, os
a admiração de muitos célebres juninas do nordeste; lundu, samba fogos de artifício, num enlevo de
artistas da música brasileira e das e choro, carioca; frevo, pernambu- criança, numa saudade de adulto,
artes em geral, e teve canções suas cano; calango mineiro; maracatu como ainda hoje me ocorre”.
gravadas por nomes como Gilberto africano, além é claro de ter ficado Recife foi o local escolhido pelo
Gil, Caetano Veloso, Raul Seixas, marcado como maior represent- maçom Luiz Gonzaga para morar
Dominguinhos, Elba Ramalho, Al- ante do forró e do baião. em sua fase final de vida. O lua,
ceu Valença, Hermeto Pascoal, O filho de Januário foi um via- como era chamado também - pelo
Fagner, Elis Regina, Lulu Santos, jante poeta musical que com seus formato arredondado de seu ros-
Maria Bethânia e muito mais gente baiões, forrós, xotes, toadas, xaxa- to - entre idas e vindas – sempre
boa e de destaque. dos, estampou tão bem a realidade anunciava que iria parar – nunca
Asa branca é uma das músicas brasileira e, destacadamente, a do conseguiu ficar por muito tempo
mais regravadas no Brasil e com Nordeste. Inseriu um tipo de músi- longe dos palcos e esteve junto a
algumas gravações internacionais ca com cara de Brasil e em uma ele, se apresentado, até bem antes
também. É um dos artistas mais época na qual os olhos e ouvidos de ser internado em um hospital
biografados. Possui uma legião de se voltavam para a música ameri- de Recife com problema de câncer
discípulos e fãs que não cansam cana, elevou o baião ao posto de de próstata. O ano era 1989. No
de proteger e difundir a sua obra. expoente cultural. último show em que teve partici-
Luiz Gonzaga é sinônimo de plu- O pesquisador e poeta, sócio pação – tributo a ele realizado no
ralidade, fineza. Seus versos, melo- do Instituto Cultural do Oeste Po- teatro Guararapes, na capital per-
Revista Plural 7| Ano IX | 2012
dias e harmonias são destacados tiguar – ICOP e do Instituto Históri- nambucana, Luiz Gonzaga, já de-
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