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Ficha D2
                           Desenvolvimento e socialização: a relação mãe-bebé
  www.espanto.info

            A relação mãe-bebé: a sua importância no desenvolvimento


                                    E tudo começa no útero…
       “Estudos feitos sobre o campo sensorial e comportamental do feto modificaram bastante a visão
do universo intra-uterino. Sabemos que este ambiente oferece muitos estímulos acústicos para o bebé
provenientes do corpo da mãe (batimentos cardíacos, voz, ruídos da digestão) e também do mundo
externo. Resultados de pesquisas sugerem que o feto é capaz de se familiarizar com sons repetidos da
fala materna e que os mesmos são associados à segurança e tem efeito tranquilizador.
        A criança que se está formando no útero não está tendo apenas os seus aspectos físicos formados.
A sua personalidade também já está sendo moldada. Esta primeira morada é muito marcante; tudo o que
acontecer à mãe - de bom e de mau - nos níveis físico, mental e emocional, fará parte da vivência e
constituição do bebé. Um susto, uma ansiedade põem em acção o sistema nervoso autónomo da mãe e
estas mudanças podem ser perturbadoras para o feto.
       Durante os meses iniciais a qualidade das primeiras conversas depende da maneira pela qual os
pais comunicam com o bebé. É importante enquanto se fala, olhá-lo bem de frente e segurar a sua nuca
firmemente para que ele se sinta protegido. Nesta interacção com o bebé é interessante aprimorar este
vínculo afectivo associando à fala, carícias, beijos, toques e olhares com a finalidade de manter contacto
e demonstrar afecto. Tudo isto facilitará o relacionamento futuro.”
                                                          http://www.viasaude.com.br/artigos/dialogo.htm



           A vinculação mãe-filho e o nascimento psicológico do ser humano
        A relação mãe-filho, tão importante para o desenvolvimento do ego da criança, inicia-se bem cedo.
Neumann salienta que sendo o ser humano incapaz de ser independente logo após o nascimento,
diferentemente dos demais animais, prorroga sua fase embrionária para além do nascimento. A fase
embrionária compreende, então, os 9 meses intra-uterinos e mais 1 ano pós-uterino. Nesta fase, a criança
vive o inconsciente da mãe, está ligada à mãe fisicamente e psicologicamente, dependendo dela para tudo.
Após esta fase, a criança inicia o seu processo de desligamento da mãe, juntamente com a formação e
fortalecimento do ego.
        Para a Psicanálise, a consciência surge a partir do inconsciente, primeiramente como pequenos
sinais fugazes, depois como pequenas ilhas que surgem ao longo do oceano até formar um arquipélago.
        Na relação mãe-filho, nos primeiros meses, a qual Neumann chamou de “relação primal mãe-
filho”, a criança vive e experimenta o corpo da mãe como sendo ela mesma e o mundo. Não possui
consciência capaz de discernimento, percepção e controle do seu próprio corpo.
        Salienta Neumann: “Para a criança nessa fase, a mãe não está nem dentro nem fora; para a criança
os seios não fazem parte de uma realidade separada de si e externa; o seu próprio corpo não é
experimentado como seu. Mãe e filho continuam tão interligados como na fase uterina, como se formasse
uma unidade; só que a unidade que formam é dual.”
        É necessário haver uma base sólida edificada com confiança e segurança durante a relação mãe-
filho, onde o ego poderá encontrar o caminho do desenvolvimento sadio.
        Embora este desenvolvimento ocorra gradualmente, há uma forte tendência, na criança, de manter-
se nesta relação simbiótica com a mãe, porque depende dela materialmente e psicologicamente. Uma
ruptura abrupta nesta relação causará danos irreparáveis ao desenvolvimento da criança. A
ausência da figura materna poderá provocar uma perda de contacto com o mundo e deficiências na
formação do ego. Para Neumann “A relação primal mãe-filho é a expressão de uma capacidade de
relacionar-se de maneira total, como fica dramaticamente demonstrado pelo facto de que, para uma
criança, a sua falta pode provocar distúrbios emocionais de ordem tal que culminam em apatia, em idiotia
e até mesmo a morte. A perda da mãe representa muitíssimo mais do que apenas a perda de uma fonte de
alimentos. Para um recém-nascido – até mesmo quando continua a ser bem alimentado – equivale à perda
da vida. A presença de uma mãe amorosa que fornece alimentação insuficiente não é de forma alguma tão


