1) O documento descreve a história inicial de Capanema, no Pará, desde a chegada dos europeus na América até a fundação da cidade.
2) A região que hoje é Capanema fazia parte da antiga Capitania do Gurupi, criada em 1622 para defender o território português da invasão de outros países europeus.
3) O texto fornece detalhes sobre os primeiros assentamentos humanos na região, incluindo bases militares francesas e povoados portugueses ao longo dos séculos 17 e 18.
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
Capanema: minha terra, nossa gente e sua história
1.
2. Terezinha de Jesus Sousa
Capanema
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
________________________________________________________
S725 Sousa, Terezinha de Jesus
Capanema: minha terra, nossa gente e sua história / Terezinha de Jesus Sousa. –
Minha Terra, nossa
Capanema: Gráfica Vale, 2010.
Gente e sua História. ISBN: 978-85-911260-0-2
1.Capanema (PA)-História. I. Título.
CDD – 20.ed.: 981.15
________________________________________________________
Email: tecajsousa@yahoo.com.br
Capanema
2010
3. Agradecimentos.
HOMENAGEM:
Àquele que é ¢ëöá êáé ÙìÝãá
Expresso também minha gratidão a todos que acreditaram ser possível Ao primeiro centenário da Cidade de Capanema.
resgatar a história da luta de nossos antepassados na construção deste Aos guerreiros da educação deste município;
Município ou pelo menos parte dela. Foram muitos que colaboraram, além Aos estudantes que buscam entender este rincão;
dos nomes que estão registrados ao longo da apresentação deste trabalho À minha irmã;
quero registrar também a colaboração dos lutadores: Sobrinhas,
Sobrinhos e
1. Professor Daniel Lima; Primas.
2. Professor João Watanabe;
3. Professora Madalena Oliveira;
4. Professora Maria Creuza da Silva e Silva;
5. Professora Rosilda Dax;
6. Sr. Antônio Kauati;
7. Sra. Walmeire Melo;
8. Sr. Clóvis Almeida;
9. Sr. Waldir Campos;
5. Apresentação
Há cem anos, nossa Capanema recebeu seu primeiro
documento de existência, foi uma Lei de Nº 1164 datada de 05 de novembro
de 1910, nela está escrito que a atual Cidade de Capanema passava e ser uma
povoação, e para comemorar esse marco singular para nós, filhos desta terra,
filhos de nascimento ou de opção, juntamo-nos para expressar o nosso muito
obrigado a Capanema e expressar nossa gratidão e amor, então resolvemos
juntar neste livro um pouco de suas paisagens e passos dos que fizeram dessas
plagas a região desenvolvida e acolhedora que é hoje e registramos também
um pouco de nossas crenças e lendas.
Para isso, coletamos, alguns relatos do nosso povo, alguns
testemunhos, algumas pesquisas, e de posse disso tudo, fizemos este livro
que é o registro da saga de nossos antepassados, como forma de deixar neste
centenário, documentada um pouco de nossa história que nada mais é do que
o caminhar e o agir dos que resolveram fazer de Capanema o seu pedaço da
pátria mãe.
Reconhecemos que não é uma obra-prima, nem tão pouco uma
obra acabada, mas foi o que conseguimos no momento, porém dizemos aos
leitores e estudantes que nos esforçamos para registrar o máximo possível de
nossa história para a festa deste centenário e esperamos que estejamos
contribuindo para o entendimento e futuro aprofundamento de nossa
história.
Queremos também dizer que dedicamos este livro de modo
especial às nossas crianças, estudantes de 1ª a 4ª séries, pois é fato que no
curso de ensino fundamental a pesquisa sobre nosso Município ainda é muito
exígua, e os livros didáticos usados em nossas Escolas geralmente retratam
regiões de culturas, linguagens, hábitos tradições e toda uma identidade,
diferente da nossa região e, foi também querendo diminuir um pouco o
tamanho dessa lacuna que escrevemos: CAPANEMA: minha Terra, nossa
Gente e sua História e o apresentamos a você para ser lido, e julgado sob a
ótica da complementação de nossa história segundo uma visão crítica e
analítica do que fomos, o que somos e o que seremos como povo pois que
com uma contribuição mais ampla poderemos entender e redefinir melhor a
construção de nosso Município.
Professora Terezinha Sousa.
09
6. Espanha a tomar posse da terra descoberta enviando expedições de
PRELÚDIO DE NOSSA HISTÓRIA. reconhecimento, de exploração e militares para expulsar os “invasores”
erguer fortes e fundar povoações para assegurar o domínio nas terras. Além
No século XV, os europeus que buscavam um caminho que os disso, aqueles povos Instalaram também o sistema de pirataria: alguns
levassem às Índias navegando as águas do oceano Atlântico, descobriram a
existência de terras até então desconhecidas. Nessa época destacam-se cidadãos de posse de embarcações e marujos passaram a patrulhar as águas
destemidos marinheiros como Cristóvão Colombo1 e exploradores que do Oceano Atlântico. Atacavam e saqueavam as embarcações que vinham
ambicionavam encontrar riquezas em terras distantes da Europa como o El tanto das Índias quanto das América, que eles sabiam estarem carregadas de
dourado, outros vinham para analisar e pesquisar a natureza pródiga do novo riquezas; tudo isso muitas vezes com incentivo e apoio financeiro dos
mundo do qual tanto se falava na Europa e cujas informações eram divulgadas monarcas de seus países.
por marinheiros e escritores como é o caso de Américo Vespúcio que além de
piloto era homem culto e sabia anotar tudo o que via, escrevendo com A expulsão dos invasores e início do povoamento no norte do Brasil
vivacidade e clareza, legou-nos cartas que fizeram sucesso e correram pela (do Maranhão ao Amapá), ocorreu durante a União Ibérica, período
Europa.
compreendido entre 1580 a 1640 durante o qual ocorreu a unificação das
Américo Vespúcio, observador arguto, notou, revelou e registrou monarquias ibéricas (reinos de Espanha e Portugal) sob a direção da coroa
antes que nenhum outro que entre a Europa e a Ásia havia um continente até espanhola.
então não revelado ao Velho Mundo.
A grande quantidade de riquezas, que chegava à Espanha Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiere, conquistador frances, fundou a
(principalmente minerais vinda da América) e a Portugal (vinda das Índias Cidade de São Luís do Maranhão (única capital brasileira fundada pelos
com a exploração do comércio das especiarias), enriqueceu sobremaneira franceses), estabeleceu alianças com os Tupinambás que povoavam
aqueles países que resolveram assinar entre si um acordo chamado TRATADO amplamente as margens dos rios e partiu para conquistar a Amazônia saindo
DE TORDESILHAS que dividiu o mundo entre eles, acordaram que toda terra de São Luís ( Maranhão) a 8 de julho de 1613, rumo a aldeia do
descoberta ou por descobrir situadas a 370 léguas a oeste do Arquipélago de
caeté(Bragança).
Cabo Verde (Continente africano), pertenceriam a Espanha e, as localizadas a
oeste pertenceriam a Portugal e, segundo esse tratado quase toda a
Amazônia brasileira incluindo Capanema pertenceria à Espanha. A 17 de agosto do mesmo ano dirigiu-se para a aldeia de Meron
(Maracanan) com apenas 40 (praças) soldados, 10 marinheiros e 20 chefes de
Esse acordo não agradou a muitos povos europeus como: ingleses, franceses
e holandeses e, a exemplo dos países ibéricos tentaram invadir e explorar tribo indígenas.
partes das terras descobertas, eles diziam não ser justo que apenas Portugal e
Em Meron embarcou mais índios e franceses e seguiu para a aldeia de
Espanha tivessem direito a elas, pois que Deus ao criar o mundo não o teria
dividido entre aqueles dois países, portanto não reconheciam o direito de Tabapará (Vigia) depois para o Rio Pará indo até o Araguaia onde fincou a
Espanha e Portugal sobre o continente e, em 1605 deram início à ocupação do Bandeira da França.
território da Guiana e a partir daí tentaram instalar-se em vários outros
pontos do Brasil (Capitania do cabo Norte atual Amapá), além de outros
pontos do Continente Americano: franceses, holandeses e ingleses fundaram 1
- Segundo a história foi o primeiro europeu a chegar ao continente americano ou novo mundo.
colônias na América do Norte, Central e Sul, o que levou Portugal e
10 11
7. Os portugueses liderados por Alexandre Moura expulsaram os ?de La Touche, Senhor de La Ravardière, foi rendidos aos
Daniel
franceses do Maranhão e organizaram uma expedição militar para combater portugueses no Araguaia.
e expulsar os holandeses e franceses da região e também ocupar as terras.
Essa expedição ficou sob o comando de Francisco Caldeira Castelo Branco que ? Marieta (Maracanã) tem essa denominação desde nove de
A Ilha de
partiu para guarnecer o litoral norte brasileiro do Estado do Maranhão à foz fevereiro de 1622 quando ali foram sinalizadas as 50 léguas marítimas
do Rio Amazonas. a oeste do Rio Turiaçú que figurava nos limites da Capitania do Gurupi.
