1. VoIP - Tutorial sobre os conceitos
básicos da Telefonia IP, suas
características e aplicações em
empresas.
Este tutorial fornece uma visão técnica sobre Telefonia IP ou VoIP , Arquitetura, Protocolos, Aplicações
no Ambiente Corporativo, Pre requisitos para a qualidade do serviço (QoS) e sobre a evolução desta
tecnologia que tende a substituir os sistemas e aplicações baseadas em telefonia fixa.
Telefonia IP ou VoIP : O que é?
Conceito
A Comunicação de Voz em Redes IP, chamada de VoIP, consiste no uso das
redes de dados que utilizam o conjunto de protocolos das redes IP
(TCP/UDP/IP) para a transmissão de sinais de Voz em tempo real na forma de
pacotes de dados.
A sua evolução natural levou ao aparecimento da Telefonia IP, que consiste no
fornecimento de serviços de telefonia utilizando a rede IP para o
estabelecimento de chamadas e comunicação de Voz.
Nessas redes são implementados protocolos adicionais de sinalização de
chamadas e transporte de Voz que permitem a comunicação com qualidade
próxima àquela fornecida pelas redes convencionais dos sistemas públicos de
telefonia comutada ou de telefonia móvel.
Digitalização de Sinais de Voz
Nos sistemas tradicionais o sinal de Voz utiliza uma banda de 4 kHz, e é
digitalizado com uma taxa de amostragem de 8 kHz para ser recuperado
adequadamente (Princípio de Nyquist). Como cada amostra é representada por
um byte (8 bits, com até 256 valores distintos), cada canal de Voz necessita de
uma banda de 64 kbit/s (8.000 amostras x 8 bits).
Esta forma de digitalização do sinal de Voz atende a recomendação ITU-T
G.711 - Pulse code modulation (PCM) of voice frequencies.
Nos sistema de transmissão de Voz sobre IP, onde a demanda por banda é
crítica, torna-se necessário utilizar também algoritmos de compressão do sinal
de Voz. Esses algoritmos têm papel relevante pela economia de banda que
proporcionam.
O seu uso tem sido possível graças ao desenvolvimento dos processadores de
sinais digitais (DSP’s), cuja capacidade de processamento tem crescido
vertiginosamente.
Estas necessidades incentivaram o desenvolvimento de tecnologias mais
complexas para a digitalização e compressão de Voz, e que foram registradas
através de recomendações do ITU-T. Estas recomendações são apresentadas
na tabela abaixo, com algumas características relevantes.
Recomendação
ITU-T
Algoritmo
Bit rate
(kbit/s)
Atraso típico
fim-a-fim (ms)
Qualidade
de Voz
G.711 PCM 48; 56; 64 <<1 Excelente
2. G.722
Sub-banda
ADPCM
48; 56; 64 <<2 Boa
G.723.1 ACELPMP-MLQ 5,36,3 67-97
Razoável
Boa
G.726 ADPCM 16; 24; 32; 40 60
Boa (40)
Razoável (24)
G.727 AEDPCM 16; 24; 32; 40 60
Boa (40)
Razoável (24)
G.728 LD-CELP 16 <<2 Boa
G.729 CS-ACELP 8 25-35 Boa
G.729
Anexo A
CS-ACELP 8 25-35 Boa
Requisitos para a Telefonia IP
O objetivo da telefonia em redes IP é prover uma forma alternativa aos
sistemas tradicionais, mantendo, no mínimo, as mesmas funcionalidades e
qualidade similar, e aproveitando a sinergia da rede para o transporte de Voz e
dados.
Os principais requisitos para a Telefonia sobre redes IP de modo a
permitir uma comunicação inteligível, interativa e sem falhas são:
Transmissão de Voz em tempo real com tempo de latência (atraso)
menor que 300 ms;
Existência de Procedimentos de Sinalização para o estabelecimento e
controle de chamadas, e para o fornecimento de serviços adicionais
(conferência, chamada em espera, identificador de chamadas, etc.);
Existência de Interfaces com os sistemas públicos de telefonia comutada
e móvel.