                                                                 Ficha D2 - Página 1 de 4
desastrosa quanto à de uma mãe pouco afectuosa que fornece alimento em abundância.”
       A qualidade do amor na relação primal mãe-filho estabelecerá a qualidade das relações do
indivíduo com o mundo interno e externo quando a criança se desligar da mãe. O que conta nesta relação
é a qualidade do amor e não a quantidade de amor que a mãe dispensa ao filho. O amor em excesso e
possessivo sufoca e gera
       Outros factores, não menos importantes, influenciam a qualidade da relação primal mãe-filho, por
exemplo; se a criança foi desejada ou não, se o sexo era o desejado ou não, se a mãe tem um complexo de
inferioridade em relação ao seu próprio sexo, etc.
                                                                                Vanilde Gerolim Portillo
                        http://www.portaldomarketing.com/Artigos/Relacionamento%20mae%20filho.htm


                     Consequências da privação do contacto materno
      O problema relativo à separação mãe-filho durante os primeiros anos da infância vem sendo posto
em foco no últimos tempos, merecendo menção particular o trabalho de Margaret Ribble, que após oito
anos de estudos em vários países, frequentando hospitais e outras instituições para crianças, como
orfanatos, divulgou em 1943 os resultados das suas pesquisas, dos quais se conclui que o amor e a
assistência da mãe constituem a melhor medicina para a criança. Em sua interessante publicação "The
Rights of Infants", esta autora nos mostra como certas doenças físicos atingem preferentemente crianças
de alguns lares abastados ou internados em hospitais, não obstante estarem cercados de todos os cuidados
de ordem física, enquanto poupam, em geral, aquelas outras de lares pobres, mesmo sem condições
satisfatórias de higiene, mas assistidas por uma mãe suficientemente boa.
      As observações nesse sentido hoje avolumam-se e usa-se mesmo a denominação de "criança
carenciada" ou "criança carente", para designar os pequenos seres desprotegidos da sorte, carenciados não
no sentido das conhecidas vitaminas ou dos sais minerais, e sim com carência de amor. Esse conceito se
aplica não apenas à criança separada da mãe, mas também àquela que, vivendo no seio da família, possui
mãe ou pessoa que a substitui, incapaz de cuidá-la afectuosamente.
      O bebé carenciado apresenta como características: ausência de sorriso diante de uma fisionomia
humana, diminuição do interesse e da capacidade de reacção, vivacidade quase nula, desenvolvimento
psicomotor nitidamente inferior em relação aos outros lactentes. Crianças de menos de seis meses
internadas em instituições podem apresentar aspecto infeliz, apatia, relativa imobilidade, falta de sucção
dos objectos, falta de apetite, estagnação no ganho de peso, ausência de reacções a estímulos (sorriso ou
vocalização), predisposição a episódios febris, evacuações frequentes, palidez, perturbações do sono.
Vários autores observaram a rapidez com que os sintomas criados pela hospitalização ("hospitalismo")
desaparecem quando a criança passa a receber carinho e afecto.
      O importante, entretanto, é que a carência de afecto não se restringe a provocar efeitos imediatos na
criança, senão que, quando muito intensa e prolongada acarreta determinadas perturbações na esfera
psicológica que só serão evidenciadas na sua plenitude na idade adulta, perturbações essas muitas vezes
irreversíveis, como é o caso de certas desordens da personalidade.
      Hoje há unanimidade de ponto de vista no que se refere ao seguinte: a criança privada de afeição
maternal revela, quase sempre, um retardamento físico, intelectual e social, e muito provavelmente
apresentará distúrbios da personalidade no curso ulterior da vida. Seria impossível enumerar a farta massa
de observações e experiências, muitas delas com estatísticas comprovantes. Tanto o quociente intelectual
(Q.I.) como o quociente de desenvolvimento (Q.D.) dessas crianças mostra-se consideravelmente mais
baixo que das demais ou das que serviram como testemunhas nos estudos efectuados.
      As repercussões da falta de cuidados maternais variam em função da intensidade da privação.
Quando parcial, pode acarretar grande ansiedade, necessidade excessiva de afeição e poderosos desejos
de vingança, fonte, por sua vez, de sentimentos de culpa e de estados depressivos. Tais emoções
costumam ser demasiado intensas para serem bem elaboradas pela criança, a quem falta maturidade
fisiológica e psicológica. Assim, tais reacções emocionais geralmente acabam provocando perturbações
significativas na estrutura psíquica, capazes de levar à formação de sintomas neuróticos e/ou à
instabilidades mais graves no funcionamento mental. Quando total, a carência afectiva leva a
deformações mais graves sobre o desenvolvimento da personalidade e pode comprometer definitivamente
a faculdade de estabelecer contactos afectivos.