Na Baía de Guajará, a 40 léguas distante de Maracanã foi erguido um
forte de madeira chamado Presépio, hoje Forte do Castelo, que deu origem à Nossa Capitania Hereditária.
Cidade de Nossa Senhora de Belém atual Capital do Estado do Pará fundada
em 12 de janeiro de 1616. Depois da expulsão dos franceses, ingleses e holandeses que haviam
se fixado no norte (dessas invasões originaram-se as três Guianas) do nosso
Vale dizer que: país, foi feito o reconhecimento das áreas que tinham rios que permitissem a
? Ibérica favoreceu o processo de expansão portuguesa na
A União passagem de invasores para o interior, essas áreas foram divididas em
Amazônia posto que quando do término dessa união, com a Capitanias e, fundados povoados e fortalezas em pontos estratégicos para
restauração da autonomia portuguesa, o processo de ocupação defender a propriedade das terras para Portugal.
Lusitânia na Amazônia estava avançado e consolidado.
De acordo com essa divisão, o Município de Capanema, fazia parte da
? através do Tratado de Madrid, a Espanha reconheceu
Em 1750, Capitania do Gurupi. Essa Capitania foi criada pelo rei Felipe III da Espanha e
formalmente o direito português sobre a vasta região Amazônica. doada a Gaspar de Sousa através da carta de 9 de janeiro de 1622. Sua área era
de 50 léguas de costa marítima com 20 de sertão, e compreendia as terras
Os Tupinambás que eram aliados dos franceses receberam bem os
? localizadas do Rio Turiaçú no Maranhão a Ilha de Marieta (Maracanã) no Pará.
portugueses, porém as relações amistosas foram curtas devido aos Portanto além do nosso município constituíam a Capitania de Gurupí: os
abusos cometidos pelos portugueses contra os indígenas (abusos atuais municípios de Bragança, Quatipurú, Primavera, as terras de São João
morais incluindo escravidão). Os Tupinambás resolveram então de Pirabas e Bonito.
expulsar os lusitanos da região. Invadiram Belém em sete de janeiro,
comandados pelo cacique Guaimiaba (Cabelo de Velha), porém Bragança _ Segundo o relato do capuchinho francês Padre Ives
foram abatidos e, com a morte de Cabelo de Velha, bateram em D´Evreux, foi em terras hoje bragantinas que os Franceses se refugiaram em
retirada.
1612 acossados por Alexandre de Moura e Jerônimo de Albuquerque quando
expulsos do Maranhão mas, a primeira povoação considerada é Souza do
A fundação de Belém na embocadura do Rio Amazonas permitiu aos
?
portugueses o efetivo controle da navegação fluvial que comunica o Caeté fundada por Álvaro de Sousa possivelmente em fevereiro de 1634.
rio-mar ao Oceano Atlântico. Foi o primeiro passo importante dos
portugueses em suas ações de posse da região. Quatipurú – originalmente foi fundada a povoação denominada
Valentim com data incerta, porém segundo Saturnino Marques da Costa2 no
? Sol na Ilha de Mosqueiro (1633) e a aldeia de Joanes na Ilha
A Baía do ano de 1653 já se contava com 13 casas que abrigavam 78 habitantes vindos
de Marajó (1655) foram indicadas para ser a sede administrativa da expulsos da então Sousa do Caeté3 por divergências políticas com o novo
Capitania do Grão- Pará. donatário da Capitania do Gurupi.
2
- Conhecido por Tio Satuca.
? Militar de Maracanã (Meron) foi o mais antigo núcleo
A base 3
- Atual Cidade de Bragança.
povoamento fluvial Frances.
12 13
8. Capanema _ tem fundação mais recente que os municípios acima A Lei de nº 1.802, de 04 de novembro de 1919 que elevava Capanema
citados, mas quanto área de possessão tem a mesma origem, nasceram sob o não apenas a Vila, mas também a transformava em sede administrativa do
nome: Capitania do Gurupi, os colonizadores também tem a mesma origem Município de Quatipurú, não agradou aos quatipuruenses, eles não acataram
foram os portugueses açorianos, espanhóis, libaneses africanos e sobretudo a Lei, não aceitavam que Quatipurú perdesse a condição de sede e voltasse a
nordestinos que ao longo dos anos construíram cada um desses municípios figurar no cenário político administrativo simplesmente como Vila, e ser
com peculiaridades próprias e rumos históricos diferentes.
administrado por uma vila que sempre fora seu distrito e também não
aceitavam que outra figura política surgisse para contrapor-se ao Coronel
A VILA DE CAPANEMA É SEDE DO MUNICÍPIO. (Leandro Pinheiro) que dominava a região, então, organizaram-se em grupos
armados para defender a autonomia política e administrativa de Quatipurú,
No ano de 1753, Bragança foi elevada à categoria de Vila e fazia parte fizeram barricadas e esperaram os defensores de Capanema liderados por
de sua ação administrativa terras que atualmente constituem vários João Eustaquilino Pessoa. Depois de lutas armadas e políticas, os
municípios entre eles Capanema (que não era povoada) e Quatipuru que capanemenses saíram vitoriosos e no dia 07 de março de 1920 Capanema
estava sendo povoado antes dos anos de 1655 e, que conquistou sua festejou a instalação da Vila e da nova sede municipal: CAPANEMA passa a
autonomia política e administrativa em 1879. condição de sede do Município de Quatipurú.
Por imposições políticas, em 27 de dezembro de 1930 a denominação
Com o surgimento do novo município no território Paraense:
QUATIPURÚ e, com a nova divisão territorial, Capanema passou a fazer parte Capanema dada a nossa Cidade foi substituída por Siqueira Campos e com
desse Município, sendo elevada a condição de Vila e sede do Município de essa denominação permaneceu até o ano de 1938.
Quatipurú, no dia 04 de Novembro de 1919.
Dentre as Povoações e Vilas do Município de Quatipuru, a que atingiu
maior desenvolvimento foi Capanema, pois que por aqui passava a Estrada de
Ferro, o que possibilitou o desenvolvimento do comércio local, com o interior,
as Vilas vizinhas que já estavam interligadas por ramais embora bastante
precários e a cidade de Belém. A vinda dos imigrantes estrangeiros e
nordestinos radicados aqui melhorou consideravelmente, agora já se podia
adquirir com mais facilidade produtos básicos para a sobrevivência, já
podíamos melhorar e variar a alimentação, obter produtos como açúcar,
batatas, Charque, sal, louças, tecidos, perfumes produtos de limpeza,
material para construção, remédios, etc. 4
- Um dos militares da Revolução de 1930.
Vale dizer – os ramais que interligavam as colônias e municípios vizinhos
foram abertos a machado e facão, aterrados e aplainados a braço por
trabalhadores denominados de CASSACOS.
14 15
9. O REGATÃO
Nesse período de nossa história destacou-se um personagem muito interessante e
que era esperado com ansiedade no interior de nossa região: era o REGATÃO, homem
que percorria longas distâncias carregando em lombo de cavalos, em barquinhos, ou
nos próprios ombros uma espécie de mochilas chamadas canastras, naquelas
canastras ele levava de um tudo: pedaços de tecidos chamados “cortes”, botões,
agulhas, barbantes, linhas, perfumes, sapatos, espelhos, rouge, batons, fitas,
remédios, uma infinidade de coisas e, ele fazia o comércio na base do escambo:
trocava os produtos que levava por produtos que os fregueses tinham como galinha,
patos, porcos, farinha, ovos, feijão etc. e quando chegava na cidade ele trocava tudo
por dinheiro para comprar novos produtos e retornar novamente. Com esse trabalho
realizado com sacrifícios, (pois além de enfrentar as intempéries do tempo, vencer
grandes distâncias, passar muito tempo para vender sua mercadoria e ficar longo
tempo longe de sua família), muitos Regatões conseguiram juntar algum dinheiro e
fizeram fortuna.
Vale dizer: Fazendo o comércio entre a capital e o interlan paraense existiu também o
caixeiro viajante.
16 17
10. Governantes:
Em 1863, chegou em Quatipurú o Coronel Leandro Pinheiro vindo de
Vizeu, candidatou-se a intendente, venceu o pleito e passou a governar
Quatipurú a quem era subordinada a área territorial de Capanema. Quatro
anos depois nova eleição foi realizada vencendo dessa vez o Coronel Cezar
Pinheiro que levou a intendência para Mirasselvas, lá permanecendo até o
ano de 1873, quando o Coronel Leandro Pinheiro conseguiu vencer levou a
sede do governo de volta para Quatipurú lá permanecendo por mais por
menos 36 anos.
No ano de 1900, o território foi anexado ao de Bragança, sendo
restaurado dois anos depois.
O último intendente foi o Coronel Leandro Pinheiro, deposto pela
Revolução de 1930.
