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GOMIDE, Antonio Gonçalves (1895-1967). Nascido em Itapetininga (SP) e falecido em
Ubatuba (SP). Seguindo às vésperas da I Guerra Mundial com a família para a Suíça,
matriculou-se em 1915 na Academia de Belas Artes de Genebra, que cursou até 1918, tendo
sido aluno de Gillard e do célebre Ferdinand Hodler. Diga-se de passagem que Genebra, por
aquela época, reunia uma notável comunidade de jovens intelectuais e artistas brasileiros que
ali estudavam - entre eles Sérgio Milliet e Rubens Borba de Moraes, o futuro cineasta Alberto
Cavalcanti e ainda Gomide e sua irmã Regina, que se casaria com o pintor suíço John Graz.

Após uma passagem por Espanha e Portugal, seguida de curta permanência no Brasil, Gomide
achava-se de novo em Genebra em 1920, de onde ganharia em 1923 Paris. Na capital
francesa conheceu Picasso, Braque, Picabia, Severini, Lhote e outros pintores ligados ao
Cubismo e demais movimentos vanguardistas de arte, sofrendo-lhes o impacto, mesclado
embora à influência ainda mais sensível do Art Déco, particularmente marcante em aquarelas e
guaches dos começos da década de 1920. Datam de 1923 duas de suas mais características
pinturas cubistas, Paisagem com barcos e Ponte St. Michel, ambas do Museu de Arte
Contemporânea da Universidade de São Paulo. A marca cubista iria abrandar-se nos próximos
anos, mas é ainda visível em princípios da década de 1930, de vez que data de 1932 o
admirável guache da Col. Gilberto Chateaubriand, do Rio de Janeiro, que combina um
mostrador de relógio a signos tipográficos e musicais - obra essa não sem vinculação, também,
com o Futurismo.

Durante o tempo em que viveu em França, Gomide expôs no Salon d'Automne e no Salon des
Indépendants. Numa estada em Toulouse dedicou-se à aprendizagem do afresco com Marcel
Lenoir, técnica que desde então iria tornar-se de sua predileção, e que foi dos primeiros a
introduzir no Brasil. Como ajudante de Lenoir, trabalhou em alguns afrescos executados pelo
mestre. Também aprendeu e se dedicou em França a técnicas como a criação de padrões
têxteis e o vitralismo.

Em fins de 1926 Gomide veio outra vez rapidamente ao Brasil, expondo na ocasião em São
Paulo e executando nessa mesma cidade, em 1927, um afresco - Trabalhos e Costumes
Selvagens - na residência de Couto de Barros. Num artigo publicado em 18 de outubro de
1927 no Diário Nacional, Mário de Andrade refere-se com ressalvas ao mural, dizendo:

- Antonio Gomide conseguiu duas vitórias grandes: libertar-se de qualquer realismo objetivo, e
ao mesmo tempo, não cair na estilização sentimental. Para mim, se há um senão nestes
afrescos de inspiração brasílica, ele está no tipo dos índios. A isso Antonio Gomide ainda não
conseguiu dar uma solução que satisfaça. Os nossos índios em geral são de uma feiúra
aplicada e o pintor não conseguiu tirar-lhes da caratonha uma estilização plástica que fosse ao
mesmo tempo característica e agradável. Pôs de lado o problema e se aproveitou das figuras
de seu ideal, se contentando em lhes bronzear os volumes. As figuras do afresco saíram puras
e bem ritmadas mas o problema não se resolveu.

Em 1928 Gomide de novo regressou à Europa, para só alguns meses depois voltar ao Brasil,
agora em caráter definitivo, aos 34 anos, depois de uma ausência de cerca de 16 anos.
Radicando-se em São Paulo, Gomide sofrerá de imediato o impacto do novo meio: como
escreveu Walter Zanini, "sua pintura, fortemente marcada pela estética cubista, sofrerá
profundas e rápidas transformações, nacionalizando-se radicalmente". Ao mesmo tempo, o
artista busca integrar-se no panorama cultural paulistano, e é assim que em 1932 está entre os
fundadores tanto da Sociedade Pró-Arte Moderna quanto do Clube dos Artistas Modernos.
Nesse mesmo ano de 1932, alista-se como soldado nas tropas constitucionalistas.