Telefonia sobre o Protocolo IP
O transporte de Voz sobre o protocolo IP levou ao desenvolvimento de um
conjunto de novos protocolos para viabilizar a comunicação com as mesmas
características das redes tradicionais.
Nas redes IP os pacotes de dados com informação de Voz são enviados de
forma independente, procurando o melhor caminho para chegar ao seu destino,
de forma a usar com maior eficiência os recursos da rede.
Os pacotes de dados associados a uma única origem de comunicação de Voz
podem, portanto, seguir caminhos diferentes até o seu destino, ocasionando
atrasos, alteração de seqüência e mesmo perda desses pacotes.
A tecnologia desenvolvida para a comunicação VoIP , implementada através
dos novos protocolos, assegura a reordenação dos pacotes de dados e a
reconstituição do sinal original, compensando o eco decorrente do atraso fim-a-
fim dos pacotes de dados, o jitter e a perda de pacotes.
Estes novos protocolos funcionam como aplicações específicas sobre o
protocolo IP para prover comunicação em tempo real e sinalização de
chamadas para as aplicações de Voz. Esses protocolos são executados por
máquinas existentes nas redes IP (roteadores, switches) e por novos
elementos funcionais que complementam a arquitetura dos sistemas de
Telefonia IP.
Telefonia IP: Arquitetura
Na telefonia tradicional, a rede é hierárquica, ou seja, é baseada em grandes
3. centrais telefônicas interligadas de forma hierárquica e que detém a inteligência
da rede. Além disso, os terminais são desprovidos de inteligência e o seu
endereçamento depende da geografia da área de abrangência da rede (ver
tutorial do Teleco “Telefonia Fixa no Brasil”).
Na telefonia IP, a rede é plana, não hierárquica, especializada no roteamento e
transporte de pacotes de dados, e pode oferecer vários tipos de serviços. Os
terminais são inteligentes, seu endereçamento independe de sua localização
geográfica, e o processamento e a realização das chamadas ocorrem em
vários equipamentos que podem estar localizados em qualquer parte da rede.
A figura a seguir apresenta a arquitetura típica de rede para a telefonia IP.
Apresenta-se a seguir cada um dos elementos desta arquitetura.
Rede IP
É a rede de dados que utiliza os protocolos TCP/IP. Sua função básica é
transportar e rotear os pacotes de dados entre os diversos elementos
conectados a rede. Conforme o seu porte, pode ter um ou mais segmentos de
rede.
Sistema de Telefonia Fixa Comutada (STFC)
É o sistema público convencional de comunicação de Voz, que interliga
empresas e residências em âmbito nacional e internacional. O sistema de
telefonia móvel atual também pode ser considerado convencional, para os
serviços de comunicação de Voz.
PABX
É o equipamento de uso corporativo empregado para executar os serviços
privados de Voz nas empresas. Geralmente são sistemas digitais, e se
interligam ao STFC (ou aos sistemas de telefonia móvel) para realizar as
comunicações externas.
Terminal Telefônico Convencional (Tel)
É o telefone convencional usado em residências e empresas. Em alguns
sistemas digitais mais modernos (públicos ou privados), os telefones também
são digitais, para permitir um maior número de funcionalidades adicionais à
comunicação de Voz convencional.
Terminal Telefônico IP (Tel IP)
4. É o telefone preparado para a comunicação de Voz em redes IP. Tem todas as
funcionalidades e protocolos necessários instalados para suportar
comunicação bidirecional de Voz em tempo real e a sinalização de chamadas.
As funcionalidades adicionais integradas dependem da finalidade e do custo do
terminal.