                                                                 Ficha D2 - Página 2 de 4
Em realidade, é na infância que se estabelecem os nexos afectivos, que se formam os padrões
individuais de reacção emocional responsável pela estruturação da personalidade adulta. Numerosas
crianças carenciadas caminham para a criminalidade. Autores que estudaram a delinquências observaram
que a ausência de laços afectivos satisfatórios durante a primeira infância predispõe a criança a reagir de
maneira anti-social.
                                                                                         Danilo Perestrello
                     http://www.decio.tenenbaum.com/psicologiamedica/textos/separacao_mae_filho.htm



                                     A necessidade de afecto
       “Spitz concluiu através das suas experiências que a privação de contacto físico em crianças, por
tempo prolongado, poderá levar ao enfraquecimento e até à morte. É o que Spitz chamou de privação
afectiva e sugere que a forma mais eficaz de suprir essas carências é através da intimidade física.
Berne cita um fenómeno semelhante observado em adultos quando submetidos à privação sensorial, em
que o indivíduo pode apresentar psicose passageira ou distúrbios mentais temporários, como é o caso de
indivíduos condenados a longos períodos em solitárias, sendo este o castigo mais temido até mesmo pelos
prisioneiros endurecidos pela brutalidade física. Cita também, na sua obra "Sexo e Amor", p. 158, o
isolamento total como sendo uma das formas mais eficazes, usada como tortura, para obter confissões.
A privação emocional e sensorial poderá produzir modificações no organismo, continua Berne, citando
que se parte do "sistema reticular" não for suficientemente estimulado, as células novas podem degenerar-
se. Assim sendo, pode-se estabelecer uma ligação biológica da privação afectiva e sensorial às alterações
degenerativas e morte. A partir dessas observações, Berne estabeleceu uma ligação em que a fome de
estímulos ou de relacionamento pode ser comparada à fome de comida em termos de sobrevivência do
organismo.
       Segundo Berne, tanto biologicamente como psicológica e socialmente, estas fomes estão ligadas de
várias formas. Cita os termos tais como desnutrição, saciedade, voracidade, jejum, apetite e outros, como
sendo facilmente transferíveis do campo da nutrição para o das emoções.
       À medida que a criança se vai desenvolvendo, vai-se processando também a separação da sua mãe,
terminando assim, a fase de estreita intimidade com ela. Daí para frente o seu destino e sobrevivência
estarão constantemente em jogo. Um aspecto é a mudança social em termos de intimidade física no estilo
infantil para o estilo adulto, e, o outro aspecto é a luta constante para consegui-lo de volta. Ou seja, há
uma mudança de modo que ele aprenderá a se satisfazer com outras formas de contato físico mais subtis.
Contudo, o anseio de continuar recebendo contacto físico (como recebia quando criança) permanece.
       Harry F. Harlow em seu laboratório experimental, criou uma
imitação de uma macaca feita com uma armação de arame e outra
imitação também de armação de arame, porém, esta última foi forrada
com pano felpudo e macio. Na imitação de arame puro, ele colocou o
alimento (biberon) e na forrada de pelo não colocou nenhum tipo de
alimento. Observou que os filhotes de macacos preferiam aninharem-
se na armação forrada de pelo, indo até à outra apenas para saciarem a
fome.
       O resultado desta e de outras experiências, permitiram Harlow
concluir que a variável contacto reconfortante suplementa a