A década de 1930 é de fundamental importância na carreira do artista, que não somente se
entrega à elaboração de uma série de grandes afrescos em São Paulo e Campos do Jordão,
como também prepara cartões para vitrais, desenvolvidos para a firma de Conrado Sogernicht
Filho e destinados a igrejas e a edifícios públicos, e ainda irá figurar em coletivas como o Salão
de Maio (1937 a 1939). A partir de 1940, contudo, sua atividade diminuiu, até quase estancar
nas décadas de 1950 e 1960 quando, praticamente cego, voltou-se para a escultura, fazendo
algumas obras de curiosa conotação africana ou indígena. Ainda tomou parte em 1941 da
mostra coletiva da Feira Internacional das Indústrias, e dez anos depois, da 1 Bienal de São
Paulo; realizou também individuais em 1963 e 1967, sempre em São Paulo: seu ciclo criativo,
contudo, estava encerrado. Um ano depois de seu falecimento o Museu de Arte
Contemporânea da Universidade de São Paulo dedicou-lhe importante retrospectiva, referindo-
se Walter Zanini ao artista, no bem cuidado catálogo da mostra, nos seguintes termos, que
eqüivalem a um correto juízo de valor:

- Pintor atraído de início pelas soluções formalistas, quando se aplica numa temática
alternadamente sagrada e profana, tende mais tarde a dar vazão à sua mentalidade
profundamente popular, expressa igualmente no modus vivendi. Se podemos registrar uma
certa dispersão e inconstância nos objetivos de Gomide, forçoso é reconhecer as virtudes que
dominam sua obra, do ponto de vista estilístico e psicológico, que a investem de um clima
peculiar inconfundível e que na sua hora souberam trazer uma contribuição vital ao nosso
desenvolvimento artístico.

                                   Porto, óleo s/ tela, 1922;
                      0,41 X 0,33, Pinacoteca do Estado de São Paulo.

                           Sem título, óleo s/ tela, cerca de 1923;
                    0,46 X 0,38, Museu de Arte Contemporânea da USP.

                           Composição com figura, tecido, 1925;
                           1,86 X 1,41, Palácio Bandeirantes, SP.

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Pintor brasileiro Antonio Gomide