Terminal Multimídia (TM)
São computadores preparados para a comunicação de Voz em redes IP. Assim
como o Tel IP, eles têm todas as funcionalidades e protocolos necessários
instalados para suportar comunicação bidirecional de Voz em tempo real e a
sinalização de chamadas.
Esses terminais podem ser utilizados para aplicações mais complexas, tais
como Postos de Atendimento de Call Centers e estações para conferência
multimídia, entre outras.
Gateway (GW)
É o equipamento responsável pela interoperabilidade entre a rede IP e o STFC
(e/ou sistemas de telefonia móvel). Ele executa a conversão de mídia em
tempo real (Voz analógica x Voz digital comprimida) e a conversão de
sinalização para as chamadas telefônicas. Para simplificar o GW, o controle
efetivo das chamadas em andamento é executado pelo Gateway Controller.
Em sistemas de maior porte as funcionalidades de mídia e sinalização podem
ser separadas em equipamentos distintos, chamados de Media Gateway
(MGW) e Signalling Gateway (SGW).
Gateway Controller (GC)
É o equipamento responsável pelo controle das chamadas em andamento
realizadas pelos GW. Também chamado de Call Agent, o GC utiliza e gera as
informações de sinalização e comanda os GW para iniciar, acompanhar e
terminar uma chamada entre 2 terminais distintos.
Em sistemas de maior porte as funcionalidades de controle de mídia e
sinalização podem ser separadas em equipamentos distintos, chamados de
Media Gateway Controller (MGC) e Signalling Gateway Controller (SGC).
Multipoint Control Unit (MCU)
É o equipamento responsável pelos serviços de conferência entre 3 ou mais
terminais. É composto por um Controlador Multiponto (MC - multipoint
controller), responsável pela sinalização das chamadas, e por um Processador
Multiponto (MP - multipoint processor), responsável pelo processamento dos
pacotes de dados dos sinais de Voz dos terminais envolvidos na conferência.
Gatekeeper (GK)
É o equipamento responsável pelo gerenciamento de um conjunto de
equipamentos dedicados a telefonia IP, quais sejam: Tel IP, TM, GW, GC e
MCU. Suas principais funções são: executar a tradução de endereçamento dos
diversos equipamentos, controlar o acesso dos equipamentos à rede dentro de
sua Zona, e controlar a banda utilizada.
Outras funcionalidades opcionais podem ser adicionadas, entre elas:
autorização de chamadas, localização de GW, gerenciamento de banda,
serviços de agenda telefônica (lista) e serviços de gerenciamento de
chamadas.
Na figura acima cada GK é responsável por um conjunto de terminais. A
comunicação entre 2 GK’s distintos normalmente é feita durante a realização
de chamadas de longa distância, através de protocolos específicos para esse
fim, onde são trocadas informações relativas aos terminais de cada área de
5. atuação dos GK’s.
Zona
Zona é um conjunto de terminais, GW’s e MCU’s gerenciados por um único
GK. Uma zona deve ter pelo menos 1 terminal, e pode ou não conter GW’s ou
MCU’s. Entretanto, uma zona tem apenas 1 GK. Fisicamente a Zona pode ser
composta por um ou mais segmentos de rede interligados através de
roteadores ou outros equipamentos semelhantes.
Comparada com os sistemas telefônicos convencionais, uma Zona
corresponde a uma área com um determinado código de localidade, ou seja,
uma cidade ou um conjunto de cidades conforme o tamanho e número de
terminais.
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Telefonia IP: Protocolos
A comunicação entre dois terminais na telefonia IP ocorre através de 2 processos simultâneos:
Sinalização e Controle de Chamadas
Estabelecimento da chamada (call setup): ocorre entre 2 ou mais terminais e envolve um ou mais
GK’s, para obtenção da informação dos terminais de uma mesma zona ou de zonas distintas.
Pode envolver também os GC’s e GW’s, caso incluam terminais do STFC, ou os MCU’s, caso
seja estabelecida uma conferência. Estabelecida a chamada, são criados canais virtuais de
controle entre todos equipamentos envolvidos.