                         variável amamentação.
                                Harlow observou também, que os macacos rhesus com mães reais,
                         demonstravam comportamentos social e sexual mais adiantados dos que os
                         criados com mães substitutas, de arame com pelo, e que estes últimos
                         apresentavam comportamentos sociais e sexuais normais se diariamente tivessem
                         oportunidade de brincar no ambiente estimulador dos outros filhotes. Harlow
                         menciona que não se deve subestimar o papel desempenhado pelo
                         relacionamento dos filhotes entre si, como determinante dos ajustamentos na
                         adolescência e idade adulta. Harlow também sugere que a afectividade dos
                         filhotes entre si seja essencial para que o animal possa responder de maneira


                                                                 Ficha D2 - Página 3 de 4
positiva ao contacto físico com os seus semelhantes, sendo que esses contactos entre si, são
provavelmente, tanto no homem quanto no macaco, factores preponderantes na identificação dos papéis
sexuais.”
                                                                                José Silveira Passos
                                            http://www.josesilveira.com/teoriacariasspitzharlow.htm



                                    O início da socialização
      Quando os chamamentos da criança são atendidos, ela experimenta sensações agradáveis, sente-se
amada, segura, desejada. Estes sentimentos são um excelente começo de vida, funcionam como motores
do desenvolvimento de capacidades essenciais para o sucesso social, tais como a autoconfiança, a
iniciativa, a independência e a responsabilidade.
      Na comunicação que se estabelece entre filho e mãe está já em embrião o esforço de comunicação
com o meio ambiente. O sorriso da criança, a imitação de sons e os gestos em direcção às coisas são
formas incipientes de interacção com o universo social, inicialmente concentrado e reduzido à figura da
mãe.
      Segundo Spitz, entre as três e as seis semanas, o bebé sorri para outras pessoas e ao ouvir a voz
humana. Trata-se, segundo ele, da primeira manifestação de sociabilidade do bebé.
      A atmosfera afectiva e estimulante em que se procura desenvolver a sensibilidade da criança é uma
exigência das últimas décadas, na medida em que necessidades sociais impuseram uma nova estrutura e
dinâmica à estrutura familiar. Tal como o pai, a mãe tem uma ocupação profissional que não pode
abandonar para se dedicar inteiramente, como no passado, aos cuidados maternais.
      Aliás, a decisão de ser mãe implica já uma série de factores que, em tempos idos, não faziam
qualquer sentido. A decisão de ter um filho é um forte investimento por parte do casal, na medida em que
tem de reorganizar a sua vida económica, profissional, social e afectiva, de modo a criar condições
favoráveis a que a entrada do filho no mundo seja um acontecimento gratificante quer para este quer para
os progenitores.
      Esta questão é hoje crucial porque o papel que a mulher desejaria desempenhar como mãe entra em
conflito com outros papéis sociais que tem de desempenhar. A responsabilidade de criar, cuidar e educar
um filho tem de ser partilhada pelo pai e pela mãe, havendo mesmo casos em que os cuidados matemos
são assumidos mais pelo pai do que pela mãe.
      Em função disto, quando se fala na relação mãe-filho, tem de entender-se como uma relação entre a
criança e um adulto significativo, aquele que lhe proporciona as experiências precoces mais estimulantes
e positivas, que com ele passa mais tempo e lhe dispensa maior atenção e afecto.
                                                                             M.A. Abrunhosa e M. Leitão




                                              Actividades:

      1. A relação mãe-filho é fundamental para o desenvolvimento do ser humano. Explique porquê,
         tendo em conta os dados apresentados nesta ficha.
      2. A vinculação afectiva do bebé com a mãe é uma necessidade básica do ser humano. Quais as
         consequências de uma ausência de vinculação mãe-filho?
      3. É conhecido o ditado de origem bíblica “nem só de pão vive o homem”. Tendo em conta o
         sentido deste ditado comente o texto “a necessidade de afecto”.