  • 1. GOMIDE, Antonio Gonçalves (1895-1967). Nascido em Itapetininga (SP) e falecido em Ubatuba (SP). Seguindo às vésperas da I Guerra Mundial com a família para a Suíça, matriculou-se em 1915 na Academia de Belas Artes de Genebra, que cursou até 1918, tendo sido aluno de Gillard e do célebre Ferdinand Hodler. Diga-se de passagem que Genebra, por aquela época, reunia uma notável comunidade de jovens intelectuais e artistas brasileiros que ali estudavam - entre eles Sérgio Milliet e Rubens Borba de Moraes, o futuro cineasta Alberto Cavalcanti e ainda Gomide e sua irmã Regina, que se casaria com o pintor suíço John Graz. Após uma passagem por Espanha e Portugal, seguida de curta permanência no Brasil, Gomide achava-se de novo em Genebra em 1920, de onde ganharia em 1923 Paris. Na capital francesa conheceu Picasso, Braque, Picabia, Severini, Lhote e outros pintores ligados ao Cubismo e demais movimentos vanguardistas de arte, sofrendo-lhes o impacto, mesclado embora à influência ainda mais sensível do Art Déco, particularmente marcante em aquarelas e guaches dos começos da década de 1920. Datam de 1923 duas de suas mais características pinturas cubistas, Paisagem com barcos e Ponte St. Michel, ambas do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. A marca cubista iria abrandar-se nos próximos anos, mas é ainda visível em princípios da década de 1930, de vez que data de 1932 o admirável guache da Col. Gilberto Chateaubriand, do Rio de Janeiro, que combina um mostrador de relógio a signos tipográficos e musicais - obra essa não sem vinculação, também, com o Futurismo. Durante o tempo em que viveu em França, Gomide expôs no Salon d'Automne e no Salon des Indépendants. Numa estada em Toulouse dedicou-se à aprendizagem do afresco com Marcel Lenoir, técnica que desde então iria tornar-se de sua predileção, e que foi dos primeiros a introduzir no Brasil. Como ajudante de Lenoir, trabalhou em alguns afrescos executados pelo mestre. Também aprendeu e se dedicou em França a técnicas como a criação de padrões têxteis e o vitralismo. Em fins de 1926 Gomide veio outra vez rapidamente ao Brasil, expondo na ocasião em São Paulo e executando nessa mesma cidade, em 1927, um afresco - Trabalhos e Costumes Selvagens - na residência de Couto de Barros. Num artigo publicado em 18 de outubro de 1927 no Diário Nacional, Mário de Andrade refere-se com ressalvas ao mural, dizendo: - Antonio Gomide conseguiu duas vitórias grandes: libertar-se de qualquer realismo objetivo, e ao mesmo tempo, não cair na estilização sentimental. Para mim, se há um senão nestes afrescos de inspiração brasílica, ele está no tipo dos índios. A isso Antonio Gomide ainda não conseguiu dar uma solução que satisfaça. Os nossos índios em geral são de uma feiúra aplicada e o pintor não conseguiu tirar-lhes da caratonha uma estilização plástica que fosse ao mesmo tempo característica e agradável. Pôs de lado o problema e se aproveitou das figuras de seu ideal, se contentando em lhes bronzear os volumes. As figuras do afresco saíram puras e bem ritmadas mas o problema não se resolveu. Em 1928 Gomide de novo regressou à Europa, para só alguns meses depois voltar ao Brasil, agora em caráter definitivo, aos 34 anos, depois de uma ausência de cerca de 16 anos. Radicando-se em São Paulo, Gomide sofrerá de imediato o impacto do novo meio: como escreveu Walter Zanini, "sua pintura, fortemente marcada pela estética cubista, sofrerá profundas e rápidas transformações, nacionalizando-se radicalmente". Ao mesmo tempo, o artista busca integrar-se no panorama cultural paulistano, e é assim que em 1932 está entre os fundadores tanto da Sociedade Pró-Arte Moderna quanto do Clube dos Artistas Modernos. Nesse mesmo ano de 1932, alista-se como soldado nas tropas constitucionalistas. A década de 1930 é de fundamental importância na carreira do artista, que não somente se entrega à elaboração de uma série de grandes afrescos em São Paulo e Campos do Jordão, como também prepara cartões para vitrais, desenvolvidos para a firma de Conrado Sogernicht Filho e destinados a igrejas e a edifícios públicos, e ainda irá figurar em coletivas como o Salão de Maio (1937 a 1939). A partir de 1940, contudo, sua atividade diminuiu, até quase estancar nas décadas de 1950 e 1960 quando, praticamente cego, voltou-se para a escultura, fazendo algumas obras de curiosa conotação africana ou indígena. Ainda tomou parte em 1941 da mostra coletiva da Feira Internacional das Indústrias, e dez anos depois, da 1 Bienal de São
  • 2. Paulo; realizou também individuais em 1963 e 1967, sempre em São Paulo: seu ciclo criativo, contudo, estava encerrado. Um ano depois de seu falecimento o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo dedicou-lhe importante retrospectiva, referindo- se Walter Zanini ao artista, no bem cuidado catálogo da mostra, nos seguintes termos, que eqüivalem a um correto juízo de valor: - Pintor atraído de início pelas soluções formalistas, quando se aplica numa temática alternadamente sagrada e profana, tende mais tarde a dar vazão à sua mentalidade profundamente popular, expressa igualmente no modus vivendi. Se podemos registrar uma certa dispersão e inconstância nos objetivos de Gomide, forçoso é reconhecer as virtudes que dominam sua obra, do ponto de vista estilístico e psicológico, que a investem de um clima peculiar inconfundível e que na sua hora souberam trazer uma contribuição vital ao nosso desenvolvimento artístico. Porto, óleo s/ tela, 1922; 0,41 X 0,33, Pinacoteca do Estado de São Paulo. Sem título, óleo s/ tela, cerca de 1923; 0,46 X 0,38, Museu de Arte Contemporânea da USP. Composição com figura, tecido, 1925; 1,86 X 1,41, Palácio Bandeirantes, SP.