Acompanhamento da chamada (call handling): é feito através dos canais de controle no decorrer
da chamada para identificar perda de conexão e outros eventos relevantes e dependentes dos
serviços adicionais permitidos pelos terminais, quais sejam: atendimento simultâneo, chamada
em espera, e etc.
Finalização da chamada (call termination): libera os terminais e outros equipamentos envolvidos,
libera os canais de controle e atualiza o status dos terminais junto aos equipamentos da rede.
Processamento de Voz
Controle do transporte de Voz (transport control): estabelecida a chamada, os terminais (e GW’s
ou MCU’s, conforme o caso) iniciam um processo de definição do mecanismo de transporte de
Voz onde é eleito um mestre, identifica-se o tipo de mídia a ser transportada (Voz) e são criados
os canais virtuais de controle e de mídia.
Transporte de mídia (media stream transport): inicia-se o transporte bidirecional em tempo real
de mídia (Voz) entre os terminais envolvidos através dos canais virtuais criados na fase anterior.
São usados recursos dos pacotes UDP da rede IP para minimizar o overhead do protocolo,
otimizando o uso da rede.
Protocolos
A telefonia IP utiliza os protocolos TCP/UDP/IP da rede como infra-estrutura para os seus protocolos de
aplicação que participam dos processos descritos acima. A figura a seguir apresenta a estrutura em
camadas dos principais protocolos.
Apresenta-se a seguir a descrição de cada um destes protocolos.
6. H.323 Packet Based Multimedia Communications Systems
O padrão H.323 é um conjunto de protocolos verticalizados para sinalização e controle da comunicação
entre terminais que suportam aplicações de áudio (Voz), vídeo ou comunicação de dados multimídia.
É uma recomendação guarda-chuva do ITU-T que define padrões para comunicação multimídia através
de redes que não oferecem Qualidade de Serviço (QoS) garantida, como é o caso das redes do tipo LAN,
IP e Internet.
Os padrões utilizados do conjunto H.323 e suas aplicações para os sistemas de Telefonia IP são
descritos a seguir.
H.255.0 Call Signalling Protocols and Media Stream Packetization for Packet-based Multimedia
Communication Systems
Esta recomendação estabelece padrões para sinalização e empacotamento de mídia (Voz) para
chamadas em sistemas baseados em redes de pacotes. Suas principais aplicações são:
Sinalização de chamadas: define um conjunto de mensagens que usa o formato da
recomendação Q.931 sobre os pacotes TCP da rede IP, com a finalidade de estabelecer e
finalizar chamadas. Estas mensagens são trocadas entre os equipamentos envolvidos na
chamada: terminais, GC e MCU’s.
Controle de equipamentos na rede (Zona): define um conjunto de mensagens para a
funcionalidade RAS, responsável pelo registro, admissão e status dos equipamentos na rede. As
mensagens são trocadas entre o GK e os terminais, GW, GC e MCU’s para o controle de uma
determinada Zona. Estas mensagens usam como suporte os pacotes UDP da rede IP.
Comunicação entre Gatekeepers (anexo G): define um conjunto de mensagens para a
Sinalização Gatekeeper-gatekeeper, que estabelece o processo de sinalização e controle para
chamadas entre Zonas distintas.
Transporte de mídia (Voz): esta recomendação baseia-se no uso dos protocolos RTP e RTCP
como padrão para o transporte de mídia.
H.245 Control Protocol for Multimedia Communication
Esta recomendação estabelece padrões para a comunicação entre terminais, para o processo de controle
do transporte de Voz (transport control). Estas mensagens usam como suporte os pacotes TCP da rede
IP, e são trocadas entre os terminais, GW e MCU’s envolvidos em chamadas do tipo ponto-a-ponto e
ponto-multiponto.