                                                               Ficha D2 - Página 4 de 4

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Doc.16 a ..

  • 1. Ficha D2 Desenvolvimento e socialização: a relação mãe-bebé www.espanto.info A relação mãe-bebé: a sua importância no desenvolvimento E tudo começa no útero… “Estudos feitos sobre o campo sensorial e comportamental do feto modificaram bastante a visão do universo intra-uterino. Sabemos que este ambiente oferece muitos estímulos acústicos para o bebé provenientes do corpo da mãe (batimentos cardíacos, voz, ruídos da digestão) e também do mundo externo. Resultados de pesquisas sugerem que o feto é capaz de se familiarizar com sons repetidos da fala materna e que os mesmos são associados à segurança e tem efeito tranquilizador. A criança que se está formando no útero não está tendo apenas os seus aspectos físicos formados. A sua personalidade também já está sendo moldada. Esta primeira morada é muito marcante; tudo o que acontecer à mãe - de bom e de mau - nos níveis físico, mental e emocional, fará parte da vivência e constituição do bebé. Um susto, uma ansiedade põem em acção o sistema nervoso autónomo da mãe e estas mudanças podem ser perturbadoras para o feto. Durante os meses iniciais a qualidade das primeiras conversas depende da maneira pela qual os pais comunicam com o bebé. É importante enquanto se fala, olhá-lo bem de frente e segurar a sua nuca firmemente para que ele se sinta protegido. Nesta interacção com o bebé é interessante aprimorar este vínculo afectivo associando à fala, carícias, beijos, toques e olhares com a finalidade de manter contacto e demonstrar afecto. Tudo isto facilitará o relacionamento futuro.” http://www.viasaude.com.br/artigos/dialogo.htm A vinculação mãe-filho e o nascimento psicológico do ser humano A relação mãe-filho, tão importante para o desenvolvimento do ego da criança, inicia-se bem cedo. Neumann salienta que sendo o ser humano incapaz de ser independente logo após o nascimento, diferentemente dos demais animais, prorroga sua fase embrionária para além do nascimento. A fase embrionária compreende, então, os 9 meses intra-uterinos e mais 1 ano pós-uterino. Nesta fase, a criança vive o inconsciente da mãe, está ligada à mãe fisicamente e psicologicamente, dependendo dela para tudo. Após esta fase, a criança inicia o seu processo de desligamento da mãe, juntamente com a formação e fortalecimento do ego. Para a Psicanálise, a consciência surge a partir do inconsciente, primeiramente como pequenos sinais fugazes, depois como pequenas ilhas que surgem ao longo do oceano até formar um arquipélago. Na relação mãe-filho, nos primeiros meses, a qual Neumann chamou de “relação primal mãe- filho”, a criança vive e experimenta o corpo da mãe como sendo ela mesma e o mundo. Não possui consciência capaz de discernimento, percepção e controle do seu próprio corpo. Salienta Neumann: “Para a criança nessa fase, a mãe não está nem dentro nem fora; para a criança os seios não fazem parte de uma realidade separada de si e externa; o seu próprio corpo não é experimentado como seu. Mãe e filho continuam tão interligados como na fase uterina, como se formasse uma unidade; só que a unidade que formam é dual.” É necessário haver uma base sólida edificada com confiança e segurança durante a relação mãe- filho, onde o ego poderá encontrar o caminho do desenvolvimento sadio. Embora este desenvolvimento ocorra gradualmente, há uma forte tendência, na criança, de manter- se nesta relação simbiótica com a mãe, porque depende dela materialmente e psicologicamente. Uma ruptura abrupta nesta relação causará danos irreparáveis ao desenvolvimento da criança. A ausência da figura materna poderá provocar uma perda de contacto com o mundo e deficiências na formação do ego. Para Neumann “A relação primal mãe-filho é a expressão de uma capacidade de relacionar-se de maneira total, como fica dramaticamente demonstrado pelo facto de que, para uma criança, a sua falta pode provocar distúrbios emocionais de ordem tal que culminam em apatia, em idiotia e até mesmo a morte. A perda da mãe representa muitíssimo mais do que apenas a perda de uma fonte de alimentos. Para um recém-nascido – até mesmo quando continua a ser bem alimentado – equivale à perda da vida. A presença de uma mãe amorosa que fornece alimentação insuficiente não é de forma alguma tão Ficha D2 - Página 1 de 4