Após essa Revolução tivemos os interventores (eram nomeados):
1. Padre José Maria do Lago;
2. Sr. João Eustaquilino Pessoa;
3. Major Horácio de Figueiredo;
4. Dr. Euclides Cumarú;
5. Sr. Ciriaco Oliveira;
6. Sr. Manoel Aires da Silva;
7. Edgar Dantas de Vasconcelos;
8. Juvenal Leal;
9. Sr. Custódio Ferreira.
10. Sr. Felipe Silva;
11. Sr. Raimundo Neves;
18 19
11. + Nome Ano Prefeitos Municipais
e Interinos
26 Adalberto do Espírito Santo Ferraz de Lima 1991 Interino
27 Frederico Carlos Abdon Braun 1991 Interino
Nome Ano Prefeitos Municipais 28 Maria do Céo Maciel Coutinho 1992 Interina
e Interinos
01 Felipe Antonio da Silva 1948 Prefeito 29 Dr. Jorge Neto da Costa 1993 Prefeito
02 Raimundo Maurício da Silva Neves 1951 Prefeito 30 José Fernando da Silva Mendes 1993 Interino
03 Jorge Wilson Arbage 1955 Prefeito 31 Francisco Ferreira Freitas Neto 1997 Prefeito
04 Joaquim Rodrigues da Silva 1955 Prefeito 32 Eslon Aguiar Martins 2001 Interino
05 Maria do Céu Alves Leite Interina 33 Dr. Jorge Neto da Costa 2001 Prefeito
06 Jorge Wilson Arbage 1959 Prefeito 34 José Alexandre Buchacra de Araújo 2002 Prefeito
07 Miguel Aissar Anaisse 1963 Prefeito 35 Francisco de Oliveira e Silva 2004 Interino
08 Hugo Travassos da Rosa 1967 Prefeito 36 José Alexandre Buchacra 2004 Interino
09 Inácio Ferreira da Silva 1967 Interino 37 Francisco de Oliveira e Silva 2004 Interino
10 Miguel Aissar Anaisse 1971 Prefeito 38 José Alexandre Buchacra 2005 Interino
11 Francisco de Freitas Filho 39 Eslon Aguiar Martins 2009 Prefeito
1973 Prefeito
12 Jaime Nascimento 40 Antonio David Peixoto Pinheiro 2009 Interino
1973 Interino
13 Jaime Nascimento 1974 Interino
14 Raimundo Rodrigues Moreira 1974 Interino
15 José Pinheiro da Silva 1974 Interino
16 Jaime Nascimento 1975 Interino
Maria do Céu
17 Jaime Nascimento 1976 Prefeito
18 Herbert Matos Veríssimo 1977 Prefeito
19 Júlio Maciel Batista 1977 Interino
20 Jaime Nascimento
21 Francisco Gomes Reinaldo
22 Edmilsom Lopes Acácio
1983
1986
1989
Prefeito
Interino
Prefeito
Ayres Leite
23 Frederico Carlos Abdon Braun 1989 Interino
24 Djalma Durval de Melo 1989 Interino
25 Frederico Carlos Abdon Braun 1990 Interino
20 21
12. Os símbolos que representam ou evocam
nosso Município.
1. NOSSO HINO
Letra e música: Professora Rosalina Favacho.
Oficializado pela Lei nº 6.014 de 14 de junho de 2002.
Foste chamada Siqueira Campos
Há alguns anos atrás,
Cidade com habitantes
Que têm coragem até demais
Vigor e energia, inteligência eficaz
Povo sadio e altaneiro
É tradição de brasileiro
As tuas matas verde cinzento
E o teu povo a educar
A cultura aqui de expande
Analfabeto em ti não há
Na ligação norte nordeste
Tomaste o primeiro lugar
Mostraste ao viajante
Grande riqueza que em ti há
Guardaste teu solo fértil
Pra dar ao povo varonil
Construção de edifícios
Isto é Cimento do Brasil
Capanema está vibrando
Se destacando no Pará
Os jovens e os adultos
Sempre unidos a trabalhar.
22 23
13. A AVENTURA EM VIAJAR
Em 1938, viver aqui já se gozava de relativo conforto, embora não
tivéssemos estrada de rodagem (o único transporte com motor que tínhamos
aqui era o trem) já se vislumbrava algum desenvolvimento social e
econômico.
Com os trens passamos a ter ligação com mais facilidade entre todo o
nordeste paraense e a capital do Estado, embora uma viagem de trem entre
Belém e Bragança durasse de 12 a 15 horas e eles fizessem esse percurso
apenas duas vezes por semana, isso era um avanço muito grande visto que
até então para chegarmos à Belém por exemplo, o roteiro da odisséia era
assim: cavalgávamos até Mirasselvas de lá navegávamos o rio Quatipurú num
barquinho chamado casco ou montaria até a Vila de Quatipurú, chegando lá
tínhamos que esperar a chegada de um barco maior que tivesse calado
suficiente para navegar o oceano Atlântico. Então ficávamos em Quatipurú o
tempo necessário e como não existiam pousadas ou hotéis recorríamos aos
quatipuruenses para nos abrigar lavar nossa roupa e nos alimentar, em outras
palavras, passávamos um tempo convivendo com aquela família, portanto,
uma viagem de Capanema a Belém durava muitas vezes mais de uma semana
e em barcos sem cobertura.
Com o funcionamento dos trens o Rio quatipuru perdeu
enormemente a importância na navegação, agora viajávamos de trem que era
muito mais confortável e a viagem era rápida. Essa mudança também
contribuiu sobremaneira para o refluxo político, econômico e social da Vila de
Quatipurú.
Vale dizer: A Estrada de Ferro de Bragança trouxe o
desenvolvimento para as Vilas e localidades que a margeavam em detrimento
das Vilas litorâneas e ribeirinhas.
24 25
14. LÁ VEM O TREM!
A CHEGADA DO TREM ERA PAI D'ÉGUA
A Ferrovia cortou nossa Cidade de oeste para leste e, trouxe para
nosso Município muitas gentes vindas principalmente do nordeste brasileiro.
Na hora da chegada do trem a expectativa era enorme.
Quando de longe ele apitava, fazendo a terra tremer, soltando pelos ares
fuligem e fumaça, anunciando sua chegada, as pessoas adultas, crianças,
vendedores, carregadores, todo mundo saía rumo à Estação para ver o trem
chegar ou ganhar algum dinheiro, e o que se via era uma multidão em ação,
era uma festa: gente correndo para ocupar lugar no assento, outras descendo,
pais e mães gritando por seus filhos, gente que soltava foguetes para avisar à
comunidade ou à família distante a chegada de alguém que estava sendo
esperado, crianças correndo, gente procurando por alguém, estivadores
trazendo mercadorias para embarcar, outras sendo desembarcadas, desciam
grandes amarras de papel - eram os últimos números do jornal Folha do
Norte, da Província do Pará, da Folha da tarde, da revista O Cruzeiro que
traziam as notícias mais atuais do momento: era o manequim, o gibi, os
periódicos (foto-novelas intitulado Grande Hotel), que chegavam para o
deleite das jovens moças senhoras e crianças, eram os vendedores de
guloseimas adentrando o trem uns, com pipocas em sacos multicoloridos e
brilhantes, outros com doces arrumados em embalagens bonitas aos olhos de
26 27
15. Ouricuri, Capanema, Garrafão, jaburu e soldadinho entre outros. Mas,
ERA UMA VEREDA DE BOIADEIROS. por aqui passavam peões que tangiam bois do Maranhão para Quatipurú e
regiões circunvizinhas formando caminhos chamados veredas de boiadeiros,
mais tarde um desses boiadeiros chamado Antonio Jerônimo escolheria essa
região para morar.
Vale dizer:
a) Quando os colonizadores chegaram, os índios tiveram que ir
para o interior das matas, contudo muitas tribos indígenas reagiram a essa
expulsão. Na região norte do Brasil, tivemos guerreiros que tentaram
organizar as nações indígenas para lutar contra os invasores, nessas lutas
destacaram-se os caciques: Ajuricaba em Manaus e o Guaimiaba aqui em
nossa região (Maranhão e Pará), Guaimiaba era também chamado Cabelo de
Velha por ter cabelos longos e loiros.
b) Não sabemos se Guaimiaba era de origem indígena ou se fora
alguma criança européia criada pelos índios.
Se tivéssemos registrado em uma foto aérea o território onde está
edificada nossa Cidade em meados do Século XIX, ou por volta de mais ou
menos 1800, seria impossível identificarmos a Capanema que conhecemos
hoje porque nada está como era nem mesmo no aspecto natural, o relevo era
constituído de pequenos montes de terras separados entre si por grandes
áreas baixas cortadas por pequenos igarapés que formavam pântanos ou
igapós e quanto à povoação era inexistente, não conhecemos nenhum
registro de pesquisa nem relato que aqui tenha havido aldeias de índios.
Vamos saber da presença de tribos como os Tupinambás, Caetés, Potiangas,
Urubus, em regiões mais afastadas de onde é hoje nossa Cidade, eles
moravam às margens de Rios maiores: Caeté, Quatipurú e Peixe-Boi, rios
navegáveis durante o ano todo o que permitia a navegação e eram muito ricos
em quantidade e diversidade de peixes, aqui tínhamos apenas as nascentes
desses rios, os igarapés:
28 29
16. O NASCIMENTO DE NOSSA CIDADE.
Foi o próprio Senhor Antonio Jerônimo de Barros que em entrevista para o jornal
A Província do Pará do dia 26 de setembro de 1954 quem declarou já ter percorrido
esta região tangendo gado e afirmou ser um dos primeiros moradores de Capanema
chegando aqui em 1907. Devido essa afirmação, alguns autores consideram Antônio
Jerônimo o primeiro morador da Cidade de Capanema entretanto temos notícia de
que antes desse ano já tinham famílias morando aqui, uma dessas famílias é a do
senhor Antônio Joaquim da Silva avô do Sr. Jaime Nascimento ex prefeito do
Município de Capanema que chegou em 1906.