H.235 Security and Encryption for H-Series (H.323 and other H.245-based) Multimedia Terminals
Esta recomendação estabelece padrões adicionais de Autenticação e Segurança (Criptografia) para
terminais que usam o protocolo H.245 para comunicação ponto-a-ponto e multiponto.
H.450.X Generic Functional Protocol for the Support of Supplementary Services
Conjunto de recomendações que estabelece padrões de Sinalização para serviços adicionais para
terminais, tais como transferência e redirecionamento de chamadas, atendimento simultâneo, chamada
em espera, identificação de chamadas, entre outros.
Estas mensagens usam como suporte os pacotes TCP da rede IP, e são trocadas entre os terminais, GW
e MCU’s envolvidos em chamadas do tipo ponto-a-ponto e ponto-multiponto que possuam as
funcionalidade dos serviços adicionais.
Session Initiation Protocol (SIP)
O protocolo SIP, definido através da recomendação RFC 2543 do IETF, estabelece o padrão de
sinalização e controle para chamadas entre terminais que não utilizam o padrão H.323, e possui os seus
próprios mecanismos de segurança e confiabilidade.
Estabelece recomendações para serviços adicionais tais como transferência e redirecionamento de
chamadas, identificação de chamadas (chamado e chamador), autenticação de chamadas (chamado e
chamador), conferência, entre outros.
Sua utilização é similar ao conjunto H.323 descrito, embora utilize como suporte para as suas mensagens
os pacotes UDP da rede IP.
Media Gateway Control Protocol (MGCP)
O protocolo MGCP, definido através de recomendação RFC 2705 do IETF, é usado para controlar as
conexões (chamadas) nos GW’s presentes nos sistemas VoIP . O MGCP implementa uma interface de
controle usando um conjunto de transações do tipo comando – resposta que criam, controlam e auditam
as conexões (chamadas) nos GW’s. Estas mensagens usam como suporte os pacotes UDP da rede IP, e
são trocadas entre os GC’s e GW’s para o estabelecimento, acompanhamento e finalização de
chamadas.
Media Gateway Control Protocol (MEGACO)
O protocolo Megaco é resultado de um esforço conjunto do IETF e do ITU-T (Grupo de Estudo 16). O
texto da definição do protocolo e o mesmo para o Draft IETF e a recomendação H.248, e representa uma
alternativa ao MGCP e outros protocolos similares.
7. Este protocolo foi concebido para ser utilizado para controlar GW’s monolíticos (1 único equipamento) ou
distribuídos (vários equipamentos). Sua plataforma aplica-se a gateway (GW), controlador multiponto
(MCU) e unidade interativa de resposta audível (IVR). Possui também interface de sinalização para
diversos sistemas de telefonia, tanto fixa como móvel.
Real-Time Transport Protocol (RTP)
O protocolo RTP, definido através da recomendação RFC 1889 do IETF, é o principal protocolo utilizado
pelos terminais, em conjunto com o RTCP, para o transporte fim-a-fim em tempo real de pacotes de mídia
(Voz) através de redes de pacotes. Pode fornecer serviços multicast (transmissão um para muitos) ou
unicast (transmissão um para um).
O RTP não reserva recursos de rede e nem garante qualidade de serviço para tempo real. O transporte
dos dados é incrementado através do RTCP (protocolo de controle) que monitora a entrega dos dados e
provê funções mínimas de controle e identificação. No caso das redes IP este protocolo faz uso dos
pacotes UDP, que estabelecem comunicações sem conexão.
Real-Time Transport Control Protocol (RTCP)
O protocolo RTCP, definido também através da recomendação RFC 1889 do IETF, é baseado no envio
periódico de pacotes de controle a todos os participantes da conexão (chamada), usando o mesmo
mecanismo de distribuição dos pacotes de mídia (Voz). Desta forma, com um controle mínimo é feita a
transmissão de dados em tempo real usando o suporte dos pacotes UDP (para Voz e controle) da rede
IP.