  • 2. desastrosa quanto à de uma mãe pouco afectuosa que fornece alimento em abundância.” A qualidade do amor na relação primal mãe-filho estabelecerá a qualidade das relações do indivíduo com o mundo interno e externo quando a criança se desligar da mãe. O que conta nesta relação é a qualidade do amor e não a quantidade de amor que a mãe dispensa ao filho. O amor em excesso e possessivo sufoca e gera Outros factores, não menos importantes, influenciam a qualidade da relação primal mãe-filho, por exemplo; se a criança foi desejada ou não, se o sexo era o desejado ou não, se a mãe tem um complexo de inferioridade em relação ao seu próprio sexo, etc. Vanilde Gerolim Portillo http://www.portaldomarketing.com/Artigos/Relacionamento%20mae%20filho.htm Consequências da privação do contacto materno O problema relativo à separação mãe-filho durante os primeiros anos da infância vem sendo posto em foco no últimos tempos, merecendo menção particular o trabalho de Margaret Ribble, que após oito anos de estudos em vários países, frequentando hospitais e outras instituições para crianças, como orfanatos, divulgou em 1943 os resultados das suas pesquisas, dos quais se conclui que o amor e a assistência da mãe constituem a melhor medicina para a criança. Em sua interessante publicação "The Rights of Infants", esta autora nos mostra como certas doenças físicos atingem preferentemente crianças de alguns lares abastados ou internados em hospitais, não obstante estarem cercados de todos os cuidados de ordem física, enquanto poupam, em geral, aquelas outras de lares pobres, mesmo sem condições satisfatórias de higiene, mas assistidas por uma mãe suficientemente boa. As observações nesse sentido hoje avolumam-se e usa-se mesmo a denominação de "criança carenciada" ou "criança carente", para designar os pequenos seres desprotegidos da sorte, carenciados não no sentido das conhecidas vitaminas ou dos sais minerais, e sim com carência de amor. Esse conceito se aplica não apenas à criança separada da mãe, mas também àquela que, vivendo no seio da família, possui mãe ou pessoa que a substitui, incapaz de cuidá-la afectuosamente. O bebé carenciado apresenta como características: ausência de sorriso diante de uma fisionomia humana, diminuição do interesse e da capacidade de reacção, vivacidade quase nula, desenvolvimento psicomotor nitidamente inferior em relação aos outros lactentes. Crianças de menos de seis meses internadas em instituições podem apresentar aspecto infeliz, apatia, relativa imobilidade, falta de sucção dos objectos, falta de apetite, estagnação no ganho de peso, ausência de reacções a estímulos (sorriso ou vocalização), predisposição a episódios febris, evacuações frequentes, palidez, perturbações do sono. Vários autores observaram a rapidez com que os sintomas criados pela hospitalização ("hospitalismo") desaparecem quando a criança passa a receber carinho e afecto. O importante, entretanto, é que a carência de afecto não se restringe a provocar efeitos imediatos na criança, senão que, quando muito intensa e prolongada acarreta determinadas perturbações na esfera psicológica que só serão evidenciadas na sua plenitude na idade adulta, perturbações essas muitas vezes irreversíveis, como é o caso de certas desordens da personalidade. Hoje há unanimidade de ponto de vista no que se refere ao seguinte: a criança privada de afeição maternal revela, quase sempre, um retardamento físico, intelectual e social, e muito provavelmente apresentará distúrbios da personalidade no curso ulterior da vida. Seria impossível enumerar a farta massa de observações e experiências, muitas delas com estatísticas comprovantes. Tanto o quociente intelectual (Q.I.) como o