Antônio Jerônimo de Barros era natural de Baturité (Ceará), aqui chegou com
sua esposa dona Luzinha vindo de barco até Bragança e dali saiu procurando terras
onde pudessem erguer moradia. Aqui chegando possivelmente no mês de julho.
Ergueram sua casa coberta com palhas no local onde funciona hoje a Estação
Rodoviária Felipe Iglésias.
No mesmo ano (1907), chegaram outras famílias nordestinas que assim como
Antônio Jerônimo, também vinham fugindo das secas inclementes que
periodicamente assolavam o sertão, eram as famílias do Senhor João Rodrigues,
conhecido como João Grande, Família Juvêncio e Queiroz entre outras. Depois da
morte de Dona Luzinha, Antônio Jerônimo casou-se com sua cunhada, dona Adélia e
foram morar em outra casa no local onde hoje está edificado o Posto da Texaco ao
lado da Estação Rodoviária Felipe Iglesias na Avenida João Paulo II com a Av. Barão de
Capanema.
Foi esse o nosso marco: uma casinha de taipa, coberta com palhas que se
multiplicou por muitas outras e no dia 08 de dezembro de 1933, foi elevada à
categoria de Cidade: Cidade de Siqueira Campos, depois, em 1938 -CIDADE DE
CAPANEMA.
30 31
17. Depoimento de Alfredo Oliveira.
Quando cheguei, em 1917, vindo de navio até Belém como tantos outros
nordestinos, encontrei esta Cidade povoada apenas em alguns trechos da Avenida
Barão de Capanema: nas proximidades da Estação Ferroviária; na Rua Barão do Rio -
Branco: da Igreja do Sagrado Coração de Jesus à Rua D´Jalma Dutra e na Avenida João
Paulo II, da Estação Rodoviária até a Passagem Cruzeiro. O restante era tudo mata,
capoeira, igarapés e igapós de onde tirávamos lenha, frutos, caça, tomávamos banho
e pescávamos.
A Avenida João Paulo II naquela época era chamada Rua de Igarapé-Açú e dividia
os dois Municípios: da atual Estação Rodoviária para o leste eram terras do
Município de Quatipurú e para oeste, as terras pertenciam ao Município de Igarapé-
Açú, o nosso cemitério era localizado mais ou menos onde é hoje o Estádio de
Futebol Leandro Pinheiro, e a Igreja católica, ficava na Passagem Cruzeiro, portanto,
o cemitério e a Igreja (Nossa Senhora do Carmo) ficavam em território de Peixe-Boi
Município de Igarapé-Açú. Nessa época não havia Igreja Evangélica aqui.
Toda a área onde está o Fórum, aqui a Casa Oliveira, Bradesco etc. era um grande
pantanal provocado por um córrego que vinha do local onde é hoje a Radisco
Magazine.
Escolhi esse pantanal para erguer nele a minha propriedade, eu reconhecia o
grande esforço que seria vencer aquele lamaçal cheio de aninga, mas estava bem
localizado, era próximo à Estação do Trem e, era livre, não estava sendo cobiçado por
ninguém e aqui fiquei. Naquela época o comércio se resumia nuns poucos botecos, e
tabernas6 e a carne era vendida aos domingos sob um cajueiro.
Com a vinda de novos colonizadores é que o povoado foi crescendo, construiu-se
Nota – Alfredo Oliveira era maranhense e se destacou no comércio capanemense,
a primeira Igreja católica cercada de paxiúba e coberta com cavacos7 onde hoje está o
deixando seu nome registrado em uma loja de material de construção: Casa Oliveira.
prédio da Caixa Econômica Federal e, a Prefeitura que era chamada Intendência, foi
erguida em frente à atual Igreja Matriz. 6
- Tabernas - eram mercearias que vendiam todos os produtos necessários ao nosso consumo da farinha ao tabaco.
7
- Cavacos – eram pedaços de madeira tirados de toras de árvores a facão para cobrir casas.
Muitas foram as transformações operadas em nossa Cidade de 1917 até nossos
dias, transformações advindas do esforço dos colonizadores que para cá vieram
principalmente nordestinos, portugueses, libaneses, espanhóis, e japoneses que
vieram a partir de 1930. Esses povos deram origem ao povo capanemense.
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18. Essa equipe ficou acampada às margens de um rio e quando as
Por que te chamam Capanema? pessoas se referiam àquele local chamavam Capanema, diziam: vou à
Capanema, passei por Capanema etc., pois era do conhecimento de todos
que aquela turma era chefiada pelo Barão de Capanema embora ele não
estivesse alojado ali (não temos registro da presença do Barão em nosso
Estado do Pará). Com o tempo a tradição desse nome foi incorporado ao rio,
Rio Capanema, e dali se estendeu à povoação que se formava mais para leste
daquele alojamento. Contudo o nome Capanema dado à nossa Cidade e
Município não foi referência intencional a ele, somente a Avenida Barão de
Capanema é homenagem direta ao brasileiro nascido nas Minas Gerais-
Guilherme Schuch – o Barão de Capanema.
Mas existem pessoas que por não conhecerem nossa história insistem
em associar o nome Capanema ao significado da língua tupi, porém isso é
errôneo mesmo porque se tivermos um pouco de discernimento e
analisarmos o aspecto natural deste município veremos que temos matas,
nosso relevo é baixo e que aqui nascem vários rios e igarapés e onde tem rio
de águas limpas tem peixe, onde tem água e peixe tem muitos animais e nossa
área territorial apesar do violento desmatamento que já sofreu ainda é
São quatro capanemas que temos aqui: O Município de Capanema, a berçário de muitos tipos de peixes, aves, de animais mamíferos, de répteis,
Cidade de Capanema, a Avenida Barão de Capanema e o Rio Capanema. Afinal quelônios etc..e se voltarmos na observação do tempo podemos imaginar a
o que é Capanema? riqueza que era Capanema para a prática da caça e pesca naquela época.
Portanto afirmar que nossas matas eram azaradas, que aqui não tinham
Vejamos - na tecnologia do mundo moderno os povos conseguiram animais para a prática de caça nem peixes é uma afirmação muito duvidosa.
comunicar-se a longa distância através da telegrafia*8, processo que usava
Vale dizer – A telegrafia foi inventada por Samuel Fiunley Breese
sinais chamados Código Morse para transmitir mensagens através de fios e
Morse, norte americano de Massachusetts. Em 1835 construiu o primeiro
depois essas mensagens eram escritas e um homem a quem se chamava protótipo funcional de um telégrafo que passou a funcionar efetivamente
estafeta ia entregar ao destinatário na grande maioria das vezes cavalgando através de sinais chamados CÓDIGO MORSE em 1838.
um cavalo para vencer as longas distâncias, e essa mensagem era chamada
Telegrama. No Brasil império destacou-se nessa área um cidadão chamado Atualmente o Código Morse é usado:
Guilherme Schuch que por ter prestado muitos serviços à nação brasileira,
recebeu de D. Pedro II imperador do Brasil o título de Barão de Capanema Em NDB - espécie de rádio-farol utilizado na navegação aérea e
porque no povoado onde ele nasceu (Freguesia de Antônio Pereira em Ouro marítima.
Preto Minas Gerais) tem uma pequena serra chamada Capanema.
Em satélites - para sinal de identificação e localização por telemetria
Guilherme Schuch planejou a implantação do telégrafo em todo o
Brasil incluindo nossa região e mandou para cá uma equipe para fazer o E pelo radioamadorismo
reconhecimento do terreno por onde deveria passar a rede telegráfica
Maranhão-Pará bem como implantar a referida linha telegráfica 8
- O Telégrafo foi inventado por Samuel Morse nos Estados Unidos e dali estendido para o mundo.