Telefonia IP: Ambiente Corporativo
Com o crescimento das redes LAN (intra-office) e com a adoção crescente do conceito WAN (inter-offices)
fazendo uso de facilidades do tipo VPN fornecidas pelas operadoras de serviços de dados, a telefonia IP
tem encontrado um grande espaço para a sua implantação no ambiente corporativo, substituindo os
PABX’s tradicionais pela solução PABX-IP. Suas principais vantagens são:
Uso de cabeamento comum para voz, vídeo e dados;
Uso do mesmo grupo de suporte (helpdesk e manutenção de TI);
Mesmo hardware;
Mesmos fornecedores;
Elimina a limitação geográfica de cabeamento e equipamento;
Facilita a mobilidade de usuários sem a respectiva reestruturação de localidades e sistemas;
Integra agendas e outros serviços telefônicos com aplicações baseadas no conceito Web-
browser.
A figura a seguir mostra uma arquitetura típica para uma corporação com mais de um escritório.
Apresenta-se a seguir cada um dos elementos desta arquitetura.
Rede Local (LAN)
Em cada escritório (matriz e as várias filiais) existe uma rede local, constituída pelo cabeamento de
dados, pelos servidores de aplicações de dados e de telefonia IP, e pelos diversos terminais que podem
8. ou não possuir as funcionalidades de VoIP .
Terminais
Em cada escritório existem terminais de dados (PC), terminais multimídia (TM) e terminais de telefonia IP
(Tel IP), todos conectados a uma infra-estrutura comuns de rede de dados.
O deslocamento de pessoal é facilitado pois os terminais podem ser conectados em qualquer escritório
sem alteração de infra-estrutura e sistemas, e todas as facilidades configuradas para o perfil do usuário
podem ser acessadas.
Roteador (ROT)
Equipamento responsável pela interface entre a rede local e o provedor de rede IP. Participa da
funcionalidade de VPN, e pode ter adicionalmente as funções de Firewall e, em redes de menor porte, de
gateway para interface com o STFC.
Gateway (GW)
É o equipamento responsável pela interoperabilidade entre a rede local e o STFC (e/ou sistemas de
telefonia móvel). Ele executa a conversão de mídia em tempo real (Voz analógica x Voz digital
comprimida) e a conversão de sinalização para as chamadas telefônicas.
Call Manager (CM)
É o equipamento responsável pelo gerenciamento de chamadas. O call manager implementa as funções
de gatekeeper (GK), gerenciando os elementos que fazem parte do sistema VoIP , e gerencia as
chamadas, fornecendo serviços de tradução de endereçamento IP, controle do GW, entre outros.
Pode ser implementado através de equipamentos redundantes e backups em locais distintos.
Normalmente existe um equipamento principal no escritório matriz (redundante e com backup em outro
escritório), que mantém a configuração de toda a rede, e equipamentos secundários nos outros
escritórios, que conhecem apenas suas redes internas.
As chamadas que envolvam escritórios distintos necessariamente envolvem o equipamento principal
localizado na matriz.
Application Server (AS)
É o equipamento que fornece serviços adicionais ao sistema VoIP . Dentre esses serviços pode ser
destacados: caixa postal de Voz (voice mail), unidade interativa de resposta audível (IVR) e serviços de
agenda telefônica.
Telefonia IP: Internet ou Banda Larga e a qualidade (QoS)
Os sistemas de telefonia IP tornam-se viáveis na medida em que alguma garantia de qualidade de
serviço (QoS) possa ser obtida da rede IP onde eles são implementados.
Quando essa rede é usada exclusivamente pelo provedor para fornecimento de serviços de dados
e/ou VoIP , com gerenciamento e engenharia de rede adequados, o QoS pode ser ajustado para
atender aos requisitos de todos os serviços ofertados, inclusive VoIP com qualidade.