quociente de desenvolvimento (Q.D.) dessas crianças mostra-se consideravelmente mais baixo que das demais ou das que serviram como testemunhas nos estudos efectuados. As repercussões da falta de cuidados maternais variam em função da intensidade da privação. Quando parcial, pode acarretar grande ansiedade, necessidade excessiva de afeição e poderosos desejos de vingança, fonte, por sua vez, de sentimentos de culpa e de estados depressivos. Tais emoções costumam ser demasiado intensas para serem bem elaboradas pela criança, a quem falta maturidade fisiológica e psicológica. Assim, tais reacções emocionais geralmente acabam provocando perturbações significativas na estrutura psíquica, capazes de levar à formação de sintomas neuróticos e/ou à instabilidades mais graves no funcionamento mental. Quando total, a carência afectiva leva a deformações mais graves sobre o desenvolvimento da personalidade e pode comprometer definitivamente a faculdade de estabelecer contactos afectivos. Ficha D2 - Página 2 de 4
  • 3. Em realidade, é na infância que se estabelecem os nexos afectivos, que se formam os padrões individuais de reacção emocional responsável pela estruturação da personalidade adulta. Numerosas crianças carenciadas caminham para a criminalidade. Autores que estudaram a delinquências observaram que a ausência de laços afectivos satisfatórios durante a primeira infância predispõe a criança a reagir de maneira anti-social. Danilo Perestrello http://www.decio.tenenbaum.com/psicologiamedica/textos/separacao_mae_filho.htm A necessidade de afecto “Spitz concluiu através das suas experiências que a privação de contacto físico em crianças, por tempo prolongado, poderá levar ao enfraquecimento e até à morte. É o que Spitz chamou de privação afectiva e sugere que a forma mais eficaz de suprir essas carências é através da intimidade física. Berne cita um fenómeno semelhante observado em adultos quando submetidos à privação sensorial, em que o indivíduo pode apresentar psicose passageira ou distúrbios mentais temporários, como é o caso de indivíduos condenados a longos períodos em solitárias, sendo este o castigo mais temido até mesmo pelos prisioneiros endurecidos pela brutalidade física. Cita também, na sua obra "Sexo e Amor", p. 158, o isolamento total como sendo uma das formas mais eficazes, usada como tortura, para obter confissões. A privação emocional e sensorial poderá produzir modificações no organismo, continua Berne, citando que se parte do "sistema reticular" não for suficientemente estimulado, as células novas podem degenerar- se. Assim sendo, pode-se estabelecer uma ligação biológica da privação afectiva e sensorial às alterações degenerativas e morte. A partir dessas observações, Berne estabeleceu uma ligação em que a fome de estímulos ou de relacionamento pode ser comparada à fome de comida em termos de sobrevivência do organismo. Segundo Berne, tanto biologicamente como psicológica e socialmente, estas fomes estão ligadas de várias formas. Cita os termos tais como desnutrição, saciedade, voracidade, jejum, apetite e outros, como sendo facilmente transferíveis do campo da nutrição para o das emoções. À medida que a criança se vai desenvolvendo, vai-se processando também a separação da sua mãe, terminando assim, a fase de estreita intimidade com ela. Daí para frente o seu destino e sobrevivência estarão constantemente em jogo. Um aspecto é a mudança social em termos de intimidade física no estilo infantil para o estilo adulto, e, o outro aspecto é a luta constante para consegui-lo de volta. Ou seja, há uma mudança de modo que ele aprenderá a se satisfazer com outras formas de contato físico mais subtis. Contudo, o anseio de continuar recebendo contacto físico (como recebia quando criança) permanece. Harry F. Harlow em seu laboratório experimental, criou uma imitação de uma macaca feita com uma armação de arame e outra imitação também de armação de arame, porém, esta última foi forrada com pano felpudo e macio. Na imitação de arame puro, ele colocou o alimento (biberon) e na forrada