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19. Bons tempos aqueles, havia entrosamento, amizade cooperação entre
Exemplo de Comunidade todos, quando uma mulher dava à luz, as vizinhas em sistema de rodízio iam
ajudar nas tarefas doméstica até acabar o resguardo, quando alguém
N aqueles tempos idos, a tecnologia por aqui era rara, a iluminação adoecia também recebia a ajuda e visita dos vizinhos e parentes e nesse
pública, por exemplo, era restrita a determinada área, eram uns ambiente as crianças aprendiam a viver em comunidade respeitando-se e
poucos postes de ferro redondos cuja parte superior tinha uma sendo amigas para toda a vida, e quando adultas participavam também da
iluminaria parecida com lampião, sob ela havia um depósito onde era vida uns dos outros, em outras palavras atuavam como Anjo da Guarda do
colocado carbureto com água e todos os dias ao cair da noite vinha um próximo ajudando-se uns aos outros nas horas difíceis, na doenças e nas
homem que acendia esse candeeiro e ao amanhecer vinha apagar. labutas diárias organizando-se em mutirões para fazer suas roças, cuidar do
gado, e na época da produção do tabaco, ao declinar da tarde, fechavam-se
Tempos depois a iluminação foi feita pelo lampião a querosene, nesse em uma sala para destalar o tabaco ( tirar o talo da parte central das folhas do
sistema era assim: em cada poste havia um lampião, às dezessete horas vinha fumo), e assim eram todos os finais das tardes. Quando terminava a
um trabalhador da Intendência (chamado acendedor de lampiões) com uma destalagem de uma família todo mundo ia para outra até acabar a safra de
escada numa mão e uma vasilha com um pano e querosene na outra, ele todos, depois os homens iam prensar o tabaco para fazer os molhes, tarefa
limpava a fuligem das vidraças dos lampiões, depois colocava o querosene e realizada nas primeiras horas do dia.
limpava o pavio, quando terminava esse trabalho em todos os postes, voltava
acendendo e pela manhã vinha apagar de um por um os lampiões que Nessas reuniões rolava comida, café, mingau, piadas, e uma coisa que
acendera ao entardecer do dia anterior. divertia e ao mesmo tempo fazia tremer de medo a criançada: eram os relatos
sobre as visagens e assombrações que apareciam no lugar, os bichos do
Nas residências, a iluminação era feita na base da lamparina alimentada mato, essas eram as horas da matinta-perêra, da mãe-d'água, da mula–sem-
por resina, óleo ou querosene e é claro que não existia televisão, mas tinha cabeça, do curupira do lobisomem, do mapinguari, de todo o imaginário
alguém que por ter posses, adquiriu uma bateria (pois também não tínhamos popular e seus segredos, dos príncipes e princesas e é claro que nesses
acesso a pilhas) e um rádio e, quando chegava à noite a vida mudava na nossa mutirões o lugar de destaque era do contador ou contadora de histórias.
Capanema, a vizinhança desse senhor vinha toda para a casa dele ouvir o que
dizia o rádio e era aquela multidão sentada no chão da sala e no terreiro e com Outra reunião que se fazia à boca da noite eram as leituras. Após o
todo mundo junto se aproveitava também para passar a limpo os jantar, a família e vizinhos reuniam-se ao redor da mesa e à luz de lamparina
acontecimentos do dia que eram poucos, limitavam-se ao trabalho da roça, ou candeeiro a pessoa que lesse melhor começava a sessão, os preferidos
manejo com o gado e acontecimentos domésticos enquanto isso as crianças eram geralmente da Literatura de Cordel (por ser leitura breve e de tradição
divertiam-se brincando de pira, de roda, de bandeirinha e outras brincadeira nordestina), e os ouvintes transportavam-se para aqueles versos vivendo o
infantis.
seu conteúdo rindo em alguns momentos chorando em outros, assim, ainda
hoje muita gente lembra a estória da Princesa da Pedra Fina, dos feitos de
Pedro Malazarte, da saga de Lampião e Maria Bonita e outros, lia-se também
o jornal e revistas, porém em menor escala.
Essa foi uma época não só de vida comunitária, mas também de
segurança. Nas residências as portas eram apenas para resguardar os
moradores do sereno, do frio, das chuvas, não existiam grades nem tranca
nas portas, dormia-se de portas encostadas ou abertas sem nenhum temor,
Também ainda não existiam grandes desníveis sociais.
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- Resguardo – tempo de 40 dias dado para recuperação da parturiente, nesse período ela não fazia nenhuma tarefa
Plantação de fumo. que exigisse esforço físico.
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20. Já muito tempo depois é que nossa Cidade conheceu a luz elétrica.
No local onde atualmente funciona o atendimento ao público da Rede
Vai um Picolé Aí? Celpa tinha uma pequena casa chamada Casa de Força e Luz, lá tinha um
motor a óleo que gerava energia. Aí passamos a ter luz elétrica nas ruas, na
praça e nas residências e por essa prestação de serviço não se pagava, porém
quando o relógio marcava 22 horas a luz piscava três vezes ai todo mundo já
sabia o que iria acontecer: o motor parava de funcionar e tudo ficavam no
escuro, e nas residências se acendia a conhecida lamparina ou o candeeiro,
(essa foi a época do Pretomax).
Só tinha uma exceção: era quando falecia alguém, nessa noite o motor
não era desligado pois era noite de velório e também era preciso que se
fizesse o ataúde para colocar a pessoa falecida e para realizar essa tarefa já
tinham pessoas experientes em providenciar o necessário: fazer a mortalha,
armar e forrar o caixão que era geralmente em tábuas de Marupá, madeira
leve e de fácil labor e forrado com tecido preto ou roxo se fosse para adulto e
de azul claro ou branco se fosse para criança. Mas isso era apenas na Cidade, o
interior continuava na lamparina, mas tanto cá quanto lá para se ter geladeira
em casa só se fosse a querosene, portanto, aqui não tínhamos sorveteria nem
fábrica de gelo. Essa situação durou até 1975.
O ano de 1975 foi muito importante para nós, nesse ano passamos a
ser atendidos pelas Usinas Térmicas de Belém e em 1981 houve a interligação
norte-nordeste, foi um grande avanço, todo o nordeste paraense passou a ter
sistema elétrico de potência, portanto energia elétrica 24 horas por dia.
Vale dizer: a Casa de Força e Luz funcionou na avenida Barão de Capanema,
em frente a Transportadora Caeté depois na Rua D'jalma Dutra esquina com a
Rua João Pessoa.
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21. O Ouricuri era um rio muito bonito e de águas muito limpas, mais para
Capanema sob a ótica de dona baixo ele enlarguescia, próximo dele tinha o matadouro e bem perto tinha o
pau de Urubu, era uma árvore imensa que ficava cheinha de urubus quando
Nair Fernandes. faziam o abate do gado, ou de porco. A água desse rio era usada para lavar as
vísceras dos animais abatidos. Hoje nesse local existem as vendas de refeições
perto do mercado.
Sou filha desta terra,
A minha infância foi maravilhosa, aos domingos, os moradores da
Falo égua Timbiras se juntavam e íamos com meu avô pescar no Rio Capanema, íamos
pelos trilhos, pois nos domingos não tinha trem, quando chegávamos lá, nós,
Sou capanemense, as crianças íamos brincar no rio, pulávamos da ponte, tomávamos muito
banho e meu avô ficava pescando, ele pegava muitos peixes, grandes, gordos,
Sou Pai d'égua. maravilhosos, pescava com fisga e anzol, ele levava sal, farinha, pimenta e
fazia um grande avoado e assim passávamos nosso domingo com muito
Em 1942 eu morava na Rua Timbiras, margeando a Timbiras tem o Rio, banho, muita brincadeira e muito avoado, sinto saudades daquele tempo,
ele é grande e recebe os nomes de Ouricuri, Rio da Mata e Pau grosso. Quando não tinha a violência que tem hoje.
criança, eu tomava muito banho lá na parte chamada Rio da Mata, era onde a
mulherada lavava roupas e tomava banho, as pessoas vinham da rua pra lá, Além das festas religiosas tínhamos as festas chamadas profanas: de
era um balneário. Os homens tomavam banho no Pau grosso, agente chama Santa Luzia e São Benedito, organizadas por uma diretoria comandada pela
pau grosso porque tinha uma árvore grande, de tronco muito largo no meio juíza e pelo juiz, nessas festas tinha a marujada, com mastro, leilão, o almoço,
do rio. era tudo muito bom. Tínhamos também o carimbó da Praça Moura, lá era
muito animado, tinha a Julica. A Julica usava muletas porque tinha problemas
nas duas pernas, mas era mestra do curimbó, tocava a noite toda, e com muita
animação, ela usava aquelas roupas de saias rodadas coloridas, era um visual
muito bonito, e próprio dela.
Tínhamos também outra diversão e veículo de cultura: o cinema, o
cinema funcionava na Avenida Barão de Capanema em um prédio, até hoje
pertencente à Prefeitura, próximo de onde está instalado atualmente o
DETRAN - era o Cine Rosa Mar, mas não durou muito tempo, foi desativado,
depois surgiu o Cine Brasília já no ano de 1960. O prédio era uma casa de taipa
localizado na atual Avenida Barão de Capanema nesse local está atualmente
erguido o prédio da Receita Federal. Este prédio caiu depois de exibir o filme
“O Ébrio” e uns dois anos mais tarde Veio o Cine Pálace.
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22. No prédio onde funcionava o Cine Pálace, nas manhãs de domingo Faz parte da história de todos nós,
apresentavam o Show artístico, à tarde era exibido o filme do vesperal ou
matinal como chamávamos que eram filmes para crianças e adolescentes, a Foi Casa de Ensino e Educação para o Lar,
noite tinha mais uma sessão. Em todos esses horários o cinema lotava, e tinha
uma música que chamavam de prefixo que tocava na Almeida Divulgações Cinema, Setor de Merenda, Biblioteca e Teatro,
antes de iniciar o filme, essa música funcionava para nós como se fosse um
chamado. Quando ela tocava, corríamos para ir ao cinema, esse tema musical Também da arquitetura Art Déco
era O Milionário, a Marcha do Assobiador ou A Ponte do Rio Kwan, eram
Bem poucos irão recordar.
músicas muito bonitas e nos lembram aquela época, nos lembra do Cine
Pálace.