Há, entretanto, entre os provedores de serviços, e mesmo no mercado corporativo, a busca por soluções
de menor custo para dados e Voz. E nessa busca a Internet, com as suas características de custo baixo e
infra-estrutura “pública”, surge como alternativa a ser considerada.
A questão principal que se coloca é o QoS da Internet. A arquitetura da Internet é composta por um
número muito grande de redes de diversos provedores e outras entidades comerciais ou não, sem um
responsável efetivo pelo controle da banda fornecida ou utilizada e sua conseqüente qualidade de
serviço.
Para aplicações de tempo real com mídias do tipo áudio (Voz) ou vídeo, não se pode garantir
disponibilidade de banda e mesmo a disponibilidade da rede.
Apresenta-se a seguir algumas soluções para Telefonia IP usando a Internet, e os impactos futuros para
esta aplicação.
Provedores de Serviços de Telefonia IP
Alguns provedores de serviços de Telefonia IP ( operadoras VoIP ) têm conseguido oferecer qualidade
de serviço utilizando a Internet, especialmente para chamadas de longa distância. Sua estratégia é
voltada para o gerenciamento da qualidade de serviço utilizando vários rotas no backbone da Internet.
Esses provedores utilizam equipamentos dedicados com aplicações sofisticadas que verificam em tempo
real a qualidade de serviço de cada rota e direcionam o tráfego de Voz para a rota que fornece o melhor
QoS a cada instante.
Esta solução oferece também ao sistema uma característica de disponibilidade de serviço
bastante interessante.
Além do fator qualidade e disponibilidade de serviço, o custo de expansão de rede torna-se interessante
neste tipo de aplicação. Na Internet o custo de expansão das redes é de responsabilidade dos
9. proprietários de cada rede, não sendo repassado aos usuários. Desta forma, os provedores de telefonia
IP podem prescindir desse custo e oferecer o serviço de forma mais vantajosa para seus Clientes.
Mercado corporativo
No mercado corporativo o uso da Internet como meio de transporte para a telefonia IP apresenta algumas
ressalvas:
Contratação de serviço de acesso a Internet de vários provedores, para garantir a disponibilidade
e qualidade de serviço;
Implantação de sistemas sofisticados de gerenciamento dos canais de acesso a internet, a
exemplo da estratégia aplicada pelos Provedores de Telefonia IP;
Aumento do custo de operação da rede (equipamentos e pessoal) devido a maior complexidade
do sistema, para garantir a disponibilidade dos serviços de Voz conforme a necessidade dos
usuários.
Desta forma, esta opção pode ser considerada como alternativa para comunicações de Voz cuja
finalidade possa prescindir da qualidade e disponibilidade de serviço oferecida pelos sistemas de telefonia
convencional ou mesmos pelos sistemas de telefonia IP que utilizam redes IP privadas.
Conclusão
O uso da Internet como meio de transporte de Voz tem alguns casos de sucesso, principalmente nas
chamadas de longa distância. Hoje o usuário que está fazendo uma chamada desse tipo não consegue
identificar o tipo de tecnologia que está sendo usada, e mesmo qual o caminho que a sua conversa está
seguindo.
Entretanto, nem todas as aplicações têm o mesmo resultado. O mercado corporativo e mesmo residencial
ainda tem dificuldades para usar de forma generalizada esse tipo de tecnologia.
A medida em que o mercado for demandando novos serviços através da Internet, a estrutura de
precificação desses serviços poderá ser aperfeiçoada de forma a definir o custo do acesso de acordo com
o tipo de aplicação do usuário.
Esse novo formato de remuneração pode permitir o aperfeiçoamento da própria arquitetura da Internet,
através da implantação de protocolos mais sofisticados que permitem a definição de prioridades para o
transporte dos pacotes de dados de acordo com o tipo de aplicação do usuário.
Nesse novo contexto, tanto provedores como usuários terão a oportunidade de usar a Internet para as
aplicações de telefonia IP (e para outras mídias) com custos um pouco superiores aos atuais, porém com
a qualidade de serviço adequada.