de pelo não colocou nenhum tipo de alimento. Observou que os filhotes de macacos preferiam aninharem- se na armação forrada de pelo, indo até à outra apenas para saciarem a fome. O resultado desta e de outras experiências, permitiram Harlow concluir que a variável contacto reconfortante suplementa a variável amamentação. Harlow observou também, que os macacos rhesus com mães reais, demonstravam comportamentos social e sexual mais adiantados dos que os criados com mães substitutas, de arame com pelo, e que estes últimos apresentavam comportamentos sociais e sexuais normais se diariamente tivessem oportunidade de brincar no ambiente estimulador dos outros filhotes. Harlow menciona que não se deve subestimar o papel desempenhado pelo relacionamento dos filhotes entre si, como determinante dos ajustamentos na adolescência e idade adulta. Harlow também sugere que a afectividade dos filhotes entre si seja essencial para que o animal possa responder de maneira Ficha D2 - Página 3 de 4
  • 4. positiva ao contacto físico com os seus semelhantes, sendo que esses contactos entre si, são provavelmente, tanto no homem quanto no macaco, factores preponderantes na identificação dos papéis sexuais.” José Silveira Passos http://www.josesilveira.com/teoriacariasspitzharlow.htm O início da socialização Quando os chamamentos da criança são atendidos, ela experimenta sensações agradáveis, sente-se amada, segura, desejada. Estes sentimentos são um excelente começo de vida, funcionam como motores do desenvolvimento de capacidades essenciais para o sucesso social, tais como a autoconfiança, a iniciativa, a independência e a responsabilidade. Na comunicação que se estabelece entre filho e mãe está já em embrião o esforço de comunicação com o meio ambiente. O sorriso da criança, a imitação de sons e os gestos em direcção às coisas são formas incipientes de interacção com o universo social, inicialmente concentrado e reduzido à figura da mãe. Segundo Spitz, entre as três e as seis semanas, o bebé sorri para outras pessoas e ao ouvir a voz humana. Trata-se, segundo ele, da primeira manifestação de sociabilidade do bebé. A atmosfera afectiva e estimulante em que se procura desenvolver a sensibilidade da criança é uma exigência das últimas décadas, na medida em que necessidades sociais impuseram uma nova estrutura e dinâmica à estrutura familiar. Tal como o pai, a mãe tem uma ocupação profissional que não pode abandonar para se dedicar inteiramente, como no passado, aos cuidados maternais. Aliás, a decisão de ser mãe implica já uma série de factores que, em tempos idos, não faziam qualquer sentido. A decisão de ter um filho é um forte investimento por parte do casal, na medida em que tem de reorganizar a sua vida económica, profissional, social e afectiva, de modo a criar condições favoráveis a que a entrada do filho no mundo seja um acontecimento gratificante quer para este quer para os progenitores. Esta questão é hoje crucial porque o papel que a mulher desejaria desempenhar como mãe entra em conflito com outros papéis sociais que tem de desempenhar. A responsabilidade de criar, cuidar e educar um filho tem de ser partilhada pelo pai e pela mãe, havendo mesmo casos em que os cuidados matemos são assumidos mais pelo pai do que pela mãe. Em função disto, quando se fala na relação mãe-filho, tem de entender-se como uma relação entre a criança e um adulto significativo, aquele que lhe proporciona as experiências precoces mais estimulantes e positivas, que com ele passa mais tempo e lhe dispensa maior atenção e afecto. M.A. Abrunhosa e M. Leitão Actividades: 1. A relação mãe-filho é fundamental para o desenvolvimento do ser humano. Explique porquê, tendo em conta os dados apresentados nesta ficha. 2. A vinculação afectiva do bebé com a mãe é uma necessidade básica do ser humano. Quais as consequências de uma ausência de vinculação mãe-filho? 3. É conhecido o ditado de origem bíblica “nem só de pão vive o homem”. Tendo em conta o sentido deste ditado comente o texto “a necessidade de afecto”. Ficha D2 - Página 4 de 4