Vale dizer: E agora o que se vê por lá?
Mais ou menos em frente a Transportadora Caeté, há um prédio da Apenas um prédio antigo e abandonado,
Prefeitura onde funcionou a casa de Força e luz na época da iluminação a
carbureto e depois a querosene. Nesse prédio funcionou também os Em nenhum momento lembrado,
primeiros Cinemas de Capanema:
Esquecido de que um dia
1. Cinema mudo – trazido por Joaquim Costa (pai do ex-prefeito
Jorge Neto da Costa). Foi palco da Arte do saber e da Alegria.
2. Cine Teatro Moura Carvalho – trazido pelo ex-governador do
Pará Moura Carvalho.
Hoje por lá nada reluz
3. Cine Iracema.
Que estranha e triste ironia
4. Cine Rosa Mar
Para quem já fora chamada
5. Cine Brasília.
Casa de Força e Luz.
6. Cine Pálace – foi o único a funcionar em prédio próprio e
adequado para exibir filmes para o público.
O Cine pálace funcionou de 1960 a 1981. Não resistiu à crise Profª Cleni
que acometeu aos cinemas no Brasil com a difusão da
Televisão, Vídeos Cassetes e Antena Parabólica então faliu.
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23. Uma Referencia Referenciada.
Em nossa Capanema existem lugares pitorescos uns construídos pela
natureza como o Rio Quatipurú, onde passear de barcos ou canoas seja à luz
do sol ou à luz da lua é de um prazer ímpar para alguns, bem como fazer um
piquenique às suas margens nos finais de semana é relax para outros, porém
existe um recanto que é freqüentado por todo capanemense desde a mais
tenra idade. Estamos falando de nossa querida Praça Magalhães Barata que,
aliás, foi a primeira construída nessa Cidade.
A Praça Magalhães Barata também é conhecida por Praça da Bandeira,
pois era ali que hasteávamos a Bandeira durante a semana da pátria.
Portanto era para lá que convergiam pais e alunos para referenciar a
Pátria: cantar o hino Nacional, ouvir os discursos proferidos pelo Prefeito,
Juiz, Professores, alunos e todos os patriotas que quisessem fazer sua
homenagem pelo dia da independência do Brasil.
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24. Eu nasci e me criei
Ao longo de sua existência essa Praça tem testemunhado os Eu nasci e me criei
Capanema atualmente
acontecimentos históricos e corriqueiros de nosso povo. E por ser o ponto dos Nesta maravilhosa cidade
acontecimentos, abrimos espaço para que o repentista Professor Lucivaldo Para você se informar Acompanhei seu crescimento
através da Literatura de Cordel faça sua devida homenagem a nossa Praça Tem 614 km quadrados E suas necessidades
querida. De área pra se explorar Tentei entender a política
Um monte de habitantes E sua história escrita
É um município importante E sua realidade
Quem mora aqui pode provar
As ruas que eram veredas
Capanema localiza-se Que hoje são avenidas
Das velhas casas de taipas
Ao nordeste do Pará
Das ruelas sem saídas
E ao norte do Brasil Das feiras no meio das ruas
É fácil de se encontrar Das matas virgens e nuas
Nos mapas que tem nos livros Dos paus-de –araras da vida
Ou no meio dos arquivos
É fácil localizar Hoje ela tem evoluído
De uma maneira desigual
Lá pelos anos cinqüenta Mas tiramos proveito nisso
De porta se namorava De um jeito natural
Crianças brincavam de rodas Aqui se faz o que se pode
E os vizinhos conversavam Levanta a poeira e sacode
Se escrevia pros amigos Assim dizia o Cival
Não tinha tantos perigos
Nas festas ninguém brigava Pra gente se divertir
Só temos algumas praças
As feiras em Capanema E uma delas é famosa
No sábado acontecia Mesmo entregue as traças
Era quando agricultores A mais antiga e verdadeira
O seu produto vendia É a Praça da Bandeira
Nos cavalos ou nas costas Onde tomei muita cachaça
Enfrente o ciço costa
Comprava-se e se vendia
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25. Centro de concentração Também teve uma grande loja A primeira Biblioteca
Das manifestações culturais Por nome Pernambucana Ali também foi implantada
Testemunhou muitas lutas Era uma loja amarela Por lá ficou pouco tempo
De muitos profissionais Por dentro muito bacana E pra outro lugar foi trocada
Fica a nossa praça velha
Que nunca morre jamais Vendia de tudo um pouco E com toda essa mudança
Ao lado do Maria Amélia Tecidos e roupas pra jogo Ganhamos um salão de dança
Só não vendia banana Pra nossa rapaziada
Serviu de testemunha das festas
Por exemplo, o carnaval
Na assembléia recreativa Também serviu de testemunha Mesmo assim ela resiste
Que hoje foi pro cacau Do incêndio da casa costa E proporciona lazer
Veja o tamanho da maldade
Que se queimou por inteira Desde o tempo do vovô
Que hoje só é saudade
Aqui no nosso pessoal Que não sobrou nada a mostra Para mim e pra você
Foi um incêndio danado Um local maravilhoso
A primeira prefeitura Que ficou tudo queimado Para os novos e idosos
Um prédio muito belo Como amendoim que tosta Tudo pode acontecer
Ficava em frente à praça
Todo pintado em amarelo A Procissão de corpus Christi Quero aqui deixar
Botaram fogo nos seus arquivos Também passa ao seu redor O meu agradecimento
Que não sobrou nenhum livro
Do passado perdeu o elo São milhares de fieis Pelos momentos felizes
Que do chão levanta pó E de total contentamento
A segunda prefeitura São anos de romaria onde pude namorar
Ficava ali pelo lado Todo mundo em sintonia e de mãos dadas passear
Passaram-se alguns anos Desde o tempo da vovó mesmo depois do casamento
E de novo foi trocado
Hoje com o prédio reformado Ela também recebeu o programa tudo isso e muito mais
Temos o beijo gelado
Com muitos frios variados A cultura vai à praça nessa praça tão querida
O povo se reunia nosso patrimônio,nossas lembranças
Depois de todo o desfile Ninguém pagou foi de graça nossa história nossa vida
Do dia sete de setembro Foi o grupo cultural nosso presente,nosso bem
Os jovens a ocupam Os Timbiras e coisa e tal nosso amor e de mais ninguém
Qualquer coisinha comendo Pessoas de muita raça desde quando fostes construída
Não fica ninguém de toca
É muito beijo na boca
Outros ficam se roendo
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27. Tauari é um dos Distritos do Município de Capanema, dista da sede 22
km. Seu nome deriva do tauarizeiro uma árvore em torno da qual se
aglutinaram os colonizadores que seriam mais tarde os tauarienses.
Desconhecemos a data de sua fundação, porém temos uma
Apresento-lhes: referência: é a Estrada de Ferro. Em 1906, quando ela estava sendo construída
sua população era de quatro moradores. Com a conclusão dessa Estrada
várias famílias vindas no trem escolheram aquela região para morar, eram em
TAUARI sua maioria nordestinos acrescidos de imigrantes estrangeiros representados
por espanhóis, libaneses e portugueses que encontraram ali terra farta, fértil
e clima com boa umidade, esses fatores foram decisivos para que em pouco
tempo a região se tornasse referência na produção agrícola e também na
pecuária. Ao lado do sucesso da terra veio também a instalação e
desenvolvimento do comércio.
Quando o trem chegava em Tauari e Mirasselvas os vagões ficavam
abarrotados de arroz, algodão, milho e feijão para serem comercializados em
Belém e dali exportados para outros Estados, foi o aumento da produção
aliado ao funcionamento do trem que trouxe os comerciantes estrangeiros
para Tauari e, antes mesmo de Capanema receber o título de Cidade, Tauari e
Mirasselvas contribuíam para a riqueza do município com um comércio
consideravelmente grande se comparado ao atual.
Em Tauari já contávamos com 9 grandes lojas, 2 farmácias também
grandes, casas comerciais de vários produtos e usina de beneficiamento de
arroz e algodão que funcionou até o ano de 1946.
Quando a Estrada de Ferro foi extinta, ficou difícil transportar a
produção para a Capital, aquela fase de desenvolvimento e riqueza não
conseguiu manter-se, o declínio econômico, obrigou algumas famílias que
até então eram referência no comércio paraense saírem de Tauari para
aventurar-se em outras paragens mais promissoras.
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28. Início do povoamento.
Mirasselvas: terra de Coronelismo
No ano de 1879, aqui chegaram José e Mel Ferreira das Neves ( pai e filho)
e acompanhados do amigo Bento Pereira da Silva, vieram os três da Serra
Grande ou do Ibiapaba, serra que é limite entre os Estados brasileiros Piauí e
Escravidão negra. Ceará, e por não ter nenhum impedimento, dividiram entre eles toda a
extensão de terras que seus olhos alcançavam: Os Neves ficaram com a área à
margem direita do rio Quatipurú e Bento apoderou-se das terras à esquerda
do dito rio, ainda em nossos dias a área que coube aos neves é chamada
colônia dos Neves.