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Telefonia IP: Considerações Finais
A telefonia IP, usando rede IP ou Internet, tem avançado a largos passos.
Novos produtos vêm sendo desenvolvidos pelos fornecedores para viabilizar negócios para os
Provedores de Serviços e soluções alternativas para o mercado corporativo.
Os provedores de serviços vêm alterando a arquitetura das redes de telefonia convencional para aplicar
soluções de telefonia IP nas ligações de longa distância, através do uso de suas redes IP e de centrais de
trânsito que se comunicam através de conexões de Voz sobre IP (canais IP). Além disso, novos
provedores já fornecem serviços de telefonia IP de longa distância usando a infra-estrutura da Internet.
No mercado corporativo a demanda pela convergência das redes de Voz e dados e a necessidade de
redução de custos de comunicação vêm pressionando os fornecedores de equipamentos e serviços a
viabilizarem essas soluções com custos adequados.
Todo este contexto ratifica o desenvolvimento das redes NGN (Next Generation Networks), cuja
convergência Voz-dados é a mola mestra. Nestas redes o transporte dos dados é feito de forma
simplificada, e a inteligência é distribuída por todos os equipamentos de aplicação e terminais.
As Soft-switches, equivalentes distantes às centrais de comutação, passam a controlar as chamadas de
Voz, os serviços adicionais e os pacotes de dados, de forma indistinta na rede.
Há ainda que se considerar uma questão final: a da regulamentação do serviço de Voz. No Brasil a
regulamentação dos serviços de Voz não especifica a tecnologia a ser usada, e sim o tipo de serviço a
ser prestado pelos provedores.
O serviço de Voz é regulamentado através de 2 modalidades:
STFC, prestado como serviço público de Voz;
SCM (Serviço de Comunicação Multimídia), prestado como parte dos serviços multimídia.
Essas licenças têm públicos distintos, e não devem ser confundidas entre si. Cada tipo de licença oferece
ao provedor um público específico e é dentro desse contexto que ele deve operar os seus serviços, seja
usando a tecnologia da telefonia convencional, seja usando a tecnologia VoIP .
10. Existem, entretanto, requisitos adicionais que diferenciam os serviços e que diferenciam as
responsabilidades dos operadores. Para o STFC os requisitos de numeração, cobertura, interconexão, e
qualidade de serviços são bastante rígidos e a obtenção da licença é mais complexa.
Para o SCM os requisitos são voltados aos serviços multimídia, permitem a interconexão e o uso de
numeração, e a obtenção da licença é mais simplificada.
Ressalta-se apenas que a licença SCM não deve ser confundida com o STFC ou com a prestação de
serviços de comunicação de massa (broadcast ou TV paga ).
Referências
Anatel - Agência Nacional de Telecomunicações.
ITU - The International Telecommunication Union, órgão responsável pelo desenvolvimento de
padronização para telecomunicações.
IETF - The Internet Engineering Task Force, órgão responsável pelo desenvolvimento de padronização
para a Internet (RFC).
Autor:
Huber Bernal Filho - Engenheiro da Teleco (MAUÁ 79), tendo atuado nas áreas de Redes de Dados e
Multisserviços, Sistemas Celulares e Sistemas de Supervisão e Controle.
Ocupou posições de liderança na Pegasus Telecom (Gerente - Planejamento de Redes), na Compaq
(Consultor - Sistemas Antifraude) e na Atech (Coordenador - Projeto Sivam). Atuou também na área de
Sistemas de Supervisão e Controle como coordenador de projetos em empresas líderes desse mercado.
Tem vasta experiência internacional, tendo trabalhado em projetos de Teleco nos EUA e de Sistemas de
Supervisão e Controle na Suécia.
Atualmente dedica-se à Teleco e à prestação de serviços de consultoria em telecomunicações.
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