Bento Pereira da Silva homem de muitas falas, membro da Guarda
Nacional e de patente comprada, com o passar do tempo tornou-se pessoa
influente entre políticos e moradores das redondezas.
Dentre os três Distritos que compõem o Município de Capanema, o de
Mirasselvas foi o pioneiro em povoamento e em reconhecimento legal.
Pelo Decreto nº 1512 de 20 de abril de 1908, Mirasselvas foi elevada a
povoação, portanto podemos dizer que Mirasselvas é o Distrito Mãe do
Município de Capanema visto que foi o primeiro a ser povoado e a existir
legalmente.
Este é um relato do Sr. Smith.
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29. Origem do nome:
Mirasselvas
Os três amigos: José, Mel Ferreira e Bento Pereira da Silva deram início à
povoação que nasceu com o nome de Cachoeira ou Cachoeira do Major
Bento porque aos olhos dos moradores, a visão do Rio Quatipurú
serpenteando entre os dois montes que eram de propriedade dos três
moradores parecia ser uma cachoeira.
Dizem que no transcorrer da colonização, uma pessoa estava debruçada
sobre a janela de sua casa (possivelmente o Coronel Cezar Pinheiro)
admirando a exuberância e beleza dos matizes, o colorido das copas das
árvores que compunham a floresta que circundava a povoação de Cachoeira,
quando passou uma pessoa e perguntou: o que estas fazendo? Ao que o
outro respondeu – ESTOU MIRANDO AS SELVAS, daí o nome Mirasselvas.
Ainda nos dias de hoje é muito bom parar no alto daqueles montes e beber
com os olhos a beleza natural de MIRASSELVAS.
Mirasselvas foi terra de coronelismo, ali moraram e
contribuíram no panorama político, na economia e no
desenvolvimento social:
1. Coronel José Felipe;
2. Coronel Cezar Pinheiro;
3. Coronel Aníbal Augusto Freire;
4. Coronel Chilourico;
5. Capitão Józimo;
6. Major Bento (um dos fundadores de Cachoeira, hoje
Mirasselvas);
7. Capitão Serzinato Ferreira da Silva;
8. Capitão Nogueira.
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30. Curiosidades
Além desses coronéis, major e capitães, Mirasselvas viveu também sob a
de
Influência de vários outros líderes políticos, porém os maiores acirramentos
ocorreram entre dois primos coronéis: Cezar Pinheiro radicado em
Mirasselvas e Leandro Pinheiro radicado em Quatipurú e dependendo do
Mirasselvas.
resultado nas urnas, a sede do Município de Quatipurú ora estava em
Mirasselvas, ora em Quatipurú. Dessas atuações Mirasselvas foi palco de
alguns avanços e desatinos das ações políticas como: A Escola Magalhães
Barata prédio suntuoso que alguns anos depois cedeu lugar a outro que
ostentava o nome – Escola Reunida Cezar Pinheiro.
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31. 1. Fidel, Ditador cubano é Quatipuruense? Havia apenas um escravo que o encarava, era chamado de José
Pachiúba, um negro forte e alto comparado a uma Pachiubeira.
O Sr. Smith nos conta que em 1943 a professora Nazaré Pereira o
chamou à secretaria da Escola e mostrou-lhe um livro de ponto escolar muito Nota: O senhor Antônio Elizeu é o último bisneto do Coronel que ainda
antigo e falou: Simitinho nessa escola passou há alguns anos atrás uma reside em Mirasselvas.
professora que seria sua parenta, o nome dela é Delfina Smith de Castro. Ele
3.E a última palavra não foi a do Coronel.
diz que hoje, depois de ler alguns artigos em jornais supõe que a referida
professora é a possível mãe de Fidel Castro presidente da República Socialista As desavenças políticas entre o coronel Cezar Pinheiro e o major Bento
de Cuba, pois que ela teve um filho chamado Fidel nascido ás margens do Rio eram freqüentes e conta o senhor Manuel Atanázio , que o coronel Cezar
Quatipurú no lugar chamado Bom que dói, próximo ao Curral Velho, área que então intendente do Município de Quatipurú ia viajar para Belém para ter
hoje pertence ao Município de Tracuateua. uma conversa com o governador, essa conversa poderia ferir politicamente o
major Bento que falou: ele não vai!
Dona Delfina e seu marido (que se dizia peruano) mudaram-se
rumo ao Peru (não se sabe ao certo o lugar) juntamente com o filho Fidel O trem chegou à estação às 05h30min, o major Bento já estava com seus
quando este tinha doze anos de idade, tempos depois ela escreveu à família capangas, na esquina da Travessa Senador Lemos, (hoje em frente ao posto de
dizendo ter tido outros filhos: Raul e Juanita depois dessa carta nunca mais saúde da Vila). O coronel veio de sua fazenda (hoje Malacacheta) também
souberam de Dona Delfina Smith de Castro. com alguns capangas, porém não viu seu adversário e quando o trem parou na
estação, agarrou-se ao balaustre do vagão para subir, o Major Bento
Vale dizer: se o Fidel Castro que nasceu na povoação chamada Bom que dói é
sorrateiramente aproximou-se à retaguarda, atracou-se na cintura do coronel
o mesmo que governa Cuba, não sabemos, somente sabemos que já não
Cezar e os dois foram ao chão aos murros enquanto os capangas também
podemos constatar o registro de seu nascimento no Cartório de Registro Civil,
lutavam entre si, o maquinista vendo aquela escaramuça arrancou com o
pois segundo a memória popular, na época em que Janio Quadros presidente
trem de imediato e o coronel Cezar não viajou naquele dia e o Bento falou: eu
do Brasil condecorou Che Guevara com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do
disse que ele não ia.
Cruzeiro do Sul e, posterior atuação da Operação Condor, o Cartório em
questão foi incendiado.
Nota: De descendentes o Major Bento tem em Mirasselvas a família
2. Escravocrata sim senhor! do Sr. Antônio Elizeu Conhecido por Suíno.
Sobre o coronel José Felipe, um dos coronéis radicados em
Mirasselvas conta-se que era um homem muito duro, e que em épocas de
chuvas quando os pastos ficavam enlameados, ele ordenava aos seus
escravos que deitassem um ao lado do outro formando uma grande passarela
humana e ele passava por cima deles para não sujar as botas na lama do pasto.
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32. Agricultor X Terra X Fibra = dinheiro a rodo. Em Belém construíram a Companhia Têxtil de Aniagem da Amazônia
conhecida por CATA, em Castanhal a Companhia Textil de Castanhal- C T C e
As décadas de 40, 50,60 do século XX trouxeram grande riqueza para o aqui em Capanema tivemos a Tecelagem Nossa Senhora de Fátima, o cultivo
Município de Capanema, foi uma espécie de ciclo têxtil, nosso ciclo de ouro da malva e da Juta era bem aceito pelos agricultores porque além de ter
trazido com o cultivo da malva e da juta, a malva trouxe tanto dinheiro que se mercado certo eles poderiam ter duas culturas no ano plantando malva
dizia “banhar o cavalo a cerveja”. depois feijão no mesmo roçado pois a terra ficava adubada com as folhas
apodrecidas da malva, aí era lucro certo.
Nessa época muitos produtos eram comercializados em sacas e as
fibras de malva ou juta eram necessárias nas tecelagens para a fabricação de
sacas para exportar os produtos que precisavam ser ensacados, como o café
brasileiro, também chamado ouro negro.
Porém entre as invenções tecnológicas apareceu a fibra
sintética e aquele período áureo da fibra da malva e juta perdeu espaço, daí
em diante passou a reinar as sacas de plástico.
Vale dizer: em Capanema os maiores postos no comercio da malva
foram – Sobral irmão, Cata e Tece Fátima.
Cavalo: o nosso outro
As décadas de 40, 50,60 do século XX trouxeram grande riqueza para o
Município de Capanema, foi uma espécie de ciclo têxtil, nosso ciclo de ouro
trazido com o cultivo da malva e da juta, a malva trouxe tanto dinheiro que se
dizia “banhar o cavalo a cerveja”.
No Estado surgiram grandes companhias para beneficiá-la e outras
para financiar seu plantio e também para comprar a fibra, essas companhias
tinham posto de compra em toda a região, a malva foi rainha na lavoura e
praticamente todo agricultor plantava a malva e juta, uns em grandes roçados
outros em pequenos, mas todo mundo se envolveu com ela.
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33. Dos meios de transporte, o pioneiro por aqui foi o cavalo, ele era
solicitado para ir ao roçado, para carregar todo tipo de produção: a malva,
arroz, farinha, feijão, carregava a lenha para alimentar o trem e as cozinhas
das casas, carregava a madeira, palhas, telhas para a fabricação das casas,
Capanema já foi mar?
todo tipo de carga pesada passava pelos lombos dele além de levar seus
donos a passear por longas distâncias inclusive para ir às festas.
Quando acontecia um casamento o noivo ia num cavalo, a noiva toda
vestida de branco com a tiara na cabeça e o véu longo e esvoaçante ia em
outro, se a distância fosse grande os padrinhos e parente iam cada um em um
cavalo. Na volta os noivos voltavam juntos no cavalo do noivo e o cortejo vinha
atrás.
Daí termos dois tipos de cavalos os de carga e os de passeio, mas foi o
cavalo de carga que ajudou os colonizadores a desbravar a terra, plantar,
produzir e transportar toda a riqueza produzida. Iniciou o desenvolvimento
desta terra e por muito tempo foi o único transporte usado em nossa região.
O agricultor teve também a ajuda do jumento, porém em menor escala.
Segurança.
Do início de nossa colonização até a publicação da
Constituição Federal do Brasil de 1988, o serviço de segurança era feito por
pessoas indicadas. O governador indicava um policial para chefiar a segurança
pública na sede do Município, esse delegado nomeava um homem que Há milhões de anos atrás em muitas áreas de nosso município existiam
gozasse de sua confiança e o investia no cargo de Comissário de Polícia, (em grandes lagoas de água salgada, nessas lagoas a vida marinha era abundante,
Tauari e Mirasselvas havia o comissário), este escolhia seus auxiliares
tinham peixes de vários tamanhos, inclusive tubarões, tinham caranguejos,
chamados Agentes de polícia que trabalhavam, mas não tinham salário, então
o comissário cobrava taxas para manter a sobrevivência daquelas pessoas, ostras, e sarnambis (depósitos de conchinhas). Com o passar dos séculos, o
cobrava pelo funcionamento de festas, de atestados de vida e residência, e mar foi se afastando, as lagoas foram secando e como a água do mar é rica em
quando uma pessoa era detida por perturbar a ordem pública ou desabonar a carbonato de cálcio esse cálcio foi se solidificando e formando o calcário que é
conduta de alguém, para ser libertado pagava uma taxa chamada carceragem uma rocha rica ou quase que exclusiva em carbonato de cálcio, os ossos e as
e quando a pessoa em questão não tinha dinheiro, pagava com trabalho conchas formaram fósseis que são encontrados facilmente nas atuais jazidas
disciplinar: entregavam-lhe um terçado e o detento ia roçar em local
de exploração de calcário pela CIBRASA.
movimentado sob os olhares e zombarias dos curiosos.
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34. Atualmente quem industrializa esse minério é a CIBRASA, porém temos
relatos que há vinte anos antes de se instalar aqui a Pires Carneiro (primeira As Paisagens Naturais.
companhia de exploração desse calcário), inaugurada em 1962, o senhor José
Cândido já beneficiava esse minério, fazia isso, de modo muito artesanal, ele Paisagens vegetais: por estarmos próximos do Equador, região,
era queimado e depois peneirado, a parte fina era usada como cal e a grossa portanto de baixa latitude, onde o calor é constante devido os raios solares
incidirem de modo quase que perpendicular sobre o solo, as temperatura
era usada como liga para rebocar as paredes das casas. A embalagem desses
aqui são elevadas durante todo o ano, a umidade também é muito grande
produtos era feita em paneiros forrados com guarimã. Como lembrança e (mesmo nos período sem chuvas), e as chuvas são abundantes, aliado a um
testemunha dessa atividade extrativa artesanal temos ainda o forno: uma relevo de planície ondular, a nossa vegetação é formada por vários andares ou
construção com tijolos à beira da BR-308 no quilômetro cinco ao lado direito estratos de árvores com alturas diferentes. Daí termos paisagens vegetais
no sentido Capanema Bragança. diversificadas.
Limites Geográficos.
LOCALIZAÇÃO - O Município de Capanema está localizado na
microrregião Bragantina a nordeste do Estado do Pará ao norte do Brasil país
da América do Sul. Ocupamos terra em dois hemisférios apresentando as
seguintes coordenadas geográficas:
1º 11 33” de latitude sul;
47º 10 38” de longitude oeste.
Este é o nosso endereço geográfico. Onde cruzam essas duas linhas no
globo terrestre aí está Capanema.
LIMITES:
Ao Norte: Município de Primavera e Peixe Boi;
Paisagem dos campos Naturais no período de cheia.
Ao Sul: Município de Ourém;
Por ser área de terra baixa, no período chuvoso os nossos campos são
recobertos pelas águas e apresentam uma vegetação predominante de
Ao Leste: Município de Tracuateua; água-pé, capim e junco, essa vegetação é cortada por muitos meandros
formados pelos rios e igarapés, sobre esses meandros vemos canoinhas que
Ao Oeste: Municípios de Bonito e Peixe Boi. levam pessoas a passear, a transportar mercadorias ou utensílios de
trabalho, (nesse período o único meio de deslocamento entre as ilhas
campineineira são as canoas) nesses meandros tomamos banho, pescamos,
Marco Zero (Macapá ) (a diversidade e quantidade de peixes é muito grande)além disso em nossos
campo podemos observar vários tipos de aves como garças do tipo pequeno
e grandes, cantaú, carão, ciganas, araçari, galinhas-d'água, ariranha, jabutis,
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- Equador é a linha imaginária que divide a terra nos dois hemisférios: norte e sul sucuris, jibóias, Camaleão, tijú-açú, perema, e outros animais.
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- Greenwich linha imaginária que divide a terra nos hemisférios: leste e oeste.
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35. No início e término do dia acontece um espetáculo deslumbrante em No período de estiagem das chuvas, a paisagem natural muda
nossos campos: são as revoadas dos pássaros que alegram os olhos e põe a completamente, as águas desaparecem dos igarapés, o solo seca ao ponto de
alma em festa de qualquer observador. Temos toda essa riqueza porque os rachar em alguns trechos, do que era um mundo de água restam apenas
campos é área de berçário, aliás, é um dos maiores berçário na região. Na algumas poças, muitos peixes morrem outros migram para o Lago do Segredo
piracema os peixes vão para lá desovar, é berçário também de muitas aves que assim como outros animais vão à busca de água e de vegetação verde, as
lá vão fazer seus ninhos, assim como também os répteis. A visão dos nossos canoinhas são recolhidas, não tem mais o vai-e-vem de canoas, várias aves
campos se compara ao Pantanal Mato-grossense na pujança de vida animal e pescam os poucos peixes que ficaram retidos nas poças d'águas chamadas
vegetal. lagoinhas, agora as pessoas caminham por longas distâncias a pé seco, em
áreas onde até pouco tempo a água cobria, é também o período da caça aos
Paisagem dos Campos em períodos de estiagem. quelônios que restaram, agora quando o vento sopra, levanta-se uma nuvem
de poeira negra, é a lama seca do leito do igarapé que está sendo levada pelo
vento e senta nas folhas da vegetação que margeia aquela imensidão de lama
estorricada.
A paisagem de várzea e igapós.
Nas áreas de Várzea e Igapós a vegetação é bem mais alta, lá é o
domínio dos buritis, açaizeiros, andirobeiras, assacus, marachimbés, ananis e
muitos outros é lá que se encontram também as bromélias, as orquídeas e
borboletas e assim como os campos, durante o período de chuvas é inundado
pelas águas dos igarapés e das chuvas e,quando chega o estio, a maioria das
áreas dos igapós apresenta solo pantanoso mas a biodiversidade tanto num
como noutro é grande.
Paisagem de Terra Firme.
Terra Firme é o relevo mais elevado de nossa planície, essa região fica
fora do alcance das inundações periódicas e nela se encontram as árvores de
maiores portes e as mais exuberantes. Em nosso Município a mata primitiva
Quando chega o período de estiagem a vegetação fica ressequida pela de terra firme é muito reduzida, conseqüência da ação de desmatamento que
falta de água e morre. A sobrevivência dos peixes e animais fica vem sendo feito desde o início da colonização, mas ainda temos algumas
comprometida e antes que os campos sequem totalmente a grande maioria espécies como as Samaumeiras, árvores nativas da Amazônia e também
deles migram em busca de água e vegetação viva e espessa, assim os peixes madeiras de lei como o cedro, pau d'arco, jarana, cumaru etc.
chegam a lagos como o Lago do Segredo e dos rios, outros animais atingem o
relevo mais alto chamado terra firme domínio das grandes árvores, quando o A nossa vegetação é bastante diversificada, nela encontramos
período de chuvas voltar eles retornarão aos campos outra vez para o período árvores, cipós, flores e plantas rasteiras que são remédios milagrosos contra
de reprodução, mas é bom ressaltar que muitos dos que foram não voltarão doenças que acometem nosso corpo, além disso, tanto na mata de igapó
porque foram caçados, pescados ou aprisionados para alimentar os
quanto na de terra firme temos árvores que nos dão frutos que além de
habitantes da região ou por terem sido vítimas da ação predatória de outros
animais além dos humanos. estarem entre os mais saborosos são também muito nutritivos e quando
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36. ingeridos regularmente tornam nosso corpo forte contra doenças
dando-nos vida longa e são também fontes de juventude pois previnem
contra a velhice precoce, vejamos alguns desses fruto que são nativos de
nossa região.
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